Paradigma [CcL 8] escrita por Lady Lanai Carano


Capítulo 1
Capítulo Único - Minha vida é um conto de fadas


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindo povo do Café com Letra e não integrantes também! (Mas, sério, o que vocês estão fazendo da vida que não estão no Café com Letra? O link desse grupo maravilhoso está no meu perfil).
Eu tive dificuldade com esse tema, admito. Mas tudo está bem quando acaba bem, certo? Consegui terminar, e espero não ter fugido muito de tema. Adoro fantasia, e às vezes eu me empolgo. Para voltar no foco de contos de fadas, eu dei bastante ênfase nisso.
Ah, e por último, eu lembro que as ones deveriam ter uma lição de moral. Existem várias lições de moral implícitas nas palavras, e quero que vocês me deem as suas interpretações nos comentários!
Boa leitura! Beijos de Mel ^^



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Eu sempre tive uma imaginação fértil, e isso se tornou mais intenso a partir do momento em que eu conheci os contos de fadas. Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, João e Maria, Pequena Sereia e Rapunzel não eram, para mim, histórias, mas sim velhos conhecidos de longa data.

Tudo isso convergiu para o começo da minha vida de escritor. Minha motivação era que eu não queria mais ler e viver os mesmos contos de fadas, mas sim criar novos. 

Eu consegui certa popularidade na internet com os meus contos de fantasia, mas nunca tinha publicado de verdade. A oportunidade apareceu quando uma editora fez um convite oficial para que eu participasse de uma coletânea de contos, e eu fiquei extremamente empolgado.

Eu tinha muita convicção em mim mesmo. Apenas com 21 anos, Jefferson Clark deixaria de ser um simples contador de histórias para ser um grande escritor. Mas aquela ideia subiu à minha cabeça, e eu me esqueci completamente dos meus motivos para me tornar escritor. 

Enfim, mesmo depois de anos escrevendo contos de fadas, nunca sequer imaginei que minha vida viraria um. Tudo começou com a minha nova história. Como sempre quando eu escrevo, fiz um resumo básico e detalhei os personagens, de uma maneira que eu pudesse começar com uma base mais firme. Isso foi o suficiente para Elisa aparecer.

Deixe-me explicar. Elisa é a protagonista do conto. Uma princesa de um reino distante, que foi aprisionada em uma torre por uma bruxa malvada. E, claro, ela é simplesmente radiante e graciosa, com longos cabelos dourados, um rosto angelical e a voz mais bela que a de uma sereia.

Eu a encontrei quando estava saindo do meu trabalho em uma cafeteria. Eu estava bebendo um copo de café quando avistei a própria Elisa, usando as roupas de princesa, parecendo extremamente irritada. As pessoas olhavam para ela com estranhamento, e passaram a olhar do mesmo jeito para mim quando eu fiquei tão surpreso que cuspi o café na calçada.

"Como você sabia que era Elisa, Jeff?", vocês podem me perguntar. É simples. Quando se é escritor, você sabe exatamente como o personagem é, nos seus sonhos, e não importa se você nunca escreveu a sua aparência completamente. É algo muito complexo. Mas, naquela hora, eu não estava me preocupando com a aparência dela - o que é perfeitamente compreensível.

Elisa me fuzilou com o olhar e, segurando o vestido comprido, andou até o estacionamento da cafeteria. Oh, céus, pensei. E a segui. Chegando lá, a primeira coisa que eu perguntei, obviamente, foi:

— O que diabos você está fazendo aqui?

— Por que você é tão idiota? - Elisa retrucou - Não é porque você me criou que eu deveria me ajoelhar na sua frente e fazer tudo o que você pedir.

— Eu não me lembro de ter te criado com uma língua tão afiada. - Cruzei os braços, revoltado. Mas que audácia...

— E eu não me lembro de pedir que eu fosse a donzela em perigo. Por acaso você pensa nas vontades dos seus próprios personagens?

— Acalme-se, Milady - outra voz interrompeu. Logo, notei uma outra mulher recostada em um dos carros. Ela tinha cabelos vermelhos e curtos, usava roupas pretas e segurava um graveto entalhado com desenhos intrincados. Imediatamente a reconheci, vinda diretamente da minha imaginação.

— Sarita? - perguntei, em choque. 

— Em carne, osso e magia - ela respondeu, dando-me uma piscadela e agitando a varinha no ar, produzindo um rastro de luz e brilho. A bruxa má, que deveria ter aprisionado Elisa em uma torre para drenar sua beleza e tomá-la para si, estava ali, alegre e ironicamente, acalmando a princesa, que deveria ser delicada e gentil.

— Como vocês vieram parar no meu mundo? - perguntei. Eu estava simplesmente fascinado, e um pouco assombrado. O sonho de qualquer escritor é conhecer seus "filhos", mas todos sabemos que é impossível... Pelo menos até presenciar aquilo.

— Nós também não sabemos - Sarita disse, desencostando do carro e vindo na nossa direção. Ela era incrivelmente graciosa para uma bruxa malvada. - Mas desconfio que o nosso descontentamento contribuiu para isso.

— Descontentamento? - Franzi a testa. - Por que vocês estão descontentes? Eu fiz uma história com final feliz! Elisa e o príncipe se casam, Sarita é presa e deveria receber pena de morte, mas a princesa a perdoa, e todos vivem felizes para sempre.

— É esse o problema, Clark - Elisa resmungou - Eu detesto aquele filhinho de papai e você ainda quer que eu case com ele?

— E pra quê eu iria roubar a beleza dessa brutamontes? Eu sou mil vezes mais bonita e delicada que essa idiota.

— Quem é a brutamontes? Repete! - Elisa falou, furiosa, cerrando os punhos e lançando um olhar mortal para Sarita.

— Meu Deus, eu criei um monstro - gemi, pondo a cabeça entre as mãos.

— Ah, de monstro, pode ter certeza que você só criou o Derak, meu dragão - Sarita disse, estendendo o braço. Mais rápido que eu pude acompanhar, um pequeno lagarto verde com asas pousou ali, tal qual um falcão de caça.

Eu não podia acreditar nos meus próprios olhos. Encarei Elisa e perguntei:

— Quantos de vocês vieram?

— Hm, todos que não estavam gostando da sua situação atual. Ah, onde esses malditos foram...? - Elisa murmurou, olhando em volta. Então, pôs os dedos na boca e deu um assobio alto, que espantou um grupo de pombos.

De trás da cafeteria, surgiu um garoto usando uma meia-armadura de ouro, incluindo uma espada na bainha, e uma coroa também de ouro na cabeça e ele parecia extremamente amedrontado. Duas luzinhas piscavam ao redor de sua cabeça, como vagalumes.

— Já é s-seguro? - ele perguntou. Elisa revirou os olhos.

— É seguro desde que chegamos aqui, seu estúpido. - Ela se virou para mim. - E você ainda queria que eu fosse salva e me casasse com esse cara.

— Não é possível... Príncipe Nolan? O Grande Cavaleiro do Norte? - exclamei. - Mas você deveria ser um homem imponente, brandindo a espada e montado em seu cavalo de batalha!

— Eu vejo essa cena claramente em minha mente, mas protagonizada por Elisa - Sarita observou.

— O que disse, sua depravada? - Elisa fuzilou-a com o olhar. - Eu sou uma Lady! Olha como fala comigo!

— Depravada? Depravada é você! O que diabos é uma depravada? - a bruxa retrucou.

— C-Calma, n-não briguem... - Nolan murmurou, se encolhendo. Fiz um facepalm.

— Vocês são exatamente o contrário do que eu imaginei - bufei, irritado.

— É por isso que viemos aqui, Sir Clark - disse uma vozinha aguda. Abri os olhos e me deparei com duas luzes na minha frente. Melhor dizendo, duas garotas minúsculas emitindo luz.

A primeira era menor, com o cabelo azul preso em duas trancinhas e um vestido verde. A segunda era gordinha, com os cabelos escondidos sob um chapéu decorado com flores pequenas e brancas, e um vestido de palha trançada. Ambas tinham um par de asas transparentes batendo atrás delas.

— Louise e Faith? - arrisquei. A de cabelo azul deu um gritinho empolgado.

— Isso! Eu sou a Louise, e essa é a minha irmã, Faith. Somos... acompanhantes da Lady Elisa.

— Vocês não eram amigas e conselheiras da princesa? - questionei. Ambas se entreolharam.

— Errm... - Faith hesitou - Digamos que a princesa não é a pessoa mais agradável do mundo conosco.

— Ela é uma selvagem! Rejeita nossas dicas de moda, e insulta nossas belas vozes, dizendo que são irritantes! - Louise confessou, olhando rapidamente para trás. Mas Elisa estava engajada em uma discussão com Nolan, então não nos dispensou o mínimo de atenção.

— Ah, mas ele é muito mais divertido que essa... rebeldezinha sem causa - Faith suspirou.

— Ah, sim, ele é muito mais legal que Lady Elisa. - Louise concordou.

— Quem é "ele"? - perguntei, confuso.

— Derak, é claro! - as fadas exclamaram, em uníssono.- Aquele dragão sabe manter uma boa conversa, e está na mesma situação que nós; não quer continuar acompanhando a sua "dona" onde quer que ela vá.

— Ok, já chega - gritei, e toda a conversa cessou. Todos olharam para mim, curiosos. - Quer dizer que vocês não gostaram da história que eu criei para vocês?

— Nem um pouco - Elisa disse.

— Eu não gosto da ideia de prender alguém em uma torre. Faça-me o favor, eu tenho o mínimo de decência e classe - Sarita completou.

— Nem eu gostaria de lutar com Sarita e com o dragão dela - Nolan finalizou.

— Ah, você é tão fofinho, príncipe! - A bruxa tirou a coroa de Nolan e bagunçou seus cabelos, fazendo-o corar. Suspeito, mas veria aquilo depois.

— Mas... Se vocês não assumirem os papéis que eu criei, isso não seria o conto de fadas que todos esperam!

— E qual é a graça de fazer o que os outros esperam? - Louise deu uma pirueta no ar, pousando no meu ombro.

— Não queremos ter a mesma história que todos pensam que teremos só por causa de uns padrões estúpidos pré-estabelecidos - Elisa se pronunciou.

Aquilo deu um choque na minha consciência. Me lembrei do meu princípio para começar a escrever. "Eu não queria mais ler e viver os mesmos contos de fadas, mas sim criar novos."

Se eu estava fazendo o contrário, seguindo um padrão, um paradigma, eu não estava de fato criando novos contos de fadas. Eu estava apenas recriando e reciclando o mesmo clichê, a mesma história. Mesmo sendo completamente estúpidos, meus próprios personagens me fizeram perceber que, se eu queria de fato criar um novo conto de fadas, deveria me livrar dos paradigmas e fazê-los seguir a própria história. Afinal, esse é o poder de um escritor; criar coisas completamente novas e fazer uma história que valha a pena ler.

— Certo, está decidido - falei, por fim. - Vou reescrever a história de vocês.

Todos comemoraram. Esperei por alguns momentos e perguntei, frustrado:

— Agora que eu já falei isso, por quê vocês não voltam para a história?

— Err... - Eles se entreolharam, e Sarita disse:

— Não fazemos ideia.

— Ora, pra mim é óbvio! - Elisa cruzou os braços e me olhou com um brilho diferente no olhar. Quando eu a criei sendo bonita, não fazia ideia do quanto ela de fato seria, pensei, ao encarar de volta seus olhos verdes, mas logo afastei mentalmente aquele pensamento. - Nós devemos te vigiar, Clark, até que tenhamos certeza de que, quando voltarmos, teremos a história que merecemos!

— Sim, senhora - ironizei. - Agora vamos para a minha casa. Vocês não podem ficar por aí do jeito que estão até eu terminar de escrever, já que isso pode levar até uma ou duas semanas.

— Ah, isso vai ser divertido! - Sarita exclamou - Só espero que Derak não resolva devorar os pombos, porque ele tem indigestão quando come pássaros, e eu posso garantir, não seria nem um pouco bonito.

—*-

Como Sarita disse, foi divertido. Enquanto eu terminava o conto, meus personagens viveram como pessoas do nosso mundo da melhor maneira que podiam e, observando-os, pude perceber claramente os nuances das suas personalidades, que eu nem tinha pensado ao criá-los.

Sarita parecia mais uma Lady que Elisa. Logo se acostumou às roupas elegantes e, claro, ao shopping - mas eu não deixei que ela exagerasse nas compras, já que meu dinheiro não era infinito. Mas era gentil e engraçada, e definitivamente gostava muito de Nolan, como se ele fosse um irmãozinho.

Nolan era bastante apagado, por ser meio medroso. Mas tinha uma bondade sem tamanho, e era um amigo para qualquer hora, além de ser completamente obcecado por Sarita.

Derak, Faith e Louise faziam um trio de criaturas sobrenaturais maravilhoso. Mesmo que eu não conhecesse a língua que o dragão falava, dava para saber que as fadinhas o adoravam, porque viviam tagarelando a todo o momento com ele.

E Elisa... definitivamente, ela parecia mais "cavaleiro" que Nolan. Na primeira oportunidade, pegou a espada do príncipe (que não reclamou, já que tinha amor aos seus dentes) e não demorou muito para que todos soubessem que ela sabia usá-la. Mas eu sabia que, no fundo, Elisa era legal. Afinal, mesmo que eu não tivesse previsto por completo a sua personalidade antes, eu havia criado-lhe. Sua beleza era desconcertante em contraste com a sua personalidade arrogante, mas fora isso, não causou nenhum problema muito grande.

Incrivelmente, aquilo durou um mês. Normalmente, aquele tipo de conto eu conseguia finalizar em uma semana no máximo, mas eu passei a me afeiçoar pelos  meus próprios personagens e consegui prolongar aquilo por um bom tempo. Mas quando o aviso da editora chegou, ordenando que eu entregasse a história em três dias, não pude mais evitar e deixei que eles lessem o conto.

Sobre o que era a história? Bem, não importa, eu apenas ouvi a voz das minhas criações e criei um conto de fadas que o mundo nunca tinha visto antes, e que nunca veria nada igual. Porque meus personagens eram únicos, cada um à sua maneira, assim como todos os personagens que todos os escritores podem criar.

Depois de aprovada por eles, o manuscrito foi enviado para a editora. Convoquei a todos na minha sala de estar e falei:

— Enfim, eu criei um novo mundo e uma nova história para vocês. - Não era uma pergunta, era uma afirmação.

— Então iremos voltar para o nosso mundo? - Nolan perguntou.

— Devemos fazê-lo, Noh - Sarita disse, séria. - Esse mundo não nos pertence. Cumprimos a nossa missão, agora nos tornaremos meros personagens de uma história novamente.

— Vocês nunca serão meros personagens para mim - murmurei - Prometam que viverão ao máximo a história que eu criei para vocês, certo?

— Prometemos - Faith disse, animada, levantando voo de cima das costas de Derak. - Iupii! Voltaremos e não seremos escravas daquela babaca!

Por incrível que pareça, Elisa não fez nada, apenas ficou encarando o chão. Sarita, enfim, se levantou e disse:

— Acho que sei como nos mandar de volta. É só usar magia, e eu sou uma bruxa. - Ela pegou a varinha do bolso da calça. - Muito obrigada, Clark. Foi muito divertido, e tenho certeza que será maravilhoso quando voltarmos ao nosso mundo.

Um a um, meus personagens me agradeceram enquanto iam se juntando ao redor de Sarita. Por fim, restou Elisa. Ela se levantou e, contrariando qualquer expectativa, se jogou contra mim e me abraçou.

— Obrigada, seu idiota. Agora eu posso viver a vida que eu sempre quis. - Hesitante, a abracei de volta, mas antes que o abraço durasse mais de dois segundos, Elisa me afastou e pousou a mão no punho da espada, que estava na sua cintura. - Não que eu goste de você, Clark. Você me criou e tudo mais, mas qualquer coisa além disso, você vai ser espetado.

— Claro - respondi, reprimindo o riso.

— Ah, e se decidir escrever sobre nós novamente e não gostarmos, vamos voltar e infernizar sua vida de novo - ela ameaçou, se juntando aos outros.

— Mal posso esperar - respondi, alegremente.

— Adeus, Sir Clark! - Louise gritou com sua vozinha fina, e em um piscar de olhos, todos sumiram.

Depois disso, eu não tive muitas aventuras por um tempo, além do sucesso inesperado do meu conto peculiar. Aparentemente, as pessoas ficaram fascinadas e curiosas com a minha capacidade de contrariar as expectativas ao escrever sobre uma princesa guerreira, um cavaleiro medroso e apaixonado, e uma bruxa elegante e gentil. Mas eu sempre lembrei com nostalgia e carinho do meu próprio conto de fadas e vivi com aquilo apenas nas lembranças. Isso até que a mesma editora, dois anos depois, me convidou para escrever uma série de livros baseada no meu simples conto, por conta do grande sucesso.

Sozinho em casa, encarei o papel vazio na minha frente. Eu deveria rascunhar qual seria a base da história antes, mas decidi começar pelos personagens. Uma bruxa má e invejosa, um príncipe bravo e corajoso, um dragão fiel, duas fadas conselheiras e uma princesa delicada e em apuros.

Assim que terminei, ouvi a voz bela e inconfundível de Elisa, atrás de mim, e reprimi um sorriso.

— Você está de brincadeira com a minha cara, não é, Clark?

—*-

"Paradigma", escrevi no topo da folha, e no fim, assinei meu nome. Larguei a caneta e suspirei, me espreguiçando. Mais um conto terminado. 

— Eu particularmente gostei desse - falei - Gosto de aplicar minha vida nas minhas histórias.

— Exceto que fui eu que a protagonizei, não a senhorita - uma voz atrás de mim falou.

— Cale a boca, Clark. - Girei minha cadeira e fiquei de frente para Jeff, que estava sentado na minha cama. - Vá se agarrar com Elisa que você ganha mais.

— Você tem certeza que foi uma boa ideia contar o que acontece com você de verdade? - Jeff perguntou, me ignorando.

— Eu tinha que escrever um conto de fadas, Clark. E tem conto de fadas mais incrível que conhecer seus próprios personagens?

— Você vive esse conto de fadas há tanto tempo e nunca contou a ninguém. Seus personagens vivem entrando e saindo das suas histórias, incluindo eu, que sou recém-criado, não deve ser fácil lidar com isso sozinha. Por quê?

— Ah, meu caro Jefferson. - Levantei e baguncei seu cabelo. - Vocês são como meus filhos, e acho que deveria protegê-los de quem quer que queira fazer qualquer coisa com vocês. A curiosidade é uma virtude, mas ela pode tronar os seres humanos insensíveis e cruéis. Por isso mantenho segredo do fato de que eu tenho dragões no terraço e sereias no aquário dos peixes, por exemplo.

Naquele momento, a porta abriu e Elisa entrou. Ela estava, como sempre estonteante, e assim que me viu, disse:

— Olá, senhorita. Queria conversar com o meu criador... - Ela franziu a testa. - Mas você também me criou... Então eu tenho dois criadores...?

— Vai lá, sortudo. - A interrompi, empurrando Jeff até Elisa. Ambos coraram, revirei os olhos e os enxotei do meu quarto, para fazerem o que quiserem. Provavelmente se agarrarem pelos cantos, afinal, foi ideia deles que eu escrevesse o conto daquele jeito.

Ao vê-los saindo de mãos dadas, tive uma ideia. Sentei na minha cadeira giratória, fui até a folha e escrevi uma frase no final da história. Sorri, satisfeita, e saí para conversar com Faith e Louise sobre o conto. No final da folha, podia-se ler um grande e caprichado:

"E viveram felizes para sempre"


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Notas finais do capítulo

E aí? Ficou legal? Ficou horrível? Eu deveria ganhar o Oscar de Escritora? Eu deveria ganhar um tomate podre na cabeça?
Shipparam? (eu sim, admito) Acharam as lições de moral?
E o mais importante: Quem queria conhecer seus personagens assim como o Jeff e A Escritora? (EEEEEEUUUUUU!!!!!!)
Ah, e quem pegou as referências ao Café com Letra, tanto na história do Jeff quanto na partezinha da Escritora?
PS.: essa foi a minha maior one, tô super feliz :3
Beijos de Mel ^^