Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 3
Capítulo Três - Alfred


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/690080/chapter/3

          Os dois dias seguintes passaram em um piscar de olhos, Fernanda, Char e Harry mal se desgrudaram durante aqueles dias, assim como no café com a Sra. Ornet, onde Fernanda, que quase nunca ia, compareceu e riram durante grande parte da manhã.

         Charlotte se sentiu retroceder a infância. A menina suspirou e vestiu a capa vermelha por cima de sua calça e blusa de frio escuro.
—Por que você tá emburrada? —Suzana quis saber da porta do quarto e a menina se forçou a dar um sorriso meigo.
—Não estou, mas não consigo fazer uma trança decente no meu cabelo.
        Suzana sorriu e entrou no quarto, indicando a cadeira para a menina sentar, Char fez o que lhe fora dito e observou, pelo espelho, as mãos ágeis de sua mãe trançarem seu cabelo.
—Pronto. —A mulher não parecia nada feliz em mandar a filha pra longe.
—Eu vou pra casa da minha avó, não embora para sempre. —Disse Charlotte encarando o reflexo da mãe.
—Sei disso, querida. —Sorriu e afagou o ombro da filha. —Harry e Nanda estão na sala, acho melhor você ir antes que eles explodam de ansiedade ou explodam alguma coisa. —Char sorriu.
        Charlotte vestia botas de couro escuro, calça e blusa pra frio, estava toda vestida de negro, com exceção da capa longa, que chegava até o chão, de um vermelho vibrante e chamativo.
—Está decente. —Harry fingiu surpresa e ela bufou.
—Um dia no ano, pelo menos. —Nanda zombou.
—Calada. —Mandou rindo.
        Charlotte tomou café da manhã com Fernanda, Harry e Suzana, exatamente como faziam quando mais jovens. Logo em seguida caminhavam para onde estava a caravana com a qual Char partiria.
        Harry estava com o braço pelos ombros da menina e Fernanda andava ao seu lado. Era estranho viajar sem eles ou mesmo passar mais de um dia sem vê-los, a sensação de deixá-los, mesmo que por poucos dias, era estranhamente amarga.
—É estranho saber que só vamos estar com você até aqui. —Nanda deu voz a seus pensamentos.
—Eu sei. —Ela fez careta.
—Não comecem a chorar agora. —Harry avisou de brincadeira e as duas sorriram.
—Não prometemos nada. —Nanda zombou e Charlotte suspirou.
         Char se soltou dos braços de Harry e encarou os dois irmão adotivos.
—Vai ser estranho demais viajar sem vocês. Céus! Eu não vou na borda da Floresta sem vocês. —Os dois assentiram.
—Não demore muito lá. —Nanda disse.
—Sei que a comida da sua avó é incrível, mas volta logo. —Harry mandou e ela sorriu.
—Voltarei na primeira caravana depois da Lua Cheia. —Prometeu sorrindo.
—Tia Suzana quem disse isso? —Nanda perguntou desconfiada e Char sorriu.
—Não, ela não disse quando volto, o que me dá total direito de decidir. —Os amigos riram.
—Então faça isso. —Nanda falou.
—E roube uma compota daquele doce de abacaxi pra trazer pra gente. —Harry lembrou e ela sorriu.
—O melhor doce de abacaxi do mundo. —Disseram os três em conjunto.
—Charlotte. —Suzana a chamou e ela virou.
          Charlotte encarou a mãe e logo seus olhos desviaram para o homem ao seu lado. Os olhos castanho-claro, quase amendoados, eram quentes e observadores, o cabelo castanho era tão claro que quase chegava a cor de mel, desgrenhado e crescido de forma desregular, a barba por fazer contornava os lábios avermelhados e carnudos, assim como ornamentava o maxilar quadrado, a pele bronzeada naturalmente era levemente morena. Era uma cabeça mais alto que Harry e os ombros largos estavam relaxados de modo preguiçoso.
—Oi. —Disse desviando a atenção para a mãe novamente.
—Você lembra do Alfred? —Suzana quis saber.
—Não muito, na verdade. —Assumiu.
—Quando ele andava por aqui era mais baixinho. —Fernanda zombou e Char riu.
       Alfred deu um sorriso pequeno de dentes extremamente brancos.
—E mais pálido. —Harry brincou.
—Vocês três também mudaram bastante. —Rebateu em uma voz calma, grave e agradavelmente rouca. —Fernanda era magrela e vivia emburrada.
—Que absurdo. —Disse ela rindo e o fazendo dar o mesmo sorriso pequeno de antes.
—Harry era baixinho e vivia atrás de confusão. —Harry riu tranquilamente.
—Isso não mudou muito. —Charlotte debochou, olhando para o amigo, que deu de ombros antes de responder.
—Não era que eu fosse atrás delas, mas as confusões sempre gostaram de mim.
       Charlotte riu e balançou a cabeça negativamente.
—E a Charlotte... —Char desviou os olhos verdes para Alfred, que a analisava cuidadosamente. —vivia suja como um moleque.
       Charlotte abriu um sorriso divertido.
—Uma vez por ano tenho que fingir ser uma garota, não é mesmo Nanda?
—Só uma por ano. —Concordou Fernanda, sorrindo. —Se não perde a essência. —Harry e Char riram.
—Pelo visto vocês não irão tentar se matar durante a viagem. —Suzana sorriu para eles. —Terão lembranças da infância para impedir isso.
—Eu jamais tentaria empurra-lo da carroça. —Char sorriu amavelmente.
—Espero que não. —Suzana falou.
        Charlotte sabia que Suzana realmente esperava que ela não fizesse, a mulher dizia que sua filha era dotada de impulsos e decisões precipitadas em muitas das vezes, apesar da amabilidade que nutria com todos. Se sua mãe soubesse...
—Sairemos em cinco minutos. —Alfred alertou. —Iremos naquela ali.
        Charlotte olhou para a carroça indicada e assentiu. Virou para sua pequena família e sorriu.
—E então dona Suzana, quando me quer de volta? —Suzana deu um sorriso estranho.
—Converse com Alfred pra saber quando ele irá voltar, ai vem com ele. —Char franziu o cenho.
—E se ele for demorar a voltar?
—Você não estava tão ansiosa em ir visitar a Juliana?
—E você em impedir que eu fosse? —Harry conhecia aquele olhar, Char era teimosa e Suzana era pior ainda, acabaria em briga.
—Sério que vocês vão começar a brigar agora? —Fernanda questionou.
—Eu só estou tentando entender. —Char bufou, mas desviou para os amigos. —De qualquer modo se ele for demorar muito, terão outras caravanas, sempre tem caravana vindo para o Norte.
—Você não voltará sozinha. —Suzana decretou e a menina bufou.
—Não vamos brigar agora, por favor.
        Harry quase riu, a expressão de Charlotte estava calma e gentil, os olhos eram pidões como de uma garotinha. Suzana suspirou e assentiu.
—Tenha uma boa viagem. —Disse abraçando a menina.
—Obrigada. —Sorriu ao se afastar.
        Suzana avaliou a filha por um momento e por fim seus olhos pararam no colar no pescoço da menina.
—Que colar é esse? —Quis saber.
—Senhora Ornet me deu de presente. —Os olhos negros da mulher ficaram mais atentos ao colar.
—Por que ela lhe daria uma jóia?
—Presente atrasado de aniversário.
        Suzana assentiu após um momento, mais pra si do que qualquer coisa, depois encarou a filha.
—Tome cuidado, irei falar com Alfred agora.
—Claro.
—Aliás, suas coisas já estão na carroça.
—Obrigada.
        Charlotte viu a mãe se afastar e desfez a máscara amigável, os olhos verdes estavam irritados outra vez e os lábios crispados.
—Ela tá escondendo algo.
—É da natureza da sua mãe sempre estar escondendo algo. —Nanda recordou e ela assentiu.
—Sem dúvida é. —Ela suspirou e deu um sorrisinho.
—Melhor você voltar logo. —Fernanda disse e a abraçou.
—Farei o possível. —Prometeu a soltando.
       Charlotte encarou Harry e depois se atirou nos braços do melhor amigo.
—Toma cuidado. —Mandou ele.
—Você também.
—Se alguém tentar qualquer coisa, você ainda lembra como se defender, não é? —Ela riu.
—Você me ensinou a derrubar os caras, se acalme. —Ele riu.
       Char sussurrou algo no ouvido de Harry, para que somente ele escutasse, que assentiu depois de um momento de surpresa e finalmente se soltaram e ela encarou os dois.
—Não sejam devorados pelos Lobos.
        Os três riram, depois de tanto tempo, a frase acabara se tornando uma piada interna entre o trio e Sra. Ornet.
—Você também.
—Nos vemos em breve. —Prometeu e se virou para ir embora.
—Mande beijos para vovó Juliana. —Fernanda disse.
—Mandarei.
          Charlotte passou por quatro carroças antes de chegar até a que Alfred estava, além dele, só havia mais uma moça e um senhor que tomava conta das rédeas.
          Suzana sorriu para a filha e lhe deu um beijo na testa, antes da menina pular para dentro da carroça, só vendo depois a mão estendida de Alfred, que deu de ombros e se despediu de Suzana.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? Curtiram?
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.