Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 35
Capítulo Trinta e Cinco - Solo Infértil


Notas iniciais do capítulo

Sei que sumi por um bom tempo, mas isso tudo é culpa da faculdade, juro!
Não desistam de mim!



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          Charlotte bufou e se jogou na grama, ignorando a semente que não queria lhe obedecer. Estava há horas nos fundos da casa dos Anciãos e não conseguira nem sentir a semente da rosa ainda, o que a deixava frustrada.
          Duas luas já haviam passado e seu treino evoluíra muito, contudo ela ainda não conseguia um bom resultado quando se tratava de flores, geralmente as fazia morrer no meio do processo e quando o resultado era bom, geralmente era porque a menina se sentia suficientemente desafiada.
—Quem vê assim até pensa que é uma pessoa legal. –Alfred zombou, se aproximando.
          Char sorriu e o viu sentar.
—Sou uma pessoa legal, com quem merece, Al.
—Então eu não mereço, é isso? –Ele sorriu.
Charlotte fechou os olhos e deixou o sol aquecer sua pele, também sorrindo.
—Não, você não merece meu melhor.
         Alfred sorriu e a observou por um momento, ela parecia calma como ele nunca vira, mas havia algo que ele não conseguia encaixar naquela calmaria.
—O que exatamente você tá planejando? –Ele quis saber.
—Por que pensa que estou planejando algo?
—Porque você está muito calma e você não é calma. –Ele assegurou e ela riu, abrindo os olhos e o encarando.
—Eu estou aprendendo o que preciso, Alfred. –Deu de ombros. –Em breve poderei ir ver Harry e a Nanda. –Ela sorriu abertamente. –Estou sentindo muita falta dos meus dois idiotas.
          Alfred percebeu que ela não falara nada de sua mãe, mas não questionou, Charlotte tinha motivos o suficiente para não querer falar sobre Suzana.
—Adoro o carinho que você tem com eles. –O deboche do rapaz a fez sorrir.
         Char se sentou, apoiando o peso nos braços e inclinando levemente o rosto para ele, ficando muito próxima.
—Não se preocupa Al, eu não vou deixa-lo. –Ela sorriu de canto.
          Era perigoso o quão charmosa a menina podia ser e Alfred sabia disso, principalmente quando ele sabia que não teria problema nenhum em se deixar seduzir.
—E quem disse que estou preocupado com isso? –Ela riu e se afastou.
—Você sabe como fazer uma rosa nascer de uma hora pra outra? –Mudou de assunto, se voltando para a terra revolvida, onde trabalhava outrora.
—Eu não sou um Feiticeiro. –Ele deu de ombros e ela estalou a língua.
—Se pra ser uma Feiticeira precisa saber falar com plantas, eu também não sou uma. –Ela concluiu.
—Realmente, você não é uma Feiticeira. –O comentário à fez erguer os olhos para encará-lo. –Você é uma Anciã.
—Pior ainda. –Ela sorriu. –Significa que eu preciso saber tudo, sendo que eu não consigo fazer essa maldita rosa ganhar vida.
—Você consegue, é só parar de odiar as flores. –Ele debochou, se colocando de pé. –Quer comer algo?
—Trás água, por favor? –Ela pediu.
          Alfred assentiu e a observou encarar o lugar onde enterrara a semente da rosa por um momento, em seguida se foi.
        Charlotte estava quase desistindo novamente quando Alfred retornou com água e uma sacola de papel.
—O que é isso? —Ela questionou quando ele lhe estendeu a sacola.
—Pãezinhos recheados.
         Charlotte gostava dos pães recheados de Dakota, a doceira ruiva que costumava conversar com os cachorros e gatos do vilarejo, e por esse motivo Char gostava tanto dela.
—Obrigada. –Ela sorriu e deu um gole na água fresca que ele lhe entregara.
—Você não conseguiu ainda?
—Nem parece que vou conseguir. –Ela bufou, colocando a sacola de pães ao lado.
—Posso contar um segredo? –Ele deu um sorrisinho, sentado no chão e pegando um pão recheado com chocolate.
        Charlotte arqueou a sobrancelha esquerda.
—O que é?
—Eu ouvi, quando fui até a casa da Dakota comprar os pães, que estão todos apostando contra você, porque ao que parece não acham que você vai conseguir fazer crescer nem uma flor aqui.
—É bom saber disso.
         Alfred notou o desafio na voz dela e a viu derramar toda a água da jarra sobre a terra. Alfred sabia que plantas deveriam ser regadas, mas com o tanto de água que Char jogara, provavelmente afogaria qualquer semente.
          Charlotte deixou a mente em branco e colocou as duas mãos no solo, tentando sentir as sementes ganharem vida, mas não havia nada, parecia tudo seco, como se a própria terra não estivesse ali. Char respirou fundo e fechou os olhos, buscando sentir algo ali, se deixando guiar por onde a água entrava, quando finalmente sentiu uma centelha de vida no chão, a expandiu como faria com um elástico, o forçando cada vez mais, já havia praticado aquilo com Simone, no mês anterior, mas ainda era cansativo.
         Alfred viu, não uma, mas diversas rosas brancas começarem a brotar do chão e desabrocharem, mais perfumadas que as rosas comuns que ele já vira e mais vivas e brilhantes, o vento dançava entre as flores e espalhava seu agradável e encantador perfume pelo ar.
         Char abriu os olhos a tempo de ver uma rosa branca abrir, cheia e delicada. O que a fez sorrir.
—Gosto quando duvidam da minha capacidade. –Comentou, erguendo os olhos.
          Alfred viu o brilho selvagem do qual tanto gostava e sorriu pra ela.
—Ao que parece isso te incentiva.
—Talvez. –Ela sorriu.
—O que é isso? –Simone questionou.
         Char ergueu os olhos para a mulher extremamente surpresa e deu de ombros. Logo Elizabeth, Milena e Richard se juntavam a ela, tão surpresos quanto.
—Como você fez isso? –Milena quis saber.
—Tive um pouco de incentivo. –Brincou a menina, ouvindo um leve bufar de Alfred.
—É impossível. –Richard parecia chocado.
—Acho que não. –Char sorria.
—Charlotte, esse solo é infértil. –Milena esclareceu. –O teste era você perceber ser impossível algo nascer aqui, você deveria somente sentir a terra e perceber que não havia vida aqui.
—Vocês estavam só me testando? –Ela arqueou a sobrancelha e olhou para a roseira imensa ao seu lado. –Desculpe decepcionar, mas quem não notou que aqui tem vida foram vocês.
—Eu tentei fazer algo florescer aqui e não deu. –Milena informou.
—Essa terra nunca foi infértil, vocês que não souberam usá-la. –Char deu de ombros e puxou a capa do chão. –Deveriam prestar mais atenção. –Debochou, pegando um pãozinho e se ergueu.
          Charlotte começou a se afastar.
—Como você fez isso? –Richard questionou.
—Uma vez, quando criança, ouvi um mágico falar “Um mágico nunca revela seus truques.” –Ela deu um sorriso divertido. –Talvez isso seja válido para Feiticeiros.
         Alfred sorriu e se levantou, pegando a sacola de pães e a jarra, a qual entregara para uma Milena extremamente chocada, logo acompanhou Char, vendo o choque e as bocas abertas dos Anciãos.
—Tá ai algo que ninguém esperava. –Ele comentou quando deram a volta na casa, a fazendo sorrir.
—Tá ai algo que eu não esperava. –Ela confessou, o encarando e ajustando o passo ao dele. –Eu nunca fui boa com plantas e fiz uma roseira imensa nascer em um solo que pra todos era infértil.
—Não sei mais se me surpreendo com algo que você faz, Char, a verdade é essa. –Ele comentou e ela sorriu de canto.
—Que pena.
—Por quê? –Ele quis saber.
—Gosto de surpreender.
Alfred sorriu, a vendo mordiscar o pão.
—Por que não tenta? –Ele questionou.
         Charlotte mordeu a língua para não responder o que lhe viera a mente, mas sorriu.
—Vamos dar uma volta, Al. –Ela convidou.
—Você vai incendiar o que?
           Char riu e se virou de frente pra ele, os olhos brilhavam de entusiasmo e o sorriso flertava com o perigo.
—Talvez o mundo, Alfred.
          Alfred ouviu e sentiu a diversão na voz dela, mas havia algo que era impossível de ignorar, havia aquela melodia brincalhona em sua voz, e mesmo assim ele não descartaria a possibilidade de Charlotte incendiar o mundo.


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Notas finais do capítulo

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Beijos e até o próximo capítulo.



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