Kings And Queens escrita por Nina Black


Capítulo 41
Chapter 39 - A Partida Nunca Será Nossa Despedida


Notas iniciais do capítulo

Olá!!! Gente, se que não respondi todos os comentários do capitulo anterior, e peço muita paciência pois irei responder TODOS.
Postei esse antes de terminar de responder, pois ele já estava pronto e queria que vocês lessem ele logo.
Boa leitura!!!



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 Lisanna não conseguiu dormir naquela noite. Ficou a madrugada inteira pensando na viagem que algumas pessoas do castelo realizariam rumo á Floresta Leste, a fim de desvendar os enigmas que cercaram o castelo Dragneel nos últimos dias. Não sabia muito dos detalhes, mas tinha certeza que era muito importante e perigoso.

 E por ser perigoso, estava muito preocupada, já que o homem que amava iria nessa missão, e como se isso não bastasse, ele faria parte da linha de frente.

 Mas ela sabia, sabia que ele não era dela, muito menos queria ser dela. Sabia que ele já tinha alguém, e o que a corroía era saber que esse alguém era justamente Lucy Heartfilia.

 Quando a loira chegou ao castelo, logo as duas ficaram amigas, devido á suas paixões em comum por livros. Sempre a achou muito legal e educada, e, claro, linda. Até mesmo um cego diria isso de Lucy, e sabia que ela não chegaria aos pés dela nem que tentasse.

 Porém o que doía nela era o fato de que em menos de seis meses ali, ela já ocupou um lugar tão grande no coração de Natsu que não tinha mais o pequeno espaço que tinha ali. Claro, ela não achava que ele fazia isso de propósito, muito menos ela. Mas doía. E como doía.

 Doeu ver os dois nas festas dançando juntos. Doeu vê-lo mudar seu humor completamente assim que a avistava na porta dos salões. Doeu ver que ele se embebedou por puro ciúmes dela, e ela nem desconfiou.

 Nunca se declarou para Natsu, já que nunca achara a oportunidade perfeita. Sempre pensara que iria se encontrar com ele na praça da cidade, sentariam para um romântico e lindo piquenique, e que seria ele o primeiro a declarar seu amor. Estava redondamente enganada, e o pior de tudo era que tinha completa ciência disso.

 Admitia que tinha ciúmes de Lucy. Tinha raiva por ela não saber dos sentimentos dele. Natsu era simplesmente incrível e achava que Lucy não sabia disso ainda. Só que não conseguia odiá-la. Ela era simplesmente perfeita e educada com a albina. Ela merecia a felicidade.

 Mas e ela mesma? Não merecia uma felicidade plena do lado do homem que ama?

 Se lembrou que ainda tinha que se arrumar para ir ver Natsu antes do mesmo partir.

 Saiu de sua cama e no meio do caminhou tirou sua fina camisola azul, a deixando no meio do caminho. Foi até seu banheiro e lavou seu rosto, molhando um pouco seus curtos cabelos brancos. Olhou-se no espelho e viu que ainda tinha algumas olheiras, mas nada que uma boa maquiagem que pegara escondida de Mirajane não resolvesse.

 Caminhou até o guarda roupa e escolheu o vestido mais bonito que vira ali. Era todo rosa, com flores desenhadas na barra. Se encantou com ele e resolveu usá-lo. Depois de passar um pouco de maquiagem e de perfumes e cremes, saiu de seu quarto.

 Todos os corredores estavam praticamente vazios, apenas com alguns guardas vigiando algumas portas, mas nada. Tinha certeza que ninguém estava tomando café da manhã agora. Tinham coisa melhor para fazer, como, por exemplo, ver os heróis de Fiore partindo em uma missão que muitos ali consideravam ser suicida.

 Lisanna estava quase correndo, quando viu alguém no final de um dos corredores. Estava de costas, olhando para uma das gigantes janelas de vidro do corredor, mas os cabelos loiros a denunciaram.

 Se lembrou da última vez que a viu, duas noites atrás. Ela a vira beijando a mão de Natsu, que estava entrelaçada na sua, e com certeza deve ter entendido mal a história. Sentia a necessidade de falar para ela, mas não tinha coragem. Tinha medo que Lucy pudesse odiá-la ou algo do tipo. Não falaria nada sobre isso.

 Como estava vendo a cena de longe, não foi percebida nem por Lucy, nem por Levy McGarden, que chegara toda animada para a garota. Pelo visto alguns membros da Fairy Tail foram chamados para ver a saída deles também, e ajudar em algumas coisas. Não estavam ali á toa.

 Aproveitou-se que Lucy estava distraída e passara do outro lado do corredor, tentando se esconder da jovem. Depois disso voltara a andar rapidamente até o pátio principal do castelo.

 Estava simplesmente uma barulheira, e muitos guardas corriam de um lado para o outro, carregando armas e outras caixas de madeira com suprimentos. Lisanna tentou achar Natsu no meio daquilo tudo, mas tudo o que viu fora Elfman ajudando nos preparativos, oferecendo sua força para ajudar a carregar as caixas e arrumar os cavalos.

 - Elfman! – Ela chamou o irmão, que parou para ir cumprimenta-la.

 - Olá, Lis. Viu que já está acabando os preparativos? Logo, logo, o rei e sua tropa partirá para a missão. – Ele disse animado. Lisanna sabia que no fundo Elfman também queria participar daquela missão, mas não fora convocado pro Igneel, nem por ninguém do Conselho.

 - Vi. – Ela disse isso apenas. Estava procurando por alguém em especial. Mas ele definitivamente não estava lá. Se perguntou onde ele estaria.

~~~~~~~~~~

 Lucy não conseguia se concentrar em nada. Acordou bem cedo, não porque quis, mas sim porque não conseguia dormir. As palavras de Natsu ecoavam em sua cabeça como sinos de uma igreja, impedindo a loira de ficar muito tempo com os olhos fechados. E quando dormia, sonhava com as árvores de cerejeira. Sonhava que estava rodeada por elas, e que o vento soprava em seus cabelos como que quisesse dizer alguma coisa.

 Se levantou preguiçosamente assim que o Sol clareou todo o seu quarto, dizendo que já havia amanhecido. Vestiu um belo vestido branco de mangas compridas e bem rodado, com uma linda faixa azul na cintura presa por um laço nas costas. Deixou seus cabelos soltos, colocando apenas um enfeite de ouro na lateral. Olhou-se no espelho.

 Estava mais angelical do que nunca. O branco realçava o tom rosado de sua pele e seus olhos castanhos. Estava linda, mas não se sentia bem. Não estava feliz.

 Natsu estava indo embora, e não sabia exatamente o que ele estava sentindo por ela naquele momento. Era tudo muito confuso. Os dois tiveram sua primeira “discussão” (ou pelo menos ela achava que fosse isso), e ele ficara nervoso. Lucy não sabia ainda da proporção de seus sentimentos em relação á Natsu, mas tinha certeza absoluta que não queria que ele fosse embora. Não queria ter que deixa-lo ir, principalmente com o clima tenso que estava pairando nos dois.

 Passou um pouco de maquiagem, escondendo algumas pequenas olheiras embaixo de seus olhos, e os destacou mais um pouco com o resto de uma maquiagem que ainda tinha. Se lembrou que tinha de sair para comprar mais. Passou um batom rosa nos lábios e achou que já era o suficiente.

 Saiu lentamente de seu quarto, não querendo realmente aparecer ali. Estava com seu estômago embrulhado, mesmo não tendo comido nada, e sua cabeça estava doendo um pouco. Não sabia o que estava acontecendo, mas não estava se sentindo muito bem. Era como se estivesse gripada, ou com um início de uma virose. Tentou não pensar muito nisso, já que odiava ficar doente.

 Ao passar perto de uma das janelas, viu que alguma coisa fazia sobra no chão. Olhou para o lado de fora e a vi. A grande e imponente bandeira dos Dragneel bem na frente da janela, sustentada por um mastro. Um dragão gigante e vermelho a encarava, ou pelo menos foi o que ela percebeu. Era como se os olhos violetas do animal a encaravam como se estivesse a desafiando. Estivesse a instigando a ver até onde ele iria. Lucy se sentiu inofensiva como um cordeiro.

 - Lucy! – Ela ouviu uma voz a chamando do outro lado do corredor. Era Levy McGarden.

 - Levy! – Ela abraçou a amiga, que não a via há um bom tempo. – Está tudo bem?

 - Sim. Lady Ur me chamou aqui para ajuda-la com alguns mapas e livros. Claro que vim, dinheiro é sempre bem vindo lá em casa. – Ela falou divertida, e Lucy apenas sorriu. – Está bem, Lucy? Parece um pouco pálida demais...

 - Estou bem. Apenas estou ansiosa com tudo o que está acontecendo. – Ela disse com um sorriso tímido. Era mentira, não estava ansiosa, estava assustada.

 - Eu sei que a missão que eles irão fazer não vai ser fácil, mas tenha fé neles, que tudo dará certo. – A azulada disse sorrindo com meiguice para a moça. – Irá acompanhar a saída deles? Ouvi dizer que é daqui a pouco.

 - Não tenho certeza. Acho que irei assistir daqui de cima mesmo. Não estou muito bem para ficar perto de muitas pessoas. – Lucy falou.

 - Está muito ruim assim? Quer que eu fique aqui com você? – Levy perguntou preocupada.

 -Não. – Lucy negou na hora. – Vi que está muito animada com tudo isso. Vá lá ver, não se preocupe, eu estou bem.

 - Certeza?

 - Absoluta. Vá, e me conte depois como foi. – A loira disse virando o corredor oposto do qual Levy apareceu. Quando olhou para trás novamente, viu que a azulada não estava mais lá, e ouvia passos distantes. Estava sozinha novamente.

 Quando percebeu, estava sozinha novamente.

 Seguiu andando até seu quarto, porém, já estava na metade do corredor quando viu uma porta entreaberta. Se lembrava que cômodo era aquele.

 - O Salão de Cristal. – Ela disse baixinho, e olhou para os lados. Vendo que não havia ninguém ali, decidiu entrar e fechar a porta atrás de si.

 Estava idêntico á ultima vez que viera ali, que fora há muito tempo. Os vitrais azuis coloriam o chão, o candelabro gigantesco pendurado bem no meio no local, fazendo luzes brancas dançarem em seu vestido á medida que a moça andava de um lado para o outro, como se estivesse a completando, de alguma forma.

 - Não sabia que gostava desse lugar. – Lucy ouviu uma voz muito familiar e parou estática. Havia uma sombra atrás da cadeira de cristal que tinha lá, e ela começou a se mexer.

 Natsu Dragneel sorria tristemente para ela.

 - Natsu?! – Lucy engasgou. Era para ele estar lá fora. – O que está fazendo aqui?

 - A pergunta é: O que Você está fazendo aqui? – Ele respondeu achando graça da cara de confusão da moça. – Meu pai me disse que minha mãe sempre gostou desse lugar. Vim aqui para ver se ela atendia meus pedidos, ou me desse alguma luz, mas acho que ela pensou que eu talvez não precisasse deles.

 O rapaz sorriu amarelo. Lucy o encarou.

 - Você já está pronto para ir? – Ela perguntou com medo da resposta. Ele estava completamente pronto. Com roupas de couro elegantemente moldadas para seu corpo, seus cabelos estavam bagunçados, como sempre, e tinha sua espada de aço vermelho embainhada em sua cintura, presa por um cinto marrom. E em seu peito, reluzia o brilhante e magnífico símbolo da Casa Dragneel.

 O mal estar de Lucy piorou um pouco quando viu que ele realmente iria embora. Não sabia a real razão por estar assim, mas estava com medo. Medo do que pudesse acontecer com todos eles. Se pelo menos sua Visão a ajudasse... Mostrasse á ela o que fazer. Não gostava de ser uma inútil igual estava sendo.

 - Sim. Apenas estou me despedindo. – Ele falou olhando para o candelabro acima de Lucy.

 - Não diga isso. – O coração de Lucy saltou. – Não fale dessa maneira.

 Natsu a encarou. Ela viu aquele mesmo fogo em seus olhos um dia antes. Aquilo a atraía de uma forma que nem ela mesma sabia como, apenas queria ver até onde ela poderia ir sem se queimar. Queria ver qual era o seu limite quando se tratava de Natsu. Porém tinha medo de não existir limites quando se tratava dele em seu coração. Pois era assim que ela se sentia.

 - Por que eu não diria isso? – Natsu perguntou olhando a loira com todo cuidado do mundo. Ainda se lembrava do dia anterior, e de como os dois tiveram uma conversa muito séria. Tinha medo do que ela poderia estar pensando dele naquele momento. Mas, mais forte do que o medo do jovem, era sua curiosidade de sentir Lucy outra vez. – Posso morrer a qualquer hora, sabia disso?

 Lucy fez uma cara feia, franzindo sua testa.

 - Meu pai diz que nossas palavras tem poder. Não pode dizer uma bobagem dessas assim, em voz alta. – Ela reclamou. – Apenas tem que dizer coisas que quer que aconteça com você. Como se tornar rei, ser feliz, ter seus amigos por perto...

 Natsu deu uma risada seca e se aproximou ainda mais de Lucy, ficando a centímetros da loira. Lucy não se moveu, nem se quisesse, conseguiria. Tinha a impressão que se fizesse algum passo brusco, Natsu a agarraria pela cintura.

 - Então eu tenho que pedir em voz alta as coisas que eu realmente quero? – Ele perguntou com um olhar malicioso. Lucy ficou um pouco vermelha. Teria que aprender a medir suas palavras de agora em diante. Natsu se aproximou mais ainda de Lucy, a obrigando a olhar um pouco para cima para olhar em seus olhos cinzas. – Desejo que seja minha, Heartfilia.

 Lucy vacilou um pouco. Natsu não estava brincando, nem curtindo com sua cara. Estava falando sério, mas ao mesmo tempo tinha um sorriso esperançoso em seus lábios. Sem nem mesmo ter consciência de suas ações, Lucy colocou suas mãos finas no peitoral do rapaz. Sentiu que a respiração de Natsu estava descompassada.

 Suas mãos subiram até o pescoço do rapaz, que ostentava um cachecol branco, cobrindo sua pele. Depois disso deu um passo para frente, envolvendo em um abraço caloroso. Ela ficara na ponta dos pés para alcançar os ombros do rapaz. Natsu ficou estupefato com a atitude dela. Não esperava aquilo de Lucy. Não a deixou ir. Envolveu sua cintura e parte de suas costas, a apertando mais contra si.

 - Volte, Natsu. – A voz abafada da moça foi ouvida pelo príncipe. – Ficarei ao seu lado quando voltar. – Ela retirou sua cabeça dos ombros do rapaz e o encarou, ainda com os dois entrelaçados. – Não se despeça de mais nada. Nem de mim, nem de ninguém mais. Volte para cá. Estarei te esperando.

 Lucy poderia considerar aquilo uma confissão. Seus olhos se encheram d’agua ao ver Natsu ali, tão perto de si. Não queria soltá-lo. Ele era o que ela precisava. Era como se estivesse em um frio durante todo esse tempo, e só agora fora descobrir o que era calor.

 Natsu ainda a encarava, com a felicidade e a surpresa estampadas em sua face. Sorriu para a loira e depositou-lhe um longo beijo na testa.

 - Eu voltarei. – Ele disse se afastando de Lucy. – Ainda tem muitas coisas que eu quero fazer. Mas preciso ir primeiro, certo? – Natsu perguntou caminhando até a porta, mas não tirando seus olhos de Lucy, que ficara ali, parada. Abriu a porta, mas parou antes de atravessa-la.

 - Isso não é uma despedida, Natsu Dragneel. – Lucy disse á ele, mais alto, pois o rapaz estava mais distante.

 Natsu sorriu maliciosamente para ela, o que fez um calafrio tomar conta de sua pele.

 - Definitivamente não é uma despedida, Lucy. – Ele disse sorrindo para ela, e logo em seguida passou pela porta, não voltando para trás. A loira tentou não tentar imaginar o que passava na cabeça dele naquele momento.

 Lucy percebeu que lágrimas desciam incessantemente em seu rosto. Mas agora estava mais aliviada. Agora conversara com ele, e sabia que ele iria voltar. Ele tinha de voltar.

 Caminhou lentamente até o pátio principal do castelo, de frente para os jardins, onde todos esperavam ansiosamente o rei e o príncipe chegarem.

 Assim que chegou, Lucy rapidamente encontrou Levy, que ficou ao lado dela, puxando assunto de vez em quando. Todos já estavam ali.

 Igneel acertava algumas coisas com Makarov, o que deu a entender que o Conselheiro não iria. Ur conversava com alguns guardas, e Lucy estranhou Ultear não estar ali para se despedir da mãe. Deveria estar em algum outro canto do pátio onde a loira não conseguiria enxerga-la, ou pelo menos for isso que Lucy pensou. Silver trocava algumas palavras com outros guardas, que concordavam prontamente com ele. De vez em quando, o General lançava alguns olhares para seu filho, Gray, que estava arrumando o cavalo do lado. Juvia estava ao lado de Gray, o ajudando. Trocavam pequenas palavras de vez em quando, apenas. Mas Lucy achou que já era um avanço, tanto para um quanto para o outro.

 Os Lordes Weisslogia e Skiadrum estavam ali, já prontos para partir. Conversavam entre si, e a moça não vira a presença de seus filhos. Rogue Cheney e Sting Eucliffe deveriam ter ficado em suas respectivas casas para tomar conta dos assuntos da família, já que os pais não estariam lá por alguns dias.

 Lucy achou Natsu no meio de tudo. Estava quieto e bem concentrado. Ajustava a cela de seu cavalo branco, depois arrumava novamente as rédeas e o cabresto, checando tudo. Ele não percebera que ela o encarava. Depois de alguns segundos Erza chegou perto dele e iniciou uma conversa animada, com o intuito de descontrair um pouco o amigo. Lucy sorriu com aquilo.

 - Melhorou, Lucy? – Levy perguntou, preocupada.

 A loira apenas concordou com a cabeça, ainda olhando sorridente para Natsu.

 - Sim. Melhorei.

 A azulada percebeu a direção do olhar da Lucy, e sorriu instantaneamente.

 “Será que é isso mesmo que estou pensando?”

~~~~~~~~~~

 - Tome cuidado. – Juvia dizia para Gray, enquanto o ajudava a arrumar suas coisas dentro das bolsas ao lado da cela de seu cavalo.  Rapaz estava sério, não trocava muitas palavras, e parecia bem concentrado. – Não se esqueça que seu braço ainda não está totalmente bom. Tente lutar com a outra mão. De preferência, não lute.

 Ela parecia mais uma médica, dando avisos para seu paciente. Mas era verdade, Gray não poderia fazer movimentos bruscos.

 - Obrigado. – Ele agradeceu secamente ao ver Juvia entrega-lo uma pequena sacola contendo remédios para dor e curativos. Colocou dentro de uma das bolsas, e, ao ver que todos que iriam na missão já estavam montados em seus cavalos, decidiu fazer o mesmo. Olhou novamente para Juvia, que o encarava como semblante sério. – Não se preocupe comigo.

 - Não me dê motivos então. – Ela respondeu secamente, igual a ele. – Volte vivo e assim não terei com o que me preocupar.

 O moreno sorriu de canto com a resposta inesperada da azulada.

 - Prometo.

 E assim, ele, Lyon Vastia, Ur Milkovich, Silver Fullbuster, Skiadrum Cheney, Weisslogia Eucliffe, Erza Scarlet, Natsu e Igneel Dragneel atravessaram os portões á galope, com nenhum deles olhando para trás. Alguns outros guardas foram atrás deles, cobrindo a guarda, enquanto todos ali do castelo os olhavam partir, aflitos.

 Juvia respirou fundo. Tinha que acreditar que tudo iria ficar bem. Que todos iriam ficar bem. E assim, entrou rapidamente no castelo.

 Passou maior parte de seu dia na biblioteca, procurando alguma coisa sobre a Floresta Leste que ainda não sabia. Não achara nada exceto o que todo já tinham conhecimento. Que era uma área grande de mata fechada, com diversos tipos de criaturas diferentes e plantas também variadas. Ficava perto de alguns pequenos vilarejos, mas nenhum realmente relevante. Ficava a um dia de Magnolia, sem paradas, e não havia nenhuma cidade grande em todo o caminho.

 As lendas e rumores eram o que mais a assustava. Não acreditava muito em seres místicos malignos querendo seu coração, ou seu cérebro, como diziam nas histórias de terror. Também não acreditava em tribos canibais, nem em uma velha bruxa que fazia feitiços ao redor da Floresta, e quem entrasse estava amaldiçoado.

 Mas acreditava em pessoas más. Acreditava que existiam pessoas com o coração tão negro capazes de fazerem crueldades implacáveis, e também supunha que pessoas assim não viviam em cidades aconchegantes e felizes, e sim nos lugares mais sombrios e inacreditáveis que se poderia existir. Mas claro que, se ela não acreditasse em coisa assim depois de tudo pelo que passou, seria louca.

 Não houve almoço no palácio, afinal, ninguém estava com fome. Ninguém estava preocupado em saciar sua fome. Mas quando o dia estava quase acabando, Juvia saiu da biblioteca e pediu para que lhe fizessem uma sopa de legumes e que levasse para seu quarto. Não estava no clima para conversar até altas horas com ninguém. Sentia-se tonta de tanto ler, e o que mais queria era descanso.

 Caminhou até seu quarto e retirou seu vestido sem nenhum cuidado. Não queria se preocupar com mais nada naquela noite. Atravessou o cômodo nua até chegar a porta do banheiro. Abriu-a e viu uma banheira gigantesca preparada para ela.

 Suspirou aliviada ao colocar seu pé na água e ver que ela não estava fria, e sim muito quente. Entrou de uma vez e se afundou ali, permitindo-se relaxar. Passava as mãos por seu corpo, se ensaboando e se enxaguando. Adorava tomar banho, apenas para ter a maravilhosa sensação de sentir a água quente escorrer por seu corpo. Estava quase para sair da água, quando um pensamento veio em sua cabeça.

 Gray prometera voltar.

 Por um momento se sentiu sozinha, como no primeiro dia que dormiu no castelo. Ainda dentro da água, envolveu seus braços em seus seios desnudos, afundou-se ainda mais na água, cobrindo até a sua boca. Não sabia o que tinha naquele rapaz, mas ele a confortava sem nem ao menos tocá-la, e não sabia como isso acontecera. Era só ficar sem fazer nada que o Fullbuster vinha á sua mente. E isso estava se tornando mais frequente a cada dia. Olhou para sua mão e viu que não tirara sua aliança para tomar banho. Até se esquecera que ela estava ali. Retirou-a de seu dedo e ficou brincando com ela. Passava a mão lentamente no pequeno pedaço de ouro, lendo o que estava dentro dela.

 Gray Fullbuster.

 Juvia tentou se lembrar se o vira partindo com sua aliança, mas não conseguira recordar. Será que ao menos a usava?

 Decidiu ignorar isso por um tempo e saiu do banheiro rapidamente, colocando sua aliança em seu dedo logo em seguida. Enrolou-se em uma toalha e caminhou até seu quarto, pegando sua camisola de seda e a colocando rapidamente, já que sentia frio.

 Percebeu que as criadas deixaram seu jantar em cima de uma pequena mesa que havia ali no canto. Uma deliciosa sopa de legumes, como ela havia pedido. A tomou vagarosamente enquanto olhava pela janela. As estrelas brilhavam mais aquela noite. Pensou como estariam todos. Se já estavam dormindo, ou se ainda estavam andando.

 Juvia nunca fora de criar muitos laços afetivos com ninguém. Não por falta de vontade, mas apenas não tinha tempo para isso, e fora ensinada a não se apegar as pessoas.

 “Seu melhor amigo pode se tornar seu pior inimigo em um piscar de olhos se ele quiser, então cuidado.” — Sua avó, que falecera quando ainda era uma garota de doze anos vivia dizendo aquilo. Mas sempre pensou que ela morrera sozinha em um casarão chique e distante de todos e da família, então, se se distanciar das pessoas que ama significaria morrer sozinha, Juvia não iria escolher aquele caminho.

 Terminou sua janta e se deitou para ir dormir. Percebeu que o castelo estava mais silencioso que o normal, sendo que ela não conseguia ouvir nem ao menos um passo sequer nos corredores.

 Se afundou em sua grossa manta e relaxou seu corpo no colchão, deixando que todo o seu cansaço fluísse por entre seus membros e saísse em suspiros pesados da azulada.

 Tudo estava muito bem, estava confortável, relaxada e pronta para uma boa noite de sono, apenas esperando o rei e o resto de sua tropa voltar com boas notícias.

 Mas claro, tudo estaria perfeito, se não fosse os gritos.

 Juvia os ouviu, e logo se sentou na cama. Ouve um segundo grito e ela se levantou, colocando um xale por cima de si, mas assim que foi caminhando para o rumo da porta, parou. Deveria ir? Não sabia quem era, e seria muito intrometimento.

 Mais um grito atingiu seus ouvidos. Agora ela sabia para onde ele estava. Não pensou muito nas consequências e correu para o corredor. Assim que virou uma pequena esquina ali, ligando um corredor ao outro, topou com Lisanna.

 - Também ouviu os gritos? – A albina perguntou, e ela também parecia bem preocupada.

 - Sim. De onde estão vindo? – Juvia perguntou ajeitando seu xale. Ouviram outro em seguida. Era estridente e vinha de uma mulher.

 - Pra cá! – Lisanna começou a correr em outro corredor e Juvia a acompanhou. Ambas estavam descalças, então tiveram que tomar muito cuidado para não cair no piso escorregadio, dificultando elas a correrem.

 - É o quarto da Lucy! – Juvia disse entrando de supetão no cômodo. Encontrando a loira ali, em sua cama, se debatendo. – Lucy!

 - Vou chamar ajuda! – Lisanna disse voltando a correr, e Juvia a ouviu gritando para um dos guardas chamarem uma enfermeira. Nessa altura, Mirajane já havia aparecido na porta e visto Lucy ali. Juvia estava mais próxima, e se sentou do lado da amiga, que estava de costas e se debatia por entre os lençóis.

 - Lucy! Está tudo bem! – Juvia dizia e segurara a cabeça da jovem, a virando para si.

 - O que aconteceu? – Mirajane perguntou segurando os braços dela, a fim de não deixa-la se machucar. Assim que Lucy se virou, Juvia teve certeza do que realmente estava acontecendo.

 - Olhe, os olhos! – A azulada disse surpresa. Lucy estava com seus olhos arregalados, olhando para o nada, e com sua íris completamente dourada. E chorava bastante, tão desesperadamente quanto uma criança pequena.

 - Lucy! Acorde! – Mirajane dizia em seu ouvido.

 - Não! Não! – Lucy dizia apavorada, e já sem ar. – Não!

 Em um último grito sufocado, ela acordou de seu transe, encarando Juvia ao seu lado, e Mirajane do outro, a olhando totalmente preocupadas.

 - O que aconteceu, Lucy? – Juvia perguntou limpando as lágrimas da moça com os dedos, enquanto Mirajane soltava seus braços e acariciava sua cabeça, indicando que estava tudo bem.

 - Eu vi. – Lucy falou rouca. Sua voz havia sumido depois de tanto gritar e chorar. – Eu vi, Juvia. – Ela disse olhando com desespero para a azulada.

 - O que? – Mirajane perguntou preocupada. Lucy ainda estava com seus olhos dourados, com essa tonalidade diminuindo ao longo do tempo que passava.

 - Igneel. O rei.

 - O que aconteceu com o rei? – Juvia perguntou segurando firme da mão da Heartfilia.

 - Juvia... O rei vai morrer. – Lucy falou com tristeza e pavor na voz, fazendo tanto Juvia quanto Mirajane engolirem em seco.

~~~~~~~~~~

 Levy McGarden era uma jovem camponesa, que morava na casinha mais afastada e simplória da cidade de Magnolia. Não reclama disso, aliás, até gostava da simplicidade, a achava aconchegante.

 Se ela se sentia sozinha? Nem um pouco. Tinha uma pequenina biblioteca particular em seu pequeno chalé de três cômodos. Tinha um mundo inteiro para si bem ali, em sua cama.

 Porém, naquele dia, teve mais trabalho do que imaginava ter. Acabou saindo mais tarde do que o esperado de seu trabalho, na Biblioteca Real de Magnolia. Como era uma dos poucos plebeus ali que sabia ler e escrever, sempre era chamada para auxiliar o bibliotecário quando o trabalho era demais.

 Neste dia, teve muito mais do que esperava. Por conta da saída do rei e de sua tropa em direção a Floresta Leste, muitos nobres deixaram para fazer suas pesquisas e estudos na biblioteca mais tarde, o que a fez ficar lá até de madrugada.

 Seus amigos, Jet e Droy lhe trouxeram uma pequena sacola, com um pouco de comida. Ficara agradecida, assim não teria com que se preocupar em preparar o jantar assim que chegar em sua casa. Caminhava lentamente pelo pequeno trecho de estrada de terra que levava até sua distante casa. Estava cansada e seus pequenos pés estavam doloridos. Tinha um xale sobre si, a esquentando do frio da noite. Tinha a pequena trouxa de comida em uma mão, sua bolsa de pano pendurada em seu ombro, e um candeeiro em sua outra mão, iluminando poucos metros á sua frente.

 Estava completamente absorta em seus pensamentos, pensando na real razão do rei ter partido, o que não era uma coisa normal de se acontecer. O rei quase nunca saía de seu palácio, a não ser por questões política, onde ele tinha que ir para outros castelos resolver problemas. Mas não parecia que ele iria fazer isso, levando seu filho e o General das tropas reais consigo. E também tinha as armas. Ele iria lutar.

 Apenas queria que todos ali saíssem vivos. Não conhecia muito das pessoas que partiram, mas Levy tinha o dom de sempre ver o lado bom nas pessoas. E ver o lado bom, significa que ela quer que elas vivam para fazer o bem.

 Muitos achavam isso ridículo, mas essa era sua filosofia de vida, e gostava de pensar assim.

 Normalmente, assim que saía de seu trabalho, iria para a taverna Fairy Tail, onde gostava de papear com suas amigas e beber um pouco. Mas estava tão cansada, que sua mente automaticamente guiou seu corpo para sua casa, com pensamentos em sua confortável e quente cama.

 Isso estava em sua mente, pelo menos. Mas não foi o que aconteceu.

 Já avistava seu chalé ao longe, graças a luz da Lua, e seu interior cansado dava pulos de felicidade. Porém congelara ao ouvir um barulho perto de si. Alguma coisa estava se arrastando em sua direção. Não conseguia enxergar o que era.

 Se lembrara do ataque que Magnolia teve dias atrás. Correra como nunca correu antes e se escondeu no porão da casa de Jet, que era o local conhecido mais perto de onde estava. Mas agora, para onde iria correr?

 Não devia, mas fez a seguinte pergunta:

 - Quem está aí?

 Sua voz estava trêmula de medo. Não tinha nada para se defender.

 Deu um passo para frente, e iluminou o chão ao ver uma forma. Eram botas grossas e pretas. Subiu o candeeiro, ao ver que a pessoa não estava se mexendo. Conforme foi subindo, vira que o homem era alto e musculoso, mas suas roupas estavam ensanguentadas, e em seus braços tinham cortes, que escorriam sangue e molhava seus cabelos negros e compridos. Engolindo em seco subiu mais para ver o rosto.

 - Meu Deus. – Ela arfou ao ver que era um rapaz, provavelmente da sua idade. Era muito alto e gemia de dor. – O que aconteceu? – Ela perguntou preocupada ao ver que tinha cortes também em seu rosto.

 - Eles... Não... Podem... Ir... – Ele disse pausadamente com a voz rouca.

 - O que? – Levy perguntou se aproximando. Mas assim que deu um passo na direção do jovem, ele caiu no chão, desacordado. – Senhor! Senhor!

 Ela se agachou ao seu lado e sacudia seu ombro, tentando acordá-lo.

 Poderia ser bobagem, ou até mesmo burrice, mas Levy não conseguia deixa-lo ali sozinho, ao relento. Iria ajuda-lo o máximo que podia. Decidiu que iria leva-lo para sua casa e cuidar dos ferimentos, pelo menos por aquela noite. No dia seguinte ele iria embora.

 Tentou levantá-lo e coloca-lo em seus ombros. Totalmente em vão. Ele era pesado demais para ela, que era bem magra e pequena. Decidiu que iria arrastá-lo pelos braços, já que não conseguiria carrega-lo.

 No caminho, com muito custo, Levy iluminou um pouco mais seu rosto. Ele estava totalmente acabado. Tinha cortes e hematomas por todo canto, mas, pensou que aquelas peças de metal espalhadas por seu rosto, em seu nariz e sua sobrancelha, seria dele mesmo.


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Notas finais do capítulo

Agora sim o bicho vai pegar kkkkkkkk
Espero que tenham gostado! o que acharam de nosso novo visitante? Tenho certeza que já sabem quem é! Até o próximo!



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