Chovia forte, o céu encontrava-se em uma tonalidade escura, mal parecia que ainda era dia. Para os membros do reino, os deuses choravam pela morte do rei, assim como seu filho mais novo, Sasuke Uchiha.

O clima não era dos melhores, o cheiro de tristeza exalava pelo ar do Reino Ira, muitos choravam, alguns tentavam, e outros sequer haviam se entristecido. Caso do filho mais velho, Itachi Uchiha. Para muitos, ele não queria demonstrar o sentimento de tristeza, aliás, ele seria o próximo rei.

— Como você pode não derramar uma lágrima com a morte dos nossos pais? — Sasuke pergunta, enquanto chorava sem parar.

— Faz parte do ciclo da vida, meu irmão — Itachi fala em tom desanimador.

— Eu daria minha vida pelas deles — o mais novo afirma sem hesitar. Um homem, que até então só observara ao diálogo, se intromete.

— Não se deve falar isso, Sasuke — o senhor adverte — Os deuses não gostam de ouvir palavras como essas.

— Eu não ligo para o que os deuses gostam — o menino declara, correndo logo em seguida para os corpos mortos de seus pais, os abraçando e chorando intensamente. Eram suas últimas horas ao lado deles.

— Temos que esconder ao máximo a verdade para esse menino — o homem avisa — Você tem que escutar o seu primo querido algumas vezes, e essa é uma dessas.

— Eu sei disso Obito, eu sei disso...

REINO INVEJA

— Como você está Kankuro? — a mulher pergunta após entrar no quarto do rapaz.

— Estou bem, pelo menos acho que sim — ele responde, ainda indeciso sobre seu bem estar.

— Amanhã é a sua coroação — ela lembra ao rapaz — Está preparado para reinar?

— Creio que sim — ele diz ainda com um pé atrás sobre o assunto — Mas nossas terras não serão mais as mesmas sem nosso pai no comando. Talvez cuidar de um reino seja muita areia para mim.

— Muita areia? Poupe-me, Kankuro — ela discorda com o que ele havia dito — Você é extraordinário em tudo que faz. Seu reinado será fantástico.

— Talvez seja, Temari. Mas muitas coisas irão mudar — ele anuncia — Em breve você sairá daqui. Isso vai ser devastador para mim.

— Será pelo bem do nosso reino, meu irmão — ela tenta consolar Kankuro, que havia ficado emocionado — Mas isso pouco importa. Finalmente você terá os soldados em suas mãos, serão suas marionetes. Isso vai ser fantástico — diz empolgada.

Os dois permanecem conversando por mais um longo tempo. Temari se despede do irmão selando um beijo em sua testa, o que fazia desde o nascimento do mesmo, e indo logo em seguida conversar com Gaara.

Kankuro a observa sair cuidadosamente, ele sentia um peso de culpa por ter mentido para irmã. Mas via que aquilo era necessário, não seria nada interessante revelar que seu desconforto era pelo medo ao seu irmão mais novo, Gaara.

REINO AVAREZA

Hashirama e Tobirama conversavam sobre assuntos do reino. Apesar de  Hashirama ser mais o mais velho, e por lei o legitimado ao trono, após a morte do seu pai. Ele não ligava para isso, junto com Tobirama, reinava o Reino Avareza, que para muitos  vivia sua melhor fase da história.

— Acho que por hoje está bom — Hashirama decreta, colocando um fim nos assuntos que se referiam ao reino.

— Sinto saudades de quando éramos quatro nessa mesa, e não dois — Tobirama lamenta.

— Eu também — uma lágrima escorre pelo rosto do mais velho — Itama e Kawarama morreram pelo bem do reino, perderam suas vidas como desejavam. Igual todos nós da família desejamos.

— Em breve seremos nós dois, e o que restará serão lembranças — Tobirama fala soltando um sorriso de canto, para descontrair um pouco o clima.

— Só podemos morrer quando tivermos um herdeiro para ocupar o trono — Hashirama diz, provocando risos em seu irmão — Tsunade não está preparada para isso, mesmo ela sendo um dos três guerreiros lendários que ganhou poderes mágicos durante aquela batalha.

— Não é pelo fato de ser minha filha, mas eu a acho incrível — Tobirama revela o orgulho que sente pela filha, algo não inédito para os mais próximos, já que o mesmo fazia questão de falar isso em todas as oportunidades — O que me deixa realmente triste é saber que ela não poderá reinar devido o preconceito em nossa sociedade, nunca ganhará respeito. Às vezes eu desejo que ela tivesse nascido homem...

— Gosto da ideia de ter nascido mulher — Tsunade fala ao entrar na sala onde os homens estavam presentes.

— Falando nela... — Hashirama murmura.

— Sem múrmuros, tio Hashi — ela comenta em tom irônico — Ficaram sabendo das novidades?

— Se refere ao nosso reino? — Hashirama questiona.

— Não, é...

— Então não é do nosso interesse — o rei a interrompe, tratando-a de forma rude.

— Tudo bem — Tsunade levanta as mãos como sinal de rendição — Só achei vocês gostariam de saber sobre a morte do rei e rainha do Reino Ira.

— Mikoto e Fugaku Uchiha faleceram? — Tobirama indaga incrédulo. Hashirama dá passagem e Tsunade começa a contar sobre o ocorrido.

REINO ORGULHO

Hizashi observava seu filho treinar. Para os membros do reino, Neji não era como os demais guerreiros. Ele só não era excepcional com a espada, mas também na luta corporal, isso o favorecia muito durante seus combates, que até então havia ganhado todos.

— Seu filho é incrível, Hizashi — Hiashi comenta, após chegar sorrateiramente no lugar — Ele seria um ótimo rei.

— Ficou sabendo sobre a morte de Fugaku e sua esposa? — Hiashi confirma a pergunta que havia sido feita — Itachi reinará aquele reino sozinho, temos que tomar cuidado.

— Sim, sei disso muito bem — o gêmeo mais velho concorda — Temos que treinar ainda mais o seu filho. Igual eles farão com o Uchiha mais novo.

— Sasuke...

— Esse mesmo — Hiashi respira fundo — Meu medo é o Itachi usar os mesmos métodos que fizemos no Neji, nesse garoto. Todos sabemos que o sangue Hyuuga e Uchiha correm mais fortes em suas veias.

— Ai! — Neji grita após sentir uma forte dor em sua cabeça, logo em seguida desmaiando. Os irmãos correm para socorrê-lo.

REINO GULA

— Então você vem ao meu reino, come da minha comida, somente para dizer que quer fazer mais um acordo entre nossos reinos? — o rei Gula questiona irritadíssimo.

— Sem exageros, Chouza. Isso me deixará com sono! —Shikaku, o rei Preguiça, exclama.

— Sorte sua que somos amigos, ninguém vem ao meu castelo e come da minha comida para fazer acordos! — rei Chouza mais uma vez expressa sua indignação.

Um pouco mais distante dali, Chouji e Shikamaru – filhos dos reis Gula e Preguiça, respectivamente – conversavam amigavelmente, afinal de contas, os dois eram bastante amigos, devido os inúmeros acordos entre seus reinos.

— Shika, você acha que será um bom rei? — Chouji pergunta, enquanto devorava inúmeras costelinhas.

— Não ligo para isso, eu só quero descansar — o Nara responde — E você, acha que será um bom rei?

— Contanto que tenha comida suficiente, não ligo para como será meu reinado — Shikamaru começa a rir, ele sabia que aquilo passava de uma brincadeira do amigo, pelo menos esperava que fosse.

REINO LUXÚRIA

— Naruto! — sua mãe gritou. Mais uma vez a raposa do menino estava traquinando pelo castelo.

— Oi, mãe — o menino mal entrara e já havia entendido o motivo de sua mãe ter lhe chamado — Humm, acho que Kurama aprontou de novo — disse, colocando a mão na parte de trás da cabeça e soltando algumas risadas.

O menino rapidamente pegou Kurama e a levou para a parte de fora do castelo. Kurama era uma das nove raposas selvagens que Naruto tinha ganhado enquanto era criança, por isso havia sido apelidado de Nove Caudas. Mas infelizmente somente uma raposa lhe restava, as outras haviam tido um fim trágico.

Naruto mal acabara de entrar e Minato estava em sua espera na sala do trono, ao lado do seu pai estava Jiraiya, um senhor que tinha uma amizade mais que fraternal com Minato.

— Naruto, precisamos falar sobre Kurama — o rei anuncia sem rodeios.

— Eu já resolvi os problemas dela aqui em casa, coloquei-a no lado de fora — Naruto fala, com uma inocência quase transparente de tão pura.

— Não quero falar sobre os atos dela dentro do castelo, isso pouco importa — ele afirma, deixando seu filho surpreso — Naruto, algumas pessoas vieram reclamar sobre a raposa durante essa semana.

O menino já conseguia aos poucos saber aonde seu pai queria chegar, e aquilo o entristecia.

— Kurama assassinou um filho do aldeão — o menino abriu os olhos com espanto — Teremos que mata-la.

Naruto pouco se importou com o que sua raposa tinha feito. O menino rapidamente correu para onde havia colocado seu animal e saiu com ele dali. Correu sem rumo algum, em determinado momento parou, e abraçou fortemente Kurama, seu choro saia como fogo, nada poderia consola-lo.

O menino que era conhecido como nove caudas, agora tinha apenas uma, e em breve, nenhuma.