Kings And Queens escrita por Nina Black


Capítulo 35
Chapter 33 - A Carta


Notas iniciais do capítulo

Olá!!! Disse que iria ter capítulo no mesmo dia, mas imprevistos aconteceram. Me perdoem!!!!
Bem, agora temos esse, que espero que vocês gostem.
PS: No momento estou quase falecendo, pois acabei de assistir o MV Spring Day do BTS... Levar um tiro doeu menos do que aquela letra kkk
Bom, agora boa leitura!!



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Naquela noite, Lucy não teve sonhos depois daquele, o que ela agradeceu plenamente. Pelo contrário, dormiu o resto da noite como se estivesse desmaiado, e por conta disso foi acordar mais tarde que o normal no dia seguinte.

 Se não fosse pelo cantar dos pássaros literalmente em sua janela, ela acreditava que acordaria depois de dias. Assim que abriu os olhos, viu o Sol iluminando vivamente seu quarto e se levantou em um pulo, desesperada. Vestiu o primeiro vestido que viu em seu guarda-roupa, depois de se banhar. Era uma vestimenta delicada e confortável na cor azul clara, sem muitos detalhes. Prendeu suas longas madeixas loiras em uma trança e achou que aquilo já era mais que suficiente para aquela manhã, depois de comer, iria se arrumar mais.

 Saiu em passos rápidos, porém elegantes até o Salão de Jantar. Encontrou algumas criadas pelos corredores. Percebeu que o ânimo do castelo estava melhorando com o passar do tempo. As pessoas estavam recuperando suas vidas e isso era motivador para elas. Praticamente o castelo inteiro já havia sido reconstruído, e agora parece que Igneel estava querendo redecorar sua grande casa, colocando alguns adereços dourados a mais que o normal, e mudando as cores das paredes de um vermelho intenso para um tom acobreado.

 Assim que apareceu na porta do Salão, o viu cheio e movimentado. Ficou feliz por não estar tão atrasada quanto pensava estar. Deu o primeiro passo e teve uma ampla visão do local.

 Mira e Lisanna estavam na ponta com Freed e Evergreen, conversando animadamente. Bickslow estava ao lado da Strauss mais jovem, concentrado demais em um pedaço de torta de limão para reparar em alguma coisa. Mais a frente Elfman e Laxus pareciam estar em alguma discussão onde o loiro provocava o albino incessantemente, o que resultou em dois copos quebrados na mesa, não que alguém notou isso. Do outro lado, Silver e Makarov pareciam estar em uma partida de um jogo de tabuleiro, onde ambos pareciam bem concentrados, não se importando com a barulheira ao redor. Lucy notou Juvia conversando com Erza mais a frente, e ela viu um sorriso tímido brotar nos lábios da azulada, o que a deixou feliz, ela estava se enturmando com os moradores daqui e se sentindo acolhida, e isso era mais do que suficiente para a loira.

 No meio de toda a bagunça, ela ouviu uma risada familiar. Uma risada travessa e maliciosa ao mesmo tempo. Olhou para a cabeceira da mesa e viu Igneel rir alto com seu filho, o príncipe Natsu, que estava sentado ao seu lado. Ele parecia mais alegre que o normal, e no fundo sabia o motivo, e ficou vermelha por conta disso. Se lembrou da noite passada e sorriu um pouco. Ele parecia não notá-la ali, e Lucy se sentiu grata por isso, não queria causar tumulto em um dos poucos momentos em que ela via que todo o castelo estava em paz. Mas ela acabou se esquecendo de que havia mais amigos seus ali, e que eles a viram.

 - Lucy! Sente-se aqui! - Ela ouviu a voz de Erza, e todos os olhares se viraram para ela. Todos.

 - Bom dia, Lucy Heartfilia. – Igneel disse cordialmente e ela se curvou levemente para o rei. Se virou para Natsu e o rosado a encarava com um semblante calmo e carinhoso.

 - Espero que tenha dormido bem, Lucy. – Ele disse sorrindo de canto, o que deixou a moça vermelha. Ela apenas concordou levemente com a cabeça e foi se sentar com Erza. Não queria prolongar muito aquilo, afinal, não queria que ninguém soubesse do que aconteceu noite passada. Sentou-se do lado da ruiva, e começou uma animada conversa sobre como o castelo está melhor enquanto comia um pedaço de bolo.

 - Realmente... Acho que precisamos fazer uma festa depois que tudo isso passar. – Erza disse sorridente. – Nós merecemos... E tenho certeza que Natsu iria adorar a ideia.

 Lucy não pôde negar de olhar novamente para o príncipe, mas se arrependeu logo em seguida ao ver que o mesmo já estava a olhando há muito tempo. Voltou sua atenção rapidamente para o bolo e tentou não ficar muito vermelha.

 - Tem razão... Acho que ele iria gostar. – Lucy falou sorrindo.

 - Bem... Acho que uma festa formal não irá nos machucar... – Juvia comentou.

 Assim, depois de um tempo, as três engrenaram em uma conversa animada sobre festas, o que fez Lucy se distrair um pouco, até a hora que ela ouviu barulhos de cadeiras se arrastando e se virou para onde Igneel estava sentado. Ele já estava de pé e a loira percebeu que Natsu não estava mais ali. Se perguntou onde ele poderia estar.

 - Juvia Lockser. – A azulada olhou assustada, mas se levantou e fez uma reverência para o rei. – Por favor, poderia me acompanhar?

 - Claro, Majestade. – Ela disse cordial e acompanhou o homem até virar o corredor. Lucy ficou se perguntando o que o rei queria com a azulada, mas depois se distraiu com uma conversa com Erza, quando a ruiva disse que iria ajudar a loira a aprender a lutar.

 - O que? – Lucy perguntou assustada, ao mesmo tempo que a ruiva sorria.

 - Não se preocupe, Lucy. Eu e Natsu não iremos te machucar, sabe disso.

 - Natsu? – Ela perguntou curiosa.

 - Sim. Mais cedo, antes de você chegar, comentei com ele sobre isso e ele achou uma excelente ideia. Não se importa, não é mesmo? – Ela perguntou bebendo um pouco de água, que estava em sua taça.

 - N-Não. – Lucy tentou não transpassar ansiedade e nervosismo quando descobriu isso. E claro que Erza percebeu, mas ela preferiu não dizer nada. Achava que Lucy iria contar á ela quando se sentisse á vontade.

 Mas ela não poderia dizer o mesmo de Natsu, que chegou sorrindo para as paredes hoje de manhã, denunciando que o motivo de seu sorriso era sua amiga.

~~~~~~~~~

 Gray Fullbuster estava chegando á um estado de puro nervosismo. Suas ataduras, por mais funcionais e benéficas que estavam sendo para suas feridas, que estavam se curando rápido e sem nenhum empecilho, estava o incomodando muito.

 Ele já conseguia dar alguns passos sem a ajuda de ninguém e sem sentir uma dor excruciante tomar conta dele, mas mesmo assim preferiu ficar na cama por um tempo, a fim de economizar energia.

 Porém, ele estava sozinho tempo demais naquele quarto. Juvia estava demorando muito para vir trocar seus curativos, que já estavam pregando em seu corpo.

 Tentou não pensar muito nas feridas, então se concentrou em achar uma forma de contar para Juvia sobre o que pensara a noite inteira. Depois de sua conversa com Natsu, o moreno tomara uma decisão importante, porém precisava da opinião de sua noiva para isso. Sim, Juvia estar ali era vital.

 Depois de um tempo olhando para o quadro em frente a cama de Natsu, ele ouviu leves batidas na porta e se virou para ver quem era. Assim que viu a azulada entrando depressa, decidiu se aprumar mais na cama, se levantando e ficando sentado. O problema é que ele fez isso muito rapidamente, oque ocasionou da moça perceber o movimento brusco dele e o olhar surpresa.

 - Olá, Gray. – Ela disse com suavidade e cordialidade. – Me desculpe atrasar... Perdi-me um pouco do horário conversando com Erza na mesa de café hoje.

 - Hm. – Gray apenas resmungou. Queria estar ali na mesa com seus amigos também. Não aguentava mais ficar sem fazer nada. Juvia deixou uma maçã em cima do criado mudo do lado da cama onde o jovem estava e foi para o banheiro.

 Gray abocanhou a fruta enquanto olhava pela fresta da porta o que a moça estava fazendo ali. Primeiramente ela lavou as mãos e pegou uma bandeja de prata que estava perto da banheira, com alguns vidros contendo líquidos de diferentes cores, alguns curativos limpos e também panos brancos.

 Aproximou-se para perto dele e se sentou ao seu lado na cama, ficando próxima do rapaz. Os dois já não se importavam mais sobre esse contato mais “íntimo” do casal, afinal, ele não queria nada com ela e ela também não pensava nada sobre o que ele poderia fazer, afinal, estava machucado. Iria cuidar dele. Fez essa promessa para si mesma, que iria fazer Gray melhorar completamente o mais rápido possível.

 - Está se sentindo melhor? – Ela perguntou e ele deu uma longa e boa olhada no rosto da moça.

 Juvia estava começando a se acostumar com o jeito inconveniente e estranho de Gray. Mas se perguntou se isso era só com ela ou com as outras garotas ele também era seco e lançava longos olhares, como se ele quisesse analisar sua própria alma através dos olhos das pessoas.

 - Estou. – Ele falou dando mais uma mordida na maçã. Juvia tirou o curativo sujo com um pouco de sangue e limpou o local. – Juvia... Nós precisamos tratar de alguns assuntos... Que eu penso que não podem mais ser adiados.

 A moça não o encarou, e continuou a fazer o curativo no rapaz. Gray percebeu que ela não parecia estar ligando muito para o que ele acabara de falar.

 - Por acaso... Igneel conversou com você? – Ele perguntou desconfiando de que ela já sabia que o lugar onde o exército do Ocidente invadiu foi o Litoral. O lugar onde ela deveria estar tomando conta. Ela parou de fazer o curativo e ficou olhando para o machucado.

 Por um instante Gray achou que ela iria chorar, e ele teria de consolá-la, porém Juvia apenas o olhou com frieza e concordou com a cabeça.

 - Sim. – Ela disse baixinho. – Não precisa dizer mais nada. Sei que a culpa é de Juvia. – A moça falou voltando a fazer o curativo, porém com mais força que antes. Gray a encarou e achou engraçado ela se usar na terceira pessoa, mas ignorou isso.

 Juvia parecia mais pálida que o normal, com pequenas e delicadas olheiras abaixo de seus olhos azuis. Porém parecia disposta á tudo. Gray achou graça disso, nunca viu uma mulher agir dessa forma. Ela parecia ser muito delicada, mas ele sabia que não era, nem perto, frágil. E se dissesse que ela era fraca em sua frente, já tinha intimidade suficiente com ela para saber que ela iria abrir outro ferimento em sua barriga com o que estivesse em seu alcance.

 - Não é culpa sua. – Ele disse baixinho, se lembrando do começo de tudo. – Se não fosse por mim, ninguém saberia que o Litoral está mais desprotegido que o normal.

 Ela terminou o curativo do rapaz, e pela primeira vez olhou em seus olhos com seriedade que intimidou Gray. Sabia que ele estava errado, apenas detestava admitir isso para todo mundo.

 - O que? – Ela perguntou arrumando as coisas na bandeja e a colocando de lado. – Como assim?

 O jovem respirou fundo. Iria ser uma longa história.

 - Eu... Tinha amizade com uma mulher, ela se chama Jenny. E eu acabei... Contando coisas para ela que eu não deveria contar. – Ele disse baixinho, olhando para suas mãos. Tudo em sua cabeça estava confuso, e ele estava com medo de não conseguir passar tudo o que sentia para a azulada, que o olhava sem nenhuma expressão.

 - Como? – Ela perguntou sem entender. – Você fez o que?

 - Me desculpe. Eu juro, juro por tudo, que eu confio em Jenny, e acho que tem mais história por trás disso do que parece! – Ele falou se aprumando rapidamente, o que o fez sentir dor em seu ferimento, a ponto de fechar seus olhos, devido a força que fez para tentar se levantar. – Augh!

 Ele colocou uma mão no machucado, a fim de tentar para a dor. Sentiu uma mão tocar seu ombro levemente, o que o fez abrir seus olhos e olhar para frente. Juvia estava com uma feição preocupada, e assim que o viu a olhando, tirou a mão rapidamente, envergonhada.

 - Não se esforce. – Ela falou arrumando um travesseiro nas costas de Gray, e em seguida se virou para ele de novo. – O que estava dizendo? Por que acha isso?

 - Jenny é... Acostumada á receber segredos dessa forma, portanto acho que não foi por vontade própria que ela quis falar isso. E fora todos aqui do castelo, ela era a única que sabia de mais coisas do que o povo de Magnolia.

 Juvia pareceu pensar um pouco no assunto. Depois voltou a encarar o jovem que, pela primeira vez, ela via uma expressão com um leve semblante de preocupação e arrependimento por trás da máscara de gelo que o Fullbuster sempre usava.

 - Acho que entendi o que você quis dizer. – Juvia disse. Gray arqueou uma sobrancelha em espanto. Não esperava que ela fosse entender isso tão facilmente. – Assim que melhorar completamente vamos visitar essa tal de Jenny. – Ela disse se aprumando, decidida.

 - Desculpe... Nós? – O filho de Silver perguntou espantado com a atitude da azulada. – Nunca disse que queria te colocar nisso.

 - Gray Fullbuster, com todo o meu respeito, mas acho que não pediria sua permissão para entrar em assuntos em que minhas terras estão em jogo. – Ela falou toda decidida e Gray se assustou um pouco com isso, mas no fundo achou tudo muito cômico. Juvia realmente andava conversando demais com Erza.

 Por fim, o moreno se rendeu.

 - Certo. Vamos investigar o que aconteceu depois, mas eu realmente queria me desculpar por ter te colocado nessa situação. Eu não tinha nenhuma intenção de fazer isso. – Ele falou cruzando os braços e olhando para Juvia. Ela trajava um elegante vestido preto com detalhes em prata por toda a saia, e suas joias azuis ressaltavam o quão bonito era a cor de seus olhos. Mas era mais que claro que Gray se recusou a pensar nisso. Não era o momento, afinal, ele não sentia nada pela moça, por que reparar nesses detalhes? Ele nunca havia reparado no vestido de nenhuma mulher com quem conhecera. Digamos que ele estava mais interessado no que havia por baixo da peça.

 - Feito. – Ela falou sorrindo minimamente. – Bem... Então acho que... – Ela fez menção de se levantar, mas ele a interrompe.

 - Espere. – Gray disse rapidamente, o que fez Juvia hesitar e se sentar novamente. – Tem mais uma coisa que eu preciso te falar.

 - O que você fez? – Ela perguntou já desconfiando de que seria mais uma confissão de Gray para ela.

 - Não... Desta vez não irei lhe contar nada. Irei fazer uma proposta. – Ele se embaralhou um pouco nas palavras, afinal, nunca imaginou que elas pudessem sair de sua boca tão rápido. – Quero dizer... Já fizeram para nós, mas... Fizeram errado. – Ela olhou para ele com uma feição de divertimento e confusão. Gray percebeu que ele estava se atrapalhando mais do que devia, respirou fundo e tentou conectar as palavras certas em sua mente antes de pronunciá-las. – É sobre nosso casamento.

 Juvia finalmente pareceu entendê-lo, e concordou lentamente com a cabeça.

 - Ah. Claro. – Ela falou colocando suas mãos em seu colo, tentando não passar a vergonha que ela sentia toda vez que esse assunto era tocado. – E sobre o que exatamente queria conversar?

 - Bem... – Gray começou. – Eu percebi que não estava agindo conforme eu deveria agir... Portanto... Diante de tudo o que aconteceu eu acho que deveríamos... Mostrar força.

 - Mostrar força? – A azulada perguntou curiosa. Admitia que estava gostando do rumo desta conversa. Aliás, estava gostando da conversa em si, já que era a primeira vez que estava se falando como dois amigos, ou quase isso, e não como inimigos nem completos desconhecidos. Agora ele a via como uma mulher forte, e conversava de igual para igual, não apenas trocava algumas palavras monossilábicas com sua “enfermeira”.

 - Sim. Agora que o Litoral está fragilizado, precisamos retomar a força dele. Assim, não haverá mais ataques... Eu acho. Pelo menos não pelo Litoral.

 Juvia compreendeu o que ele queria dizer.

 - Certo. E como fazemos isso? – Ela perguntou ciente de que ele já sabia de uma resposta. Gray Fullbuster era um soldado do reino, ele sabia o que o inimigo pensava, e ela, de certo modo, confiava nele e em seu modo astuto de pensar. Apenas estava em dúvida se isso era o certo a se fazer.

 - Eu nunca pensei que iria dizer isso mas... Acho que se nos casarmos, acalmaria os nervos da população litorânea ao ver novos governantes jovens e poderosos, e o Litoral ficaria completamente blindado pelas forças reais e a Casa Fullbuster daria segurança suficiente para todos de lá. – Ele disse rápido demais, mas Juvia já tinha pegado sua linha de raciocínio.

 - Enquanto isso minha Casa ficaria por conta de reparar os danos nas cidades e nos portos. – Ela completou e ele concordou levemente com a cabeça.

 - Então... Acha que conseguiríamos?

 A azulada olhou em seus olhos. Orbes negras e brilhantes a encaravam com seriedade e dúvida, em busca de uma resposta. Em meio a tudo aquilo, Juvia conseguiu achar beleza dentro deles. Uma beleza triste, mas mesmo assim era lindo.

 - Acho que seremos capazes. – Ela disse baixinho. – Não somos fracos. Ninguém aqui neste palácio é. Fomos criados, de certa forma, para isso.

 - Para nos casarmos? – Gray se perguntou, mas Juvia negou levemente com a cabeça.

 - Para governarmos. – Ela se levantou delicadamente. – Eu vi seu machucado hoje, e vi que ele já está muito melhor do que antes. Provavelmente amanhã voltará a andar normalmente, mas é claro que não poderá fazer nenhum esforço desnecessário por alguns dias. – Ela o analisou sorrindo, tentando conter sua alegria. – Amanhã falaremos juntos com o rei, pode ser assim?

 - Sim. – Ele falou olhando para ela tentando transpassar a maior convicção e segurança que um homem poderia dar a uma mulher em um momento delicado como o dos dois naquele momento. Assim que ele disse isso, ela saiu do quarto, deixando a porta encostada.

 Ele se reclinou, encostando suas costas na madeira fria, ainda não acreditando que aquilo finalmente havia saído de sua boca.

 - Era o que tinha que ser feito... ? – Ele se perguntou chateado. Não queria aquilo para si.

 Ele ainda não acreditava. Estava tão perdido em pensamentos que nem viu o príncipe Natsu Dragneel entrar no quarto todo suado, depois de um treino com Elfman e Lyon Vastia.

 - Ei, Gray! – O rosado o chamou displicentemente, como sempre fazia. – O que está reclamando aí?

 - Natsu... – O moreno começou a falar. – Eu vou me casar.

 Gray esperava, pelo menos, uma reação melhor de Natsu, que apenas ficou o encarando com uma expressão de tédio.

 - Você falou com ela? – Ele perguntou tirando sua camisa e a jogando em um canto, junto com sua espada. Se sentou na ponta da cama e tirou suas botas.

 - Sim.

 - Estava demorando demais, não? – Ele perguntou enquanto Happy, seu gatinho de estimação, subia alegremente no colo do dono, o dando bom-dia. Gray jogou uma almofada no rosto do amigo.

 - Queria te ver no meu lugar. – Ele resmungou, porém por conta deste comentário ele se lembrou da situação atual da vida romântica de Natsu. – Então... Falou com Lucy?

 - Não. Ela foi fazer umas coisas com Mirajane e eu fui treinar. Do nada parece que tenho mil coisas para fazer que não consigo conversar com ela. E Lucy parece estar evitando esse contato. Talvez esteja com vergonha... É... Acho que ela faz o tipo da que tem vergonha depois do primeiro beijo. – O rosado falou cruzando os braços, deixando seus jovens músculos mais aparentes que o normal. Se alguma criada passasse pela porta, certamente iria querer ficar ali para sempre ao ver a cena dos dois sem parte de suas roupas. E os dois sabiam disso. Se importavam? Nem um pouco.

 - Mas então fale com ela á noite. – Gray disse fechando os olhos, encostando sua cabeça nos travesseiro. – Tenho certeza que se for ao quarto dela, não sairá de lá tão cedo. Mas... – Ele abriu um dos olhos. – Acho melhor não prolongar muito. Lucy não parece ser aquela moça que gosta de aproveitar apenas uma noite.

 - Claro que não irei. Gostei de como as coisas correram ontem, bem devagar. E pretendo continuar assim, se ela me permitir. – Natsu se levantou e foi para o banheiro.

 - Acho que o seu título de príncipe a assusta um pouco. – Gray disse puxando uma coberta para si, a fim de tirar um cochilo depois da breve conversa com o amigo.

 - Até entendo ela. De vez em quando até eu mesmo me assusto com o que eu sou. – Ele falou através da porta fechada, e em seguida, antes de pegar no sono, Gray ouviu o barulho de um corpo entrando na água para um longo e demorado banho.

~~~~~~~~~~

 Lucy mal acabara de jantar e foi para seu quarto. Não sabia se foi o monte de tarefas que Mirajane passou para a loira, mas ela estava se sentindo extremamente cansada.

 Rapidamente se trocou. Tirou seu pesado vestido e colocou uma fina e leve camisola de cetim branco, que cobria seu corpo por inteiro. Soltou seus cabelos e tirou sua leve maquiagem. Por um lado, até que estava feliz de ter ajudado Mirajane a arrumar seu quarto, afinal, ela se distraiu bastante e foi até que divertido. Mas nada poderia ter tirado aquele sonho de seus pensamentos.

 Assim que saiu do banheiro, a primeira coisa que ela viu foi sua carta. Intacta, em cima de seu criado, como ela havia deixado na noite anterior. Caminhou lentamente até sua cama e se sentou sobre ela, pegando o envelope e olhando atentamente o papel. Não tinha nada demais nele, apenas com o selo da família Heartfilia: Uma grande e dourada estrela, com a letra H bem escrita no centro dela. O selo segurava a ponta da carta, de forma que a impedia de abrir.

 Lucy estava com suas mãos tremendo. Sabia que aquele objeto era a única coisa que sua mãe escrevera para ela e estava assustada com o que poderia achar ali. Mas ela tinha que ter coragem. Em um ato rápido, arrebentou o selo e abriu o envelope, revelando um papel de carta muito bem dobrado dentro dela.

 Acendeu um pequeno castiçal de ouro e o colocou em seu lado. Depois voltou sua atenção para a carta e desdobrou o papel. Seu coração batia rápido, mas não mais de medo, e sim de ansiedade. Aquilo era de Layla, e tinha certeza absoluta disso. Era de sua mãe para ela.

 A primeira coisa que notou foi como a letra era muito caprichada. Com contornos simples, porém perfeitos, as palavras iam se formando como se na hora a pena estivesse dançando em sua mão, onde cada movimento era suave e preciso ao mesmo tempo. Seus olhos se encheram de lágrimas naquele momento, quando ela leu a primeira frase:

  Para minha filha, Lucy.

 Eu sei que agora, você já está uma moça, e que já passou por muita coisa mesmo ainda tão nova. Também sei que essa carta te amedrontou, já que essa foi a única coisa que deixei para ti, minha querida.

 Não se assuste quando te disser que sei de tudo sobre você. Sei que gosta de ler livros, assim como eu, mas romance não é muito seu forte. Gosta mais de livros de aventuras, e mais ainda aqueles que contam fatos reais. Gosta muito de estudar e de sempre saber alguma coisa. Sei que adora frutas vermelhas no seu café da manhã e que detesta legumes no jantar. Como sei de tudo isso? Acho que já deve ter uma pequena noção de como, já que eu e você partilhamos de um dom extraordinário, a Visão.

 Você está muito assustada agora, me desculpe por não estar aí para te abraçar e te consolar, meu amor. Mas não se preocupe, você ainda vai aprender muito, e vai descobrir que esse dom não é um terror nem nada que você não possa lidar.

 Lucy, você vai crescer, vai se tornar uma grande mulher e vai ajudar a todos de uma maneira inexplicável. Mas não irá conseguir fazer isso sozinha. Você precisa fazer aliados, porém não se engane. Nem todos que estão do seu lado são confiáveis.

 Você pode ser nova ainda e não entender direito, mas se lembre disso. Há uma grande diferença de quem está do seu lado e quem é confiável.

 Em alguns casos você irá precisar apenas do que a pessoa pode lhe servir, e não dela em si. Não confie naquelas que parecem querer fazer tudo para você ter sua glória. Confie em seu pai, confie em Aquarius e Capricorn. Confie nas pessoas que você guarda com carinho em seu coração. Nesse momento, eu sei que alguma coisa muito impactante atingiu Fiore. Em minha visão estava tudo borrado, mas sei que isso acarretou vários problemas.

 Você no futuro irá encontrar um homem. Um jovem cuja face está cheia de ira e amargura, mas não o deixe cair nas profundezas. Ofereça ajuda á ele, mesmo quando ninguém mais oferecerá. Seja uma luz de graça sobre o povo, minha filha. Você nasceu para feitos grandes e esse é um deles: desafiar á tudo e á todos em nome daqueles que merecem uma segunda chance. Esse jovem é muito importante. É ele que guarda a verdade, e seria um ótimo aliado para o que está por vir, e um grande amigo. Você receberá mais ajuda, e de pessoas que menos imaginaria.

 Minha Lucy... Eu queria estar aí para te abraçar... Como eu queria. Eu te vi nascer, uma pequena coisinha loira nos meus braços, mas que o destino nos separou de uma maneira brutal. Desculpe-me por não ser uma mãe que está sempre ali para te reconfortar. Mas saiba que, não importa onde eu estarei, eu sempre vou ficar do seu lado. Eu sei o que vai me acontecer, e eu recebo meu destino de mãos gratas, mas confesso que choro á noite me lembrando dos momentos que nunca irei ter contigo. Não vi você falar sua primeira palavra, não vi você começar a andar, muito menos quando você ganhou seu primeiro vestido de baile. E como isso dói em mim.

 Seja forte. Haverá muitas situações que irão te tirar de si, e te fazer querer desistir, mas você é uma Heartfilia, você é nascida da casa das Estrelas. Eu sei que irá conseguir.

 Como eu te amo, Lucy. Eu lhe amo mais que a mim mesma, e eu acho que já provei isso.

 Quando se sentir em solidão completa, tente me achar em ti e nunca mais se sentirá sozinha. Eu sei que vou estar aí contigo.

 Obrigada por me proporcionar o momento mais lindo da minha vida, que foi ter você, minha filha.

 Com todo o amor,

      Layla Heartfilia.

 

 Depois da última frase, Lucy leu a carta mais umas duas vezes. Não estava acreditando que sua mãe lhe escrevera aquilo. Era muito bom para ser verdade. Depois de um tempo, ficou olhando para o nome dela. Era o nome mais lindo que se poderia haver. Passou os dedos por entre as letras, enquanto lágrimas saíam de seus olhos como se não fosse mais parar, e soluços subiam até sua garganta, provocando nós nela.

 - Mãe... Como que queria que você estivesse aqui... – Ela disse colocando o papel em seu colo. – Estou tão sozinha...

 Logo depois, uma dor que ela nunca havia sentido tomou conta de si. Era saudade. Lucy, agora que tinha uma coisa para se apegar á sua mãe, agora que sabia como ela era, a maneira que escrevia e até mesmo sua letra, teve uma vontade imensa de vê-la. Saber como era sua voz, seu cheiro, o que ela mais gostava. Será que gostava de frutas vermelhas como ela? Como ela era quando estava brava com alguma coisa?

 Quando se viu, já estava chorando como uma criança. Soluços vinham á tona, e se transformavam em gemidos quando saíam de sua boca, preenchendo todo o silêncio do seu quarto. Ela estava sozinha. Ou pelo menos achava que estava.

~~~~~~~~~~

 Natsu estava ansioso. Durante o jantar, Makarov começou a discutir com o rapaz sobre possíveis armas que poderiam ser feitas através de um novo tipo de metal recém-descoberto nas Montanhas de Gelo, ou seja, um assunto de que Natsu não se importava nem um pouco. Porém, por conta disso, ele não conseguiu falar com ninguém, muito menos com Lucy. Ele estava começando a ficar com medo de que a loira achasse que ele não queria mais falar com ela. E não era isso.

 Assim que todos saíram do Salão de Jantar, foi para seu quarto descansar um pouco. Assim que chegou ali, viu um Gray muito sonolento acordar resmungando.

 - Natsu... – Ele respirou fundo. – Há quantos anos que nós nos conhecemos?

 - Como assim? Há muito tempo. Desde que nascemos, quase. – O rosado comentou descontraído, se sentando displicentemente em uma poltrona na frente da cama em que Gray estava.

 - E você ainda não sabe que eu tenho sono leve, e que você é muito barulhento? – Ele comentou se sentando, e parou com as reclamações quando viu a cara que Natsu estava fazendo. Era um misto de preocupação com preguiça que o rapaz não estava conseguindo identificar o que era. – O que aconteceu?

 - Não consegui conversar com a Lucy de novo. – O rosado disse respirando fundo.

 - Faça o que te falei, oras. Vai agora! – Ele falou reclamando. Gray conseguia ser bem sistemático quando estava com muito sono, o que era o caso na hora. – Depois não fique reclamando por aí.

 - Só está cheio de conselhos desse jeito porque já tem uma linda esposa para si. – Natsu provocou sorrindo maliciosamente para ele, que o fuzilou com o olhar.

 - Juvia sabe muito bem como vai ser nosso casamento. Já deixamos isso bem claro. – Ele comentou se virando de lado na cama.

 - Entendi... – Natsu disse descrente e se levantou. – Vou ver Lucy.

 - Tá, tá. Só não faça barulho quando chegar. – Gray falou já sonolento, fazendo um gesto com a mão para que ele fechasse a porta quando saísse. O jovem assim fez.

 Caminhou alegremente pelo corredor, até chegar ao quarto de Lucy. Estava ansioso para saber como os dois ficariam depois do dia anterior, e confessava que estava com boas esperanças. Se gostava de Lucy? Bem... Achava que sim. Não chegava a ser um amor intenso e avassalador, mas estava gastando muito disso.

 Porém ele parou na porta do quarto da moça, lugar que lembrava com carinho do que aconteceu, e olhou no espaço da porta entreaberta. Ouviu soluços de choro vindos da moça, que estava sentada em sua cama, de costas para a porta, com apenas uma luz fraca iluminando sua silhueta.

 O peito do rapaz se apertou, será que já havia a visto chorar dessa forma? Abriu a porta lentamente e entrou pelo quarto em passos lentos, até a moça. Lucy não se mexeu, apenas ficou ali, parada, soluçando.

Assim que percebeu quem estava ali, ela virou seu rosto lentamente, vendo a silhueta do rapaz perto de si, e o chamou, soluçando. Não sabia o que ele iria fazer, nem o que ela queria que ele fizesse, mas mesmo assim, seu nome saiu da boca da loira como um apelo.

 - Natsu.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem!!
PS: Quem aqui ouve Kpop? OU pelo menos conhece?
Se vc ouve, me mande uma mensagem e vamos atrair mais pessoas para o caminho sem volta que é o Kpop kkkkkkk
Até o proximo!



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