Quero você escrita por Miss Luh


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, desculpa pelo atraso pra postar o capítulo. Mesmo estando de férias, acabei de me mudar e fiquei vários dias sem poder escrever. Mas agora to de volta e espero que gostem desse capítulo!!! Tomara que tenham gostado do filme porque eu literalmente ameeeei ele!!! Sério, nunca vi tantas atuações perfeitas, especialmente a do Will...:D
Espero que gostem desse capítulo...



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Capítulo 4

Não tinha consciência que as lembranças ainda pudessem ser tão dolorosas. Na verdade, sempre pensei que quanto menos pensasse, menos elas viriam a minha cabeça. Mas quando se está sentado, observando o sol nascer e os dias passarem bem na sua frente, fica difícil fazer isso. Sem fazer absolutamente nada, o que realmente atrofia não é seu corpo, mas sim o própria vontade de ser feliz. Não há diversão e muito menos sonhos, não há nada. Você se torna um corpo vazio, sem amor, guardando apenas para si um rancor que sente uma vontade terrível de jogar pra cima de alguém. Mas nada impede que elas venham á tona.

Toquei nos móveis cobertos por sacos envolta. Inúmeras caixas estavam organizadas em um lugar estreito no chão empoeirado do grande apartamento. Meu CDs, todos que que eu costumava ouvir, estavam organizados em uma caixa retangular por ordem alfabética. Rolei meus dedos por todos eles, pensando em como tinha ficado arrasado por ter de abandoná-las há a alguns anos atrás. E vejam como a vida dá suas reviravoltas...agora eu estava agachado olhando cuidadosamente cada CD para verificar se ainda não faltava nenhum. Subi correndo pelas escadas e olhei para o quarto branco agora vazio. Lembro da última vez que tinha dormido ali.

— É impressionante como as coisas mudam, Nate. – falei inconscientemente, observando os lugares exatos onde se localizava a minha cama, o closet, a TV e os porta-retratos que eu fazia questão de emoldurar só para quando acordar, repetir a mim mesmo como eu era o homem mais sortudo do mundo. Não posso dizer que eu não era. – Da última vez que estive aqui, eu tinha acabado de transar com a minha ex-namorada.

— A que se casou? – perguntou ele, logo depois.  

— Eu estava tão feliz naquela época. Mas eu não sei. Por que eu me sinto muito mais feliz? – perguntei, com a voz embargada de emoções.

— Talvez por que sua vida seguiu o rumo que deveria. – ele sugeriu, dando uma olhada no apartamento. – Você deveria ter uma vida maravilhosa aqui. Agora entendo porque me contava tantas vezes.

— Sim. – uma lágrima rolou pelo meu rosto enquanto eu observava o chão vazio, a sujeira invadindo, a cozinha já em desuso, a hidromassagem já enferrujando de não ser usada e a pintura desbocando um pouco em certos cantos da parede. Como eu sentia falta daquilo. E porque eu não havia percebido? Não tinha ido criar coragem para enfrentar essa vida limitada que tinha obrigado a conviver?

Suspirei fundo e peguei o celular que havia comprado recentemente. Olhei a hora e dei um sorriso quando vi que estava quase na hora. – Pretendo contratar alguém pra fazer uma reforma neste lugar e depois verei o vou fazer.

— Você não deveria vender. É enorme. – Nathan deu um suspiro, como se estivesse lamentando pelo desperdício.

— Essa época já passou pra mim. Não faz sentido eu morar mais aqui. Apesar de ainda estar no meu nome e eu gostar do local, parece que etá longe de me pertencer como antes. – olhei o apartamento com pesar.

— Então o que está planejando? – perguntou ele. – Pensei que quando voltasse, ia voltar imediatamente pro Castelo.

— Ainda tenho coisas a fazer por aqui. Além do que, sinto que Clark não deve estar por lá. – subi as escadas com a sacola que estava sobre a cômoda da cozinha e segui em direção ao banheiro. – Conhecendo ela como conheço e depois de tudo que eu disse para ela, deve estar fazendo coisas interessantes.

— O que quer dizer com coisas interessantes? – perguntou Nathan, parando perto da porta.

— Eu não sei. – tentei pensar em algo. – Viajando, talvez? Pode estar fazendo um curso universitário aqui em Londres ou em outro país...tem tantas coisas.

— Ou talvez...esteja saindo com alguém. – supôs ele, dando um riso ao observar minha careta.

— Mesmo que esteja, não iria dar certo. – dei um sorriso de lado.

— E o que o faz ter tanta certeza? – falou Nathan.

— Nada para ser sincero. Estou apenas sendo possessivo outra vez. – sai do banheiro, sentindo-me revigorado com o cheiro de camisa social nova e perfumada com o antigo perfume que costumava usar. O meu terno cinza preferido ainda me caía muito bem e não me senti o William da cadeira rodas, eu me sentia o antigo William Traynor, o CEO de uma empresa que era um milionário e só ganhava elogios por parte dos colegas de trabalho, tinha uma coleção de amigos e uma vida amorosa bem sucedida. Por alguma razão, meu sorriso se desmanchou um pouco. – Por que parece que me tornei duas pessoas de repente? 

— Se acalme Will. Tudo vai entrar nos eixos, só espere. Vai fazer essa entrevista de emprego, talvez eles te contratem. Depois você parte pra vida amorosa. – aconselhou ele, segurando meu ombro, demonstrando apoio.

— Tem razão. Fico feliz de ainda ter contatos. –  ergui meu celular, lembrando do telefonema amigável que tinha tido com a dona da empresa que era uma amiga de muitos anos. – É uma sorte a notícia da minha morte não ter chegado a todos os meus conhecidos de trabalho.

— Realmente... só se certifique de ninguém descobrir. – avisou ele, bem-humorado. – Vou ter que voltar para meu apartamento e arrumar minhas coisas. Mas você pode passar por lá e ficar se quiser.

Acenei para Nathan e concordei. Ficava aliviado por ver que mesmo sem amigos, Nathan sempre dizia que eu podia contar com ele. Pelo menos, eu tinha alguém para dessa desabafar quando minha família estava literalmente um pouco aborrecida comigo.

 Decidi aceitar o convite por hora, e pensar no que ia fazer depois. Só de pensar, uma onda de persistência me invadia. E eu ficava feliz só de ver a minha mente planejando como seria essa nova vida que eu tanto iria me dedicar para reconstruir.

Suspirei fundo enquanto andava por aquelas ruas de Londres. Lembranças ruins invadiram minha mente e tentei pensar em coisas boas. Não queria nem mesmo, por hipótese alguma, voltar aquela via onde tinha sido atropelado pela moto. Só de pensar na chuva e na pressa daquele dia, meu coração batia mais lentamente, tanto que podia sentir cada latejo como se estivesse próximo ao meu ouvido, parecendo até que eu estivesse vivenciando tudo isso naquele exato momento. Respirei fundo e me dirigi a recepção.

— Sr.Traynor, certo já estou informada sobre sua vinda. Tem um encontro marcado com a sra.Irving? Certo, é o último andar, a direita.

— Obrigado, lembro-me do caminho. – esperei pelo elevador e fiquei observando as lojas de marketing do andar inferior. Olhei para o relógio e esbocei um sorriso quando percebi que estava adiantado. Fiquei olhando de longe as lojas onde eu costumava comprar presentes para amigos, agradar as garotas com quem saía ou dar uma olhada enquanto conversava com a própria sra.Irving. Fazia tanto tempo que eu não me divertia com isso. Coloquei os fones de ouvido e dei uma passada por ali enquanto observava como tinha mudado e aprimorado desde os 3 anos atrás.

Mas algo me chamou a atenção e fiquei tão pasmo que meus músculos ficaram seriamente rígidos pela primeira vez desde que saí da clínica no centro de Berlim. Um formigamento perturbou meu corpo aquecendo-o de nervosismo. Engoli em seco. Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo, não agora, não tão rápido. Foi então que me dei conta o quão não estava preparado para vê-la assim, depois de aparentemente tanto tempo. A diferença é que não fazia tanto tempo pra mim, era como se fosse ontem que eu havia sentido seu cabelos roçando minha pele do rosto e minha boca implorando por um beijo. Pensei em correr, em lhe dar um abraço forte, em lhe mostrar como estava pronto pra ela, pronto para fazer qualquer coisa, ama-la mais do que meu próprio corpo permitia. No entanto, ela parecia distante. Louisa estava do outro lado da loja, conversando com alguém que não estava ao alcance dos meus olhos. Não me enxergava, não me via. Ela estava bem ali, a metros de distância.

Observei-a melhor. As roupas não eram como antes. Estavam mais sóbrias, mais “normais”. Não parecia Clark. Onde estava a meia calça listrada? Os casacos extravagantes e os sapatos que tinham vindo de outro lugar do planeta? Onde estavam sua felicidade contagiante, suas expressões engraçadas e seu sorriso encantador? Ela vestia algo tão comum e clichê. Simplesmente não parecia ela, apesar de ser.

— Clark. – exigi sua atenção, parado bem aonde estava, tentando a qualquer custo me manter em pé. – Clark!

As pessoas olharam na minha direção e mesmo sem saber o que fazer, mesmo sabendo que eu estava em uma situação completamente desfavorável, que aquele era o pior lugar para conversar, que eu tinha uma reunião marcada, e que eu devia me conter o mais depressa possível, eu não me importava. Desde que eu pudesse olhar em seus olhos e dizer que era eu, que eu estava vivo, eu já me sentia bem. Olhei emocionado em sua direção, e me dei conta que não era possível descrever a felicidade que senti quando ela virou a cabeça em minha direção, mostrando seus olhos azuis, bochechas rosadas e uma expressão de choque que eu exibia tanto quanto ela.

Seu rosto parecia sem expressão, um pouco melancólico. Porém quando ela me encarava, seu rosto parecia recuperar toda a vida e cor que eu havia proporcionado a ela. A perplexidade em seu rosto deixava-o até engraçado. Mas naquela situação, não ousei nem rir. Aquela era a minha Clark, embora não parecesse.

Dei um sorriso vacilante. Mas o sorriso rapidamente se desfez quando ela se virou totalmente e revelou um bebê gordinho agarrando-se em seus braços. Devia ter mais que um ano, mas estava pousado em seus braços, brincando com os cabelos de Louisa já crescidos e mais claros do que antes. Tufos de cabelos louro cresciam na cabecinha careca e eu me perguntava de onde havia vindo aquele bebê. Em seguida, um homem mais alto do que ela apareceu com algumas sacolas, tocou seu ombro, chamando-lhe a atenção e oferecendo um sorriso. Ela apenas continuou a me encarar, sem prestar atenção nele, como se eu fosse seu centro de universo. Ele olhou para mim em seguida, curioso e parando de sorrir.

Franzi o cenho, incrédulo.

Um bebê? Como ela poderia ter feito isso comigo? 

Não consegui pensar racionalmente. 

Tantas perguntas vinham a minha cabeça que me esqueci totalmente de qualquer coisa...minha mente ficou preenchida entre raiva, choque e confusão. Meu instinto foi sair dali o mais rápido que podia e tive sorte de conseguir pegar o elevador antes que qualquer coisa me impedisse.

Meu coração acelerava e eu arfava. Afrouxei a gravata e minhas costas desceram pela parede do elevador. Estava delirando, tentei me convencer disso. Não poderia ser isso. Devia estar ficando louco.

— Will...- minha mente relaxou quando ouvi pela primeira a voz de uma agora chorosa Louisa Clark, que batia na porta do elevador implorando pra me ver., debatendo-se e chamando pelo meu nome. – Will.

Pela primeira vez, senti vontade de fazer com que minha mente apagasse aquela visão horrível, que não tinha sido ruim, mas sim a pior surpresa que eu já tinha recebido em toda a minha vida.


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Notas finais do capítulo

Não surtem pessoal, só vão saber o que vai acontecer no próximo capítulo e vou tentar postar o mais rápido possível!! Obrigado pelas recomendações, eu realmente fiquei muitoooo feliz e animada ao ver que a fic tá atingindo muitas pessoas e que você gostaram da minha ideia e da historia em si. Continuem comentando e por favor, não fiquem tão confusos pelo desfecho desse cap!! Lembrem-se que a narração foi tudo na visão do Will.
Obs: to pensando em fazer um capítulo da Louisa na próxima, mas não é certeza.
Irei postar logo!! Obrigada pelos comentários e apoio!! :D