Equinócio escrita por karoreis


Capítulo 2
Seu Lugar




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Eu e Jacob íamos para a escola todos os dias juntos, embora tivesse uma escola na reserva quileute, meus pais e Jacob, por incrível que pareça, teimaram que devíamos estudar juntos. Meus pais já haviam se formado há muito tempo, e nós tínhamos planos de ir embora em breve. Mas minha mãe queria prolongar os últimos dias perto do meu avô Charlie, eu também, e embora não fosse certo, ela convenceu meu pai a deixar que eu terminasse os estudos ali em Forks antes que fossemos embora. Eu raramente saia com meus pais, na verdade meus pais não saiam para nada, uma vez que não envelheciam e seriam facilmente notados. Eu sabia que eu estava abusando da sorte tentando manter uma família de vampiros durante tanto tempo na mesma cidade, eu me sentia mal de mantê-los ali sem poder sair, sem ter o que fazer num tédio eterno, mas não era totalmente minha culpa, ninguém recusava minhas vontades, eu não havia pedido nada, meu pai simplesmente desistiu de contestar logo depois de ter assistido um de meus sonhos, onde íamos embora e eu passava dias chorando de saudades de Charlie e os outro lobos, saudades da casa e outras coisas. Era mais difícil para mim do que para os outros, eu nasci ali, me apeguei muito mais ao lugar do que eles poderiam imaginar. Ninguém se sentia sacrificado por permanecer ali mais um tempo. Carlisle conseguiu um emprego em um hospital bem perto, ele ia e voltava todos os dias, sem dificuldade, é claro. Mesmo assim, eu sentia que todos se animavam mais à medida que eu chegava mais perto da formatura.

         Levando em conta tudo, era por isso que Jacob estava comigo, para me fazer companhia quando meus pais não podiam estar comigo, me proteger de qualquer coisa que pudesse me atingir enquanto eu estivesse longe deles, alem de outras coisas que eu sabia que preocupavam meu pai, embora eu sempre afirmasse que não havia com o que se preocupar, eu me sentia bem com Jacob ali. Afinal, eu era imprevisível apesar do esforço, nada me impedia de cometer um deslize. Fiquei contente por pensar nisso a uma distancia razoável de casa, onde certamente meu pai não ouviria mais meus pensamentos.

         Na maioria das vezes era Jacob quem dirigia até a escola, eu passeava pelas estações de rádio, só para passar o tempo. Afinal, o trajeto até a escola era rápido, vez ou outra trocávamos algumas palavras. Era bom estar com Jacob, nem sempre precisávamos conversar. Não era um dialogo como eu tinha com meu pai. Mas às vezes eu sentia que podia ler os pensamentos dele, assim como às vezes ele era completamente indecifrável. No carro geralmente não conversávamos muito, só quando ele queria, considerando minhas preferências, eu não era capaz de falar com ele do meu jeito enquanto ele dirigia, isso causaria um acidente talvez. Não que nós fossemos morrer.

         Primeiro porque tia Alice preveria, e a família inteira estaria preparada no mesmo segundo. Segundo porque Jacob era bom o bastante pra não bater o carro, e por fim, não que nós fossemos nos machucar de verdade, ou gravemente. O carro talvez ficasse um estado péssimo, se tivéssemos sorte não teria ninguém por perto para se envolver no acidente nem assisti-lo.

         Mesmo assim, eu preferia evitar, eu gostava de usar o trajeto pra pensar em coisas que iam ficando pra trás, como os olhos dos meus pais na porta, me esperando voltar, de longe, talvez de muito longe, parecendo pessoas normais. Eu vivia num mundo muito bizarro.

         - Nessie... – Jacob disse hesitante. Eu apenas gemi em resposta, e ele continuou – Você... bom. Eu estava pensando se... você, enfim...

         - Jake pelo amor de deus, fale. – era engraçado vê-lo lutando com as palavras.

         - Só estive pensando se você não quer fazer alguma coisa hoje, afinal de contas é sexta-feira, amanhã não temos aula e Edward e Bella devem querer um tempo sozinhos.

         Eu o fitei por uns minutos, quieta. Notei que o carro tinha parado, e já estávamos no estacionamento da escola, no entanto ele ainda estava vazio. Não me mexi um centímetro se quer, a não ser pela sobrancelha que se ergueu. Ele não falava direito comigo desde o dia anterior. Eu não sabia porque, só imaginava. Eu perguntei para meu pai, mas é claro que ele não quis responder, preferiu ficar se gabando do seu dom, ao invés de compartilhar as informações.

         No dia anterior Thomas havia me buscado em casa, nós fomos até a casa de Cindy para fazer um trabalho, é claro que eu podia muito bem ter ido no meu carro sozinha ou Jacob teria me levado, ou ele mesmo. Mas ele era pai, ele podia não dizer, mas eu sabia que ele queria que Thomas me buscasse para ele ver o sujeito, ler cada pensamento por trás do nervosismo que Thomas tentava inutilmente esconder, e algo divertiu meu pai, ele só não queria me contar o que era.

         Eu raramente deixava Jacob sozinho durante as tardes, vez ou outra, era tão raro. Então toda vez que eu saia sem ele, eu sentia a revolta do abandono. Mas ele tinha os amigos dele, ele podia aproveitar para ir a La Push, eu sei que homens também fofocam. 

         Ele geralmente demorava mais para fazer as pazes comigo, costumava fazer um pouco mais de drama, embora eu percebesse facilmente como isso era difícil para ele, às vezes eu brincava, e o deixava irritado, fingindo não sentir falta dele. Mas isso era somente nas vezes em que Jacob se tornava insuportavelmente protetor, chegando a apoiar as decisões absurdas do meu pai exatamente como um irmão mais velho, porque em geral era difícil ficar sem falar com ele também Embora isso me magoasse, pois a tristeza nos olhos de Jacob era tão tensa, os sentimentos dele me afetavam de uma forma diferente do resto das pessoas ao meu redor. Era muito mais nítido, era como se ele pudesse fazer exatamente como eu faço, só que sem precisar me tocar. Através dos olhos negros e calorosos eu podia ver tudo o que ele sentia. E quando era a dor que eu via em seu olhar, doía em mim também, eu não podia vê-lo daquele jeito, ele só queria o meu bem, acima de qualquer coisa, eu sei como eles se preocupavam comigo. Eu sei como era o medo de me perder.

         Afinal, a parte mística de mim ainda deixava a desejar. Tecnicamente eu só tenho 6 anos de idade, no entanto sou adulta. Tanto mente quanto corpo desenvolveram muito alem das expectativas. Bem no começo isso era muito mais assustador. O fato de não saber como ia acabar. Se meu ciclo vital seria tão rápido quanto meu crescimento. Mesmo depois dos acontecimentos passados, mesmo depois de conhecer um ser tão mágico igual a mim, e de ver que, na época, ele tinha cerca de 150 anos, ainda era estranho.

         Era assustador e estranho para os outros, mas não mais do que é para mim. Acordar todos os dias diferente, chegando a mudar varias vezes em questão de apenas horas. Agora o crescimento já avia desacelerado, algo que mudava ainda era o cabelo, eu sentia os sapatos apertarem um pouco, e algumas roupas que não cabiam mais. Mas tudo passava despercebido aos olhos humanos normais.

         Ainda assim, eu nunca estava completamente convencida de que iria parar por ali, mas tudo dizia que eu  me tornaria uma adulta aos 7 anos de idade, e jamais mudaria minhas jovens feições pelo resto dos anos, assim como meus pais, tios, avós, assim como Jacob.

         A idade era constrangedora. Eu fingia ter 16 anos de idade, o que ainda parecia mínimo perto da eternidade que estava por vir. Se realmente viesse. Mas era complicado em casa. Nova demais para algumas coisas, velha demais para outras. Às vezes meu pai simplesmente resolvia ignorar minha mente, coisa que ele conhecia melhor do que ninguém, e admitir que eu era realmente uma criança de 6 anos num corpo de moça. Às vezes, por essa intolerância do meu pai, eu acabava fazendo jus as palavras dele, quando subia as escadas batendo os pés e fazendo birra. Trancando-me no quarto enquanto todos riam de minha atitude infantil.

         A verdade era que nem eu sabia mais como considerar minha idade, já não contava mais. Para mim, só importava viver. Isso era outra coisa que eu não podia pensar perto de meu pai. Era o tipo de pensamento que virava tempestade em copo d’água. Eu imagino o quanto seria difícil para eles me perderem, eu jamais queria ir embora. Mas eu era tão incomum, singular e rara. Eu tinha medo que de repente eu fosse uma espécie de semi-imortal diferente, de outra marca, raça ou sei lá o que. Uma semi-imortal fajuta. Uma mortal mutante talvez. Eu não gostava de pensar nas coisas assim, mas eram inevitáveis, eu procurava acreditar que eu era normal, dentro dos meus parâmetros. Eu viveria por milênios, com minha tão amada família, perdendo alguns membros com o tempo, como Renée e Phill, Charlie, os amigos que seriam substituídos com o tempo.

         Meus pais já haviam me preparado para tudo isso, embora fosse difícil aceitar, eu tinha forças para encarar. Afinal, as pessoas mais importantes seguiriam comigo ao longo dos anos, intactos, parados no tempo. Minha família sempre seria pálida, com belezas incomuns, inumanas, frios como a neve, duros feito o mármore, macios como cetim, as vozes ecoando como sinos e os olhos cintilado como ouro liquido. Jacob e os amigos sempre seriam os lobos ferozes, as risadas roucas e grossas como trovões, os olhos negros penetrantes, a pele sedosa, morena, ou avermelhada, o corpo absurdamente quente, mais quente que o meu próprio. E eu sempre seria Renesmee. Completamente normal aos olhos nus. Os cabelos cacheados cor de bronze como os de meu pai, os olhos alcançando um tom de chocolate como eram os de minha mãe, eu não era tão pálida quanto eles, minha pele era um marfim cremoso, e meu pai afirmou que eu corava tão facilmente como minha mãe. Mas ali, naquele mundo mágico, eu era a estranha, embora carregasse em mim a magia e todas as características possíveis que gritavam anunciando que eu era de fato a filha de meus pais, sem deixar escapar qualquer detalhe que fosse. Eu era apenas Renesmee.

         - O que você quer fazer Jake? – eu disse enquanto sentia seu corpo enrijecer e me olhar chocado, depois seu grande sorriso espalhou pelo rosto e foi como se eu pudesse sentir o calor que emanava em ondas elétricas de vitória. Eu quase ri, mas minha sobrancelha ainda estava erguida, e então seu ele abriu a boca e tomou fôlego prestes a falar algo. Eu ergui as duas sobrancelhas esperando, ele paralisou, soltou todo a ar de uma vez e respondeu por fim.

         - Não pensei em nada. – ele admitiu. Então eu não me contive e ri abafado. Ele apenas me fitava. – O que foi? – a voz decepcionada.

         - Jake porque esta fazendo isso? – segurei o seu queixo enorme e definido em meus dedos e olhei bem em seus olhos – Sinceramente?

         Pude ver o conflito que passava pelo seu rosto, ele hesitou umas duas ou três vezes. E eu aproveitei meu toque para “falar”. Pensei em todos os momentos bons que tivemos juntos, as noites desastrosamente engraçadas, todas as risadas que ele arrancava de mim, toda a proteção que ele tinha quase visível em uma bolha, a sensação de bem estar. “Você acha que eu tentaria evitar tudo isso?” Então eu lembrei alguns fatos menos agradáveis, nada demais, apenas ele se transformando tentando ameaçar Rose enquanto atirava a mesa para trás na minha direção, sem querer é claro. “Ops, talvez eu tenha motivos” Então seu corpo teve uma espécie de espasmo e ele me olhava incrédulo. Eu podia ver toda a dor concentrada nele, por menor que fosse Jacob não conseguia aceitar a idéia de me ferir. A dor dos olhos dele por um instante me emudeceu, e eu o fitei pesarosa, doendo em mim. “Você é meu Jacob, é meu sol particular agora, você só precisa fazer algumas das coisas que fazia com minha mãe entende?”. Sua mão alcançou a minha, ele não a tirou de lá como eu pensei primeiramente que faria, ele apenas a estendeu pela sua bochecha corada, e fechou os olhos, um meio sorriso apareceu.

         - Posso fazer mais que isso Nessie.

         “Que bom” e me concentrei novamente na imagem que eu tinha de proteção dele, a espécie de bolha. “Nada pode me ferir aqui, você sabe disso Jake.” Ele apenas assentiu com a cabeça. “Nada pode te ferir aqui”. Ele se contraiu no banco, eu queria tanto poder saber o que ele estava pensando. Eu não sabia mais o que pensar, nem o que dizer. Eu apenas mostrei a ele o que e via, a imagem dele mesmo, confusa, magoada.

         - É difícil quando preciso ficar longe. – ele parou e eu apenas esperei que continuasse. – Eu sei que pra Edward e as vezes para Bella, embora ela não mostre muito isso pra você, seja difícil aceitar a sua idade, eu, bom eu não me importo quantos anos você tenha, eu só preciso saber que você esta feliz. – Ele sacudiu a cabeça em tom de reprovação, ele estava entrando num assunto desagradável e sabia disso.  “É claro que estou feliz Jake”. – Porque?

         Eu não entendi o que ele queria dizer, mas repassei meu mapa mental com todos os setores, um de cada vez, passando por cada rosto. Ele permaneceu imóvel, vendo cada um. Mas notei seu corpo contrair quando foi a vez de passar por Thomas então eu parei, me demorei no rosto dele. “Ele é bonito, e tão educado” pensei na delicadeza em que ele me tratava, eu sabia que Jake ia comparar com o jeito dele, o jeito lobo brincalhão, o jeito que eu amava, mas antes dele saber que eu amava, o deixei um pouco mais nervoso pensando. Lembrei de Thomas abrindo a porta do carro cordialmente para mim. Depois de Jacob quase me tirando do carro pela janela. Ele permaneceu sério, os olhos fechados, a boca se traçou em uma linha fina, as narinas inflaram, ele pareceu ameaçar tirar minha mão, mas percebi que ele estava tremendo na verdade. Então ele tinha pensando justamente o que eu queria. Passei o resto dos rosto rapidamente, depois uma visão aérea dos setores. Seus olhos abriram num rompante, ele me olhava incrédulo, a boca levemente aberta. Eu sabia o que ele pensava, eu via o terror em seus olhos, o pânico se alastrando, os olhos se estreitando pra como se ele perguntasse porque eu estava fazendo aquilo com ele. “Me desculpe” pausei, só para aumentar a tensão, eu era terrível por fazer isso com Jacob, me sentia mal vê-lo sofrer sem necessidade, mas às vezes só assim eu conseguia fazê-lo notar que ele estava sempre se preocupando com as coisas erradas. “Você é grande demais, não achei nenhum setor onde você coubesse confortavelmente” eu dizia enquanto pensava nos setores desenhados no chão, como um alvo. Eu e meus pais no centro, se estreitando num circulo abaixo de nossos pés, no limite. Jacob abaixou o rosto.

         - Eu não me importo com o desconforto.

         “Mas eu me importo com você.”

         - Não, eu me importo com você. – ele corrigiu.

         Eu ergui a outra mão e peguei a dele colocando-a em meu rosto. Sua mão grande e quente era capaz de esmagar meu crânio com uma facilidade extraordinária, era enorme e ainda sim era delicada e confortável. Ele alisou um pouco meu cabelo onde seus dedos alcançavam, sem tirar a mão de minha bochecha.

         “Você não aparece ali, mas isso não significa que não esteja lá” Ele fechou os olhos e apertou minha mão em seu rosto. Eu deslizei sua mão lentamente pelo meu rosto e pescoço, deslizei a minha cuidadosamente para que a mão dele acompanhasse o trajeto. “Você esta aqui Jake.” Eu disse firmando levemente a mão dele em meu corpo “Isso é mais importante do que eu posso ver, ou fazer você ver. Você esta em um lugar onde ninguém te alcança, eu posso mostrar o que esta na minha mente agora, mas não o que tem no meu coração. Ninguém pode te tirar daqui, esse é o seu lugar. As pessoas aqui vão sumir um dia” eu disse enquanto visualizava novamente os setores. “Mas daqui Jake.” Eu apertei sua mão. “Quem esta aqui permanecerá aqui, até que ele pare de bater.”

         - Jamais parará. – sua voz rouca saiu pelos dentes expostos, o sorriso esquentou o carro. “Jamais” eu concordei.

         Ele me deu um beijo leve na testa e saiu do carro, contornando até a minha porta.

         - Então – ele disse analisando a abertura da janela com as mãos e rindo. Depois abriu a porta e me esmagou num abraço de urso. Era tão bom estar com Jacob. – Vamos nos atrasar.

         Eu olhei em volta e o estacionamento já estava cheio. Nós seguimos para a aula automaticamente. Jacob era intimidador, e às vezes até meus colegas, que já deveriam estar acostumados com ele, ainda eram cautelosos. Jacob era enorme, um quileute de pele castanho-avermelhada, a voz grossa, os dentes brancos viviam expostos em gargalhadas que explodiam fazendo seu corpo imenso chacoalhar descoordenado. Ele gostava de ser temido, principalmente pelos meninos. Ele tinha muita percepção em relação a isso, e quando ele me abraçava sem motivo nenhum eu já sabia que era para espantar os olhares que eu atraia com facilidade. Eu diferente de minha mãe gostava de atenção, gostava de ganhar presentes, de que me bajulassem. Afinal eu cresci assim, sendo mimada por todos. Mas eu sabia que a atenção de algumas pessoas era arriscado, afinal eu não pertencia aquele mundo de certa forma.

         Thomas nos encontrou na porta da sala para irmos para a aula de inglês todos juntos. E Jacob não perdia a oportunidade de falar qualquer coisa que demonstrasse que faríamos alguma coisa mais tarde, eu apenas revirava os olhos.

         - Hmm, então vocês... Vocês já têm programação.

         - Na verdade não sabemos ainda que faremos.

Thomas olhou para mim, depois ergueu os olhos até Jacob que assoviava despreocupadamente.

         - Talvez, bom, talvez nós poderíamos ir ao cinema alguma coisa assim.

         Era claro que Thomas não incluía Jacob nesse ‘nós’. E Jacob também notou, nesse caso não perdeu a oportunidade.

         - Estou afim de algo mais emocionante do que cinema.

         Eu revirei os olhos novamente e Thomas fez uma careta. Jacob apenas sorria.

         - Tudo bem, talvez podemos combinar alguma coisa depois. – Thomas disse enquanto seguia para sua carteira.

         Eu peguei a mão de Jacob e o puxei para nosso lugar. “Qual é Jacob? Meu pai esta te pagando pra fazer isso?” Ele permaneceu em pé ao meu lado, enquanto eu me ajeitava na cadeira. Ele pensou um pouco depois se sentou. Eu o fitei nos olhos.

         - Você gosta mesmo dele não é? – ele falou sem emoção

         - Ah Jake, qual é, já conversamos sobre isso..

         - Gosta né? – ele me interrompeu. Os olhos fitando o caderno na sua frente.

         - Gosto. – eu assumi.

         - Quanto?

         - Ah não, não, não, Jake, você não quer conversar sobre isso. Pelo amor de deus, me diga que não,,.

         - Olhe pra você, já é uma moça. – ele disse me interrompendo mais uma vez.

         - Depende do ponto de vista.

         - Ninguém quer aceitar que em sete anos você já esteja assim. Ele disse estendendo a mão para mim.

         - Seis anos. – eu corrigi.

         - Durante pouco tempo – ele acrescentou. – Uma hora as coisas vão ter que acontecer para você. Sabe, toda essas coisas da puberdade. – ele deu de ombros.

         - Você também. – hesitei um momento, e peguei a mão dele. “Toda essa coisa de lobos.” Ele estremeceu ao meu lado. E eu sorri soltando-o, ele sorrindo de volta, ignorando o professor que entrava pela porta.

 


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