Quero você escrita por Miss Luh


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olaaaaaa, pessoal! Bom, acho que devo a todos um pedido de desculpas depois dessa demora de mais de um mês. Aconteceu tanta coisa que nem tive tempo de escrever, primeiro foi viagem de férias, volta as aulas, prova, outra viagem...por fim, acabei nem me dando conta e nem respondendo alguns comentários! Peço perdão de joelhos por ser uma autora tão má e fazer isso com vcs! Mas por sorte, eis que estou aqui para outro capítulo, para dar a todos um pouquinho de felicidade essa semana ( eu espero!). Queria também agradecer uma leitora que fez essa capa lindaa pra mim e que sério, eu amei de paixão. Obrigada Camilla (espero que esteja lendo isso) por ter gostado tanto a ponto de me fazer esta homenagem a fic!
Ah, não esqueçam de comentar, por favor. É muito importante eu saber o que estão pensando para eu poder continuar a escrever e saber se todos estão gostando de como as coisas estão indo!
Bom, vou deixar vocês desfrutarem dessa leitura, e por favor COMENTEM!!!



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Capítulo 5

P.O.V Louisa

Fiquei em silêncio durante todo o trajeto de volta para casa. O único som que  entrava pelo meu ouvido vinha do aparelho de música que conseguia ser capaz de quebrar aquele silêncio insuportável que havia se instalado dentro do carro depois daquela tarde horrível no centro de marketings onde uma amiga trabalhava e havia pedido para tomarmos conta da filha por um dia.

Olhava para a frente, para a estrada já vazia e escura da saída de Londres, iluminada apenas pelos faróis de trânsito, sem dizer absolutamente nada. Encarava o vazio, absorta no meu próprio reflexo do vidro escuro do corolla, apertando minhas mãos umas nas outras, como se estivesse tentando buscar algum apoio em mim mesma.

Desde que saí daquele lugar, eu não tinha dito nenhuma palavra a não ser chorar como uma criança. Chorar e me debater como em anos eu sentira que jamais fizera. A cena foi tanta que me sentia tão exaurida a ponto de me deixar adormecer ali mesmo naquela poltrona macia e confortável. Pena que minha cabeça pesava e doía tanto que era impossível deixar-se levar pelo cansaço e simplesmente ignorar tudo e levantar as mãos para o alto.

Era tanta coisa na qual eu me encontrava perdida e com sérias dúvidas a ponto de não saber distinguir quais eram meus pensamentos e emoções que eu parecia ter a sensata obrigação de encarar de frente. Suspirei fundo e fechei os olhos.  

O que eu estaria sentindo agora?

Talvez Choque. Dor. Tristeza. Desespero. Esperança. Ou quem sabe, tudo de uma vez.

Mas havia muito mais. E eu sabia disso. E por tal razão, eu não conseguia parar de me culpar e me sentir mais mortificada ainda. Era como se eu tivesse voltado a um ano atrás, sentindo-me uma viúva perdida e completamente sem forças para continuar a construir o rumo da vida sem alguém perto de você, lembrando-lhe que você tem “potencial”. E o pior de tudo era, que naquele momento, o que eu mais desejava era que aquela cena mental se concretizasse bem na minha frente, fazendo aumentar a dose de culpa que já estava sentindo desde que entrei naquele carro.

Olhei para Sam. Ele não olhava na minha direção. Parecia concentrado demais na estrada para prestar atenção em mim. Ou quem sabe, nem quisesse prestar atenção em mim. Afundei os ombros na poltrona ao seu lado, sentindo-me uma completa idiota. E o que me deixava ainda mais no fundo do poço é que ele tinha a total razão de sentir-se ressentido comigo. Eu não o merecia.

Não merecia Sam assim como a nova vida que ele estava me propondo a começar. Havia tantas razões por impedir a mim mesma de deixa-lo entrar no círculo de cicatrizes que haviam me envolvido desde a morte de Will. Eu não suportaria envolve-lo numa vida sem um sentimento realmente sólido que pudesse curar a mim mesma. E eu jamais conseguiria me perdoar se abrisse meu mundo de incertezas a ele e o afundasse nesse mar sem fim que o destino quis colocar na minha vida. Sam era o melhor homem que já tinha conhecido em toda minha vida. O mais bondoso, mais compreensível, mais amigo e o mais apaixonante e irresistível que qualquer uma poderia sonhar. Mas por alguma razão, eu não me sentia satisfeita com ele. E isso me deixava péssima.

Lembrei-me do par de olhos claros, os cabelos claros e barba recém arrumada. Lembrei vagamente da expressão e horror que aquele homem havia me mandado simplesmente pelo olhar. Seu rosto evidenciava-se um misto de choque e desagrado, e perguntava-me se aquele era realmente o William Traynor que havia conhecido. Seu terno e gravata, sua postura ereta e passos firmes me diziam que com certeza eu estava tendo uma alucinação, confundindo o homem que eu tinha amado por um executivo estranho. Mas o reconhecimento em seus olhos, o olhar repousando sobre meu rosto e um quase esboço de sorriso deixavam-me tão angustiada a ponto de sair daquele carro e implorar para ver aquela expressão só mais uma vez. A dúvida pairava sobre mim e ainda assim, não conseguia parar de questionar-me se aquilo era realmente verdade ou se a vida estava novamente brincando comigo. Seja lá como for, era muita crueldade uma porção de sentimentos guardados recair assim, de uma hora para outra, sem dar um prévio aviso.

Meus pensamentos foram tão longes que nem mesmo percebi que na próxima esquina era a casa de meus pais. Meu coração aqueceu-se e me dei conta o quanto tinha vontade de me trancar dentro do meu quarto e desmoronar as emoções que estava sentindo em lágrimas. Minha garganta estava pesada e eu tinha vontade de começar me afundar na minha colcha colorida, colocar minhas meias listradas e ficar encarando o retrato de Will como há algum tempo tinha deixado de fazer.

Olhei outra vez para meu namorado. Não tinha coragem e nem ânimo para falar com Sam. Mas eu não podia ser tão mesquinha e infantil a ponto de ignorar tudo e simplesmente me recusar a conversar com ele como meu corpo me pedia.

Saí do carro e olhei em sua direção. Tentei decifrar sua expressão, mas pela primeira vez desde que havíamos começado a namorar senti ele completamente vazio. Sam suspirou fundo, olhou para baixo, e simplesmente se negou a me olhar nos olhos.

— Acho melhor ir indo. Não quero pegar uma chuva na estrada para Londres. – disse ele secamente, dando passos em direção a seu carro.

Corri em direção a porta do carro rapidamente, impedindo que ele partisse para não começar a me sentir a pior namorada do mundo e fazer outra idiotice com ele.

— Por favor, não vá. – pedi a ele, franzindo o cenho, olhando-o suplicante. – Eu não tenho nem palavras para descrever o quanto estou me sentindo horrível essa noite.

Ele me respondeu com um olhar sombrio e inquieto que eu não pude suportar. Baixou os olhos em minha direção, encarando-me como se estivesse pensando no que poderia dizer que me fizesse sentir o quão mal ele poderia estar sentindo ao olhar para seu rosto franzido e imerso em culpa. Arrumou o cabelo que caía no seu rosto e afastou-se de mim, parecendo reagir magoado ao meu toque, segurando a agitação que ele mesmo tentava conter colocando as mãos nuas no bolso do casaco de camurça.

— O que eu sou pra você? – perguntou ele com raiva. – Algum brinquedo que serve para te dar um pouco de conforto? Uma segunda opção?

— Não. – afirmei alto, impedindo-o de continuar, suspirando fundo antes de começar a dizer outra vez. – Não. – sussurrei, desta vez para mim mesma.

Ele olhou para mim, incrédulo.

— Eu não sei o que eu devo fazer. Já te vi assim tantas vezes, mas pensei que estivesse superando isso. Pensei que agora, o nosso namoro tinha se tornado algo realmente sério e você já tinha esquecido aquele... – ele segurou as palavras, enraivecido. – aquele homem. Achei que tinha começado a pensar em nós. Eu realmente pensei que eu tinha me tornado importante pra você.

Olhei-o exausta. Seu olhar de decepção me atingiu em cheio, fazendo-me perceber o quanto eu tinha machucado seus sentimentos. Mas o que mais me espantou foi a minha surpresa, sem saber como reagir a tanta frustração que ele estava me mostrando.

— Mas afinal, eu sou importante para você? – ele franziu o cenho, aparentemente incomodado pelo meu silêncio.

— Não me pergunte isso. – aproximei-me dele. – Você sabe que sim.

Ele observou-me com um olhar irônico.

— Eu não sei de nada se você não me disser Louisa Clark. – ele disse meu nome inteiro. – A verdade é que eu fico me perguntando isso quase toda a noite. Me sinto ansioso e louco só de pensar em como você pensa em mim. E, Ah Deus! Ás vezes penso que enlouqueci por sua culpa.

Desta vez ele que se aproximou de mim, fazendo ficar-nos a pouco centímetros de distância.

— Hoje... – ele parou por um momento, olhando nos meus olhos. – Quando vi você correr em direção aquele homem, isso me quebrou por inteiro. Eu vi você chorar, gritar chamando o nome dele, e se debater como eu nunca tinha visto. Nenhuma vez você pensou em mim não é? – ele deu sorriso vacilante. – Acho melhor sermos sinceros antes que seja tarde demais. Você ainda ama aquele homem... ainda ama William Traynor?

A pergunta me chocou a ponto de me fazer olhar para todos os lados, menos para os olhos castanho-escuro de Sam. Tentei pensar com clareza, mas eu não conseguia. Não sabia que palavras dizer para reconfortá-lo ou para fazê-lo pensar que estava tudo bem, que iriamos continuar enfrentando tudo juntos e que o que eu mais prezava era nosso futuro relacionamento. Era isso que ele gostaria que eu dissesse.  Ah Céus! Eu não conseguia nem olhar nos olhos dele!

Fiquei dividida entre medo de admitir a verdade a mim mesma e o medo de magoar Sam. A única coisa que eu jamais poderia fazer com ele era mentir. Tinha plena consciência disso e era o que eu jamais faria. Voltei meus olhos em direção aos dele e por um momento quase fraquejei diante daquele homem enfraquecido e sombrio, mas eu não podia hesitar. Não podia perder Sam e não podia dilacerar o meu coração outra vez pensando em outra pessoa que eu não tinha certeza se estava ou não viva. Não podia desperdiçar minhas chances de ser felizes.

— Como posso amar alguém que está morto? – senti uma pontada no peito, ao desviar-me da pergunta. – Eu já o amei muito. Mas ele não está mais aqui. Só estamos eu e você.

— Então pare de fazer coisas estúpidas! – ele exaltou a voz. – Pare de correr atrás de uma pessoa que não existe mais, pare de chamar o nome dele e pare de sonhar com ele. Só pare de se importar! – gritou ele.

Fiquei constrangida ao ouvir o “pare de sonhar com ele”, imaginando que alguma vez ao me deitar com Sam eu tenha murmurado o nome de Will sem me dar conta.

— Eu sinto tanto... – fechei os olhos, deixando escapar lágrimas quentes e abundantes pelo meu rosto avermelhado.

— Não sinta. – ele balançou a cabeça. – Eu só quero lhe fazer feliz. Quero que o esqueça. Que pare de pensar nele. Quero que pense apenas em mim. Eu quero que me ame, Louisa. – ele me encarou fundo.

— Mas eu te amo! – gritei desesperada, tentando acalmar a mim mesma, ao vê-lo dando as costas para mim, pretendendo deixar-me ali.

Sam virou-se imediatamente ao ouvir essas três palavras, parecendo não crer ele mesmo no que ouvia. Olhou-me recuperando todo o mísero de felicidade que ainda lhe restava e ousou sorrir, tentando certificar-se ao olhar no meu rosto se aquilo era uma mentira só para fazer com que as coisas ficassem bem entre nós.

Mas não era.

— Eu amo você. – sorri comigo mesma, afastando as lágrimas que saíam dos meus olhos com meus dedos. – Tenho medo de admitir, de abrir meu coração pra você e te perder, ou de te fazer infeliz. Nunca vou me perdoar se prender você comigo e você passar a me odiar por isso. Então por favor, não me odeie.

Ofereci-lhe um sorriso tímido. Ele deu uma risada enérgica e voltou-se na minha direção, envolvendo minha cintura com uma das mãos e acariciando meu rosto com o outro.

— A última coisa que pode acontecer no mundo é eu passar a te odiar. Você pode fazer o que quiser comigo, meu orgulho já foi jogado fora no momento em que me apaixonei por você sabendo que ainda gostava de outra pessoa. 

— Me desculpe. Me desculpe. – repeti mil vezes. – Eu não deveria ter sido tão louca, a verdade é que não estava no meu próprio controle hoje. – lamentei, envergonhada só de olhá-lo nos olhos. - É que quando eu vi aquele homem, eu jurei...para mim, era o Will que estava ali. Era igual a ele. – tentei convencer Sam.

Ele me impediu de continuar com a mera menção do nome de Will, com a expressão voltando a ficar séria.

— Você imaginou, querida. – ele suavizou sua expressão, tocando minhas bochechas. – William Traynor está morto. Eu estava no hospital quando ele foi enviado para cá.

— Mas... – protestei, lembrando daquele rosto que ainda me fazia dar suspiros só de pensar.

Ele agarrou minha cintura, dando-me um sorriso pretensioso.

— Vamos parar de falar nele. Não quero discutir mais com você. – ele suspirou fundo, voltando ao seu tom de divertimento. – Quero apenas te beijar por hoje.

— Você não está nem um pouco bravo comigo? Eu te magoei, te causei dor e fiz você passar uma terrível vergonha imitando uma versão de Julieta moderna. – culpei-me outra vez.

— Com você me lembrando, estou um pouco. – ele brincou. - Não vou terminar com você por uma droga de alucinação. Eu já pensei ter visto minha ex no supermercado, mas era uma velhinha. Meu orgulho já foi para o ralo mesmo.

Dei uma risada. Sam me olhou com um sorriso e me deu um beijo caloroso, passando as mãos carinhosamente pelas minhas costas, fazendo-me envolver sua nuca e desejar por mais essa noite, recuperando o bom humor ao ver o homem que eu tinha ao meu lado. Em meio aos risos, ele parou de me beijar e voltou ao meu ouvido, sussurrando.

— Nem pense em procura-lo, Louisa Clark, ou então, vou ficar severamente ofendido.

Dei um sorriso, buscando a boca de Sam outra vez, mas depois de alguns minutos, quando eu já ansiava por mais, ele surpreendentemente me fez voltar para casa antes do esperado. Senti-me ligeiramente frustrada, mas compreendi a deixa. Dei-lhe um último beijo e corri em direção a casa esperando não pegar a chuva.

Perto do corolla negro, o homem entrava dentro do carro, aparentando cansaço, mas esboçava um certo sorriso parcial, como se parecesse não estar completamente feliz. Pegou o celular e discou o número rapidamente, espiando pelos lados e ligando o motor do carro para sair depressa dali. Enquanto esperava o outro lado atender, arrependeu-se de não ter levado Lou para seu pequeno apartamento alugado e descarregar nela toda a paixão que vinha sentindo. Mas a ansiedade era maior do que uma noite de prazer hoje.

— Com licença. – disse ele, já temendo a resposta. – Meu nome é Sam Fieldings, responsável pelo caso dos Traynor, da Inglaterra. Sabem se o paciente do quarto 209 recebeu alta?

Largou o telefone furioso logo em seguida, na poltrona da frente ao seu lado, dando um suspiro enraivecido consigo mesmo. Agora as coisas iriam tornar-se cada vez mais difíceis.

P.O.V Will

— Nathan, Nathan! – fechei a porta estrondosamente, gritando e afrouxando a gravata, jogando-a no sofá de couro na sala de estar.

Cocei minha cabeça, ainda confuso e completamente enfurecido pela cena que tinha acabado de presenciar. Larguei o palitó perto da poltrona e tirei os primeiros botões da camisa branco, tentando acalmar minha pulsação acima do normal e o suor que escorria pela minha pele.

— Nathan. – chamei outra vez, levantando-me do sofá, tentando acalmar a mim mesmo abaixando a voz.

Ouvi passos se aproximando e fiquei confuso ao perceber que tratavam-se de passos de mais uma pessoa ali. Virei o rosto, nervoso e irritado com a presença de outra pessoa observando minha descarga de fúria e fraqueza de forma tão íntima.

— Pare com essa cena! – falou uma mulher de cabelos longos loiros e sedosos, vestindo um vestido preto e um casaco de pele cinzento de grife, exibindo um sorriso mal-humorado que estragava seu rosto meramente bonito. – Não vim aqui para vê-lo tão decadente.

— Georgina. – bufei irritado, descansando minha cabeça na poltrona após vê-la, lançando um olhar de decepção a Nathan que apenas me dizia mentalmente que não tinha nada que ele pudesse fazer. Não o culpei, Georgina era impossível quando queria.

— Não diga meu nome com esse descaso. Sua irmã mais nova veio te ver, devia ficar feliz. – ela deu a volta pela pequena sala, sentando-se ao meu lado.

— Não estou com humor para graça. – avisei, irritado com a dor de cabeça que estava sentindo. – Por que veio aqui?

— Eu sabia que você não ia ocupar sua antiga casa e que o único que sabe do nosso segredo e é seu único amigo é Nathan. O mais lógico seria vir até a casa dele. – ela falou com paciência, fazendo-me me perguntar como ela havia descoberto o endereço dele. Ela virou-se para Nathan, com um sorriso engraçado. – Você até que mente bem, por um momento acreditei que ele não estivesse aqui.

— Você não saiu de Sydney por nada. Afinal, por que está aqui? – olhei para ela, respirando fundo. – A sra.Camilla ainda está tentando me fazer sair da Inglaterra?

— Não fale assim dela. Você ainda vai se arrepender por estar tomando essa decisão. Pense no papai e na mamãe, você de repente voltou dos mortos, o que acha que as pessoas daquela cidadezinha vão pensar disso?

— Eu não sei e não me importa, Georgina. – disse a ela, cansado. – Só quero recomeçar, eu já disse. Não posso fugir do que deixei para trás. Aqui tem tudo o que eu mais desejo.

— Louisa Clark era só uma cuidadora, Will. – ela olhou nos meus olhos, tentando me convencer disso. – Você pode conquistar a mulher que você quiser. Se você começar a ter um relacionamento com ela, os tabloides iriam investigar sua morte, você vai se cansar dela, e nós, estaremos perto de ser presos. É isso que você quer?

— Eu não vou me cansar dela. – afirmei, sentindo raiva da minha irmãzinha. – E quer realmente saber? Eu não estou nem aí.

— Você é um egoísta! – gritou ela, exaltando-se e levantando-se do sofá, olhando-me com uma raiva e frustração. – Seja homem e enfrente as coisas. Pense na sua família antes de você mesmo, seu idiota. Você pode ir para a cadeia, todos nós podemos! Vá embora daqui enquanto ainda não arruinou tudo!

Dei uma risada ao ver sua expressão mandona e terrivelmente assustadora. O mais estranho era como meus pais facilmente cediam a esse olhar quando ela bem queria. E o mais engraçado é como ela achava que podia me persuadir a alguma coisa com isso.

—  Acho que foi por isso que seu ex-marido se divorciou de você. Talvez por você nunca ter conseguido amar antes. – afirmei, relaxando meus ombros na cabeceira do sofá, sabendo que havia atingindo-a de certo modo mencionando o casamento que não havia dado certo há quase 5 anos e que fora terrível para ambos.

Esperei ela ir embora dali, sabendo que ela ficaria tão enfurecida que não teria paciência e nem estômago de olhar na minha cara.

— Se quer mesmo ir atrás daquela oportunista, acho que vai ter que fazer um grande esforço, irmãozinho. Não concorda, Nathan? – perguntou ela, dando um sorriso com os olhos azuis brilhando de raiva, pegando a bolsa e escancarando a porta furiosamente. 

Nathan olhou irritado e surpreso para a mulher que havia saído da porta, sem saber o que dizer quando observei-o com choque.

— Você sabia sobre Louisa? Não ia me contar nem mesmo onde ela estava, o que ela estava fazendo, ou com quem ela estava... por que fez isso? – perguntei a ele, revoltado pela confiança não correspondida que havia depositado nele.

— Eu sinto muito, Will. – ele suspirou fundo, aparentando culpa. – Prometi aos Traynor que não o faria. Quando você estava no coma, decidi que era melhor. Louisa estava vivendo a vida dela, enquanto você estava lutando pela sua. Mas quando percebi que ainda gostava dela, me dei conta do quão idiota tinha sido. Mas era tarde demais.

Afundei no sofá, fazendo massagens na minha cabeça, tentando acalmar a enxaqueca que estava sentindo e ser ao menos compreensivo com Nathan depois da insensibilidade que tinha tomado conta de mim ao discutir com Georgina.

— Agora eu sei disso. – lamentei, franzindo o cenho, sem forças para iniciar uma discussão com Nathan. – Se você tivesse me contado tudo quando acordei, talvez tivéssemos menos uma criança inglesa no mundo.

Nathan me olhou surpreso, e sua reação foi inesperada para mim. Pensei que ele iria lamentar e pedir mais desculpas ainda por ter sido mais um obstáculo nessa história, mas ele parecia tão perplexo quanto eu pela notícia.

— Um filho? Louisa? – ele quase deu um riso, achando hilário demais depois de alguns segundos. – Meus Deus, tenho que parabeniza-la agora mesmo. – ele voltou-se em direção ao telefone.

 - Parabeniza-la? Eu confiei em você enquanto não me disse nada sobre o paradeiro de Louisa e agora, quer parabenizar o casalzinho. – falei, ironicamente, não disfarçando a irritação que estava sentindo.

Levantei-me do sofá e peguei uma cerveja enquanto ele dava risadas da minha expressão e largava o telefone na mesa. Sentia-me tão injustiçado e deixado para trás que tentei acalmar a mim mesmo ao pensar que Nathan era o único que eu conhecia ali e que poderia me ajudar a recuperar tudo o que eu já tivera um dia.

— Escute, ela não teria um filho tão rápido. – ele afirmou, sentando-se no sofá, ainda parecendo divertir-se com a cena. – Louisa é do tipo que não se recupera do luto casando-se com outro em um ano ou dois.

— Então não é o que parece. – senti-me um pouco revigorado com o gosto de álcool entrando na minha boca. – Eles pareciam muito felizes com o bebê no colo, fazendo compras como um casal feliz. – falei com ânsia só de lembrar a visão dela segurando o bebê.

— Na última vez que vi Louisa, fazia 2 semanas que eles tinham começado a namorar. Ela estava feliz, estava encarando a realidade de frente e Fieldings a ajudou muito. Mas de qualquer forma, era isso que você queria.

— O que quer dizer? – estranhei.

— Quando você foi para Dignitas, pediu para ela ser feliz e esquecê-lo. Pediu para não pensar em você. Devia ficar feliz. Ela te obedeceu, Will.

Bebi um gole da cerveja. Fiquei pouco abalado com a perspicácia de Nathan, fazendo com que de repente toda mágoa, tristeza e sentimento de traição sumisse como em um estalar de dedos. De repente, me dei conta do quanto estava sendo injusto ao exigir dela um profundo sentimento de lealdade ao amor que sentira por mim há um ano e meio atrás. Eu não tinha o direito de interferir nas decisões dela e muito menos de lhe obrigar a voltar suas atenções somente para mim sendo que ela pensava que eu estava morto. Mas eu ainda não conseguia evitar de me sentir terrivelmente de mal humor ao pensa-la na cama com outro homem.

— Merda. Eu disse isso, não foi? – bebendo toda a cerveja em um gole só.

— Foi você que escolheu o suicídio. – ele deu uma risada. – Agora vai ter que lidar com as consequências.

Suspirei fundo.

— Ela se casou? – perguntei, ansioso pela resposta.

— Pelo que eu saiba não. Ela me disse que ainda não estava pronta, na época pensava demais em você. Mas ela gostava do cara, Sam Fieldings, ele a fazia rir. Sério, antes de saber que você estava vivo, fiquei feliz por ela. O único cara que conseguiu tirar um sorriso genuíno dela depois de você foi aquele paramédico.

Dei um riso sarcástico ao imaginar isso.

— Pode até ser. Mas acho que ainda sou mais bonito do que ele. – olhei-me no espelho,  arrumando o cabelo e lançando um olhar charmoso para meu reflexo, fazendo eu e Nathan darmos uma gargalhada.

— Você tem chances. – ele falou. – Mas cuidado, e se ela tiver se apaixonado pelo paramédico?

Peguei meu palitó e gravata, dando passos rumo ao quarto de hóspedes. Dei um sorriso de lado e murmurei baixinho.

— Vou ter que dar um jeito nele então.


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Notas finais do capítulo

Bom, não digam que estou enrolando, mas quero colocar um pouco de drama aí, para assim chegar o momento do reencontro. Aí as coisas pegam hein? Hahahaha...bom, pessoal, não tenho previsão de quando vou postar novamente, mas peço que tenham paciência com essa chata aqui e continuem comentando. Porfaaa :D