Eu estava nervoso, assustado, admirado. Ela havia voltado, e eu a tinha visto antes, ela havia conversado comigo. Ela sabia quem eu era, já eu não soube quem era ela. Ela havia mudado tanto, estava mais linda – não que ela não fosse antes -, só que, agora, ela se cuidava. Ela sempre foi linda, ela é linda. 

Foi um susto para mim quando a ouvi falar sobre ela. Ela não poderia voltar, não agora. Não neste momento, porem, não iria desistir dela. Já a perdi uma vez, não vou perdê-la novamente. ´ 

As três primeiras aulas já haviam acabado agora, era a hora do intervalo. Só tive uma aula com Piper, o que me fez procura-la toda hora que iriamos mudar de sala, mas nunca encontra-la. 

Estava sentado em uma das mesas que dava para olhar a entrada do refeitório. Já havia pegado o lanche, mas não conseguia comer, estava esperando ela passar por aquela porta. 

— Jason! – gritam o meu nome, chamando-me a atenção – Cara, se você continuar assim, a Reyna te mata. 

— Ela nem liga para mim – Digo ainda encarando a porta do refeitório. 

— Ela é a sua namorada – exclama Leo – É claro que se importa. 

Suspiro fundo e o encaro. Se ele soubesse do porque de estarmos juntos, de que nós não nós amamos, ele não estaria tão preocupado de eu partir o coração de Reyna. Eu deveria fingir que não sei que ele tem uma queda por Reyna, mas eu não consigo. Se eu pudesse, deixaria-a livre para ele, mas eu não posso.  

— Então, vai para a festa de Silena hoje? – Pergunta Percy chamando-nos a atenção. – Vai ter muitas gatinhas de faculdade lá.  

— E acha que elas vão querer alguém como você, Percy? – Pergunta Leo – Elas estão na faculdade, não no primário. 

— Cala a boca, Leo – responde o mesmo – Silena está na faculdade de moda, e eu sou o modelo perfeito para elas. 

— Sempre soube que você queria ser uma boneca, Percy – Exclama Leo rindo – Mas nunca pensei que você iria se declarar na frente de todos. 

— Aposta quanto que eu consigo pegar umas garotas da faculdade? – Começa Percy rindo.  

— Combinamos que nunca mais apostaríamos nada – corto Leo – Lembram-se da ultima aposta que fizemos? 

— Claro que sim – Responde Percy – E ela voltou para lhe assombrar. 

— Ohh! Yeah! – exclama Leo – E falando em assombrar, olha quem acaba de entrar no refeitório. 

Olho rapidamente para a entrada do refeitório, e lá estava ela, andando como se estivesse na passarela, o que eu duvido que ela nunca tenha passado. Ela estava sorrindo e acenando como se fosse uma princesa ganhando a admiração dos seus servos.  

Ela iria diretamente para a fila do lanche, se não fosse algum garoto loiro atravessar a sua frente e abraça-la como se a conhecesse há anos. Sinto o sangue ferver e  escuto os meninos rirem. 

— Calma cara – Diz um deles – Deve ser só algum peguete. 

Viro a cara para o mesmo que não parava de rir. Reviro os olhos e volto o olhar para Piper, que sorria enquanto conversava com o loiro oxigenado¹.  

Ela fala alguma coisa, e começa a andar para fora do refeitório. Olho para o loiro que sorria e continuava no lugar, conversando com Annabeth, que para a surpresa de todos, estava sorrindo também².  

— Volto já, pessoal – Respondo levantando-me da mesa, e seguindo para fora do refeitório. 

Não sabia o que estava fazendo, eu só sabia que queria falar com ela. Eu precisava falar com ela. Eu não devia, mas precisava. 

Quando estava chegando perto da porta do refeitório, Reyna entra sorrindo. Ela olha-me da cabeça os pés. 

— Não faça isso – diz ela – Jason, não estrague tudo. 

— Eu não vou estragar nada – respondo-a – Estou indo falar com o treinador 

— Não sabia que o treinador havia mudado de nome – Ela sorri sínica. 

— Reyna, qual era o nosso trato? – Pergunto bravo – Temos que fingir que somos um casal feliz, e casais felizes não brigam por coisas bobas. Agora, por favor, finja que nós nem tivemos uma discussão. 

Ela me olha brava, mas sorri, e me da um selinho demorado. Sabia que para Reyna o que tínhamos era real, que eu a amava. Eu não queria isso, não queria que ela acreditasse que isso era real, não queria que ela acreditasse que o que vamos ter, era real. 

— Já pegou o seu lanche, amor? – Pergunta ela sorrindo  

— Sim, amor – Respondo-a – Você deveria pegar o seu também, não devia? 

— Claro, vou ir lá pegar – Diz ela ainda sorrindo. Ela iria para a fila, mas volta e sussurra no meu ouvido – Não estrague tudo. 

Reviro os olhos e saio em passos largos do refeitório. Não sabia onde ela estava, nem o que estava fazendo, mas eu teria que acha-la logo. 

Depois de um bom tempo procurando-a, a encontro em seu armário – acho que é o seu armário -, ela estava com um presente em uma das mãos e a outra mexendo em algo dentro do armário. 

— Então, você voltou  – Pergunto chegando perto da mesma –  Voltou e não me disse? 

Ela estava de costas para mim, vejo seus ombros subirem e descerem como se ela estivesse suspirando. Ela vira-se lentamente com um sorriso no rosto. 

— Jason! – Exclama ela – Olá para você também. 

— Por que não me disse que tinha voltado? – Pergunto novamente 

— Não seria engraçado – responde ela dando os ombros – Além disso, não era necessário.  

— Não era necessário? – Pergunto incrédulo – Acha que não era necessário me avisar que você tinha voltado, depois dos momentos que nós passamos?  

— Você está falando dos momentos que me enganou ou dos momentos em que eu era a diversão sua e dos seus amigos? – Pergunta ela seria – Porque se era esses momentos, não era necessário mesmo. 

Abro a boca em espanto. Essa não era a Piper que eu conhecia. Não era a garota tímida e meiga que eu conhecia. A menina tímida e meiga que me apaixonei. Ela parecia mais independente, parecia que não estava nem ai para a opinião de ninguém, era assim que ela parecia, e era assim que ela estava. 

— O que foi? – Pergunta ela com um sorriso malicioso – Achou que eu iria voltar e se jogar em seus braços, Jason? Oh, Jason! Poupe-nos. 

— Você não era assim – e a única coisa que consigo disser 

— Não, não era – responde ela brava apontando um dedo para mim – Mas você usou e abusou da Piper tola, e eu não quero mais ser aquela Piper. Você estragou aquela Piper. 

— Eu... – começo a frase, mas eu não consigo dizer nada. 

— Você quer saber Jason? – Pergunta ela dando um passo para frente – Tudo o que eu queria era chegar e quebrar o seu coração, mas eu não sou tão má quanto você foi. Eu não tenho coragem de fazer um garoto me amar, e logo após quebrar o seu coração. 

— Não foi minha intenção – respondo-a 

— Não? Mesmo? – Pergunta ela com escarnio – Eu acho que estava bem explicito na aposta que você aceitou.  

— Não, não era quebrar o seu coração – Explico-a. E não era, era pior. 

— Não importa o que era – responde ela nervosa. – O que você esta fazendo aqui? 

— Eu... – Respiro fundo – Eu não sei. Eu queria lhe ver, pedir desculpas. 

— Suas desculpas não vão fazer aquela Piper voltar – Responde ela – Nada mais vai fazer aquela Piper voltar. 

Seguro o riso. Poderia parecer estranho, mas eu não queria aquela Piper de volta. Eu queria essa Piper. A Piper dependente que não tem mais medo de dizer o que pensa, a Piper que não tem medo de brigar com alguém maior do seu tamanho. Eu amo aquela Piper, mas essa me fez apaixonar-me ainda mais. 

— Pode parecer estranho – respondo rindo – Mas me apaixonei ainda mais por você assim. 

— Você não tem uma namorada? – Pergunta ela levantando uma sobrancelha  

— Tenho, mas sou apaixonado por outra – Respondo-a. 

— Pena que não vai tê-la. – Diz ela sorrindo passando por mim em direção ao refeitório. 

— Ela que se engana – digo sorrindo. 

Ela pode ter mudado, mas sei que a Piper que se apaixonou por mim ainda está lá, e eu vou fazê-la se apaixonar novamente, nem que isso custe o meu falso namoro