Quero você escrita por Miss Luh


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!! Gostaria de poder avisar que diferente da querida autora Jojo Moyes, não procuro abordar a história do mesmo jeito que ela, centrando nas mudanças e evoluções da personagem principal, mas no romance em si. Sei que pode haver críticas pelo fato de Will ter recuperado seus movimentos, mas como era o único jeito que ele gostaria de viver, decidi dar esse presente a ele, e apesar disso ser praticamente impossível e haver gente que considere isso uma ficção, gostaria de desejar uma boa leitura e que olhe com bons olhos essa fic, não leia com opiniões já formadas na cabeça.
Realmente não sei se todo mundo vai gostar da história que estou criando, mas espero que desfrutem, acabei de ler o livro Como Eu Era Antes De Você e o fato de me sentir destroçada no final me fez pensar em escrever para os que gostariam de ver o outro lado da história.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/689350/chapter/1

Capítulo 1

Era estranho pensar em como o cheiro de quarto limpo e esterilizado, com aquele cheiro de desinfetante, único e singular de um quarto de hospital, podia facilmente preencher o ar do ambiente. Torci o nariz, respirando e expirando diversas vezes, testando meus sentidos pela primeira vez em aparentemente um século de horas e horas profundamente adormecido. Era estranho. Meu nariz parecia ter um pouco de dificuldade para fazer uma das únicas funções que conseguia nos últimos 2 anos, apenas respirar. Como se eu tivesse desaprendido o simples ato do corpo de realizar aquele movimento, ou como se há muito tempo ele estivesse sem uso que havia inesperadamente atrofiado. Continuei inalando aquele ar, tão familiar, convivendo com ele há tantos e tantos anos que se tornou um casual e firme desafeto. Detestava aquele aroma insuportável, mesmo sem lembrar-me do por quê inicialmente.

Meu rosto se retesou e tentei abrir meus olhos, com certa dificuldade irritante. Amaldiçoei a mim mesmo por outra parte do meu corpo não estar funcionando bem. O que teria acontecido? Onde eu estava? Por que estava ali? Eu não me lembrava.

Fui tentando abrir os olhos aos poucos, convencendo a mim mesmo que não iria desistir de algo que me costumava ser tão fácil, não era suportável. Não iria dar permissão para me tornar um completo inválido, só com um cérebro funcionando. Pensei em dizer alguma coisa, mas fui impedido pelo medo, que se manteve em contra-ataque, parecendo dizer-me em grande tabuleiro que derrota-lo não seria fácil. Normalmente eu não teria medo, aceitaria o desafio de bom grado e teria prazer em demostrar quem era o mais forte naquela luta. Só que depois de tanto tempo sem incentivo, não havia uma razão. Era tão vazio. Tão anormal. Eu me sentia completamente sem razão de viver, sem razão de ser quem eu era, sem razões para mostrar o que eu tinha capacidade de fazer. Sem razões até de mover a cabeça. Não tinha habilidades ou um potencial. Então por quê?

Mesmo sentindo-me um covarde e prestes a adormecer outra vez, esquecer de tudo e voltar a me aprofundar em outro pesadelo que fosse mais infernal e doloroso que aquele, não sabia como ou o por quê, mas todas as feições do meu corpo pareciam ganhar vida, como há tempos se recusavam, agora estavam bem ali, pequenas partes que eu não sentia mais, que eu nem sabia que podiam ter alguma espécie de movimento, pareciam vibrar. Mas não era só por elas, não pelo movimento, mas também pelo psicológico. Pareciam vibrar de glória. O que estava acontecendo?

Eu tinha tantas perguntas, tanta coisa a saber que eu nem soube processar direito os pequenos estalos no meu pé esquerdo. Meu corpo respirava com maior dificuldade ainda ao passo que meu coração batia mais forte, emocionado, contido de um sentimento inexplicável de surpresa, felicidade e choque. Naquele momento, a minha maior vontade era gritar, sair da cama, correr e me levantar pelo primeiro movimento que havia tido fazia dois anos. Por quê? Deus estaria me castigando? Proporcionando outra vez um sonho, um sonho em que eu acordava e de repente, recomeçava.

Não, isso não era possível.

Quando consegui abrir os olhos totalmente, processei o que meus olhos enxergavam com um misto de confusão, incerteza e vulnerabilidade. O teto de madeira lustrado e aconchegante protegia-me do frio que provavelmente deveria fazer lá fora. Conseguia sentir pela pele o ar quente vindo da lareira, com a chama da lenha baixa muito usada como se aquela fosse uma das centenas de vezes que estava sendo usada, com o cheiro do calor e madeira vindo a tona repentinamente. Virei o rosto para o lado, localizando os tubos finos dos quais vinham um liquido ( deveria ser soro) que me ligavam a um saquinho no cabo acima e outros, um pouco mais grossos e espessos, penetrados no meu antebraço, que estavam ligados a uma maquina central, que fazia um barulho calmo e constante do bip ( aquele barulho chato e insistente) que eu jurava já ter visto antes alguma vez na minha vida. Eu sabia, no fundo da minha cabeça, o que teria acontecido, mas por alguma razão, minha mente considerava aquilo pesado demais que limitava-o em um grande arquivo pessoal, mas desconfio que era tão extenso que seria mais útil gravá-lo em um pen drive recém comprado, inseri-lo em um computador e procurar em cerca de dezenas de outros arquivos, como eu costumava fazer em um passado não tão distante.

Tentei me movimentar para mudar de posição, entusiasmado pelas novas ações que aquele corpo poderia realizar. Talvez eu tivesse nascido de novo, talvez já tivesse morrido e aquilo poderia ser um estado de subconsciência, um estado de teste que alguma força superior exigira para provar que merecia ir para o céu, como eu tinha certeza que também acontecia naquele filme holandês que eu já tinha assistido pelos menos 3 vezes por ano.

Ou talvez eu ainda estivesse vivo. Desconsiderei a terceira hipótese, eu não poderia estar vivo, não poderia.

Mas então como explicar o estalar dos ossos velhos e desusados, a pele com escassas se revigorando novamente, as duas pernas, antigamente ativas e atléticas, estremecendo-se lentamente? E as minhas mãos? Se antes uma mão pouco se movia, agora as duas tocavam o canto da cama, amassando o lençol branco e aquecido da confortável cama na qual eu me encontrava deitado, erguendo meu corpo magro e forte sobre a cama, me fazendo sentar.

Não pude disfarçar a breve sensação de alegria que mexer minhas mãos, minhas pernas e meus pés, todos os meus membros, causavam. E eu nem tinha vontade de disfarçar, mesmo que aquilo fosse um sonho, que fosse um pesadelo ou até um teste, eu queria aproveitar, por mais breve que fosse. Só a emoção de simplesmente poder fechar o pulso me deixava tão delirante quanto fumar uma droga. Eu sei que me arrependeria, sei que gritaria de raiva e sei que provavelmente me atiraria de um precípicio caso acordasse e encontrasse com aquela maldita vida monótona a qual eu tinha vivido. Com certeza, eu estava morto.

— Sr. Will Traynor, eu sou Rosie Campbell, sua enfermeira particular. – posicionou-se uma mulher ao meu lado, colocando os travesseiros para cima em uma posição calculado e treinada, parecendo adivinhar o que eu queria fazer, apoiando a minha coluna confortavelmente. – Não sabe como estou feliz em ver que finalmente acordou.

— M-minha enfermeira particular? – perguntei a ela, acostumando-me com minha voz rouca, dando um riso cômico em seguida. – Será que até no inferno minha mãe consegue me perseguir?

A mulher pareceu confusa quando disse aquele pequeno comentário sarcástico que parecia-me tão comum. Fiquei em silêncio, apenas encarando-a, perguntando-me quando ela ia sair dali, chamar logo Deus para eu descansar em paz e blah-blah. Como aqueles filmes religiosos de morte sempre mostravam, em versões diferentes, mas sempre querendo dizer a mesma coisa. No entanto, quando ela saiu, pelo menos voltou com um médico especializado, que percebi não se tratar de um inglês. Ao menos, ele sorria.

— Parabéns, sr.Traynor, sou o doutor Lionel Ruschel, é realmente gratificante ver que meu paciente finalmente está acordado.

— Eu não entendo. – disse, pensativo, logo depois que ele me cumprimentou com a mão e eu, ainda anestesiado pelo trajeto da minha mão direita, voltei a me concentrar. – O que esta acontecendo? Por acaso, o senhor é uma espécie de anjo da guarda que vai me dizer algo tocante para decidir qual será meu destino pós-morte? Por que se for isso...

O doutor segurou uma risada, interrompendo minhas palavras, enquanto tentava manter a pose profissional, como se minhas palavras irônicas o tivessem agradado. Talvez ele não encontrasse muitos pacientes em meu estado com um humor tão peculiar.

 Não estava gostando daquilo, não só por causa do excesso de rodeios por parte de Lionel Ruschel, como também por que aquilo estava começando a não parecer um sonho e sim a própria realidade.

— Eu já contatei sua família que o senhor acaba de acordar, e em breve eles estarão aqui. Só quero que me diga como estão seus sentidos, sente alguma dor, consegue enxergar bem, como estão seus membros?

Afastei um pouco o médico, desconfortável com sua falta de objetividade – Por favor, seja direto, o que houve? Ainda estou em Dignitas?

Comecei a me lembrar das coisas como se tivesse encontrado o arquivo do pen drive que tanto procurava e estivesse me revelando milhões de pastas, cada uma com a minha memória de vida desde que tinha entrado naquela maldita cadeira de rodas que tornara-me um aleijado. Respirei fundo, não sentindo mais tanta dificuldade como antes, relembrando de tudo que havia acontecido depois do acidente de moto, depois de ser estilhaçado, depois de ter a medula espinhal praticamente arruinada e depois de ter me tornado um completo imbecil. Apenas lembrei das meias listradas, amarelo e preto, envolvendo as pernas brancas e suaves. Me lembrei da abelha, gordinha e adorável, em meio a pele avermelhada. Lembrei-me das cores vibrantes, das combinações estranhas de brechó, de cores cintilantes e cafonas, dos sapatas alegres e animados demais, dos chás horríveis e das tardes assistindo filmes que eu já havia assistido milhões de vezes, mas que gostava de repetir por causa dela. Lembrei do aroma doce e suave de loção pós banho, do vestido vermelho, cheiroso e decotado que eu mais gostava, dos lábios vermelhos e dos cabelos devidamente arrumados. O sorriso (sim, pode parecer idiota, mas quando ela sorria, parecia ser só uma coisa entre eu e ela) Lembrei de tudo, em um só pensamento. E conforme aparecia mais imagens dentro da minha mente, montando aquele infindável e maravilhoso quebra-cabeças, eu esboçava um sorriso mentalmente, relembrado de outras sensações além da admiração e atração que ela havia me provocado.

— Onde esta ela?

O médico pareceu ainda mais confuso do que a enfermeira Campbell que tive que repetir duas vezes, em alemão, tentando fazer o homem entender do que se tratava. Mas ele parecia não ter a mínima ideia do que eu estava falando, nem mesmo em sua língua natal.

— Quero ver Lou. Onde esta Louisa Clark?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom espero que tenham gostado desse capítulo inicial!!! Só posso dizer que estou super entusiasmada, pretendo continuar postando, espero que vocês gostem, mas não garanto postagens tão frequentes. Peço que me digam nos comentários o que acharam e o que acham que precisam ser melhorado! Não espero nada da fic e só desejo que tenham realmente gostado. Também queria dizer que não li Depois de Você, só fiquei sabendo mesmo pela sinopse e por resenhas e não tive vontade de ler até agora, pelo que andei vendo por aí, a única coisa que fiz foi inserir um personagem dela e qualquer coisa relacionada a vida dele vai ser do meu ponto de vista
*Por favor, não critiquem esse estilo meio ficcional, mas foi o melhor caminho que encontrei para descrever um possível recomeço do Will.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quero você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.