Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 32
Capítulo Trinta e Dois - Anciãos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
Divirtam-se!



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           Charlotte fez careta ao ver o quão a Floresta parecia ter adensado mais nos últimos dois dias.
—A gente tá indo pra um vilarejo ou pra uma casa na árvore? –Ela resmungou, pra ninguém especifico.
—Você exagera demais. –Alfred bufou.
—Eu só tô vendo árvores, meu caro. –Ela devolveu, sem desviar os olhos de Christopher, que caminhava a frente, temendo se perder. –É claro que eu vou exagerar.
—Não se preocupe, estamos chegando. –Christopher falou. –Mas acho melhor pararmos um pouco para comer alguma coisa.
—A melhor ideia do dia. –Disse a menina e Alfred sorriu.
—E depois eu que vivo comendo. –Alfred provocou e ela rolou os olhos, mas sorriu.
           Sentaram-se em uma clareira, se é que podia chamar aquilo de clareira, o espaço tinha pouco mais de dois metros. O dia estava bem mais quente do que ela esperava, então retirou a capa vermelha e colocou no chão, ao seu lado.
           Christopher viu Charlotte analisar as copas das árvores e sorrir quando o vento bagunçou seu cabelo castanho, fechando os olhos em seguida e aproveitando a caricia que a brisa lhe ofertava.
           Christopher se perguntou o que acontecera entre Alfred e Charlotte após ele se retirar, no primeiro dia de viagem, pois quando voltara ela já dormia e ele ainda tocava em seu alaúde, sem se importar com nada. Contudo e apesar de tudo, parecia que nada havia mudado entre os dois, ainda eram amigos e se provocavam o tempo inteiro, parecendo que não haviam se olhado de forma tão intensa naquela noite e breve momento que Christopher os observou das sombras.

 

 

         Era fim de tarde quando chegara a uma imensa cachoeira, de água cristalina e temperatura agradável, um espaço grande e aberto, Char se sentiu leve com o som da torrente de água e as gotas que eram carregadas pelo vento e lhe tocavam a pele.
—Por favor, me diz que a gente pode parar por uns vinte minutos pra tomar banho. –Char pediu, se agachando e lavando o rosto.
          Christopher sorriu diante a cena.
—Não, não podemos. –Char suspirou.
—E eu achando que seria um acampamento divertido. –Resmungou, se erguendo e mostrando o quão imponente era. –Mas veja só.
—Estamos quase chegando. –Christopher falou, mantendo um leve sorriso. –E você poderá voltar aqui sempre. –Prometeu e Char assentiu.
—Que seja.
          Charlotte seguiu Christopher por mais alguns metros, riacho a baixo, logo chegando a um Vilarejo maior do que ela esperava para somente três Anciãos. O lugar era convidativo e com vários jovens sentados em frente às casas, rindo, cantando e conversando.
—Isso não era o que eu estava esperando. –Ela comentou e Christopher riu.
—Eu concordo com a Chapeuzinho dessa vez. –Alfred parecia tão surpreso quanto à menina.
—Christopher. –Uma garota com o imenso cabelo cacheado se aproximou. –Que bons ventos o trazem? –Ela franziu o cenho. –E com companhias.
—A Elite os mandou. –Christopher anunciou e os olhos castanhos da garota brilharam.
—Sendo assim. –Ela se virou para os dois com um grande sorriso. –Sejam bem vindos a nosso humilde vilarejo.
—Lauren esses são Alfred e Charlotte. –Christopher apresentou, dando ênfase no nome da menina.
—Oh! –Lauren arregalou os olhos.
          Char se perguntou o motivo da ênfase e da surpresa.
—Lauren! –Um rapaz magrinho e de cabelo ruivo apareceu atrás da morena ele parecia ter por volta de 15 a 16 anos. –Eles já estão esperando.
         Charlotte sentiu uma comichão engraçado na ponta dos dedos das mãos e fez careta, olhando para ver se havia algo, mas não tinha nada visível, o que a fez franzir o cenho e limpar as mãos na calça de tecido escuro que usava.
—Mark e Lauren vão acompanha-los. –Christopher anunciou e Char o encarou de sobrancelha arqueada. –Vou esperar por aqui. –Ele prometeu, embora parecesse somente um aviso comum.
          Charlotte suspirou e começou a seguir os dois, sentindo os olhares dos demais jovens sobre ela, que haviam parado seus afazeres para encara-los curiosamente, e Alfred, bem a sua costa. Ela conseguia sentir o rapaz pairando sobre ela protetoramente e era reconfortante de certa forma, alguém que ela conhecia e confiava.
—Nós nem estávamos esperando ninguém, pra falar a verdade. –Lauren comentou, os encarando por sob os ombros. –Só soubemos que estavam vindo hoje, umas três horas antes de chegarem.
—Como sabiam? –Alfred questionou.
—Um dos nossos estava fazendo a ronda e viu o Christopher trazendo gente. –Ela deu de ombros.
—Eu falei pros Anciãos e eles mandaram que deixássemos passarem. –Mark comentou, passando a mão de dedos longos e finos no cabelo comprido cor de fogo. –Eles querem conhecer você. –Disse ele para Charlotte.
—Eu não sabia disso. –Lauren fez careta.
—Não era pra saber. –Revidou o ruivo e Char deu um leve sorriso.
          O resto do trajeto foi feito em silêncio, até que pararam em frente a uma casa grande, ladeada por uma imensa varanda, as janelas estavam abertas e convidativas, assim como a porta.
         Char sentiu o vento passar e praticamente uivar ao entrar na casa, sentiu o calor subir pelo peito e as mãos formigarem, seu coração disparou e o corpo todo pareceu responder a algo que ela não ouvia.
—Essa aqui é a casa dos velhotes. –Mark comentou sorrindo. –É como se fosse casa de avós, sabe? –Ele brincou.
          Charlotte encarou a porta e sentiu como se o vento a empurrasse para a entrada da casa. Char passou em frente a todos e começou a subir os degraus, cinco, ela contou mentalmente, como para se acalmar seus instintos.
—Char... –Foi Alfred a chamar.
—Deixe. –Mark falou. –Deixe-a a ir na frente.
           Alfred não questionou, mas acompanhou a menina com os olhos, logo seguindo Mark e Lauren, que fora atrás de Char.
            Charlotte passou pela porta e assim que entrou na sala principal seu olfato foi tomado pelos aromas de erva-cidreira, canela, cravo da índia e hortelã. Velas estavam acesas em vários cantos do salão, criando uma luz agradável e aconchegante.
—Bem vinda Charlotte Brand. –Uma voz penetrante entrou em sua mente e ela piscou os olhos repetidas vezes, olhando em volta, até encontrar o homem que a chamara.
            O senhor estava sentado em uma cadeira de balanço, apoiando uma xícara de chá em suas pernas, juntamente a um pratinho de biscoitos.
—Quer uma xícara de chá, criança? –Uma senhora de cabelo grisalho que batia na altura dos ombros ofereceu, os olhos castanhos profundos e sábios. Ela estava de pé, ajeitando uma bandeja sobre uma mesa redonda ao lado da janela e sorrindo para Char. –É de hortelã-pimenta.
           Charlotte sentiu o vento a envolver como se para lhe fazer prosseguir, mas ela se manteve firme, encarando os Anciãos.
—O gato comeu tua língua, menina? –Uma senhora, não menos de cinquenta anos e provavelmente a mais jovem dos três, questionou.
           Charlotte esperava muita coisa, mas não um senhor em uma cadeira de balanço comendo biscoito com chá, uma velha arrumando uma impecável mesa pra chá e uma senhora fazendo crochê colorido.
—Acho que preciso de um chá. –Char disse finalmente.
—Chá e respostas, melhor escolha. –Concordou a mulher que arrumava a mesa. –Entrem e sentem-se, menos vocês. –Ela indicou Lauren e Mark.
          O ruivo bufou.
—Não ganho nenhum biscoito? –Ele pareceu indignado.
—Fora pirralho. –A senhora que fazia crochê disse, muito entretida dando pontos coloridos no que parecia uma toca.
—Velha rabugenta. –Mark provocou, a fazendo pegar uma das bolotas de lã e ameaçar jogar no rapaz. –Com essa visão horrível vai acertar uns três metros a esquerda de onde eu tô. –Zombou, mas se retirou em seguida e Char percebeu que a visão da mulher era muito boa.
—Peste. –A mulher disse, voltando ao crochê.
          Char franziu o cenho e ouviu o sussurrar do vento. Os três Anciãos não era o que ela esperava, mas não eram o que aparentavam, disso ela sabia e ela se sentiu inclinada a descobrir o que eles eram realmente.
           Alfred viu Charlotte ajustar a postura e caminhar até a mesa que fora indicada, ele a seguiu e sentou ao seu lado. Char parecia estar sentando em meio a realeza, tamanho sua desenvoltura e altivez, os olhos aguçados dando atenção a cada gesto dos Anciãos.
           Charlotte viu o homem dar um leve sorriso, mas havia uma pontada de ironia e perigo. Char gostava desse tipo de sorrisos, geralmente isso indicava que as pessoas não eram tão amáveis quanto demonstravam.
           Eu posso jogar esse jogo. –Ela pensou. –Só que não esperem que eu o faça. Não mais.


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Notas finais do capítulo

E aí meus amores? Curtiram o capítulo?
O que vocês acham que devemos esperar realmente dos Anciãos?
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



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