Kings And Queens escrita por Nina Black


Capítulo 33
Chapter 31 - Corolário


Notas iniciais do capítulo

Olá! Me perdoem por não postar mais cedo, é que minhas aulas começaram essa semana, e eu fiquei extremamente ocupada. Mas agora está ele, prontinho :)
PS: Amei os comentários do capitulo passado. Adoro cometários grandes, com opinião e tudo mais, então podem me mandar desse jeito, gosto de ler bastante. kkkkk
Boa leitura.



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 - Acho que ela está acordando... Ainda bem... – Mesmo ainda não completamente consciente, e não fazendo a menor ideia de onde estava, Lucy Heartfilia conseguiu ouvir vozes perto de si, mas ainda não sabia quem era.

 Em um susto, abriu seus olhos. Deu de cara com uma morena, com o rosto muito familiar, e com uma outra moça de cabelos azuis, presos em uma faixa.

 - Ah! Ainda bem! Você acordou, Lucy! – Levy McGarden disse suspirando em seguida. Olhou para a morena, era Cana, Cana Alberona. Lembrava-se dela naquela noite na taverna, a ajudou bastante.

 - Levy... Cana...? – Ela perguntou, e percebeu que sua voz mal saía, e pior, seu corpo estava muito pesado, como se tivesse se transformado em chumbo, e quando ia tentar mexer algum músculo, formigava bastante a área. Sua boca estava com um gosto metálico na boca, que a fez ficar com um pouco enjoada. – O que...?

 - Calma, Lucy. – Levy disse colocando um pano com água fria em sua testa. – Descanse... Está tudo bem agora.

 - Quanto tempo estou assim? – Ela perguntou percebendo que sua cabeça começara a doer um pouco.

 - Há exatamente um dia, Lucy. – Cana disse baixinho.

 Não soube aonde estava, mas sabia que estava cheio de gente, e estava deitada sob lençóis. Automaticamente seu pai veio a sua cabeça.

 - Um dia?! Meu pai... – Ela sussurrou para a morena, que apenas sorriu para ela.

 - Ele está bem, Lucy. Está aqui por perto, recebendo medicamentos e tratamento. Durma... – Ela falou fechando os olhos da loira. Lucy não conseguiu se segurar e desabou novamente em sua inconsciência.

 Como um estalo, Ela se viu em outro lugar, completamente diferente de onde estava. Era um lindo descampado, com muitas flores ao fundo e animais correndo por aí. Respirando calmamente, pôde achar que era capaz de sentir o cheiro de frescor que emanava daquele lugar. Instantaneamente sentiu uma paz ao olhar aquilo. Estava de dia, e o céu brilhava um azul intenso sob tudo aquilo. Parecia um quadro que mergulhara e ficara ali.

 Rapidamente viu uma garota correndo por ali. Devia ter uns treze anos, mais ou menos, e tinha longos cabelos azuis escuros e trajava um leve vestido branco.

 Aproximou-se de Lucy com certa destreza, como se estivesse flutuando. A poucos metros da loira, estendeu sua mão para ela, e percebeu o quão delicada aquela menina parecia ser, como se fosse feita de porcelana.

 - Venha comigo, irei fazer você ficar melhor. – Ela disse sorrindo e, automaticamente, seu corpo se aproximou da garota, a abraçando. Porém no momento que a tocara, tudo ficara preto.

 Não sabia quanto tempo havia se passado, mas quando voltou a si Cana e Levy não estavam mais por perto, e seu corpo já respondia melhor aos seus movimentos, aproveitou e se arrumou na cama onde estava. Olhou em volta e era a enfermaria real. Pelo visto ela não estava danificada. Então as enfermeiras e médicos apenas retiraram os pacientes dali por questões de segurança.

 Havia várias pessoas andando rapidamente para todos os lados. Não soube identificar exatamente quem conhecia, pois sua visão ainda estava meio turva devido ao, provável, longo tempo de sono. Quanto tempo havia dormido? Mesmo com o tempo descansando, o gosto metálico ainda não saíra de sua boca, era como se seu corpo ainda estivesse reclamando de alguma coisa. Fora isso, percebeu que seu pé direito estava enfaixado. Tentou movê-lo, mas parou ao perceber que o simples movimento de dobrar os joelhos a fazia quase chorar de dor.

 Tentou se focar mais na multidão que atravessava a enfermaria. Ao longe, do outro lado, conseguiu achar Erza. Estava sentada na cama enquanto uma das criadas fazias vários curativos ao longo de sua perna. Não vira Gray por ali, o que teria acontecido com ele?

 O que ela demorara a perceber era que, bem na sua frente, a uns dez passos de distância da cama onde estava, Natsu Dragneel estava li, passado, a encarando com seriedade.

 Ele caminhou e se sentou na beirada da cama, a assustando um pouco.

 - Natsu! Que bom que está bem. – Ela disse com alívio, olhando que o rapaz não aparentava estar com nenhum ferimento sério. Mas... Seu olhar... Ela não estava o reconhecendo. Era como se o brilho juvenil tão conhecido que vivia em seu olhar tivesse sumido, dando luar a orbes cinza escuras e opacas. Estava mais sério que o normal e não parava de encará-la.

 Logo se lembrou do possível motivo por estar daquela forma...

“- Lucy! Desça e fique com os guardas no bosque! Não saia por nada! Eu juro que voltarei para te buscar!”— Essas foram as ultimas palavras que ela o ouvira dizer antes de... Bem... Antes de fazer totalmente o oposto do que ele havia pedido para ela.

 Durante um bom tempo, os dois ficaram se encarando, o que causou uma sensação estranha em Lucy ser observada com tanta intensidade igual o rapaz estava fazendo.

 - Me desculpe. – Ela disse quebrando o silêncio. – E-Eu... – Ela começou a gaguejar. Como explicaria o que fizera para ele?

 - Eu voltei na colina depois que derrotamos a maior parte do exército e os outros bateram em retirada. Você não estava lá. – Ele falou baixinho, olhando para o chão. Através da camisa de tecido fino que usava, ela percebeu que ele contraiu seus músculos, tentando se controlar. Olhou para suas mãos, agora calejadas e com curativos nos dedos, e estavam fechadas e ele apertava seus próprios dedos.

 - Natsu... Eu posso explicar... – Ela disse percebendo que ele não estava nem um pouco feliz. E dá créditos a ele, afinal, se invertessem os papéis também não estaria.

 - Eu te procurei por toda parte... Até que voltei ao castelo e encontrei Laxus te carregando desacordada. Estava sangrando, Lucy... – Ele disse encarando a moça, e dessa vez ela viu outro sentimento espelhado em seu rosto, e teve vontade de se matar. Ela vira tristeza nos olhos de Natsu.

 “É por minha causa.”— Ela pensou com os olhos cheios d’água.  Não queria vê-lo daquela forma. Se sentira extremamente desconfortável com essa conversa. Abaixou o olhar e encarou suas mãos entrelaçadas uma na outra, brincando com seus próprios dedos.

 Até que fora surpreendida com o choque entre seus corpos. Natsu a abraçara. Arregalou os olhos com esse contato imediato.

 Os braços fortes do rapaz correram por suas costas e a apertaram contra ele, enquanto ela ficara sem reação.

 - Por que fez isso, Heartfilia?! – Ele disse mais alto, enquanto a apertava. Nisso Lucy não aguentou. Passou suas mãos levemente em suas costas largas, estavam quentes e percebia que sua respiração estava ofegante, enquanto lágrimas silenciosas desciam, molhando sua camisa.

 - Me desculpe... – E finalmente apoiou sua cabeça no ombro do rapaz.

 - Você poderia ter morrido! O que tinha na cabeça?! – Ele perguntou e ela deu um pequeno soluço em resposta. – Sabe por quanto tempo fiquei ali pensado no pior?!

 - Eu tive uma Visão, Natsu. – Lucy disse baixinho, a fim de não deixar que ninguém ouvisse a história dos dois. Já estava estranho o suficiente vê-los abraçados daquela maneira. – Vi meu pai sendo morto na catedral... Eu fui atrás dele. Mas era uma armadilha... – Ela começou a soluçar mais forte e, inconscientemente, apertou mais ainda suas mãos na camisa do rapaz. Estava aliviada de tal forma, que não conseguia mais se conter. Estava feliz por estar ali, machucada, mas viva. Estava feliz por Natsu estar ali também com ela.

 - Como assim? – Ele perguntou nas costas da moça.

 - Ele disse... Ele não queria destruir Magnolia ou meu pai... Eu caí na isca dele.

 Natsu se desvencilhou levemente da loira, mas ainda conseguiu manter uma distância razoável em que os dois falavam baixo e um entendia o outro.

 - Não entendi... – Ele falou cauteloso. – Como eles sabem do seu dom, e por que fizeram isso?

 - Eu também não entendi, mas... De uma coisa eu sei. Ele me queria, por alguma razão. – Ela falou limpando as lágrimas. – Mas... Ele está morto, não está?

 - Sim... Mirajane e Laxus colocaram um fim nele. – Natsu disse baixinho, mas ainda não tirara essa história de sua cabeça, que o deixava ainda mais confuso.

 - E o restante do pessoal, como estão? – Ela perguntou preocupada.

 - Laxus, Mirajane, Silver, Ur, Ultear e meu pai estão bem... Apenas com machucados leves. Lisanna ainda está desacordada, mas foi devido ao calmante que lhe deram... Ela entrou em pânico assim que perdeu Juvia de vista dentro do castelo sendo atacado.

 - O que...? – Ela perguntou confusa e assustada. – Como isso aconteceu?

 - Não sabemos direito... Mas assim que se separam Juvia ficou presa dentro do palácio.

 - Onde ela está? Ela está bem? – Lucy ficou preocupada com sua amiga. Apesar de não conhecer Juvia completamente, tinha muito carinho pela moça.

 - Sim... Ela está ajudando algumas enfermeiras a cuidar de Gray. – Ele disse seco e a loira percebeu que havia mais do que isso.

 - Onde ele está? – Ela perguntou.

 - Cedi meu quarto para ele... Digamos que de todos aqui do palácio ele foi o mais ferido... Ainda está desacordado... – Natsu falou esfregando seus cabelos cor de rosa com as mãos logo em seguida. – Seu quarto foi destruído, sinto muito.

 - Mas como isso aconteceu? – Ela perguntou preocupada. Não tinha uma forte amizade com Gray, mas começara a se preocupar com o rapaz, pois sabia que embaixo de toda a frieza e brutalidade de seu coração, ele era uma boa pessoa.

 - Não sei. Os únicos que sabem disso é ele e Juvia. Ele ainda não acordou e ela está se recusando a falar disso. Está em choque ainda. – Ele falou suspirando. –Mas isso não é muito importante agora. O que sabemos é que eles estão bem, e você também. Agora você precisa descansar. – Natsu falou encarando a loira mais uma vez. Antes de se levantar, Lucy tocou levemente no braço do rapaz, que se virou novamente para ela. – Precisa de alguma coisa?

 - Não... É só que... Me desculpe novamente. – Ela disse baixinho para ele. Ouviu Natsu respirar fundo e inclina seu corpo em sua direção, forçando os dois á ficarem centímetros de distância novamente.

 - Você está viva. Isso é o mais importante. – Ele falou tentando sorrir, mas foi mal sucedido. Ainda estava com raiva. Não de Lucy, mas sim do sentimento ruim que teve ao perceber que perdera ela de vista. Isso não deveria acontecer.

 Percebendo que se aproximara demais, se distanciou, ficando em posição ereta novamente, de frente para Lucy.

 - Obrigada. – Ela disse sorrindo para ele. Ele apenas concordou com a cabeça e saiu dali o mais rápido possível, na tentativa de colocar seus pensamentos em ordem.

 O que os dois não perceberam era que, Erza Scarlet, do outro lado, olhava tudo com um sorriso involuntário no rosto.

 “Por que será que eu tenho um pressentimento estranho em relação á esses dois?”— Ela se perguntou, mas depois se concentrou em enfaixar suas pernas.

~~~~~~~~~~

 Já fazia dois dias.

 Dois dias e Gray Fullbuster não acordava por nada.

 Dois dias que Natsu estava dormindo no sofá junto ao seu amigo (que ele deu graças aos céus por ser confortável), e dois dias que Juvia não descansara em nenhum momento.

 Quando a azulada chegou á enfermaria assim que a luta toda acabara, ela encontrara Gray deitado no chão por não ter mais camas disponíveis, rodeado por enfermeiras tentando a todo custo estancar o sério sangramento que tinha na lateral de sua barriga.

 Depois disso, Natsu insistiu para que ele fosse levado para seu quarto, já que o cômodo do moreno fora destruído quase por completo. Assim que fora lhe aplicado os medicamentos corretos e fizeram um curativo provisório, avisaram a Natsu e Juvia que estavam ali presentes que não podiam ficar ali, pois estava precisando de funcionários nas enfermarias para cuidar de nobres morrendo, e isso nem mesmo Igneel poderia dizer ao contrário. Havia muitas pessoas em estado horrível ali, mas todos estavam vivos.

 - Eu fico aqui. – Juvia disse prontamente. – Eu cuido dele.

 Natsu se virou para a moça e a olhava desconfiado.

 - Sabe fazer isso?

 - Sim. – Ela disse isso simplesmente. – Eu posso fazer isso.

 O rosado iria dizer alguma coisa, mas ele ouviu Gray gemer de dor em sua cama. Os dois correram até ele e perceberam que o mesmo ardia em febre.

 - Gray! – Ele disse assustado do lado do amigo. – Cuide bem dele, Juvia... – O rapaz disse com pânico na voz.

 Confessava que estava emocionalmente abalado. Quando chegara a enfermaria vira Lucy Heartfilia e Gray desacordados e pálidos e entrara em pânico. Não podia perder os dois daquela maneira. Era demais para ele aguentar.

 Juvia percebeu o pavor nos olhos do príncipe.

 - Sim, Alteza. – Ela falou e foi correndo para o banheiro, onde pegou vários panos úmidos e começou a depositá-los por todo o corpo do moreno, que estava usando apenas uma calça de linho preta que lhe colocaram antes de coloca-lo ali.

 Logo depois de alguns minutos, um guarda veio chamar Natsu.

 - Alteza. Seu pai quer vê-lo urgentemente. – O homem disse sério e o coração do rosado deu um pulo. Era a primeira vez desde a batalha terminara que tinha notícias do pai.

 - Fique aqui, sim, Juvia? – Ele perguntou para a moça, que nada disse por estar concentrada em remover cuidadosamente o curativo improvisado da barriga do rapaz e fazer um melhor, mas mesmo assim Natsu foi. Ele sabia que ela não iria deixa-lo.

 O ferimento que estava em Gray era simplesmente repugnante. Sua pele toda rasgada e retorcida, como se a lâmina tivesse mastigado sua pele, e sangue, muito sangue. Assim que ela tirou o pano todo encharcado, ela o ouviu suspirar pesadamente, mas com muita dificuldade. Aquilo estava doendo muito e mesmo desacordado ele sentia tudo.

 - Me desculpe, Gray... – Juvia sussurrou para o rapaz perto de seu ouvido. Ela imaginou que se estivesse são, ele nunca a deixaria se aproximar tanto assim. Era como um animal perigoso para ela. Ou melhor, era como um animal selvagem muito raro. Era simplesmente lindo e único, mas ao mesmo tempo arisco e imprevisível. – Realmente... Me desculpe por ser fraca e ter te forçado a fazer isso...

 Pensou no por que de estar fazendo isso. Cuidando dele daquela forma, sendo que sempre fora grosso com ela. E chegou a uma rápida conclusão. Fazia isso por que não suportava olhar para o homem que salvou sua vida e não fazer nada. Ele a salvara, e isso era mais do que certo. Queria fazer uma coisa certa por ele também.

 Pegou uma garrafa de álcool e a abriu, olhando para o machucado, que já havia sido limpado superficialmente pelas enfermeiras.

 - Me desculpe novamente, Gray. Sei que isso vai doer muito. – Ela falou levando a garrafa de álcool até o ferimento e jogando um pouco no buraco que a espada do inimigo encapuzado fez, a fim de esterilizar o ferimento, para depois cobri-lo e protege-lo.

 Se sentiu com raiva. Mesmo depois de tudo ter terminado, ela fora fraca, já que sequer teve a coragem de olhar nos olhos do homem, nem de tirar seu capuz. Ele fora a primeira pessoa que matara, e demorara muito até parar de tremer mesmo sem saber quem era, quem dirá se ficasse sabendo.

 O rapaz gemeu alto de dor quando o líquido transparente tocou sua carne, e logo depois ela vira uma lágrima escorrendo na bochecha do rapaz.

 - Calma... Já acabei, certo? – Ela disse fechando a garrafa. Agora que desinfetara, iria deixa-lo descansar um pouco para depois costurar. Achava que ele já sentira dor suficiente por um dia.

 Fez um curativo muito bem fechado e retirou todos os produtos de limpeza que usara de cima da cama, deixando mais espaço para ele, caso se mexer enquanto está dormindo. Fora no banheiro e lavara os panos que usara para limpar um pouco o sangue que ainda escorria. Aproveitou e lavou suas mãos. Olhou-se no espelho. Estava com os cabelos desgrenhados, e tinha um pequeno corte em sua testa. Aproveitou e o limpou, e arrumou os cabelos.

 Assim que saiu do banheiro, viu Silver Fullbuster ajoelhado, ao lado da cama de Gray, seu filho.

 - Juvia. – Ele se surpreendeu com a azulada. – O que você está fazendo aqui?

 - Eu estava refazendo o curativo dele... Estava muito mal. Natsu me pediu para ficar aqui, mas irei sair um pouco, já que está aqui, General. – Ela disse toda educada. O homem a encarou com frieza, mas depois compreendeu e concordou com a cabeça. A azulada notou que o olhar penetrante e gélido era uma característica muito marcante da família Fullbuster.

 - Obrigado por cuidar dele. – Ele falou baixinho e voltou seu olhar para o filho. Juvia pôde ver o cansaço em pessoa quando olhou para o homem. Sua armadura prateada estava suja de sangue, e estava com um corte profundo no braço, mas já não sangrava mais, e ele não parecia notar.

 Assim que ela saiu, Silver sussurrou para seu filho, inconsciente ao seu lado.

 - Você tem uma boa esposa, só não sabe disso ainda. – Ele disse sorrindo. – Eu sei o que ela fez... Não sei como ainda, mas ela te salvou. Você deve uma a ela, filho. Todos nós aqui devemos.

 Silver pôs-se a acariciar os cabelos negros do jovem. Olhou mais atentamente para ele. Havia vários cortes em todo seu corpo, mas que já estavam limpos, um grande curativo na lateral de sua barriga, e estava pálido e suado, muito suado. Arrumou uma das toalhas na testa dele e viu que estava quente.

 O que ele percebeu só depois era que duas lágrimas saíram de seus olhos discretamente. Era horrível para ele ver Gray, seu filho único e amado, naquele estado: Inconsciente e seriamente machucado. Queria que ele acordasse, queria vê-lo com os olhos abertos e dar a maior bronca do mundo nele, e depois abraça-lo com todas as forças que ainda lhe restou.

 Mas isso não aconteceria enquanto ele não acordasse. Poderia ele trocar de lugar? Era isso o que ele queria, afinal. Não se importava se iria se sair machucado, mas aceitaria ter levado aquele ataque no lugar de Gray, afinal, é isso o que é o que amor faz com as pessoas, não?

 Estava tão absorto em pensamentos, que não sentiu que alguém se aproximava perto dele. Apenas viu que Ur Milkovich estava ali quando ela tocou levemente o ombro do homem, que estava ajoelhado no chão.

 - Silver. – Ela o chamou e ele levantou seu olhar para a mulher. Seu vestido estava um pouco rasgado, e tinha uma espada embainhada em sua cintura. Seu ombro estava enfaixado e tinha um pequeno esparadrapo em seu queixo.

 - Ele ainda está vivo, mas... Se eu estivesse com ele... – Ele disse suspirando pesadamente logo em seguida.

 - Você não poderia fazer nada. Ele foi muito corajoso em ir lá sozinho, enfrentar o que quer que fosse. Agora ele está vivo, e é isso o que importa. – Ela falou e Silver se levantou.

 - Conseguiu derrotar todos? – Ele perguntou baixinho para a mulher a sua frente, que sorriu marotamente para ele, apesar do cansaço.

 - Acabei com eles tão facilmente como matar uma mosca, Silver. – Ela disse. – Acho que você deveria ir descansar para quando Gray acordar você estar forte o suficiente para dar uma bronca com ele junto comigo e Ultear. – Ela falou o puxando pelo braço delicadamente. – Venha, me deixe cuidar desses ferimentos horríveis. Como deixou que fizessem isso? Estava dormindo na hora? – Ela perguntou brincalhona, e o fez sorrir pela primeira vez no dia.

 Depois disso, Juvia dormiu ali naquele quarto junto com ele, em uma poltrona do lado da cama e acordou diversas vezes para cuidar de Gray, quando sua febre piorava. Natsu dormiu no confortável sofá que tinha ao seu quarto, e Juvia preferiu não acordá-lo toda vez que ia ajudar o seu amigo. O príncipe parecia estar exausto com tudo o que acontecera, e preferiu deixa-lo descansar o máximo que pudesse.

 Quando acordou no dia seguinte, viu que o príncipe já havia saído, e aproveitou para tomar um banho. Uma das criadas, felizmente, percebeu que passaria um tempo ali, lhe trouxe umas roupas quentes. Apenas molhou seu corpo rapidamente, para tirar o cansaço, e colocou o vestido branco com renda e a parte da saia de cetim azul que lhe deixara. Prendeu seu cabelo com uma trança lateral simples e tentou melhorar seu rosto. Estava com algumas olheiras leves, e reclamou internamente por ser tão pálida a ponto de qualquer coisa se destacar em sua pele. Refez seu curativo na testa, e voltou para o quarto.

 Assim que entrou no recinto, ouviu resmungos. Nunca pensou que sentiria falta disso. Olhou para acama de Natsu e um certo Gray Fullbuster estava acordando, e pelo visto de muito mal humor.

 - Onde eu... – Ele disse olhando em volta. – O que eu estou fazendo no quarto do Natsu? – Ele perguntou e ela tentou não rir. Estava feliz demais por ele ter acordado.

 - Gray... – Ela o chamou e ele conseguiu olha-la.

 - Juvia? – Ele perguntou confuso. – O que você está fazendo no quarto do Natsu?

 Ela caminhou até ele e se sentou do seu lado, no chão. Ele estava menos pálido. Levou sua mão até seu rosto e tocou sua bochecha levemente. Não deveria ter olhado no rosto do jovem, que estava a encarando com intensidade e curiosidade. Ficara vermelha, mas pelo menos ele não estava com febre, nem vacilara com seu toque.

 - B-Bem...  – Ela disse se distanciando um pouco. – Você já não está com febre, isso é bom. Esteve desacordado por dois dias... Natsu disse que você podia ficar aqui enquanto melhorava.

 - Entendi... E o que aconteceu com você? Está bem? – Ele perguntou se lembrando da última vez que vira a moça.

 - Estou. – Ela simplesmente falou antes de ir de volta ao banheiro, e trazer consigo uma agulha e linha próprias. – Mas agora eu preciso fazer uma coisa com seu machucado... E acho que pode doer bastante.

 - Meu...? Ah. – Ele disse olhando para sua barriga e vendo o curativo.

 - Eu... Posso? – Ela perguntou apontando para o ferimento.

 - Claro. – Ele disse ainda meio abobado. Lembrara do que Juvia fizera, e agora estava cuidando dele. Toda a informação que conseguira reunir apenas serviu para dar um nó em sua mente.

 Ela se ajoelhou novamente e retirou o pano que amarrara ali para ver como estava o machucado. Ele fez uma careta ao ver o estrago.

 - Que filho da mãe... – Ele reclamou, se lembrando da dor que o cara provocou nele ao enfiar sua espada com tudo em sua barriga.

 Juvia lhe deu uma cápsula para morder.

 - Morda e engula. Vai ter fazer sentir menos dor. – Ela disse e ele fez o que ela pediu. Enquanto esperava o efeito acontecer, ela o ajeitou na cama, colocando mais um travesseiro para apoia-lo. – Ou pelo menos foi o que as enfermeiras me disseram.

 - Ei, Juvia. – Ele a chamou e ela se virou para ele. – Não vou dormir novamente, vou?

 - Não... Só irá sentir menos dor. – Ela falou sorrindo de canto. Estava feliz por ele ter acordado. E ele percebeu isso. – Que bom que acordou, todos estavam preocupados. Assim que acabar aqui irei chamar seu pai, se não se importa. – Ela disse se sentando e pegando a agulha, já com a linha presa em si. – Pronto?

 - Vá e acabe com isso logo... - Ele resmungou e ela percebeu que não gostava muito de tratar de ferimentos. Deu de ombros e começou a costurar sua pele. O primeiro furo eu a agulha fez, ele grunhiu de dor.

 - Está doendo muito? – Ela perguntou preocupada, e ele apenas fez sinal negativo com a cabeça.

  “ Até parece que não está... Apenas está sendo durão.”— Juvia pensou olhando para a feição de dor que o rapaz estava fazendo. Ela continuou e tentou ser a mais prática possível. E alguns minutos ela já havia acabado e esterilizado o local mais uma vez.

 - Provavelmente irá ficar uma cicatriz, espero que não se importe. – Ela disse se levantando e indo se lavar.

 - Não me importo com isso. – Ele completou encostando sua cabeça novamente no travesseiro.

 “Ela ficou aqui o tempo todo?”— Ele se perguntou ao ver alguns cobertores embolados em cima da poltrona do lado da cama, mas logo seus pensamentos foram interrompidos por várias vozes o chamando na porta. Olhou para o lado e viu seu pai, Natsu, Erza e Lyon parados, olhando com alívio para o amigo.

 - Eu vou te socar quando melhorar por ter me preocupado tanto! – Erza falou entrando no quarto e se sentando do lado do velho amigo, pegando em sua mão logo em seguida, para confirmar de que ele havia acordado mesmo. Ele percebera que ela estava machucada, mas não parecia ser tão sério.

 - Que bom que está acordado, Gray! – Lyon disse sorridente. O rapaz, apesar do braço enfaixado, aparentava estar bem.

 - Fico feliz que tenha acordado, Gray. Juvia cuidou bem desse seu machucado. – Silver disse olhando o ferimento tratado. E se sentou do lado do seu filho, acariciando seus cabelos. Ele confessava que ficara um pouco incomodado, várias pessoas paparicando ele não era uma coisa que estava muito acostumado, nem que gostava.

 Com um pequeno vulto no canto do quarto, viu cabelos azuis virando a porta, sem nem olhar para trás. Por um momento queria que Juvia ainda estivesse lá, para simplesmente agradece-la.

 “Terei tempo para isso.”— Ele se lembrou e não conseguiu esconder a cara de tédio. – “Terei de me casar com ela, afinal.”


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Notas finais do capítulo

Recadinho: Me desculpem por não responder os comentários anteriores, estou com muitos problemas, mas prometo que responderei todos o mais rápido que puder :)
Espero que tenham gostado! Até o próximo!



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