Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 21
Capítulo Vinte e Um - Descoberta Valiosa


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei, mas estou de volta.
Divirtam-se!



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Char olhou para Alfred, que parecia ao máximo tentar ignorar a conversa que acontecia ao seu lado.
–Agora a conversa será entre nós dois. —Avisou ela e ele a encarou por sob os cílios.
–Sou inocente. —Ele falou, com um sorriso brincalhão nos lábios e um tom casualmente irônico.
–Não mesmo. —Ela devolveu com um sorriso torto e logo encarou o pai, que os analisava atentamente, o sorriso morrendo no instante que encontrou Christopher. —Você pode sair, por favor?
Christopher notou que apesar da educação que ela usava, havia uma grande frieza em seus olhos sempre que encontravam com os seus e que não fora exatamente um pedido, ele estava sendo dispensado pela filha.
Charlotte o viu se erguer e caminhar para fora do quarto, sem falar nada.
–Vai te matar se for mais gentil? —Zombou Alfred.
–Minha vontade é matar você nesse momento.
Alfred sorriu abertamente e se virou pra ela.
–Você ainda não me respondeu. O que está acontecendo entre você e Kyle?
–Pelos mil Demônios! —Xingou e ele riu. —Pare de tentar fugir da verdadeira questão, Alfred.
–E qual seria a questão, Chapeuzinho?
Char sentiu como se eles estivessem de volta a Caravana, livres e divertidos.
–O que houve com você, naquela noite?
Alfred baixou os olhos e suspirou de modo cansado, após um momento a encarou novamente.
–Eu vou contar. —Assegurou e ela assentiu. —Mas não tudo...
–Como é?
–Char, eu vou precisar que confie...
–Você só pode estar brincando comigo!
A voz indignada o fez sorrir e ela notou o deboche nos olhos dele.
–Você se irrita muito fácil. —Zombou.
–Eu odeio você! —Disse ela atirando uma uva nele, que riu, pegando a fruta no ar e a jogando na boca.
–Qual é? Foi engraçado.
–Não foi. —Mas ela sorriu. —Você é tão imbecil.
–Olha só quem tá falando.
–Ainda assim sou menos que você.
Os sorrisos e xingamentos desapareceram e deram lugar ao silêncio e expressões sérias e pensativas.
–Você adormeceu, após bebermos o vinho. —Ele informou e ela o encarou com atenção. —Quando notei, Dante estava...
–Dante era um Lobo, não era?
Alfred arregalou os olhos, sendo pego de surpresa. Era a primeira vez que ele demonstrava choque e certa confusão diante dela.
–Como...?
–Como eu sei? —Ele assentiu. —Eu não sabia ao certo.
–Mas como sabe que os Lobos são pessoas?
Char encarou uma maçã deliciosamente vermelha e se conteve para não pegá-la e mudar de assunto.
Você está em um jogo, Charlotte. Saiba jogar. —Sua mente sussurrou pra ela.
–Eu sei de coisas que creio que a maioria não saiba, Alfred. —Ela soltou o ar pela boca. —Uma vez eu vi um homem explodir em pelos e selvageria. —Ela deu de ombros.
As melhores mentiras são as meias verdades. —Katherine diria.
–Eu vi Dante começar a se transformar. —Confirmou ele e ela assentiu. —Eu te acordei, enquanto ele lutava contra a... Transformação. —Ele falou desdenhosamente, sem achar a palavra adequada. —E nós saímos da caverna e quando olhei pra trás, poucos segundos depois, você tinha desaparecido.
Alfred sabia que contar parte do que realmente acontecera era o melhor a fazer.
–Eu não lembro de ter acordado. —Ela falou seriamente.
–Você estava falando e correndo. Me parecia bem acordada. —Disse.
–Noites de Lua Cheia são confusas, sempre foram. —Ela suspirou e fechou os olhos, apertando-os com o polegar e indicador da mão direita.
–Mas como você parou aqui? —Questionou ele após um momento.
–Não sei direito. —Falou, após um longo silêncio, ainda pressionando os olhos. —Lembro somente de cair de um despenhadeiro, enquanto fugia dos Lobos e depois nada, até acordar aqui, com o Kyle me encarando, com costelas e ombro doendo e em determinado momento a cabeça parecendo que ia explodir, sem falar da garganta que parecia ter sido arranhada por garras afiadas. —Ela suspirou e abriu os olhos. —Kyle me disse que eles salvaram minha vida.
Alfred fez careta e notou, em seguida, que os olhos dela pareciam mais claros que o costume.
–E vocês se envolveram?! —Provocou e ela sorriu.
–Cala a boca.
–Já disse que estou curioso.
Char rolou os olhos e passou a mão no cabelo.
–É estranho me envolver com o meu... Anfitrião. —Zombou e ele riu. —Mas o curioso é o porquê de eu não poder sair do quarto, isso me enlouquece.
–Isso te irrita. —Consertou ele, vendo a expressão da menina, que bufou, mas assentiu.
–Me sinto como um animalzinho enjaulado.
–Animais enjaulados são perigosos. —Comentou com leveza e convicção.
–Não discordo. —Ela falou sorrindo.
Char sabia que era errado se sentir bem na companhia de Alfred, mas era a pessoa mais próxima que ela tinha dentro daquele lugar. Não podia confiar, mas não o afastaria, se sentia tranquila perto dele, contudo não descartaria Kyle também, era ele quem parecia ser seu carcereiro, então seria ele a liberta-la, independente do custo pessoal e Christopher, bem, Christopher seria colocado a prova.

Kyle conversou por mais de uma hora com Christopher, compreendendo como tudo aconteceu, sobre Charlotte ser sua filha, como ele e Alfred se encontraram e terminaram por voltar juntos ao Vale Vermelho. E por todo esse tempo, embora vendo a raiva nos olhos do homem, estava um tanto quanto distante, se perguntando o que Alfred ainda fazia no quarto da garota.
–E por que você a beijou? —O ácido escorria por suas palavras.
Kyle poderia lhe dar com qualquer situação, contudo explicar ao pai da menina que estava beijando fervorosamente e em seu quarto, era um território perigoso e que ele preferia não chegar perto, principalmente Christopher sendo o pai em questão.
–Acho que você vai ter que perguntar a ela, Christopher. —Falou o mais cautelosamente que pôde e viu os olhos verdes endurecerem.
–Eu não me importo com quem você é, Kyle, mas vou assegurar uma coisa. —Alertou, os olhos caindo em uma penumbra perigosa. —Vivi longe da minha filha por anos, por uma promessa que eu não pude quebrar por todo esse tempo, então tive que ficar afastado e a ver se tornar uma mulher encantadora e feroz, uma mulher que sempre teve uma fila de homens ao seu encalço. —A voz rouca e baixa era uma ameaça e demonstrava o quanto Christopher estava tendo que se conter. —No dia que eu finalmente pude ir atrás dela, descobri que ela havia desaparecido e achei que a tivesse perdido pra sempre.
–Eu...
Christopher ergueu um dedo, fazendo Kyle aguardar em silêncio. Não era um subordinado falando com um superior, era um pai que faria de tudo para proteger a filha.
–Eu não posso interferir na vida dela, ao que parece não tenho autoridade, não mais, pra fazer isso. —Kyle manteve o olhar. —Mas se você machucar minha filha, eu rasgarei sua garganta e usarei sua pele para fazer luvas.
Kyle, pela primeira vez, sentiu um calafrio percorrer sua coluna. O ódio que irradiava de Christopher era frio e cortante como uma lâmina e ele bem sabia do que o homem poderia ser capaz, principalmente tendo o incentivo certo.
Kyle não teve tempo para responder, pois ouviu risos no corredor. Charlotte estava fora do quarto e rindo, foi irritante ouvi-la rir com tanta naturalidade, a qual nunca usara com ele, mas que Alfred recebia com toda facilidade.
–O que significa isso? —Kyle questionou, quando ao viu surgir na sala.
Charlotte deu um sorriso amável, mas Alfred viu os olhos cheios de um deboche velado.
–Char me disse que havia combinado de tomar um refresco com você. —Alfred mentiu descaradamente.
Kyle encarou a menina e ergueu a sobrancelha pra ela.
–Ah, ela disse isso foi? —A voz estava amarga.
–Você parece infeliz ao me ver, Kyle. —Ela falou calmamente, mas ainda ao lado de Alfred.
–Não lembro de termos combinado isso.
–Eu sim. —Ela revidou.
Kyle tentou ler a expressão dela, mas pela visão periférica notou Christopher, olhando com interesse para a menina.
–Fiz minha parte e a trouxe até aqui. —Alfred deu de ombros e encarou Kyle, que o olhava fixamente, os olhos cinza cheios de raiva. —E se não se importarem, vou me retirar e descansar um pouco.
Char notou que ele olhava diretamente para Kyle, como se esperando algo do outro, mas ele mentira por ela também, fingiu não saber da proibição que ela tinha de sair do quarto e mesmo Christopher ficara quieto nesse momento, fazendo Char sorrir e perceber o quanto era divertido ter Alfred ao seu lado outra vez.
–Você pode ir também. —Ela disse para Christopher e Alfred rolou os olhos, a fazendo lhe sorrir um pouco.
Kyle viu os dois homens se retirarem e fecharem a porta atrás de si, revelando minimamente o lado externo, sendo possível somente que Char visse que o dia já chegava ao fim do lado de fora.
–Você mentiu. —Disse ele seriamente e ela deu de ombros, enquanto se jogava em uma poltrona imensa, que praticamente a engoliu.
Charlotte não havia notado o quanto a sala da casa de Kyle era grande e bem arrumada. Os olhos verdes vasculharam cada canto possível em uma fração de 3 segundos, em seguida olhou para o rapaz de olhos cinza, que a fuzilava.
–Você não contestou. —O sorriso dela era desafiador.
Kyle sentiu o desejo de mais cedo retornar, mas naquele momento Charlotte parecia tão perto quanto inacessível.
–Seu pai...
–Medo de Christopher? —Zombou e um sorriso feroz surgiu, assim como fogo parecia dançar nos olhos dela.
–Não, mas o respeito.
–Provavelmente tem mais motivos para fazê-lo que eu. —Rebateu.
–Ele é seu pai. —Bufou.
–Ele foi meu pai. —Revidou e se colocou de pé, mexendo no cabelo.
–É melhor você voltar pro quarto.
Char sentiu a raiva queimar todas suas células, mas recordou o que era tudo aquilo.
Um jogo. Um jogo. Um jogo. —Repetiu mentalmente.
–Antes quero que me diga algo. —Os olhos cinza se transformaram em prata ao fita-la. —Por que não contou pro... Christopher, que é meu carcereiro?
A pergunta o pegou desprevenido e ela notou, contendo um sorriso.
–Você não é uma...
–Tudo bem, tudo bem. —Suspirou, fingindo cansaço e se virou para seguir para o quarto.
–Charlotte.
Charlotte fingiu não ouvir e seguiu para o quarto, ouvindo o rapaz xingar e seus passos apressados atrás dela. Char senti sua mão firme a puxar pelo pulso e ela se virou, o beijando em seguida e sentindo o corpo dele no seu, primeiro tenso e logo relaxou a envolvendo mais, ele estava extremamente quente.
Char reconheceu aquele gosto e o cheiro. Tão conhecido que chegava a ser surreal. Ela poderia ter se afastado rapidamente pela surpresa, mas o trunfo que acabara de notar ter nas mãos lhe fez permanecer com os lábios nos dele.
Char sabia jogar bem, sempre soubera.
Os beijos eram sedentos e famintos, as mãos passeavam nos corpos, se conhecendo e ela o conduziu, não muito gentil, até seu quarto.
Kyle sabia para onde era levado, sua mente lhe dizia que deveria recuar, que não era o melhor momento para estar com ela, porém Char o estava dominando quase que de forma sobrenatural. Ele descartou seu vestido e a deitou na cama, com seu corpo ainda sobre o dela, uma das mãos acariciando sua coxa.
–Eu sabia que você viria. —Ela sussurrou no ouvido dele, quando ele mordeu não tão levemente seu pescoço.
A mordida feroz provocou arrepios no corpo da menina e os cabelos de sua nuca arrepiarem. Ela o sentiu sorrir contra seu pescoço.
–O que te fez ter tanta certeza? —Desceu para seu colo.
–Porque o homem que ficou tanto tempo preso somente me visitando em sonhos, não poderia ficar mais tão longe. —Ele congelou no lugar que estava. —Nós dois sabemos. Soubemos disso no dia que você me beijou a primeira vez.


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Notas finais do capítulo

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Beijos e até o próximo capítulo.



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