Observo todos à minha volta. Todos estavam divertindo-se, cantado, dançando, rindo. Seria bom estar feliz que nem eles, mas eu não conseguia.
Ela levou toda a felicidade quando foi embora. Todos os dias mais felizes da minha vida foram com ela, e eu simplesmente deixei ela cair por entre os meu dedos.

Fui um imbecil. Um besta2. Eu não podia imaginar que iria me apaixonar por ela. A garota tímida, que usava blusa 3x maior que a mesma, usava Jens surrados, cabelos bagunçados, e sempre com tênis, não importava aonde ia, ela sempre ia com tênis.

Encaro o copo de alguma bebida alcoólica em minhas mãos. Incrível como a única forma que eu possa ser feliz sem ela, e uma das coisas que fui proibido consumir essa noite.

Obrigado Silena, por fazer isso, o seu presente de aniversário. Muito obrigado.

— Você me perguntou o que eu queria de aniversário, e eu lhe respondi – diz Silena ao me ver com o copo na mão – agora, eu gostaria de receber o meu presente...

— Si... - chamo-a – Por que você tinha que fazer a festa do seu aniversário hoje? A data é só segunda-feira.

— Porquê eu quero ficar de olho em você – diz ela – Porquê sei que dia é hoje. E sei que você faz quando sente falta dela. Reyna pode achar que é apenas você quando está em festas, mas eu conheço você. Você é meu melhor amiga, e sei que bebe para esquece-la.

Hoje é dia 15 de março¹, o mesmo dia que ela se foi, e isso já faz 2 anos. E eu ainda me sinto um idiota. Dois anos bebendo que nem um condenado. Dois anos me vendo mudar do filho perfeito, para o filho rebelde. O filho que já tem 12 passagens pela polícia, apenas porque estava bêbado demais.

Reyna é minha namorada. Eu sei, sou um babaca triplo, mas não posso fazer nada quando sua família acha que uma garota possa mudar você. Havia uma garota específica que poderia me mudar, mas ela não está mais aqui.

— E é isso o seu presente de aniversário? – pergunto nervoso – me ver sofrer? É isso?

— Não, não é – responde ela revirando os olhos – Lembra o que aconteceu quando fez um ano que ela foi embora? Ah, é. Você não lembra! Porque estava bêbado demais naquele dia para se lembrar!

“ Você não se lembra que foi na antiga casa dela, e chamou por ela? Ficou berrando por ela o tempo todo. É quando a nossa tia não o atendeu, você invadiu. Você invadiu aonde ela morava Jason, invadiu, e foi dormir na cama dela. Como se tivesse toda a liberdade do mundo. Aquela foi sua 3 passagem pela polícia. Se não fosse pelo seu, você estaria preso agora. E ainda, você teve uma overdose, Jason! Sabe quanto assustou a gente?”

— Silena, olha, se não quer que eu beba, então não me lembre dela – digo irritado – Por favor, eu só lhe peço isso.

— Por que você não se diverte como todo mundo? – perguntas ela bufando – você perdeu alguém que gosta, que triste, mas não precisa ficar assim, Jason. Não quero ver você assim!

— Se eu melhorar a minha cara, você me deixa em paz? – Pergunto

— Pouco provável, mas talvez – responde ela rindo, como se fosse uma piada interna. – Ok, tudo bem, deixo você em paz. Porém, daqui a pouco, o pessoal vai fazer uma fogueira lá na praia. Quero você lá. Aliás, por que não vai agora?

— Porque estou vendo minha namorada dançar com outro cara – digo sem mentiras.

Aponto onde Reyna está. Ela estava dançado com um dos meus amigos. Leo Valdez, é e por isso que eu não o interrompi.

— Sua namorada está dançando com um dos seus melhores amigos – diz ela – Eles não vão fazer nada.

— Claro. – reviro os olhos – Tudo bem, eu vou indo para lá.

Levando do sofá, e deixo minha melhor amiga falando sozinha. Entro no corredor, que dá para a porta dos fundos, observo os quadros da família. Thalia - minha irmã - sempre com a cara de rebelde, e eu com a posse do filho perfeito.

Odeio essa casa. Sempre nos finais de semana, ela e eu víamos para cá. Para a casa de praia da minha família, não fazíamos nada de mais, apenas éramos felizes.

Levanto um dos quadros ali pendurados, e atrás dele, na parede, está duas iniciais “P+J”, e em volta tinha um coração todo deformado. Rio disso, ela era muito esperta, mas não conseguia fazer um coração direito.

Ela o vez para irritar-me. Para me ver bravo. Ela dizia que eu era lindo bravo, e é por isso que ela me irritava. Estava a lápis, eu podia apagar, mas eu não queria. Nunca quis apagar aquilo.

Respirando fundo, e colocando o quadro no lugar, sigo em direção à praia.

Vejo Percy perto da porta, ele estava com Rachel, uma garota da escola que é apaixonado por ele. Rio, chego porta e abro-a toda a calma do mundo.

A única luz que iluminava ali, era a luz da lua, e algumas pequenas frestas de luz que vinham da casa.

Escuto um pequeno estralar, e olho para a direção. Havia uma fogueira acessa ali, e havia uma garota sentada olhando para a lua, segurando um palitinho com um marshmallow na ponta. A garota parecia tão ela.

Mesmo com o pouco de luz pude ver. Ela ² usava um blusa branca colada, uma saia preta, que iá até os joelhos, e um coturno baixo, seus cabelos castanhos estavam soltos, mas não pude deixar de notar a pena que estava em seu cabelo. Essa garota me parece ela.

— A Lua é linda, não é mesmo? - Escuto-me falar. Ela se assusta, e olha em minha direção.

— Sim, é – responde ela. Vou para perto da mesma. Ela volta a olhar para mim, vendo meus movimentos

— Seu marshmallow vai queimar – digo aprontando. Sento-me perto dela. Por que estou conversando com ela?

— Aí meu Deus! – ela grita rindo – é minha cara deixar isso acontecer!

Rio junto com ela. Mal a conheço e sinto que todos os pesos na minhas costas já eram. Que não tenho que me preocupar com nada. E a única que me fazia sentir assim, era ela.

— Qual é o seu nome? – pergunto – conheço todos, menos você. Qual é o seu nome?

— Qual é a importância disso? – pergunta ele encarando o seu marshmallow. Por que ela não olha mais para mim?

— Gosto de saber o nome dos amigos da minha melhor amiga. – digo.

— Não sou amiga de sua melhor amiga – diz – fui convidada pela escola. Quer dizer, quando eu fiz a minha matrícula, estava o papelzinho da festa encima da bancada. Eu achei que seria bom vir...

— Você é nova, aqui então? – Pergunto

— É, mais ou menos. – diz ela sorrindo triste

— Então, veio à festa conhecer gente nova? – pergunto tentado anima-la

— Pouco provável, mas talvez não – ela ri

Rio. Ela pode não conhecer Silena, mas sei que, se as duas se dariam muito bem. Principalmente, pela fala idêntica das duas.

— Você ainda não me disse o seu nome... – Lembro-a. Estou curioso para saber o nome dela.

— Vamos deixar como um mistério – diz ela rindo.

— Ah... – digo – Então, você adora um mistério?

— Digamos que sim – responde ela rindo

— Mistérios são bons – digo tentando vê-la no escuro. Queria ver a cor dos seus olhos, mas está tão difícil. – Meu nome é J...

— Eu sei seu nome – diz ela me cortando – Sei sobre você.

— Como sabe sobre mim? – pergunto curioso. Ela perguntou de mim para alguém?

— Bom, está tarde, e é melhor eu ir embora – diz ela levantando-se do banquinho improvisado.

— Não precisa ir agora – Digo implorando para ela ficar mais um pouco – Minha irmã e seu amigos vão fazer um luau daqui a pouco.

— Não gosto de luau – responde ela triste – me lembra de algo que eu quero esquecer.

— Tudo bem. – digo por fim – Não vai mesmo me dizer o seu nome?

— Não – ela responde rindo – Eu tenho mesmo que ir, Jason.

— Antes de ir... - chamo-a vendo que ela já está perto da porta. – pode dizer como sabe o meu nome?

Ela para. Vira-se para mim, encara-me por alguns minutos, desvia o olhar, e por fim diz

— Tenho algumas cartas na manga – diz ela sorrindo. Olha-me por alguns segundos, e entra na casa.

Observo-a fechar a porta rapidamente. Sinto os caquinhos do meu coração se quebrarem mais do que estão. Sinto me culpado, por achar aquela garota de cabelos chocolates linda, sinto me culpado por acha-la tão parecido com ela. Hoje foi um péssimo dia para estar sóbrio, tudo me lembra ela.