Kings And Queens escrita por Nina Black


Capítulo 34
Chapter 32 - Primeiro Beijo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!!!
Primeiramente queria agradecer á Aninha, que recomendou essa fic. Muito obrigadaa!!!!
Bem, como um presente meu para você, mais tarde postarei outro capítulo. Sim! dois capitulos num mesmo dia.
Agora, boa leitura!!!



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— Igneel. – Ur disse assim que entrou no escritório do rei, acompanhada de Silver Fullbuster. Estava todo o Conselho de Igneel ali presente, três dias depois de Gray Fullbuster acordar. – Nos chamou?

 Todos ali estavam machucados e com faixas ao redor dos braços. Ninguém saíra ileso, nem mesmo o local onde estavam. Algumas mesas estavam reviradas, mas nada havia sumido.

 - Sim. – O rei disse. – Bem, já que todos estão aqui, eu vou ser bem direto, já que todos temos muitas coisas para fazer hoje. – Ele disse e todos concordaram discretamente com a cabeça, prestando muita atenção no que ele iria falar em seguida. – O Ocidente nos atacou, o que acho que todos aqui perceberam... Mas ainda não temos certeza da razão disso tudo. Porquê eles fizeram tal crueldade com Magnolia. E isso está me atormentando muito.

 Todos ali ficaram pensativos. Ainda não pensaram nisso. Por qual razão atacaram assim do nada? E quem os atacou, na realidade?

 Todos os reinos de Earth Land são conhecidos, porém o que está depois do oceano é o grande mistério para todos. Ninguém nunca se interessou por saber o que estava lá, já que nunca houve nenhuma interferência de ambos os territórios. Mas agora a história mudou. O que estaria por trás do ataque que a cidade sofreu repentinamente?

 - Talvez seja um novo reino, querendo invadir Fiore. Essa seria a teoria mais óbvia. – Ur disse com os braços cruzados. Ela estava com roupas brancas simples, não usava maquiagem, nem estava com armas. Como o tecido da roupa era grosso, escondeu boa parte de seus curativos, mas fora isso ela parecia estar saudável.

 Igneel ponderou a ideia. O rei estava com calças de caça, uma camisa simples azul e seus dois braços estavam enfaixados. Era bem possível ser isso, mas uma dúvida ainda pairava em sua mente.

 - Mas por que justamente Fiore? Sei que estamos ligados ao oceano, mas não somos os únicos assim. – Silver falou.

 - Com todo respeito, Majestade, mas acho que deveria enviar uma carta de aviso aos outros países aliados, dizendo que estamos em risco. Não se pode duvidar da capacidade de ninguém. – Makarov disse de cabeça baixa e em tom sério. O senhor estava com parte da cabeça enfaixada e uma perna imobilizada. Para facilitar sua locomoção, ele estava apoiado em uma espécie de cajado.

 - Claro. Irei mandar vários mensageiros pelos reinos os alertando. – O homem disse com o semblante fechado. – Também irei mandar cartas para os Lordes, esperando ajuda deles.

 - Isso não será necessário. – Grandine apareceu no salão. Tinha um curativo em sua cabeça, mas parecia estar bem. – Weisslogia e Skiadrum já alertaram outros nobres assim que souberam, e avisaram que estavam vindo para cá o mais rápido possível com reforços, a fim de ajudar a reconstruir as cidades.

 A mulher parecia preocupada, mas aparentava não estar com nenhum machucado mais sério, assim como o restante.

 - Onde os moradores que perderam suas casas estão? – Ur perguntou para o rei.

 - Na Catedral de Kardia, até segundas ordens. Vamos reconstruir o que pudermos e abriga-los novamente.

 - Penso que já sabes o que aconteceu com Lucy Heartfilia, Majestade. – Makarov disse olhando seriamente para o rei, que concordou com a cabeça.

 - Laxus e Natsu me deixaram a par de tudo. Apenas queria saber por que ele estava atrás dela desta maneira, e isso é só mais uma das coisas que eu tenho que me preocupar. – Igneel falou suspirando.

 - Alguma coisa a mais aconteceu? – Ur perguntou.

 - Sim. Juvia Lockser também fora vítima de uma tentativa de assassinato, e os guardas me avisaram que tanto um quanto o outro assassino vestiam roupas bem parecidas, e ambos tinham o rosto coberto. – Ele disse sério. – Não sei muito bem o que aconteceu naquele cômodo, mas sei que Gray fora salvo por ela, de alguma forma.

 - Silver, ele acordou? – Makarov perguntou.

 - Acordou, mas ainda parece estar bem fraco. Juvia e os criados estão cuidando dele da melhor forma possível, então penso que estará melhor logo. – O moreno disse se aprumando. Igneel concordou com a cabeça.

 - Acha que deveríamos casá-los, logo? – Silver perguntou receoso com a resposta.

 - Ouvi rumores de que o exército inimigo chegara através do mar, ou seja, pelo litoral. Ele está desprotegido. – Ur afirmou, cruzando os braços. – Não sei a razão, mas foi um golpe de sorte deles arriscarem desta forma. Quero dizer... Eles apenas vieram pelo Litoral e conseguiram passar livremente, pois não está totalmente protegido ainda.

 - Será que foi mesmo um golpe de sorte? – Silver perguntou para a mulher, que estava do seu lado. Ela apenas ignorou sua pergunta. Já havia mais dúvidas do que o suficiente em sua mente, e ela precisava encaixar tudo em sua cabeça ainda.

 - Enfim... Eu receio que já está mais que na hora de casar Gray e Juvia. – Grandine disse sendo direta. – Me desculpe intrometer desta forma, Majestade, mas todos os nobres estão comentando pelos corredores. Isso está se estendendo por muito tempo e arriscando várias vidas.

 - Juvia sabe que o Litoral foi o caminho por onde entraram? – Makarov perguntou.

 - Penso que algum nobre já deve tê-la alertado. – Grandine falou séria olhando atenciosamente para seu amigo de longa data. – Erza já está sabendo disso, e estava conversando sobre este mesmo assunto com Natsu Dragneel. Pelo menos há cinco minutos atrás, quando eu topei com os dois nos corredores.

 Igneel parecia muito pensativo. Olhou para o fundo do salão, onde já havia vários homens cuidando de um enorme buraco na parede que o exército inimigo havia aberto no dia da invasão. Estava quase tudo pronto naquele cômodo.

 - Esperaremos Gray melhorar, e assim conversaremos com os dois. Não podemos simplesmente decidir isso aqui e agora. – O homem disse. – Temos outra preocupação. Natsu me contou tudo sobre o livro que conseguiram pegar do Redfox, e é exatamente sobre a Floresta do Leste. Exatamente onde as coordenadas da cara de Layla indicam. Tem alguma coisa nessa floresta, e quero mandar um grupo de buscas ali o mais rápido possível.

 - E esse grupo de buscas seria? – Ur perguntou curiosa. Igneel apenas olhou para a amiga, e em seguida para a porta, onde por uma fresta era possível ver pessoas andando apressadas com caixas cheias de tijolos e outras coisas, a fim de reformar o mais rápido possível o castelo.

 - Os mais qualificados e bem treinados de toda Fiore. Aqueles que temos certeza de que não irão falhar em hipótese nenhuma, muito menos fraquejar. – Ele olhou para todos no salão. – Nós.

~~~~~~~~~~ Dois dias depois ~~~~~~~~~~

 Gray acordou sentindo sua boca extremamente seca. Ainda estava deitado na cama que pertencia a Natsu. Olhou pelo quarto e ele estava vazio, somente com o rapaz ali. O ambiente ainda estava um pouco escuro, e ele decidiu tentar se levantar para abrir as cortinas, já que não fazia ideia se estava de dia ou de noite, e quanto tempo se passou com ele dormindo.

 Tentou se sentar, mas uma pontada na lateral de sua barriga o fez gemer de dor. Retirou as cobertas e vira que o curativo ainda estava ali, e seu machucado parecia não ter melhorado tanto assim. Mesmo nesse estado, decidiu tentar se levantar, afinal, sentira suas pernas dormentes pelo fato de ter ficado muito tempo deitado.

 Mais cuidadosamente, ele se levantou devagar e se apoiou nas paredes, caminhando lentamente até a janela mais próxima. Deu graças por ter uma cadeira em frente á cortina, e se apoiou nela antes de puxar os tecidos vermelhos e revelar a paisagem da recém-destruída cidade de Magnolia.

 Gray achara que iria ver uma cidade devastada, pelo menos era a forma que ele viu Magnolia pela última vez na batalha. Porém o que viu era uma cidade um tanto quanto bem organizada. Havia muitas casas destruídas, claro, mas grande parte delas já estava sendo reconstruída, com a ajuda de várias pessoas que ele viu que serviam ao rei. Também tinha algumas pessoas com símbolos diferentes nas fardas. Algumas com o símbolo dos Fullbuster, outros dos Milkovich, da família Cheney, Eucliffe e assim por diante. O moreno então deduziu que se passara um tempo desde que dormira, e muitos aliados resolveram ajudar Magnolia a se reerguer. Ficou feliz por isso.

 Ouviu o barulho da porta sendo aberta e se virou lentamente, para ver quem era. Um rapaz de cabelos rosa espetado apareceu sorridente e todo suado.

 - Sabia que essa cama não ia te segurar por muito tempo. – Natsu Dragneel, o príncipe de Fiore falou brincando enquanto caminhava apressadamente até o amigo, parando do seu lado de frente para a janela. – Se já consegue se levantar, já está bem melhor do que a última vez.

 - Quanto tempo eu dormi dessa vez? – Gray perguntou ignorando os comentários dos amigos.

 - Bem... Uns dois ou três dias, mais ou menos. – Ele disse não olhando para o amigo.

 - O que? – Gray perguntou incrédulo.

 - Você estava cansado. E os remédios que Grandine te passou te deixaram muito sonolento. Você acordou agora porque Lady Lockser teve que sair e me pediu para vir aqui te passar o remédio caso você estivesse com febre. – Ele tocou na testa do moreno. – O que não será necessário por enquanto.

 - Juvia ainda está aqui? – Ele perguntou, se lembrando da última vez que a vira saindo pelas portas do quarto. Ela cuidara dele durante todo esse tempo.

 - Claro. Ela não te deixou. – Natsu disse olhando no fundo dos olhos do amigo. Gray sentiu certa angústia. Ele tinha a sensação de que devia á ela por tudo o que ela fez. – Principalmente agora.

 O jovem moreno hesitou.

 - Como assim?

 - Você ainda não sabe... Mas o exército inimigo chegou pelo Litoral. O rei não sabe como eles sabiam que ele estava frágil, nem quem contou, ou se foi mesmo um golpe de sorte. Juvia está muito preocupada. – Ele disse suspirando no final.

 Gray engoliu em seco. Ele tinha uma ideia de quem poderia ter contado ao inimigo, só não conseguia acreditar que essa pessoa teve a coragem de fazer isso, nem que motivo a levou.

 - E você sabe quem foi...? – Gray perguntou não olhando para Natsu, estava com vergonha do amigo. Nunca pensava que Jenny Realight, a mulher com quem havia se deitado noites atrás, contaria tudo o que saiu da boca dele quando não estava sóbrio naquela noite na Blue Pegasus. Só poderia ser ela, senão, quem mais seria?

 O príncipe deu uma risada seca.

 - Se eu não te conhecesse tão bem, duvidaria muito se não fosse alguém muito “íntimo” seu, Gray. – Ele disse olhando com calma para o amigo. – Não contarei ao meu pai, ele irá descobrir sozinho. Mas isso não muda o fato de que você está ferrado, amigo.

 Ele engoliu em seco.

 - E eu não sei? Mas... Eu conheço Jenny há muito tempo, e ela sempre foi fiel ao reino, apesar de todos seus defeitos. Por que ela faria uma coisa dessas? – Ele se perguntou curioso demais. Simplesmente não passava pela sua cabeça que Jenny pudesse ter feito uma coisa dessas, não era de seu feitio contar segredos alheios assim, do nada.

 - Será que ofereceram dinheiro para ela? – Natsu perguntou arqueando uma de suas sobrancelhas.

 - Talvez tenham, mas... Isso já aconteceu antes, ela mesma me disse. De caras oferecerem muito dinheiro em troca de segredos que os nobres contam para ela, mas ela nunca aceitou. Dizia que contar segredos não era seu trabalho. – Gray falou encostando sua testa na janela, sentindo o frio do vidro percorrer seu rosto, o refrescando. – Não acredito que fui o culpado por tudo isso.

 - Não, Gray. Não acho que você tenha sido o culpado. Mesmo que quando eu descobri isso minha vontade foi de partir sua cara ao meio e dar de comida aos cachorros do castelo. – Natsu grunhiu baixinho. – Eu não acho que você seja o principal culpado dessa história. Nem acho que Jenny tenha feito isso por vontade própria. Isso tudo está muito estranho.

 - Preciso encontra-la e saber exatamente o que aconteceu. – Gray disse se virando para voltar para a cama, pegar seu casaco que estava ali do lado, mas uma dor aguda no estômago o impediu de se locomover mais. – Augh!

 - Gray. – Natsu disse preocupado segurando seu amigo pelos braços. – Você tem que dar graças á nossa amizade de uma vida toda, porque foi só porque eu acredito em você que ainda não te joguei pela janela. – Ele disse olhando de canto para o amigo. – Ainda.

 - Mas você estava sorrindo para mim. – Gray protestou.

 - E daí? Só por que estava sorrindo não quer dizer que estava pensando coisas legais pra fazer com você. – Ele disse colocando o amigo da cama. – E... Sinceramente, acha mesmo que irá conseguir sair desse quarto e montar á cavalo nesse estado? Só se estiver querendo se matar e matar seu pai de preocupação. – Ele falou colocando as mãos na cintura e desaprovação.

 Gray permaneceu quieto e abaixou a cabeça.

 - O que vamos fazer agora?

 - Você não vai fazer nada. – Natsu falou bravo. – Eu vou ver Lucy. Depois conversamos melhor sobre esse assunto.

 - E sobre o exército invasor... Já sabe quem é?

 - Tudo indica que é do Ocidente, mas não temos contato nenhum com eles, portanto não vi nenhum motivo ainda para eles nos atacarem. Se bem que Lucy me contou algumas coisas, e meu pai também. – A face de Natsu se tornou fria, e Gray não soube decifrar o rosto do amigo que estava em pé a sua frente. – Sobre Lucy e Juvia. Não sei se havia mais pela cidade, mas no castelo, alguns assassinos do exército inimigo entraram e tentaram assassina-las.

 - Isso eu sei. – Ele resmungou.

 - Mas o que eu quero te dizer é que tudo isso foi planejado. Não atacaram as duas por coincidência. – Natsu falou passando as mãos nervosamente pelos seus fios rosas.

 - Bem... Lucy eu até entendo que ela esteja sendo ameaçada e essas coisas, já que seu dom é muito poderoso e, provavelmente, muito cobiçado. Ver o futuro não é uma coisa trivial que qualquer um consiga fazer. Mas... Juvia? O que ela tem de tão especial para quererem mata-la? – Gray perguntou confuso, enquanto se deitava novamente, rendido pela dor persistente do machucado.

 - Existe algumas possibilidades que eu pensei... Ela poderia estar sendo ameaçada... Ou talvez alguém querendo tirar os poderes de Lady dela queria mata-la... As opções são muitas...

 Gray suspirou. Ele estava fazendo tudo errado, e precisava tentar consertar isso. O Litoral não estava totalmente protegido porque Juvia não tinha total poder sobre a área por ser solteira. E ela estava solteira apenas por um capricho ignorante dele. Ele queria ser livre, mas não sabia o grande preço que teria de pagar se isso acontecesse. Pessoas inocentes com certeza morreram no dia do ataque. Podia não ser o principal culpado, mas no fundo sentia que tinha uma parcela de culpa nisso.

 - Acha que se eu me casasse com ela agora resolveria as coisas? – Ele perguntou olhando para o chão, perdido em pensamento. Natsu o olhou com certa desconfiança.

 - Bem... Acho que não totalmente, mas ajudaria bastante. Pelo menos ela estaria mais protegida do que está agora. Ela parece estar bem abalada.

 Gray engoliu em seco.

 - Irei conversar com meu pai e com ela o mais rápido possível. Eu cuido da segurança da Juvia, já que ela foi praticamente jogada pra cima de mim e também porque devo várias para ela, já que salvou minha vida. Ela sabe lutar muito bem...

 - O que aconteceu naquele cômodo? – Natsu perguntou cruzando os braços, confuso.

 - Eu não vi muito bem... Apenas vi Juvia bloqueando um dos ataques do assassino... E depois eu só o vi caído com minha espada em seu peito. – O moreno disse colocando a mão na cabeça. Quando tentava se lembrar daquele dia, era como se suas lembranças tivessem virado borrões, onde ele não havia entendido muito bem o que havia acontecido.

 - Então ela sabe lutar... Acho que vocês dois tem mais em comum do que pensam...

 - Talvez. – O moreno resmungou e colocou sua cabeça de volta no travesseiro. – Ei, fique de olho na Lucy. Ela precisa de alguém nesse castelo.

 - Eu vou ficar. Principalmente agora que sei que existem pessoas realmente querendo a cabeça dela, não vou permitir que machuquem mais ninguém. – Natsu ficou sério e saiu do quarto, deixando seu amigo ali. Gray logo dormiu novamente, apenas acordando mais tarde, quando já anoitecera, para uma das criadas lhe servir o jantar.

~~~~~~~~~~

 Já era hora do jantar quando Lucy foi avisada que seu quarto fora reconstruído, deixando finalmente a loira dormir em um lugar mais confortável do que uma cama improvisada no quarto de Erza. Claro, ela era extremamente grata á sua amiga por ter cedido um espaço no cômodo para ela, mas isso não tirava o fato de que a cama era extremamente desconfortável.

 Preferiu não ir jantar, já que estava sem fome alguma. Com isso, ela ficara ali, em seu quarto, lendo um livro que Aquarius lhe entregara.

 “ – Leia este livro antes que eu volte de viagem.” – Ela disse no dia anterior. Pelo que soubera, por conta do ataque, alguns parentes dela a chamaram para passar um tempo em sua mansão.e.

 O livro era um romance, porém havia muito da temática política nele, o que foi uma das razões para que Lucy pudesse ler esse livro. Ela adorava livros desse jeito, aliás, era bem difícil desagradar a loira quando o assunto era leitura.

 Depois de terminar o capítulo, decidiu sair um pouco daquele quarto. Estava há muito tempo ali e queria respirar um pouco de ar puro. Estava se recuperando do choque que sofreu no dia do ataque, e por conta disso ficara maior parte do dia dentro do quarto, sem se mover muito nem fazer muito esforço. Decidiu dar uma caminhada no jardim, ou pelo menos o que restara dele.

 Apesar de o jardim ainda estar um pouco destruído, decidiu ver o que restava dele e a parte que os jardineiros, a mando de Igneel, já reconstruíram.

 Grande parte do terreno estava sem nenhuma planta ou árvore, mas já recolocaram uma extensa grama verde e alguns brotos pelo caminho de terra que fizeram. Havia pouca iluminação ali, com a Lua iluminando maior parte do que a moça estava conseguindo enxergar. Bem perto da parede do castelo, tinha um banco de madeira, que dava frente para uma roseira. Lucy se sentou ali e ficou olhando a planta que estava diante de si com certa admiração. Apesar de tudo o que acontecera, não havia uma única rosa ali machucada ou faltando uma pétala. Estava impecavelmente linda.

 Rapidamente pensou em seu pai. Ele era um grande admirador de rosas vermelhas, brancas, rosas, amarelas... Todo tipo. Ele dizia que sua mãe, Layla Heartfilia, amava flores e sempre decorava a antiga casa em que moravam com as mais diversas espécies nativas.

 Sentiu uma coisa ruim dentro dela ao pensar nisso. Por que, sendo que é sua mãe que gostava de flores, ela pensou em seu pai assim que as viu? Por que não consegue assimilar nada com que se pareça com sua mãe? Nem quando vê os livros, que seu pai dizia que ela tanto amava, sua imagem não passava na cabeça da loira em momento algum? E por que não se recorda de ter chorado ao pensar em sua mãe? Talvez pelo fato de nunca ter a visto, ou simplesmente porque nunca se preocupou com isso?

 Havia sua carta, mas por que ela ainda não havia aberto para ver as únicas e sábias palavras que sua mãe havia deixado para ela? Nisso Lucy chegou a uma simples e rápida conclusão. Estava com medo.

 Nunca recebera nada de sua mãe, e por ser uma carta, que realmente mostra a autenticidade de Layla, ela se sentiu receosa. Receosa demais para ter qualquer contato com uma mãe que, ela sabia que era a melhor pessoa do mundo, mas que nunca teve nenhum contato com ela, nem sequer disse nada a ela, nem mesmo sabe o som de sua voz com precisão. Claro que á noite, quando ela se concentra bastante, ela consegue ouvir sussurros femininos vindos de sua cabeça, mas ela não tem certeza se esses sons são lembranças ou apenas ilusões, por isso nunca se agarrou á elas.

 Prometeu a si mesma tentar encontrar mais sua mãe nas pequenas coisas que ela havia deixado. A começar por aquela carta.

 Estava tão absorta em pensamentos, que não percebeu a aproximação de um homem vindo em sua direção, e quando percebeu, era tarde demais. Flashes de seu momento aterrorizante na Catedral de Kardia invadiram seu consciente e ela automaticamente pulou do banco, e soltou um grito. Poderia ser o cara que voltara para pegá-la?

 - Lucy! – Ela ouviu uma voz familiar e gelou. – Sou eu, Natsu. – O rapaz se aproximou mais e parou em frente a ela. – Você está tremendo. – Ele disse pegando suas mãos. – E está gelada. Se não me quiser perto de você, era só falar. – Ele comentou brincalhão.

 Lucy rapidamente voltou á sua consciência normal. Claro que o homem de capuz que queria mata-la não voltaria. Ele estava morto, e mortos não tentam matar ninguém na calada da noite.

 - Natsu, eu... Não foi isso... – Ela disse baixinho, se acalmando. O príncipe a soltara.

 - Não precisa explicar. Só vim aqui ver o que você está fazendo numa hora dessas. –Ele falou se sentando no banco e dando espaço para Lucy se sentar também. – É perigoso uma frágil e solteira dama ficar aqui na calada da noite desacompanhada. – Apesar da pouca iluminação, ela conseguiu ver certo olhar perverso no rosto de Natsu. Porém não se sentiu assustada, pelo contrário, achou graça do modo como ele disse.

 - Você acertou apenas uma das minhas características, Natsu Dragneel. – A loira disse se sentando ao seu lado, porém se arrependeu um pouco assim que percebeu que o banco era demasiadamente estreito para duas pessoas, a obrigando a ficar bem perto dele, com suas pernas encostadas uma na outra.

 - Ah, é mesmo? – Ele perguntou sorridente. – E qual seria?

 - Sou solteira. – Ela disse baixinho e com convicção.

 Ele soltou uma risada rouca, provocando uma sensação estranha dentro do peito de Lucy. Ela não soube identificar o que era. Pensou em sair dali, mas confessava que se sentia á vontade daquela maneira. Durante esse curto tempo no castelo Dragneel, Natsu e ela desenvolveram uma relação de amizade especial, e ela gostava muito disso. Não queria se distanciar.

 - Claro. – Ele falou suspirando pesadamente logo em seguida. – Temo que seu pai já estaria planejando um futuro casamento...?

 Ela o olhou cética com a pergunta, mas achara que o rosado não conseguiu enxergar muito bem, por conta da escuridão em que ambos se encontravam.

 - Onde quer chegar com isso? – Ela perguntou virando o rosto para outro lado. – Meu pai não teve muito tempo para planejar isso, sabe? – Ela disse séria e o rosado riu. – Do que está rindo?

 - Não... Não foi nada... – Ele disse com uma voz inocente. – O que veio fazer aqui sozinha, Lucy? – Ele perguntou mudando de assunto.

 - Vim pensar um pouco. Aquele quarto estava me deixando um pouco cansada. São bonitas, as flores.

 Natsu olhou para onde o olhar de Lucy alcançava e viu a roseira.

 - Certamente. Fico feliz que elas tenham ficado intactas.

 - Também fico.

 - Meu pai ficou uma fera quando descobriu que estado o jardim ficou depois da batalha repentina que tivemos. Ele gosta muito desse jardim. – Natsu falou se sentando mais relaxadamente no banco, e brincava com um cordão em seu pescoço que Lucy não soube dizer exatamente o que era.

 - Acho que ouvi algumas histórias sobre ele. Sua mãe não era? Ela gostava muito desse lugar.

 - Sim. Segundo meu pai ela sempre adorou flores, e quis que o jardim de sua casa sempre ficasse lindo. Desde que ela morreu meu pai o manteve intacto, apenas replantando as mudas que estavam doentes e reparando algumas coisas ou outras. Mas agora... Tudo está destruído.

 Lucy percebeu que Natsu se abalara com tudo o que aconteceu. Talvez fosse um erro dela ao pensar que, por ele ser o príncipe, ele seria sempre forte e aguentasse tudo. Ela viu em sua silhueta que ele estava de cabeça baixa, olhando para o cordão que brincava segundos atrás. Se aproximou levemente e percebeu que se tratava de seu pingente, o pingente da Casa Dragneel. Um pequeno dragão entalhado em cobre, com um “D” desenhado finamente em sua barriga. O animal parecia estar voando para pegar sua cauda, gerando uma forma circular.

 - Bem... – Ela sussurrou já perto dele. Ela se atreveu a tocar levemente o queixo do rapaz e levantá-lo levemente. Natsu se assustou um pouco com essa aproximação. – Nem tudo. – Ela apontou para a roseira na frente dos dois. Ele sorri ao olhar para a planta. – Nada está perdido ainda. Garanto-lhe que sua mãe, onde quer que ela esteja, ficaria muito feliz se visse seu amado filho construir um novo jardim para ela.

 Natsu sorri um pouco desconcertado e olha para baixo.

 - Acho que está certa. – Ele sussurra de volta. – Obrigado , Lucy. – Ela sorri docemente para o rapaz, que se levanta e fica de frente para a moça. – Venha, apesar de não gostar muito, irei te acompanhar até seu quarto.

 - Acho que posso acha-lo sozinha. Mas aceito sua companhia. – Ela disse se levantando. Natsu, antes dos dois começarem a andar, estendeu seu braço direito para a moça, que trespassou o seu esquerdo nele, se apoiando no rapaz, como forma de cortesia. – Vamos.

 Os corredores do castelo estavam mais vazios que o normal. Com a quantidade de afazeres e o aumento de pessoas para serem servidas, a impressão que Lucy teve era que os criados estavam mais cansados que o normal, por isso não ficavam papeando, ou andando calmamente pelos salões e cômodos do palácio. Achara isso bom. Não que estava com vergonha de estar com Natsu, mas com vergonha de estar com Natsu daquela forma. Apenas tardiamente foi notar que estavam perto demais um do outro, e um desconhecido olhando de longe aquilo poderia pensar outras situações entre Natsu e ela. E claro eu não ficaria bem para nenhum dos dois.

 Natsu, ao contrário, parecia bem á vontade com aquilo tudo. Não trocaram uma palavra durante todo o percurso, e Lucy pôde perceber alguns detalhes em Natsu que nunca percebera. O jeito desleixado de ele andar, e a forma como ele cumprimenta as pessoas, educadamente, porém sem muita cordialidade, como se conhecesse todos ali há muito tempo.

 Reparou em uma cicatriz em seu pescoço, que tinha a impressão de ser de muito tempo atrás. Pensou que, em outra ocasião, haveria de perguntar o que acontecera para ganhar uma cicatriz daquela forma. Porém pegou-se pensando que Natsu, afinal, não seria um homem feio, pelo contrário, era muito bonito. Tinha uma beleza incomum, uma aura ainda infantil e atraente que nunca vira em nenhum outro rapaz que conhecera. Nem mesmo Loke, que era um homem que ela considerava ser lindo, transmitia essa sensação. Limitou-se a pensar somente isso. A cada dia que passava, Lucy começava a pensar constantemente em Natsu, e isso era uma coisa ruim para ela. Não poderia fazer isso, afinal, ele era o príncipe de Fiore. Irá ter um compromisso com seu povo e não com ela. Ela seria uma súdita para ele.

 Assim que os dois chegaram na porta do quarto da loira, ela se virou para ele sorrindo docemente.

 - Obrigada por me trazer até aqui.

 - Está arrependida de ter me escolhido para ser sua companhia, Srta. Heartfilia? Já que devo lhe dizer que apesar de sua relutância, fui um bom ombro amigo. – Natsu perguntou com um tom de voz rouco e baixo, e a pouca luminosidade dos castiçais presos nas paredes não ajudavam muito, deixando Natsu com um ar misterioso. Lucy o encarou. Seria impossível não olhá-lo.

 Trajava roupas simples: Uma camisa larga branca de linho, calças de couro pretas e botas marrons de caça. Não se parecia nada com um príncipe naquelas vestes, mas Lucy o achava mais bonito daquele jeito.

 E tudo aquilo no final resultou um jovem príncipe, porém com as feições de um homem, caminhando lentamente até a loira, que tinha chances de correr, era apenas abrir a porta e entrar em seu quarto. Ela sentiu a madeira fria tocar suas costas quando deu um passo para trás.

 - O que? – Lucy perguntou e percebeu que sua voz não saía muita coisa. Estava nervosa.

 - Está? – Ele perguntou. – Se estiver arrependida, Lucy, apenas abra a porta e entre em seu quarto. – Ela sentiu a mão grande e quente de Natsu tocar em sua cintura. – Eu... Eu confesso que quis fazer isso há algum tempo... E hoje você tirou todas as minhas dúvidas, Lucy.

 Ela olhou em seus olhos cinzas, e suas respirações estavam entrecortadas. Lucy se arrepiara quando Natsu apertou seus dedos na cintura da loira. Não estava acostumada com aquele toque.

 - Natsu... Eu... – Ela disse baixinho para ele, mas ele não a ouviu. Lucy, no fundo, não queria ir embora, queria ficar ali, com Natsu. Mas ela sabia que isso era errado. – Isso não está certo.

 Ele parou um pouco e deu mais um passo adiante de Lucy, colando seus corpos.

 - Acha mesmo que se isso tudo realmente fosse errado, ainda estaríamos aqui? – Ele sussurrou marotamente se aproximando do rosto da loira.

 Ele colocou sua outra mão no pescoço pálido e delicado da jovem, o que fez seu pobre e jovem coração delirar. Não sabia o que estava acontecendo com ele, mas sabia que ele queria Lucy. Disso ele teve certeza.

 Ela respondeu sua pergunta com um silêncio e ele sorriu.

 - Se você não estiver gostando... Apenas entre em seu quarto e eu vou dormir sem reclamar... Mas... Eu te peço pra ficar. – Ele falou com uma voz que Lucy acreditou ser manhosa demais para um homem como ele. A loira sentiu o calor da pele de Natsu em seu rosto, o que a fez arfar levemente.

 Estava arrepiada, e queria mais. Queria saber até onde iria com Natsu. Isso era errado, mas Natsu a forçava a pensar que não era, e ela mesma queria acreditar nisso.

 - Eu fico. – Ela disse baixo demais até para ela ouvir sua própria voz, já que a respiração de Natsu estava forte demais para ela ouvir alguma coisa. O peito do jovem estava arfando fortemente e ela colocou uma de suas mãos nele. Ele sorri maliciosamente.

 - Sabia. – Ele disse sorridente e se aproximou mais ainda de Lucy, fazendo a loira fechar seus olhos milésimos de segundos antes de sentir o choque da boca de Natsu contra a sua.

 De primeiro instante, os dois não fizeram nada, apenas ficaram ali, sentindo a presença um do outro numa proximidade ainda não explorada por nenhum dos dois. Natsu foi o primeiro a tomar uma atitude e puxou a loira mais perto de si, a fazendo colocar sua outra mão livre em um de seus ombros. Começou a mover levemente seus lábios e os pressionou mais ainda contra a boca rosada e doce da jovem, a forçando a fazer o mesmo movimento. Assim que ela abriu uma pequena brecha, Natsu a aproveitou e começou a explorar sua boca com certa intensidade.

 Lucy esta totalmente absorta. Natsu provocou em seu corpo um estado de frenesi que ela mesma não conseguia se controlar. Repentinamente, seu cheiro, seu toque, sua voz... Tudo parecia perfeito para ela.

 Natsu se arriscou e deu uma leve mordida em seu lábio inferior, o que fez a moça suspirar pesadamente. Ele sorriu marotamente, afinal, adorava fazer isso com as moças. Mas com Lucy estava sendo uma experiência tanto quanto nova, pois ele era a única moça com quem estava beijando e não tinha certeza se isso iria se prolongar por toda a noite.

 Decidiu não pensar muito nisso e tomou os lábios, já vermelhos, da jovem com voracidade. Ele percebia que Lucy ainda era inexperiente nisso, o que deixava as coisas ainda mais interessantes, já que cada movimento, tanto com sua boca quando com suas mãos na cintura da moça provocavam uma reação diferente na jovem. Ah, como queria fazer isso. Quanto tempo estava esperando para sentir Lucy.

 Os dois se tornaram bons amigos desde que ela chegou e ele sempre estará grato por isso, mas Natsu queria mais, e pôde ter a certeza essa noite. Lucy era especial, e ele queria isso, queria alguém especial. Mas ainda não tinha certeza do quanto.

 Quando os dois se distanciaram, Lucy tirou suas mãos do corpo de Natsu e ficou olhando fixamente para o cordão do rapaz, que por conta da pouca luz, conseguia-se ver alguns flashes de luz cobre dançando por entre seu peitoral.

 “Ele é um Dragneel, Lucy... Ele é o príncipe! O que foi que você fez?”— Ela repetiu esse pensamento e fechou os olhos, se arrependendo do que fizera. De alguma forma ela estava sentindo que o que acabara de acontecer não vai ficar apenas nisso, e estava com medo do que viesse a seguir. Sentiu que as mãos fortes de Natsu ainda prensavam sua cintura com certa força, porém sem deixar de ser delicado.

 O jovem olhava para a loira com um misto de carinho e diversão. Mas ele viu que alguma coisa estava errada. Ela não estava sorrindo, não esboçara nada e isso gerou dúvidas em sua cabeça.

 - Lucy? – Ele a chamou em um sussurro lento. Viu que a respiração de ambos estava pesada. Com a mão que estava pousada no pescoço da moça, ele subiu um pouco e acariciou sua bochecha levemente, a fazendo abrir seus olhos, revelando grandes orbes castanhos, que brilhavam, mesmo com a falta de luminosidade do corredor vazio que se encontravam.

 - O que nós fizemos? – Ela sussurrou suavemente para ele. – Você é um príncipe, e eu sou uma nobre com um dom que... Eu nem sei se posso chamar isso de dom.

 Lucy sentiu Natsu abraça-la, e antes que pudesse perceber ela estava em seus braços novamente, porém dessa vez em um abraço sincero. Apesar de tudo estar girando em sua cabeça, ela estava feliz por Natsu estar ali, e não outra pessoa. Ela sabia que ele não a desapontaria nem a deixaria triste.

 - Durma agora. Amanhã conversamos. Você precisa descansar. – Ele disse sorrindo levemente para ela, que concordou. Se virou e abriu a porta, entrando em passos lentos no seu quarto recém reformado. Antes de fechar a porta, ela se virou novamente para ele, dessa vez sorrindo.

 - Boa noite, Natsu.

 - Boa noite, Lucy. – Ele falou sorrindo de volta e virou o corredor assim que a moça fechou a porta de seu quarto.

 Assim que a moça entrou em seu quarto, ele estava escuro, apenas sendo levemente iluminado pela pouca luz da lua que entrava pela janela. Não que ela tenha reparado nisso, estava toda boba naquele momento, e a fraqueza em suas pernas ainda não passara por completo. Natsu sabia bem como conquistar uma moça, e Lucy provou isso da pior (ou seria a melhor?) maneira.

 Se trocou rapidamente e foi se deitar. Sua cama grande com vários travesseiros lhe pareceu muito convidativa naquela noite. Com tudo o que aconteceu, ela quase não teve tempo para, realmente descansar. Mas agora iria aproveitar sua curta noite com um sonho tranquilo. Ou pelo menos ela pensava que seria assim.

 Assim que fechou os olhos, adormeceu. Seu subconsciente a levou para um lugar que nunca vira antes. Era um casarão gigante, feito de madeira de carvalho, e parecia estar isolado de tudo. Lucy fora levada para a sala dele, onde tudo parecia empoeirado e muito, muito sujo. Viu um vulto passar atrás de si, o que fez seu coração parar. Porém tentou se lembrar que ela era invisível, e que nem sabia se aquilo era verdade ou não.

 Tentou dar um passo para frente, e sentiu seus pés molhados. Olhou para baixo e viu um líquido escuro molhando o assoalho, mas que não a sujava. Ela conseguia apenas sentir a textura molhada e fria do líquido, que ela não sabia o que era. Em outra sala, ela viu um pequeno rastro de luz iluminar o pequeno cômodo. Se perguntou quem estava lá. Caminhou lentamente até o local, torcendo para que não escorregasse.

 Não conseguiu ver ninguém, todos estavam encapuzados. Porém conseguiu ouvir a voz de um homem, que aparentava ser mais velho do que ela um pouco.

 - Que bom que conseguiu chegar sem ser visto por ninguém.

 Nisso, atrás de Lucy, caminhou uma sombra alta, também encapuzada, e parou de frente para a outra.

 - Confesso que quis saber o que você tanto quis me contar. Parecia eufórico na carta que me mandou. – Era a voz de um jovem.

 - Sim, meu senhor. Notícias chegaram. Porém não tão boas quanto achei que seriam.

 - Apenas me diga.

 - O inimigo que capturamos, senhor. Ele... Bem... Ele fugiu depois de ser torturado. Não sabemos para onde ele foi. O perdemos. – A sombra mais velha disse se encolhendo, provavelmente com medo do que a outra poderia fazer com ele. Um silêncio pairou no ar.

 - Ora, ora. Parece que ele deu um jeito de escapar... Mas não se preocupe, o acharemos. E melhor ainda, ele vai nos levar onde tem mais deles... E vamos massacrá-los como baratas. Já fizemos isso antes... Agora iremos selar o destino de todos os que acham que são imunes á nós. – E nisso um calafrio imenso passou pela nuca de Lucy, e ela ouviu gritos. Um rito agudo de uma mulher preencheu seu ouvido, tão alto e perturbador que ela caiu no chão.

 - Mas o que é isso? – Lucy perguntou aproximando sua mão molhada de seu rosto, e assim percebeu que o que era. – Sangue. – Ela se engasgou com a visão horrenda que viu a sua frente, na outra sala do casarão: Corpos. Vários corpos deitados no chão, jazidos ali sem vida alguma. De homens e jovens que pareciam não pertencer á realeza alguma. Por que os mataram? Quem são eles?

 Com outro grito feminino, Lucy foi transportada para outro lugar. Desta vez ela percebeu se tratar de uma casa diferente. Um lugar que ela já conhecia, e muito bem. Era a casa que costumava morar com seu pai antes de se mudarem para Magnolia.

 O lugar estava silencioso, apenas com o barulho de uma chuva calma do lado de fora. Estava no corredor que dava para os quarto da mansão. E foi aqui que ela viu, bem no final, no quarto de seu pai, uma vela acesa, iluminando o lugar. Quem estaria ali?

 Caminhou lentamente, e reconheceu tudo ali. O cheiro da mobília, o aconchego do lar. Tudo para ela era reconfortante em um nível que Lucy nunca conseguiria explicar. Ao chegar à porta do quarto, seu coração parou. Não era seu pai que estava ali, mas sim sua mãe, Layla Heartfilia.

 Estava sentada na cama, de costas para a porta, com vários papéis espalhados por toda a cama.

 - Jude... Lucy... Igneel... Aquarius... – Ela sussurrava esses nomes sem parar. Lucy caminhou rapidamente até a mulher, que não acreditava que poderia ser ela mesma.

 - Mãe? Mãe! – Ela falou mais alto, com o objetivo de fazer a mulher olhar para frente e ver a filha ali. Porém nada disso adiantou, ela continuou escrevendo incessantemente as cartas. – As cartas... Mãe! Minha carta! – Ela falou enquanto olhava com capricho as letras saírem da ponta da pena de Layla. – Olhe para mim... – Sentiu as lágrimas correrem seu rosto e suas bochechas esquentarem. – Por favor... – Ela sussurrou, implorando. Mas não adiantava. Ela era apenas um flash do futuro dando uma volta pelo passado. Não conseguiria mais que isso.

 - Espero que entenda isso, Lucy. Realmente espero que entenda, meu amor... – Ela sussurrava com muito carinho olhando para o papel, em seguida o dobrou e o colocou no envelope, que ela já conhecia muito bem.

 Assim que ela terminou de guardas os papéis, tudo começou a girar para Lucy, e seu corpo foi se afastando da cena, como um fantasma, olhando tudo de cima.

 - Mãe! – Ela gritou em desespero. – Mãe, me ajude! – Ela gritou, mas nada disso adiantou. Depois, um breu total.

 Como um sopro, Lucy recobrou sua consciência.

 - Mãe! – Ela gritou se sentando rapidamente na cama. Assim que percebeu que estava de volta no quarto do castelo real, tratou de acalmar seu coração, que batia á mil por hora. – Foi um... Sonho?

 Ela se levantou rapidamente, percebendo que seu corpo estava todo suado e frio. Parou no grande espelho que tinha perto da cama e se olhou atentamente. Por conta de que se levantou rápido demais, ficara meio tonta, porém logo foi recobrando seu equilíbrio. Seus olhos estavam parcialmente dourados.

 - Foi uma Visão... – Ela sussurrou para si mesma. Olhou pela janela e ainda estava de noite, com as estrelas brilhando de uma forma como ela nunca vira antes. – Mas... Eu vi minha mãe... Não poderia ser do futuro nem do presente... Ela estava escrevendo... A carta!

 A moça correu até uma pequena cômoda que havia ali, e abriu a segunda gaveta dela. De dentro tirou uma linda caixa cor de rosa de porcelana e a abriu. A carta ainda estava lá.

 - Eu vou lê-la... – Ela pegou decidida o papel em suas mãos, porém logo um cansaço incomum a atingiu. – Augh...

 Ela voltou tonta para a cama, com o papel perto de si. O colocou em cima do criado, ao seu lado.

 - Por que estou desse jeito? – Ela se perguntou ao colocar sua cabeça no travesseiro. Pensou em chamar alguém, mas não tinha forças para gritar. Era como se alguma coisa estivesse sugando toda a sua energia. – Talvez... Porque tive duas visões muito longas... Será que porque minha mãe estava no passado, isso foi mais cansativo? Mas... Aquela sensação... O que eu vi primeiro não era do passado, isso eu tenho certeza... – Ela se perguntou enquanto seu corpo era puxado para baixo pela gravidade. – Eu... Preciso... De respostas... – E caiu em um sono profundo.

 Mal sabia ela que, naquela noite, havia dado um enorme passo com seu dom. Ela descobriu coisas sobre ele que ninguém nunca teve noção que ela poderia conseguir fazer aquilo, o que tornava Lucy mais preciosa. Lucy sabia que, de alguma forma, o que ela vira, sobre Layla, era o passado.

 Ela era especial.


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Notas finais do capítulo

Um beijo e até o proximo capitulo!!



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