Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 28
Capítulo Vinte e Oito - Osíris


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
Divirtam-se!



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           Os olhos azuis de Osíris fitavam atentamente a menina, que devolvia o olhar na mesma proporção de seriedade e analise, apesar de querer se retirar daquela sala subterrânea e ficar longe do homem, havia algo nele que irritava e a deixava desconfortável.
—Se é o que deseja. —Osíris se pronunciou, sem muita vontade em acatar o desejo. —Saiam.
—Por que ele? —Kyle exigiu saber, encarando furiosamente a menina, que o olhou rapidamente e de forma seca.
—Saiam. —Osíris repetiu.
          Christopher encarou Kyle e indicou para que o rapaz caminhasse a sua frente.
Kyle passou ao lado de Char como um furacão, mas a menina já havia voltado a olhar Osíris, que também pareciam pouco satisfeitos em deixa-la.
—Soube que prendeu Kyle a você. —Ele quebrou o silêncio, assim que Kyle e Christopher se foram.
—É o que dizem. —Ela respondeu, dando de ombros e largou o pulso de Alfred, que permaneceu ao seu lado.
           Osíris assentiu de vagar.
—Você foi mantida longe dos seus por muito tempo, Charlotte.
—Os meus? —Ela deu uma risadinha sem diversão. —Não concordo, contudo creio que tenhamos visões diferentes de quem são os meus.
—Ao que tudo indica. —Ele falou com tranquilidade. —Mas diga, quais são suas perguntas? Está na cara que você tem muitas.
           Charlotte deu um sorriso de canto, extremamente preguiçoso.
—Talvez menos do que vocês esperam.
           Alfred se perguntou, enquanto olhava seu perfil, como ela conseguia ser tão controlada e altiva diante de situações que a deixavam desconfortável.
—Então eu farei uma. —Ele a fitou como se visse através de sua alma. —Onde conseguiu esse colar?
            Char levou a mão, lentamente, ao cordão de prata e arqueou uma sobrancelha, quase como se estivesse desinteressada.
—Qual o interesse de vocês?
—Osíris perguntô primeru. —Char sorriu e desviou os olhos para Kitty.
            Não se surpreendeu ao ver a velha ali. Char sabia, desde a primeira vez que a vira, que tinha algo diferente com ela.
—Kitty, quanto tempo. —Ela sorriu para a velha, de forma debochada. —E honestamente eu não estou interessada em dar respostas sem nada em troca. —Deu de ombros. —E acho que já lhe falei isso antes, várias vezes na verdade.
           Kitty abriu a boca pra retrucar, irritada.
—A menina tem direito de saber nosso interesse, é justo darmos algo em troca. —A voz da mulher era doce e gentil.
            Os olhos cinza eram frios, mas o sorriso amigável. O cabelo prateado pendia em leves ondas pouco acima dos ombros claros e delicados, a mulher era pouca coisa, dois centímetros no máximo, mais alta que Char, contudo trazia uma elegância que subjugaria qualquer um.
—Que seja. —Osíris concordou, olhando amigavelmente para a mulher, que lhe sorriu.
           Os olhos cinza voltaram-se para Charlotte.
—Sou Singrid. —Ela sorriu e Char recordou que já vira aquele nome em algum livro. —Acho melhor nos sentarmos para começarmos essa conversa. —Ela pediu, indicando o canto da sala, Char arqueou uma sobrancelha.
          No canto indicado, próximo onde Charlotte e Alfred estavam parados, havia um banco de mármore escuro e longo, o qual a menina não havia notado até aquele momento.
            Char não questionou, não quando viu um leve assentir de Alfred, logo caminhou e sentou no banco, que o contrário do que ela imaginara, não era frio.
Singrid caminhou até onde Alfred e Char sentaram, lado a lado, e se colocou ao lado da menina, que arqueou uma sobrancelha e ficou de frente pra ela.
          Alfred se perguntou o que havia em Charlotte para atrair a simpatia de Samantha e atenção de Singrid, ele ainda não se esquecera de como a pequena Sam a olhou e Singrid vindo sentar com ela era sinal, ou de aprovação ou de perigo. Mas Alfred notara que muitos não gostaram do quão próximo Singrid ficara da menina, mas confiavam na mulher e em seus poderes.
           Char sentiu uma pressão incômoda em sua têmpora, mas a ignorou e viu Singrid puxar um colar de prata de dentro do decote do vestido e lhe exibir o rubi que trazia em forma de uma lágrima solitária no meio da medalha de prata. Era exatamente como o seu, a única diferença era a pedra no centro.
—Todos têm uma, a maioria é de diamante. —Singrid sorriu.
—E? —Char arqueou a sobrancelha, aparentemente desinteressada.
           Singrid deu um leve sorriso e focou os olhos da menina.
—Cada pessoa da Elite trás sua própria magia. —Explicou. —Algumas se apresentam quando nascemos, geralmente as mais fracas, onde esses feiticeiros não são efetivos da Elite, mas tem ligação por conta de nossa espécie. —Char assentiu. —Essas pessoas normalmente são as que chamamos de Seletos, são os que conseguem compreender, insetos e animais menores, contudo não conseguem lhes manipular com muita maestria. —Singrid passou levemente a mão no cabelo prateado. —A os Cultivadores, que são os que lêem e compreendem as plantas. E temos apenas uma Cultivadora no Vale, nos dias de hoje.
—Samantha. —Char falou e foi à vez de Singrid arquear a sobrancelha.
—Nós a encontramos quando estávamos vindo pra cá. —Alfred informou. —Ela presentou a Charlotte com um Lírio D’Água.
            A surpresa no rosto da mulher não passou despercebida a Char, mesmo que ela tenha tentado não transparecer. A flor, que Charlotte ganhara de Samantha, estava presa cuidadosamente no bolso interno de sua capa, para não amassar.
—Interessante. —Falou ela e se recompôs. —E existe a Elite. —Ela retornou a explicação. —Que somos uns dos mais poderosos e que também demora mais a descobrir seus poderes.
—17 anos. —Char disse, recordando de Senhora Ornet lhe dizer que as garotas de sua época ganhavam joias aos 17 anos.
—Como sabe disso? –Singrid questionou.
—Pelo que sabemos, sou da Elite. —A menina comentou, dando de ombros e a outra assentiu.
—Nossos dons começam a despertar aos 17 anos, mas só sabemos, às vezes, a profundidade aos 18 anos. —Ela esclareceu.
—Mas como exatamente as joias entram nessa questão? —Charlotte questionou, jogando tranquilamente o cabelo para trás.
—É ai que elas entram. E por isso queremos saber como conseguiu. —Singrid disse sorrindo e tocou levemente a mão da menina, que sentiu um choque e se ergue rapidamente.
            Char já vinha sentindo aqueles puxões e empurrões incômodos em sua têmpora esquerda desde que entrara naquela sala, mas notou de onde vinha somente com o toque de Singrid.
—Pare de tentar me manipular! —Mandou e viu a outra abrir e fechar a boca.
—Como...
—É irritante. —Charlotte a cortou. —É óbvio que eu notaria esse puxa e empurra. —Bufou. —Você está tentando manejar meus sentimentos desde que entrei nessa sala! Mas eu estou mandando parar.
           Alfred viu a fúria acender novamente nos olhos verdes de Charlotte, mas parecia que dessa vez o fogo dominava todo seu ser. Por algum motivo ele gostava daquela selvageria que ela mostrava ao estar irritada. Ele sabia que nunca ninguém conseguia adivinhar como Singrid conseguia o que desejava das outras pessoas e eles nunca notavam que ela estava manipulando-os, era a primeira vez que ela passava por uma situação como aquelas, principalmente com alguém tão jovem e inexperiente.
—Você não deveria ter percebido isso e... —Ela estava de olhos arregalados.
—Então seja mais sútil. —Bufou e massageou a têmpora. —Agora estou com dor de cabeça graças a sua intromissão.
           Char odiava ficar com dor de cabeça, geralmente isso a deixava irritada por horas, mesmo após a dor desaparecer.
           Os murmúrios de surpresa na sala a estavam deixando mais irritada.
—Vocês vão me dizer o que meu colar tem haver com isso ou não?
           O olhar era desafiador e encontrou a cada pessoa presente na sala.
—Em nosso aniversário de 17 anos, somos levados aos Anciãos da Elite, que são os mais experientes e poderosos, onde passamos por uma espécie de ritual. –Osíris disse, dando tempo para Singrid se recuperar da surpresa.
—Ritual? —Char arqueou a sobrancelha e cruzou os braços em frente ao peito.
           Charlotte estava encarando Osíris, mas estava atenta aos mínimos movimentos de cada um na sala, principalmente Singrid, já que todos pareciam confiar tanto em seus dons.
—A diversas joias dispostas em uma plataforma, todas as pedras estão carregadas de feitiço e somos, por conta do poder, atraídos por elas. —Char recordou de como se fascinara pelo colar de esmeralda sobre a mesa de senhora Ornet. —O colar que conseguimos erguer sem sentir dor ou desconforto, é nosso e geralmente é aquele que exerce mais encanto na gente.
           Charlotte assentiu lentamente, assimilando tudo o que lhe foi dito, mas atenta a todos na sala.
—Então se você tentar pegar uma joia que não é sua, você sentirá dor? —Ela questionou, enquanto pensava do porque de Amélia Ornet incentivar que ela pegasse o colar.
—Dor ou desconforto. Mas se torna muito mais intenso se a joia em questão já possui dono. —Singrid lhe disse, parecendo ter despertado do choque e Char desviou os olhos para a mulher de cabelo prateado. —E é por isso que estamos querendo saber como você a conseguiu. —Não havia mais tanta doçura na voz, Singrid estava sendo direta. —Não dá simplesmente pra você encontrar uma dessa perdida no meio do caminho e lhe servir, principalmente uma como a sua.
—Como a minha?
—Não tem mais ninguém que use uma joia como a sua, Charlotte, ninguém consegue tocar em uma Esmeralda dessas sem sentir o peso dela há no mínimo uns 40 anos. —Singrid falou, parecendo ressentida. —Muitos se sentem até mesmo repelidos por elas no Ritual, por isso ninguém chega perto geralmente.
—Você está me dizendo que...
—As Esmeraldas representam, não só um membro da Elite, Charlotte. —Osíris tomou a palavra pra si novamente. —Eles representam os Anciões. Eles são os únicos a conseguir usar Esmeraldas e são poucos que conseguem usar uma tão poderosa.


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Notas finais do capítulo

E ai? Curtiram?
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



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