La Petite Princesse Argent escrita por shadowhunter


Capítulo 20
Hora da verdade


Notas iniciais do capítulo

E já estavmos chegando na reta final, o proxímo cap será o último :´(
Aproveitem!



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Já fazia um tempo em que estávamos na diretoria. Harry estava calado, ele era incapaz de falar ou olhar para mim, o garoto não abriu a boca nem para falar com Fineus Nigellus, que tagarelava sem parar. Eu até que queria falar algo, mas não sei o que posso e o que não posso falar e não quero que ele surte comigo, não agora.

Eu me sinto culpada por tudo. Por mentir para Harry e os outros, por não ter dito a Sirius o que iria acontecer com ele se ele fosse ao ministério, por não ter impedido Bella. Uma parte de mim sabia que não era a minha culpa, não havia nada que eu pudesse fazer para impedir uma morte que já tinha sido prevista, e mentir foi necessário para a proteção de Harry, se ele soubesse a verdade antes do tempo poderia causar problemas para mim e para ele. Mas outra parte de mim se sentia monstruosamente culpada por tudo, era como se o fato de eu ter aceitado essa missão fosse responsável por tudo que tinha acontecido.

A lareira vazia irrompeu em chamas verde-esmeralda, mas não liguei, e olhar para o homem que girava no interior da grade. Quando a figura alta de Dumbledore deixou o fogo, os bruxos e bruxas, nas paredes, acordaram de repente, muitos deles soltando exclamações de boas-vindas.

— Obrigado – disse Dumbledore brandamente.

Ele evitou olhar inicialmente para Harry, foi até o poleiro ao lado da porta e tirou a pequena e renascida Fênix do bolso, a pondo no poleiro. Eu sei que ele vai ter que contar tudo para o moreno, mas uma parte de mim ainda acha que seria melhor deixar para lá, mas está na hora, Harry precisa saber toda a verdade.

— Bom, Harry, Charlote – disse Dumbledore, finalmente afastando-se do filhote de fênix –, vocês irão ficar contentes em saber que nenhum dos seus colegas vai sofrer danos permanentes em decorrência dos acontecimentos desta noite.

Graças a Merlin estavam todos bem, eu acho saber que algo grave aconteceu com eles só me deixaria pior do que já estou.

— Madame Pomfrey está remendando todos. Ninfadora Tonks talvez precise passar algum tempo no St. Mungus, mas não se preocupe Charlote, parece que ela irá se recuperar totalmente.

— O que importa é que ela irá se recuperar – falo dando um sorriso triste e evitando pensar que tudo isso era culpa minha

— Sei como está se sentindo, Harry – disse Dumbledore mansamente para o moreno.

— Não, o senhor não sabe, não. – disse o garoto, sua voz saiu repentinamente alta e forte; podia-se ver que ele estava com raiva, muita raiva.

— Está vendo, Dumbledore? – disse Fineus Nigellus sonsamente. – Nunca tente compreender os estudantes. Eles odeiam. Preferem muito mais ser tragicamente incompreendidos, chafurdar em autocomiseração, pagar seus próprios...

— Não fale do que não sabe, Fineus – digo com a voz tremula.

Eu não vou chorar, não agora. Eu tenho que ser forte, por Sirius. Esse tempo todo evitei chorar ou desmoronar completamente, desmoronar agora só piorará a situação. Posso chorar depois, quando estiver sozinha ou em casa, mas chorar agora será expor minha fragilidade e isso é inaceitável.

— Não há vergonha no que você está sentindo, Harry – disse Dumbledore. – Pelo contrário... o fato de ser capaz de sentir dor com tal intensidade é a sua maior força... – então ele se volta para mim – Pode chorar se quiser, não será julgada por isso

Mas antes que eu possa dizer algo, ou apenas chorar, Harry se pronuncia cheio de raiva, como se fosse capaz de nos matar. Nunca o vi com tanta raiva antes.

— Minha grande força, é? – retorquiu Harry, sua voz trêmula – O senhor não faz a menor ideia... o senhor não sabe...

— Que é que eu não sei? – perguntou Dumbledore calmamente.

Harry se virou, tremendo de raiva.

— Não quero falar sobre o que estou sentindo, está bem?

— Harry, sofrer assim prova que você continua a ser homem! Esta dor faz parte da sua humanidade...

— ENTÃO EU... NÃO... QUERO... SER... HUMANO! – urrou Harry, e arrebatando um instrumento delicado de prata de cima de uma mesinha de pernas finas ao lado arremessou-o pela sala: o objeto se estilhaçou em mil pedacinhos contra a parede. Ele está começando a me assustar desse jeito – NÃO QUERO MAIS SABER! – berrou Harry para eles, agarrando um lunascópio e atirando-o na lareira. – PARA MIM CHEGA, JÁ VI O SUFICIENTE, QUERO SAIR, QUERO QUE ISTO ACABE, NÃO QUERO MAIS SABER...

E agarrando a mesa em que estivera o instrumento de prata, atirou-a também. Ela bateu no chão, e se partiu, suas pernas rolaram em várias direções.

— Você quer saber, sim – disse Dumbledore. Não piscara nem fizera um único movimento para impedir que Harry demolisse o seu escritório. Sua expressão era serena, quase indiferente. Ele deixará o garoto descontar toda sua raiva. – Você quer saber tanto que sente que irá morrer sangrando de dor.

— NÃO! – gritou Harry, tão alto que chegou a me deixar quase surda, ele parecia querer avançar em Dumbledore e quebrar o bruxo também; eu até que entendia um pouco, a calma de Dumbledore chega até a me irritar.

— Ah, quer saber sim – disse o diretor, ainda mais tranquilo. Quanto mais Harry gritar, mais tranquilo o diretor irá parecer – Você agora já perdeu sua mãe, seu pai e a pessoa mais próxima de um parente que já conheceu. É claro que você quer saber.

— O SENHOR NÃO SABE COMO ESTOU ME SENTINDO! – urrou Harry. – O SENHOR... FICA PARADO AÍ... SEU...

O garoto correu até a porta e tentou abri-la, mas ela estava trancada e irá permanecer assim até que ele nos deixe calar, caso contrário ele ficará preso com a gente, algo que ele não quer.

Harry se virou para Dumbledore.

— Me deixe sair – disse ele. Estava tremendo dos pés à cabeça.

— Não – disse Dumbledore com simplicidade.

Por alguns segundos eles se encararam.

— Me deixe sair – repetiu o garoto.

— Não – repetiu Dumbledore.

— Se o senhor não deixar... se o senhor me prender aqui... se o senhor não me deixar...

— Perfeitamente, continue a destruir os meus pertences – disse Dumbledore serenamente. – Reconheço que os tenho em excesso.

Ele contornou a escrivaninha e se sentou, contemplando Harry.

— Me deixe sair – pediu o garoto ainda uma vez, numa voz fria e quase tão calma quanto a de Dumbledore.

— Não, até que eu e Charlote tenhamos dito o que queremos.

— O senhor... o senhor acha que eu quero... o senhor acha que eu dou a... NÃO ME INTERESSA O QUE O SENHOR OU ESSA AÍ TEM A DIZER! – urrou Harry. – Não quero ouvir nada que o senhor tenha a dizer! Muito menos o que ela tenha a dizer! – fala apontando para mim

— Vai querer, sim – disse o diretor com firmeza. – Porque você está longe de sentir a raiva de mim que deveria estar sentindo e não sente raiva de Charlote. Se você me atacar, como sei que está prestes a fazer, eu gostaria de ter merecido inteiramente.

— Do que é que o senhor está falando? – pergunto – O senhor não merecer ser atacado – falo confusa

— Creio que mereço – ele fala com simplicidade – Foi por minha culpa que Sirius morreu – disse o diretor claramente. – Ou será que devo dizer, quase exclusivamente por minha culpa: não serei tão arrogante a ponto de assumir a responsabilidade por tudo. Sirius era um homem corajoso, inteligente e dinâmico, e homens assim em geral não se contentam em ficar escondidos em casa, sabendo que outros estão correndo perigo. Ainda assim, você nunca deveria ter acreditado por um instante que havia a menor necessidade de ter ido ao Departamento de Mistérios hoje à noite. Se eu tivesse sido franco com você, Harry, como deveria ter sido, você já saberia há muito tempo que Voldemort poderia tentar atraí-lo ao Departamento de Mistérios, e você nunca teria caído na esparrela de ir lá hoje à noite. E Sirius não teria tido de sair atrás de você. Esta culpa é minha, e somente minha.

— Então a culpa também é minha – falo – Eu não os impedi de ir, eu também escondi coisas de Harry, eu não disse a Sirius o que iria acontecer se ele fosse, eu não o disse que ele iria morrer se fosse ao ministério – falo chorando – EU NÃO DISSE

— Charlote – o diretor tenta me acalmar

— Eu estava tão cega com a informação sobre o meu pai que o deixei ir – falo – Eu sabia que ele iria morrer, deveria ter me esforçado mais. Mas eu falhei, eu deixei Harry ir para o ministério sem a minha supervisão, eu tinha uma única missão e eu falhei, agora o meu tio está morto e a culpa é minha

— Que missão? – pergunta Harry confuso

— Por favor, sentem-se – disse Dumbledore. Não era uma ordem, era um pedido.

Eu apenas me abracei e me sentei em uma das cadeiras em frente a mesa do diretor. Harry hesitantemente sentou na cadeira ao meu lado

— Devo entender – disse Fineus Nigellus lentamente à esquerda de Harry – que o meu bisneto, o último dos Black, morreu?

— Sim, Fineus – respondeu Dumbledore.

— Eu não acredito – disse Fineus bruscamente.

Vi o bruxo sair decidido do quadro, ele, provavelmente, estava indo visitar seu outro retrato no largo Grimmauld. Iria se deslocar talvez de quadro em quadro chamando por Sirius por toda a casa... Mas Sirius não iria responder, ele não iria responder nunca mais.

— Harry, eu lhe devo uma explicação. Uma explicação para os erros de um velho. Porque vejo agora que o que fiz e o que não fiz, com relação a você, tem todas as marcas de deslizes da velhice. Os jovens não podem saber como os idosos pensam e sentem. Mas os velhos são culpados quando se esquecem do que era ser jovem... e parece que ultimamente andei me esquecendo...

O sol estava realmente nascendo agora; havia uma linha laranja ofuscante acima das montanhas e para o alto o céu estava descolorido e pálido. A luz incidia sobre Dumbledore, sobre suas sobrancelhas e barbas prateadas, sobre as rugas profundas em seu rosto.

— Adivinhei, há quinze anos... quando vi a cicatriz em sua testa, o que poderia significar. Adivinhei que poderia ser o sinal de uma ligação entre você e Voldemort.

— O senhor já me disse isso, professor – interpôs Harry sem rodeios.

— Eu sei – falou Dumbledore em tom de quem pede desculpas. – Eu sei, mas entenda, preciso começar por sua cicatriz. Porque se tornou aparente, logo depois de você se reintegrar ao mundo mágico, que eu tinha razão, e que a cicatriz estava lhe dando avisos quando

Voldemort se aproximava de você ou sentia alguma emoção forte.

— Eu sei – disse Harry, cansado.

— E esta sua habilidade, de perceber a presença de Voldemort, mesmo sob disfarce, e saber o que ele está sentindo quando suas emoções o comovem, tornou-se cada vez mais pronunciada desde que Voldemort retomou o próprio corpo e seus plenos poderes.

— Mais recentemente – continuou Dumbledore –, eu me preocupei que Voldemort pudesse perceber a existência desta ligação entre vocês. De fato, chegou um momento em que você penetrou tão fundo em sua mente que ele sentiu sua presença. Estou me referindo, é claro, à noite em que você testemunhou o ataque ao Sr. Weasley.

— Sei, o Snape me disse – murmurou Harry.

Professor Snape, Harry – corrigiu-o Dumbledore em tom brando. – Mas você não se perguntou por que não fui eu que lhe expliquei isso? Por que não lhe ensinei Oclumência? Por que nem sequer olhei para você durante meses? Dumbledore parecia triste e cansado.

— Claro – murmurou o moreno ao meu lado –, claro que me perguntei.

— Sabe – continuou Dumbledore –, achei que não iria demorar muito para Voldemort forçar entrada em sua mente, manipular e desviar seus pensamentos, e eu não estava querendo lhe dar mais incentivos para isso. Eu tinha certeza que se percebesse que o nosso relacionamento era, ou sempre fora, mais íntimo do que o de diretor e aluno, ele aproveitaria a oportunidade para usá-lo como um meio para me espionar. Temi as maneiras com que ele poderia usá-lo, a possibilidade de que poderia tentar possuí-lo. Harry, creio que eu estava certo em pensar que Voldemort teria usado você assim. Nas raras ocasiões em que estivemos em contato, pensei ter visto a sombra dele se mover por trás dos seus olhos...

Eu já sabia de tudo isso, minha presença quase não tinha importância ali. Mas quando o diretor resolvesse contar sobre mim, sobre a missão, eu teria que me pronunciar, mesmo não querendo.

— O objetivo de Voldemort em possuí-lo, conforme ficou demonstrado esta noite, não seria a minha destruição. Seria a sua. Ele esperou, quando o possuiu por breves momentos ainda há pouco, que eu sacrificaria você na esperança de matá-lo. Então, como vê, Harry, estive tentando me manter longe de você, para protegê-lo, Harry, um erro de um velho...

E então chegou a hora em que eu terei que contar a minha parte da história. Dumbledore me olhou, esperando que eu me pronunciasse, mas eu tenho medo. Medo de como Harry vai reagir, de como as coisas irão terminar.

— Sirius me contou que você sentiu Voldemort despertar dentro de você na própria noite em que teve a visão do ataque a Arthur Weasley. – Dumbledore falou, vendo que eu era incapaz de dizer algo – Charlote também me contou sobre os seus pesadelos e sobre seu comportamento. Após juntar os fatos, percebi que os meus piores temores se confirmavam: Voldemort sentira que poderia usá-lo. Na tentativa de armá-lo contra os assaltos de Voldemort à sua mente, eu combinei com o Professor Snape para lhe dar aulas de Oclumência.

— Essa era minha missão – disse – Observar você e relatar a Dumbledore, e lhe proteger, se necessário. Desde pequena ele vem me ensinado tudo o que sabe, sou meio que sua aprendiz – falo – Eu devia ter me esforçado mais com você, ter garantido que você conseguisse aprender Oclumência, mas deixei me levar pelo meus sentimentos.

— Mas eu não aprendi – murmurou Harry.– Eu não pratiquei, não me esforcei, poderia ter parado com aqueles sonhos, Hermione me dizia o tempo todo para estudar, se eu tivesse atendido ele jamais poderia ter me mostrado aonde ir e... Sirius não estaria... Sirius não estaria...

— Não havia nada que pudesse ser feito – disse o diretor – A morte de Sirius já tinha sido prevista, não havia como mudar isso, e você sabe disso Charlote – ele me fala – Não é sua culpa.

— Eu tentei verificar se ele realmente prendera Sirius, fui à sala da Umbridge, falei com Monstro nas chamas do fogão e ele me disse que Sirius não estava em casa, que tinha saído! – falou o moreno

— Monstro mentiu – disse Dumbledore calmamente. – Você não é o dono dele, podia lhe mentir sem precisar se castigar. Monstro queria que você fosse ao Ministério da Magia.

— Ele... ele me mandou de propósito?

— Mandou. Monstro, receio dizer, estava servindo a dois senhores havia meses.

— Como? – perguntou Harry sem entender. – Ele não sai do largo Grimmauld há anos.

— Monstro aproveitou a oportunidade pouco antes do Natal – falo com um pouco de raiva –, quando Sirius, pelo que soube, gritou-lhe que fosse embora. Ele tomou a ordem ao pé da letra e a interpretou como uma ordem para sair da casa. Procurou, então, a única pessoa da família Black por quem ainda tinha algum respeito... a prima de Black, Narcisa, irmã de Belatriz e esposa de Lúcio Malfoy.

— Como é que o vocês sabem de tudo isso? – perguntou Harry

— Monstro nos contou – digo – Naquela hora em que você partiu para o ministério eu fui a sala de Snape, ele estava contatando a Ordem, foi então que descobri que Sirius não tinha sido pego.

Dumbledore deu um grande suspiro e continuou:

— Alastor Moody, Ninfadora Tonks, Quim Shacklebolt e Remo Lupin estavam na sede quando ele entrou em contato. Todos concordaram prontamente em ir em seu auxílio. O Professor Snape pediu a Sirius para não ir, porque precisava que alguém ficasse na sede para me contar o que acontecera, pois eu estava sendo esperado a qualquer momento. Nesse meio-tempo, o Professor Snape pretendia procurar você na Floresta.

— Mas Sirius não quis ficar para trás quando os outros foram procurá-lo. Incumbiu a mim e a Monstro de contar a Dombledore o que aconteceu. Então, quando ele cehgou ao largo Grimmauld pouco depois de todos terem saído para o Ministério, foi o elfo quem contou, às gargalhadas, aonde Sirius tinha ido – continuo

— Ele estava às gargalhadas? – perguntou Harry com a voz cava.

— Ah, estava. Veja, Monstro não conseguiu nos trair inteiramente. Ele não é Fiel do Segredo da Ordem, não poderia informar aos Malfoy o nosso paradeiro, tampouco os planos confidenciais da Ordem que ele fora proibido de revelar. Estava impedido por encantamentos próprios a sua espécie, o que quer dizer que não podia desobedecer a uma ordem direta do seu dono, Sirius. Mas deu a Narcisa informações valiosas para Voldemort, do tipo que deve ter parecido a Sirius demasiado trivial para proibi-lo de repetir. Disse o diretor

— Como o quê? – perguntou Harry.

— Como o fato de que a pessoa que Sirius mais gostava no mundo era você – disse Dumbledore em voz baixa. – Como o fato de que você estava começando a encarar Sirius como uma espécie de pai e irmão.

— Voldemort já sabia, é claro, que Sirius fazia parte da Ordem, e que você sabia onde encontrá-lo; mas a informação de Monstro o fez perceber que a única pessoa que você não mediria esforços para salvar era Sirius, porque você o ama incondicionalmente. E para Voldemort, isso era a sua maior fraqueza – falo.

— Então... quando perguntei ao Monstro se Sirius estava lá ontem à noite... – fala Harry

— Os Malfoy, sem dúvida por ordem de Voldemort, tinham dito a ele que precisava encontrar um meio de manter Sirius fora do caminho, quando você tivesse a visão de que ele estava sendo torturado. Então, se você resolvesse verificar se seu padrinho estava ou não em casa, Monstro poderia fingir que ele não estava. Monstro machucou o hipogrifo ontem à noite, e, no momento em que você apareceu nas chamas, Sirius estava no andar de cima cuidando do bicho. – explica o diretor

— Foi tudo bem planejado – afirmo

Harry e Dumbledore continuaram a discutir, mas eu não estava muito afim de prestar atenção. Só voltei a prestar atenção na conversa quando o diretor finalmente se prenunciou para terminar de contar a história, ou talvez começar a contar.

— Está na hora de lhe dizer o que deveria ter-lhe dito há cinco anos, Harry. Sente-se, por favor. Vou lhe contar tudo. Peço que tenha um pouco de paciência. Você terá oportunidade de se enfurecer comigo, de fazer o que quiser, quando eu terminar. Não irei impedi-lo.

Harry encarou-o com ar feroz um momento, então atirou-se de volta à cadeira em frente ao diretor e aguardou. Eu simplesmente continuei em meu lugar sem falar nada. Estava na hora de contar a parte mais importante dessa história e eu não quero atrapalhar.

— Há cinco anos, você chegou a Hogwarts, Harry, são e salvo, como eu planejara e queria que tivesse sido. Bom, não totalmente são. Você sofrera. Eu sabia que isso aconteceria quando o deixei à porta dos seus tios. Sabia que o estava condenando a dez anos sombrios e difíceis.

Ele fez uma pausa. Harry continuou calado. E eu continuei observando tudo.

— Você poderia perguntar, e com toda razão, por que tinha de ser assim. Por que uma família bruxa não poderia tê-lo criado? Muitos teriam feito isso mais do que satisfeitos, teriam se sentido honrados e encantados em criá-lo como filho. Minha resposta é que a prioridade era manter você vivo. Você corria muito mais perigo do que as pessoas, à exceção de mim, compreendiam. Voldemort fora vencido horas antes, mas seus seguidores, e muitos são quase tão terríveis quanto ele, continuavam soltos, enfurecidos, desesperados e violentos. E tive de me decidir, também, com relação aos anos futuros. Será que eu acreditava que Voldemort se fora para sempre? Não. Eu não sabia se levaria dez, vinte ou cinquenta anos para ele retornar, mas tinha certeza de que o faria, e tinha certeza também, conhecendo-o como conheço, de que ele não descansaria enquanto não matasse você. Eu sabia que o conhecimento que Voldemort tem de magia talvez seja mais amplo do que o de qualquer outro bruxo vivo. Eu sabia que os meus feitiços de proteção mais complexos e poderosos provavelmente não seriam invencíveis se ele algum dia recuperasse seus plenos poderes. Mas eu sabia, também, qual era o ponto fraco de Voldemort. Então, tomei minha decisão. Você seria protegido por uma magia antiga de que ele tem conhecimento, mas que despreza e, portanto, sempre subestimou, para seu prejuízo. Estou me referindo, naturalmente, ao fato de que sua mãe morreu para salvá-lo. Ela lhe conferiu uma proteção duradoura que ele jamais esperou, uma proteção que até hoje corre em suas veias. Confio, portanto, no sangue de sua mãe. Entreguei você à irmã dela, sua única parente viva.

— Ela não me ama – disse Harry na mesma hora. – Ela não liga a mínima...

— Mas ela o aceitou – o interrompi. – Pode tê-lo aceitado de má vontade, enfurecida, contrariada, amargurada, mas, ainda assim, o aceitou, e, ao fazer isso, selou o feitiço que Dumblredore lançou sobre você. O sacrifício de sua mãe transformou o vínculo de sangue no escudo mais forte que eu poderia lhe dar.

— Mas continuo sem...

— Enquanto você ainda puder chamar de sua a casa em que vive o sangue de sua mãe, ali você não pode ser tocado nem ferido por Voldemort. Lílian derramou seu sangue, mas ele continua vivo em você e em sua tia. O sangue dela se tornou o seu refúgio. Você precisa voltar lá apenas uma vez por ano, mas enquanto puder chamar aquela casa de sua, enquanto estiver lá, ele não poderá atingi-lo. Sua tia sabe disso. Expliquei-lhe o que tinha feito na carta que deixei com você à porta dela. Ela sabe que ao acolher você ela talvez o tenha mantido vivo nos últimos quinze anos.

— Petúnia o manteve vivo – digo – O manteve vivo por sua mãe.

— Espere – disse Harry. – Espere um momento.

Ele se endireitou na cadeira, encarando Dumbledore.

— Foi o senhor que mandou aquele berrador. O senhor disse a ela que se lembrasse... foi a sua voz...

— Pensei – disse Dumbledore, inclinando ligeiramente a cabeça – que ela poderia precisar de um lembrete sobre o pacto que selara ao acolher você. Suspeitei que o ataque do Dementador pudesse tê-la despertado para os perigos de ter você como filho de criação.

— Despertou – disse Harry em voz baixa. – Bom... o meu tio mais do que ela. Ele queria me mandar embora, mas depois que o Berrador chegou, ela... ela disse que eu tinha de ficar.

Harry contemplou o chão por um momento, então perguntou:

— Mas o que é que isso tem a ver com...

— Com Sirius? – completei sua frase ao ver que o garoto é incapaz de pronunciar o nome do padrinho.

— Há cinco anos, então – continuou Dumbledore, como se não tivesse feito pausa alguma em sua história –, você chegou em Hogwarts, talvez nem tão feliz nem tão bem nutrido como eu gostaria que estivesse, mas vivo e saudável. Não era um principezinho mimado, mas um menino tão normal quanto eu poderia esperar nas circunstâncias. Até ali o meu plano correra bem. Então... bom, você se lembra dos acontecimentos do seu primeiro ano em Hogwarts tão claramente quanto eu. Você enfrentou magnificamente o desafio que se apresentou e mais cedo, muito mais cedo do que eu previra, você se viu frente a frente com Voldemort. Mais uma vez você sobreviveu. E fez mais do que isso. Atrasou a recuperação dos poderes dele e de sua força. Você lutou como um homem adulto. Senti mais orgulho de você do que sou capaz de expressar. Contudo, havia uma falha nesse meu plano maravilhoso. Uma falha óbvia, que eu sabia, já então, que poderia pôr tudo a perder. No entanto, sabendo como era importante que o meu plano tivesse êxito, disse a mim mesmo que não permitiria que aquela falha o arruinasse. Somente eu poderia impedir isso, então somente eu precisava ser forte. E veio o meu primeiro teste, quando você estava deitado na ala hospitalar, enfraquecido pela luta com Voldemort.

— Não entendo o que o senhor está dizendo – falou Harry.

— Você não se lembra de ter me perguntado, quando estava na ala hospitalar, por que Voldemort tentara matá-lo ainda bebê?

Harry confirmou com a cabeça.

— Será que eu deveria ter lhe contado então?

Harry parecia confuso, se manteve calado, apenas escutando com atenção o que estava lhe sendo revelado.

— Você ainda não está percebendo a falha do plano? Não... talvez não. Bom, como você sabe, eu preferi não lhe responder. Onze anos, disse a mim mesmo, era muito cedo para saber. Nunca pretendera lhe contar aos onze anos. O conhecimento seria uma carga pesada demais em uma idade tão tenra. Eu deveria ter reconhecido os sinais de perigo então. Deveria ter me perguntado por que não me sentia mais perturbado com o fato de você já ter feito a pergunta a que eu sabia que um dia precisava dar uma resposta terrível. Eu deveria ter reconhecido que estava me sentindo excessivamente feliz em pensar que não precisava respondê-la naquele dia... você era criança, criança demais. Então entramos no seu segundo ano em Hogwarts. E mais uma vez você enfrentou desafios que nem bruxos adultos tinham enfrentado; mais uma vez você se desincumbiu melhor do que no meu sonho mais ambicioso. Mas você não tornou a me perguntar por que Voldemort deixara aquela marca em você. Falamos sobre sua cicatriz, ah, sim... estivemos muitíssimo perto de tocar na questão principal. Por que não lhe contei tudo? Bom, me pareceu que doze anos eram, afinal, pouco mais que onze para receber uma informação dessas. Permiti que você deixasse a minha presença, sujo de sangue, exausto mas eufórico, e senti um pequeno mal-estar porque talvez devesse ter lhe contado então, mas logo o mal-estar passou. Você ainda era tão jovem, entende, e não tive coragem de estragar aquela noite de triunfo... Você está vendo, Harry? Está vendo agora a falha do meu brilhante plano? Eu caíra na armadilha que previra, que dissera a mim mesmo que poderia evitar, que precisava evitar.

Dumbledore continuo a contar sua história, Harry estava totalmente atento. O garoto estava finalmente sabendo verdade, ele agora estaria a par de quase tudo. Talvez isso o faça ver o mundo de outro jeito, talvez ele perceba que tudo que fizemos foi para o seu bem, talvez ele não grite tanto comigo. Quando a verdade foi finalmente revelada, Harry está destinado a matar Voldemort ou morrer pelas mãos dele, eu já não sabia mais o que fazer.

O moreno, após sair da sala do diretor, pediu que eu o acompanhasse até a sala precisa, pois queria conversar comigo. Quando chegamos na sala, que se transformou em uma bela sala. Continuamos calados por um tempo, não éramos capazes de desviar nossos olhares do chão. Até que eu finalmente me pronunciei:

— Me desculpe – falo arrependida

— Pelo quê? – ele pergunta revoltado – Por ter mentido pra mim durante todo esse tempo? Por ter me observado e relatado tudo que ouvia a Dumbledore? Por me fazer te amar e agora partir o meu coração?

— Sim? – pergunto chorando mais uma vez

— Teve algum momento em que você não mentiu para mim?

— Nunca menti para você, não quando se tratava dos meus sentimentos – falo – Acredite, eu me odiei por ter me apaixonado por você, por ter me aproximado de mais, porque eu sempre soube que teria que lhe contar a verdade um dia e que você iria me odiar

— Eu não te odeio – ele fala – Mas você me decepcionou

— Eu sei – murmuro

— Acabou  - ele fala – Fique longe de mim e dos meus amigos, volte para França onde é o seu lugar – ele fala saindo da sala sem nem me olhar

Eu deveria ser forte, ter aprendido a lidar com isso, mas eu não consigo. Sei que preciso parar de me culpar e aprender a lidar melhor com as minhas escolhas, mas hoje eu perdi o meu tio, a minha irmã está no hospital e o meu namorado terminou comigo, se juntar tudo isso dá para perceber que a minha vida tá uma merda e que eu preciso chorar.

Mas vai tudo ficar bem, eu vou parar de chorar e eu vou seguir em frente. Ninguém precisa saber que estou destruída, eu só preciso sorrir e tudo ficará bem. Eu sei que meu coração jamais será o mesmo, sei que nunca mais irei ser a mesma, mas continuarei a dizer a mim mesma que tudo ficará bem. Sorrir é a resposta para tudo, sorrir até que eu me cure, as pessoas costumam acreditar em falsos sorrisos, elas não se importam sem saber se são ou não falsos.

Por que eu ainda estou chorando? Eu estou tão cansada de chorar.

POV Autor

E então ela adormeceu ali mesmo na sala precisa, depois de muito chorar.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Não deixem de comentar
Proxímo cap venho me despedir (por enquanto)
Bjs!!!



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