30 motivos para odiar Benjamin Lacerda escrita por Huntress


Capítulo 24
8 de julho (quinta-feira) - 24º Defeito


Notas iniciais do capítulo

Olá?
(Eco...)

Eu sei, eu sei, estou mais chocada que vocês, acreditem. Juro que, de longe, nunca tive a intenção de deixar ninguém esperando esse tempo todo por uma história como fiz demorando tudo isso. Não foi uma semana, nem um mês, foi quase um ano.

E quem dera eu tivesse só "falta de criatividade" como motivo. Se eu conseguisse explicar tudo o que passei, acho que poderia começar a pedir desculpas de uma forma mais simples.

Tudo começou com uma atualização no computador que o fez reiniciar sem salvar alterações recentes, o que fez apenas dois parágrafos restarem de todo o capítulo que tinha feito. Apesar de já ter a história feita, eu sentia que o capítulo passado, esse aqui e o próximo estavam muito superficiais e sem nenhuma adição aos personagens, o que me fez alterar toda a história desenvolvida nestes. Contudo, após perder o que tinha alterado, fui tomada por um desânimo que perdurou mais do que o prevido.

Depois de uma viagem de um mês sem internet, voltei apenas para pegar o final das férias de janeiro, que se mostraram difíceis assim que percebi que alguns de meus amigos estavam se afastando de mim em um momento que o que eu mais precisava era companhia. Passei por problemas familiares e desenvolvi um distúrbio alimentar que, apesar de ter me feito perder peso, me custou uma anemia hoje em dia. Passei até a frequentar psicólogo, pois alguns professores acreditavam que eu estava com depressão.

Pois é, não foi um ano fácil.

Mas eu sei que não deveria ter abandonado o Nyah!, porque foi nesse ambiente que conheci pessoas maravilhosas que me alegravam só por aparecer para ler minha história. Não entrei por quase cinco meses aqui, pois no começo me sentia péssima por não ter nem o ânimo de responder alguns comentários lindos e extremamente construtivos para mim, como pessoa e autora. Já peço desculpas aqui por qualquer mensagem privada não respondida, pois podem ter sumido antes de eu ter visto, e por comentários também, mas peço paciência. Estou melhor, mas não completamente, e sinto que voltando aqui vai ajudar.

Agora, em especial, quero agradecer a Angeles, pela maravilhosa recomendação, que foi um dos últimos empurrões que precisei para respirar fundo e tentar escrever novamente. Seu lugar no meu coração está guardado, e suas belas palavras também ♥

Arrabella Cobain, linderaleitora, Carina Darlly, M Julia, karolayne, Leitora Voraz, holy queen, Deirdre, Ashkynn, Giulianna Valadares, Avalon, Giovanna, Myrea Soares, SadGirl, Little Queen Bee, Tatá Ribeiro, Luna, QUEEN, Lerdapqsiim, país das maravilhas, Lanna, NKIDDO, Angeles, Danny Silvah, AnnaP, Lucy, Yasmim Maria, Beatriz e Mariana Oliveira, cada uma de vocês contribuiu um pouquinho para as minhas lágrimas. Mil desculpas pelo sumiço. Foi ler os comentários de vocês em sequência que ligou um botãozinho em mim e que me fez trazer a história de volta hoje. Em um dos comentários, soube também que alguém foi perguntar no Facebook se me conheciam para cobrar, o que me deixou ainda mais chocada, mas não se preocupe mais. Se isso voltar a acontecer, colocarei o nome de minha conta do Face no meu perfil aqui do Nyah! para me perguntarem diretamente, mas me esforçarei para ficar longe do que me tire a inspiração e sempre me voltar para a vontade que tenho de escrever. Um beijo para vocês e obrigada por tudo ♥

Desculpa. Desculpa de novo. Mil desculpas. Acho que vou repetir isso para sempre.

É isso, gente. Espero que gostem e que voltem com ânimo para terminar 30MPOBL comigo. Boa leitura ♥



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8 de julho (quinta-feira) - 24º Defeito

A primeira coisa que vi ao abrir os olhos foi o urso de Benjamin.

O animal de pelúcia, apesar de adquirido recentemente, já se encontrava sujo e coberto de areia em sua lateral, que fora arrastada pela praia por mim. Ainda assim, ele carregava um sorriso no rosto e possuía os dizeres “EU TE AMO” costurados na barriga. Por algum motivo, me imaginei como um semelhante seu e logo percebi que meu dia seria horrível.

Quando sai do quarto para tomar café, algumas pessoas já andavam pela casa recolhendo pertences e me lançaram olhares curiosos quando cruzei seus caminhos, mas meu abaixar de cabeça e apressar de passo apenas deixavam claro meu desinteresse da companhia humana. Uma parte minha ainda considerava voltar para minha cidade de bicicleta.

Ao chegar na mesa, senti o ar que nem sabia ter prendido sair de meu corpo, vendo que nem Benjamin nem Daniel estavam ali, apenas Mariana recostava no balcão comendo algumas bolachas com suco de laranja. Sua presença, com tudo que passava em minha cabeça, foi mais do que reconfortante naquele momento.

Comi em silêncio, a comida descendo pesada e sem gosto. Prendi o olhar na leve garoa que caía e causava ondulações na piscina do lado de fora, sem ânimo de pensar que ficaria as próximas horas em um carro até que pudesse chegar no conforto do meu quarto e não levantar de minha cama nunca mais.

— Bom dia, amor.

O cumprimento de Mariana me atraiu para a realidade e, ao processar, não controlei meu olhar, que recaiu rapidamente sobre meu vizinho. Benjamin, porém, mal parava em pé.

Talvez fossem meus sentimentos finalmente desiludindo, mas ele estava um bagaço. O cabelo estava bagunçado de um jeito sujo e embaraçado, tinha bolsas embaixo dos olhos já não tão brilhantes que deixavam clara sua noite mal dormida e um pesar nos ombros, que me causaram um franzir de cenho que tratei de esconder ao vê-lo desviar o rosto para mim.

Foquei nos desenhos da minha xícara e, assim que senti-o passar, tratei de me apressar para o segundo andar, onde recolheria as coisas e logo entraria no carro que me levaria para casa. Subi os degraus encarando minhas unhas e, ao sentir um corpo esbarrando em mim, apenas passei reto, sabendo se tratar de Daniel.

— Liv, eu... —  o som de minha porta batendo interrompeu-o e não fiquei para me martirizar.

Apenas quinze minutos depois, eu já estava descendo a mala e empurrando-a em direção ao carro, com o urso sendo arrastado pelo chão junto. Entreguei tudo para Marcos, passando a mão uma última vez no cadeado para garantir a mim mesma que o diário estava ali dentro e, em seguida, ocupei o único lugar em que teria um pouco de paz: ao lado do motorista.

Coloquei os fones, aumentei bastante o volume, tirei os tênis e apoiei os pés acima do porta-luvas, encontrando uma posição confortável que ocuparia a viagem inteira e fechando os olhos, tentando esquecer tudo. Apesar da música alta contribuir para o esquecimento, uma pequena parte do meu cérebro apitava loucamente, fazendo-me lembrar de que eu poderia entrar na lista de meninas mais idiotas do mundo com as minhas últimas atitudes.

Quase quatro músicas depois, Marcos entrou no carro e girou a chave, sinalizando que iríamos embora. Olhei para trás, apenas para ter a visão de Daniel, Mariana e Benjamin ocupando os três lugares. Senti os olhos de meu vizinho sobre mim, mas tratei de me virar para frente, ocupando minha cabeça com a letra da música que escutava.

Depois de um tempo ficou mais fácil seguir viagem. Fui conversando com minha prima, Alice, que contava sobre como estava sendo obrigada a fingir um namoro com o garoto que odiava, e rindo de sua situação, ignorando a ponta que teimava em querer desarquivar a conversa com Benjamin e ver sua última mensagem, aquela que não respondi.

Isso costumava ser normal. Assim que Benjamin pediu meu telefone para conversarmos e chamou, sempre arrumando assuntos, logo começou a discutir sobre como tinha que ter paciência para conversar, pois eu era capaz de demorar quase um mês para responder. Mas, esse foi um motivo fundamental para que nos tornássemos amigos.

Quase dois meses depois da invasão fatídica ao meu quarto, estávamos conversando quando eu abandonei o celular para tomar banho e logo em seguida jantar. Porém, o que seria uma sumida de no máximo duas horas, acabou sendo de doze.

Foi só no dia seguinte, na hora do almoço, que vi a seguinte mensagem:

Benjamin Lacerda: Que tal, em vez de jantar com seus pais, pessoas que você vê todo dia, ir comigo comer pizza?

Eu me senti mal por ter feito isso com ele, o único garoto que conversava constantemente comigo sobre assuntos que não se limitavam a exercícios e trabalhos de escola. Por isso mesmo, tratei de responder:

Eu: Meu Deus, desculpa.

       Eu teria aceitado jantar com você.

Benjamin Lacerda: Agora não adianta mais, não quero jantar com você.

Eu: Claro que quer, você adora minha companhia.

Benjamin Lacerda: Não mais. Vá com seus amigos, eles você deve responder na hora.

Eu: Vou te compensar, eu juro.

Benjamin Lacerda: Ah, é? Fazendo o quê?

Eu: Está na escola ainda?

Benjamin Lacerda: Tô sim, por quê?

Eu: Não sai daí, estou indo.

Ele demorou um tempo para responder.

Benjamin Lacerda: O quê? Por quê?

Eu: Você disse que não jantaria mais comigo, mas não falou nada sobre almoçar.

Deixei o celular de lado e tratei de ir o mais rápido possível para o ponto de ônibus, guiando-me pelas ruas para achar o lugar mais fácil para descer e seguir até a escola de Benjamin, que conhecia de vista. Quando cheguei, encontrando o estacionamento vazio, joguei minha mochila sobre uma mureta elevada e me sentei ali, balançando os pés enquanto aguardava.

Eu: Já estou aqui no estacionamento.

Ele apenas visualizou, o que me deixou levemente assustada pensando que ficaria plantada ali enquanto meu vizinho ia para casa, mas, alguns minutos depois, pude ver diversas pessoas saindo dos portões. Estiquei-me tentando encontrar meu vizinho.

Benjamin Lacerda: Ok, já estou saindo.

Um comichão agradável preencheu meu estômago ao sentir certa ansiedade e logo voltei a buscá-lo na multidão. Mais ao fundo, encontrei os fios escuros, a pele bronzeada e os olhos verdes marcantes de Benjamin Lacerda passando, com uma mochila pendendo do ombro e um sorriso no rosto enquanto era empurrado por alguns amigos, que depois saberia se tratar de Daniel e Lucas. Enquanto os dois avançaram, meu vizinho ficou para trás e começou a analisar a multidão.

Antes mesmo de sentir seu olhar sobre mim, eu já segurava o riso, que logo se transformou em uma risada tímida ao ver sua boca se refletir em um sorriso aberto ao me encontrar. Se eu apenas conseguisse descrever aquela cena com perfeição, você saberia o que eu senti.

— Pizza ou hambúrguer? —  indaguei assim que ele se aproximou.

— Você acha que eu vou aceitar fácil assim seu pedido de desculpas? — cruzou os braços, fazendo-se de difícil. — Sabe quantas garotas me ignoram do jeito que você faz? Nenhuma.

Revirei os olhos.

— Você pode continuar seu drama no restaurante? Estou varada de fome — desci da mureta, recolhendo minhas coisas e colocando-me a andar. Logo senti uma presença ao meu lado e vi meu vizinho, mostrando-se estranhamente sorridente.

— Pizza — soltei uma risada ao escutar sua resposta.

Ao entrarmos na pizzaria a duas quadras, tive a confirmação da figura que Benjamin era em sua escola. Um grupo de pessoas que comia, assim que o viu, gritou em animação e o chamou, cumprimentando-o e logo o convidando para se juntar a mesa.

— Desculpa, galera — algumas sobrancelhas se ergueram após sua resposta. — Mas hoje eu tô com a Lívia.

O tom pimentão que assumiu meu rosto se deve ao fato de todos terem se virado para ver de quem meu vizinho estava falando, com olhares julgadores e nada delicados. Vendo que um pouco de educação não mataria, enviei um sorriso amarelo acompanhado de um leve aceno, ao qual apenas dois caras responderam. Porém, não pude me sentir triste por muito tempo porque logo Benjamin se aproximou, passou um braço por meu ombro e me guiou até uma mesa mais ao canto.

— Não ligue para eles, acho que só estão em choque — falou assim que abriu o cardápio para escolher, não vendo meu franzir de cenho.

— Por quê?

— Porque nunca me viram almoçar com uma garota — a naturalidade em seu tom não me deixou pensar aquilo ser mentira, mas logo arregalei os olhos. — Não sozinho, pelo menos.

— Isso não pode ser sério — ele sorriu novamente, encontrando meus olhos.

— Eu só almoço com os garotos do time, Nogueira — explicou, rindo sozinho. — Hoje foi a única exceção.

— E por que eu fui a exceção?

Nem eu nem ele desviamos o olhar. Minha mão logo começou a suar.

— Porque você é interessante, Lívia. Sinto que gasto bem meu tempo falando com você — um desconforto tomou conta do meu peito e eu engoli em seco. Logo vi um sorriso maldoso aparecer no rosto de Benjamin. — E porque é você que vai pagar tudo.

A partir disso, começamos a discutir e logo trazer a tona novamente minha demora a responder, que começou a diminuir cada vez mais rápido ao ver que conversar com meu vizinho era algo tão natural, que fluía tranquilamente de ambas as partes. Senti que poderia fazer aquilo para sempre, encontrando assuntos novos mesmo após dias de conversa.

Hoje em dia, isso parece algo inimaginável, distante demais para ser real.

Um nó havia surgido em minha garganta, mas eu tratei de engoli-lo rapidamente ao ver que Marcos estava me perguntando se eu também já queria ir almoçar. Apenas assenti com a cabeça e segui calada, sem interagir com ninguém. Ao descermos do carro, apressei o passo e, ao pegar minha comida, sentei-me sozinha em uma mesa, com o som explodindo a todo volume em meus ouvidos.

Após responder silenciosamente uma pergunta de “você está bem, Lívia?” que partiu de Renata, segui em meu pequeno casulo até ter o maravilhoso vislumbre de minha casa, já preparando minha atriz interior para fingir para minha mãe toda a alegria e positividade que eu desconheci nessas últimas horas. Despedi-me de Marcos e Renata, agradecendo por tudo e, após pegar minha mala (deixando o urso para trás), segui para a porta de minha casa e, logo depois de abri-la, fui envolvida pela mulher animada e tagarela que me colocou no mundo.

Sou sincera quando digo que não escutei quase nada do que ela falou, apenas assentindo enquanto ainda não era minha vez de falar. Quando pude contar, omiti tudo de ruim que teve e deixei Carla imaginar brincadeiras na praia, jogos de tabuleiro e parque de diversões do jeito que ela queria que sua filha tivesse aproveitado.

Porém, quando avançamos e pude ver Carol no canto da sala, soube por sua cara que minhas mentiras foram suficientes apenas para minha mãe. O olhar que me enviou resumia sua curiosidade e preocupação enquanto o meu expunha a tristeza e vontade de desistir que vinha carregando.

Logo Carla me deixou seguir com Carol até o quarto, onde minha melhor amiga me encurralou em um canto até que eu decidisse mostrar a verdadeira Lívia. O pesar nos olhos, a boca sendo uma linha reta e um desânimo que pesava meus ombros ficou aparente e logo senti minha garganta queimar pela vontade de chorar.

Contei tudo, Diário, omitindo apenas sua existência e dizendo que Benjamin havia pegado um caderno com anotações soltas e uns rabiscos pessoais. Carol apenas me abraçava e penteava mechas de meu cabelo com o dedo enquanto ocasionalmente me espiava para ver se alguma lágrima caía, para logo limpá-la em seguida. Quando escutou sobre as brigas, porém, abandonou sua pose e fez menção a pular a sacada e matar Benjamin.

— Eu não gosto dele, Lívia — meneou a cabeça, cerrando os dentes.

— Eu sei.

— Realmente não gosto.

— Eu sei.

— Minha vontade é agarrar aquele menino pelos cabelos e afogá-lo na pia.

— Eu sei.

— Você devia parar de falar com ele. Tipo, para sempre.

— Eu sei, Carol — confirmei, irritadiça. — Sei que sou uma completa idiota, mas juro que pararia isso se pudesse.

— Tenta mais — revirei os olhos para seu comentário e, em vez de prosseguir numa discussão sem fim, apenas virei-me e falei:

— Eu quero dormir um pouco, estou cansada — dei-lhe as costas e me joguei no colchão. — Acho melhor você ir.

Escutei o bufar de Carol e em seguida a porta foi fechada. Esse foi o sinal de que eu estava, finalmente, sozinha.

Engraçado que esta era a coisa que eu mais queria, porém, assim que a consegui, senti-me arrependida. Eu queria um abraço, um conforto, alguém que dissesse que sabia o que eu estava passando e que não era tarde para ter meu conto de fadas e para voltar a ter aquele Benjamin na minha vida.

Sem perceber, adormeci com isso em mente.

Acordei quando o céu já estava alaranjado pelo pôr do sol, com feixes de luz entrando pela sacada e acertando-me nos olhos. O sono que durou boas horas não parecia ter me ajudado muito no descanso, mas foi o suficiente para me dar ânimo para fingir mais animação ao contar minhas histórias para meu pai assim que chegasse do trabalho.

Coloquei-me de pé e, espreguiçando-me, fui até o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Ao escutar um barulho, porém, tratei de terminar tudo mais rápido e voltar para ver o que era.

Benjamin entrando pela minha sacada foi o motivo do aperto em meu peito, as lágrimas emotivas e exageradas já querendo brotar em mim novamente. Mas uma parte minha sentia que naquele momento, meu vizinho estava em um estado de espírito tão ruim quanto o meu. O olhar que me enviou, carregado de tanto significado, me fez perder a fala.

Ele, porém, não parecia interessado em ser o primeiro a abrir a boca.

— Benjamin, você está bem?

Pude ver uma parte de meu vizinho desabar, seus ombros pesando enquanto um leve suspiro deixava sua boca. Seus olhos pareciam aderir um tom que eu sabia jamais ter visto, mas que eu via ser o mais desagradável.

Sem me responder ou deixar escapar, Benjamin se aproximou, envolvendo-me em um abraço tão apertado que senti minhas costas estalarem. Seus braços foram passados em torno do meu e sua cabeça repousou em meu ombro, por mais que aquilo fosse desconfortável para alguém alto como ele. Sem reação, permaneci estática enquanto sentia meu corpo cada vez mais fazendo força para não chorar que nem um bebê ali.

Até escutar um fungado que não era meu.

Meu coração batia tão alto que quase não acreditei que aquilo pudesse ser real. O choque que me atingiu ao entender o que aquilo significava me fez arregalar os olhos, sentindo uma fusão de sentimentos que jamais poderei esclarecer completamente nessas páginas.

Benjamin Lacerda estava… Chorando?

Uma parte minha se derreteu bem ali e, despertando de meu transe, passei meus braços por seus ombros, apertando-o fortemente em retorno e passando levemente a mão por seu cabelo, em um estado horrível como o meu deveria estar também. Sentindo a pergunta sobre o que significava aquilo querer escapar de meus lábios, fui impedida por sua fala:

— Você já quis tanto uma coisa…? — e resmungou inaudivelmente, enterrando o rosto em meu pescoço. — Eu não sei o que faço, Lívia.

A voz embargada de meu vizinho fez outro nó se formar em minha garganta.

— Você sabe que eu te amo, não sabe?

Eu já nem conseguia distinguir as batidas do meu coração, sentindo que aquilo só podia ser um sonho. Benjamin não poderia estar ali, quase chorando em meus braços e agora declarando em palavras aquilo que nossa amizade já demonstrava e que nunca falamos um pro outro. Com meu corpo totalmente disfuncional, assenti com a cabeça enquanto achava voz.

— Eu também te amo.

Senti Benjamin estremecer e congelar em seguida, parecendo tão surpreso quanto eu, mas sem falar nada. Apenas permaneceu ali por mais alguns segundos antes de se afastar e me olhar nos olhos, passando a mão no rosto rapidamente antes de sorrir fraco.

Aquilo, contudo, não foi suficiente para fazer desaparecer o estado horrível em que meu vizinho se encontrava, comprovando que Benjamin não fica bonito chorando. Cabelo sujo, olhos inchados e peso nos ombros não combinavam com ele, transformando-o em alguém muito diferente.

— Eu… Eu… Acho melhor eu ir — apontou para a sacada, já se dirigindo para lá. - Te vejo no jogo amanhã, Lívia.

Sem me dar tempo para pensar no que fazer após aquela escapada, Benjamin seguiu até a sacada e saiu, sem sequer olhar para trás, como se aquela cena jamais tivesse acontecido. Pisquei diversas vezes parada no mesmo lugar tentando ver se algum resquício daquele ocorrido existia e pudesse comprovar de que aquilo não era apenas fruto da minha imaginação.

E existia.

Benjamin havia deixado o Urso na cadeira de minha sacada, agora completamente limpo.

Lívia.

24º Defeito: Benjamin não fica bonito ao chorar.


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Notas finais do capítulo

Ai, meu coração. Que saudade desse espacinho.

Espero reencontrar vocês nos comentários ♥

PS: Gente, o sublinhado nas palavras não estava indo, então ficou sem no começo do capítulo, desculpa.

PS²: Antes de sumir, eu postei um prólogo de uma outra história minha, que estava até sendo betada, pois um amigo meu estava adorando ler e me pediu para começar a postar. Vou deixar o link caso alguém tenha interesse de ir olhar, é provável que logo a atualize também.

Até o próximo capítulo ♥

https://fanfiction.com.br/historia/716511/Como_Conquistar_a_Garota_Mais_Gata_da_Escola/



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