Kings And Queens escrita por Nina Black


Capítulo 32
Chapter 30 - A Filha da Chuva


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!
Gente, eu simplesmente amei os comentários do capítulo anterior, e percebi que vocês gostam de cenas de ação, não é mesmo? Pois bem, as colocarei mais então nessa fic :)
Agora, fiquem com esse capítulo tão esperado por vocês!
PS: Esse é um capítulo Gruvia, nosso querido Nalu não aparece nele. Porém, prometo que no próximo já vai ter um caprichado ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/689084/chapter/32

 O castelo Dragneel estava vazio, mas era possível ouvir os passos apressados de Juvia Lockser pelos corredores. Ela corria. Corria como se sua vida dependesse única e exclusivamente disso. E no final das contas dependia mesmo.

 Quando a cidade de Magnolia, lar do rei Igneel Dragneel fora invadida por inimigos desconhecidos, que ninguém sabia de onde surgiram, seu inferno começou pela segunda vez em sua vida.

 Estava caminhando com Lisanna pela biblioteca antes de tudo acontecer, enquanto a albina conversava animadamente sobre livros de romance após descobrirem esse interesse em comum. Mas quem mais palpitava na conversa era a albina, que contava casos e casos de diversos livros, enquanto a Lockser apenas concordava de vez em quando com alguma coisa interessante que ouvia.

 Ainda estava de luto, e muito nervosa consigo mesma. Chegara a um ponto onde não se importara mais em achar o corpo dos pais, apenas de saber que fim os levou e porquê. Qual a razão para tamanha brutalidade? Por que estava pagando aquela penitência tão cruel? O que fizera de tão ruim? Nem essas perguntas ela conseguia responder.

 - Não concorda, Juvia? – Lisanna perguntou, tirando a azulada de seus pensamentos em um clique.

 - Ah... Sim... Claro... – Ela disse concordando com tudo. Lisanna deu uma risadinha abafada. – O que perguntou mesmo?

 - Perguntei se você queria queimar alguns livros de romance depois, e já que você concordou... Iremos começar com esse daqui! – Ela disse tirando qualquer um da prateleira, e Juvia conseguiu ver a capa.

 “ A Sereia.”

 Que grande clássico.

 Juvia até que gostava deste conto. Gostava da história de como a sereia era curiosa e de como não se contentava em ficar apenas no lugar que era mandada a ficar. De como ela salvou o príncipe enquanto o mesmo ainda estava inconsciente, nem sabendo que fora ela. E como ela se apaixonou perdidamente por ele, a ponto de mudar sua vida completamente para chegar a ele e conquista-lo. E mesmo com ele se casando no final, ela não tem coragem de mata-lo, mesmo para salvar sua própria vida, e acaba se matando em nome de seu amor.

 Isso para ela era o ato mais puro de se amar. Se colocar na frente das pessoas, dos problemas, e ignorar qualquer um que diga que não é possível, quando se é tão possível amar quanto respirar. No final, quando se ama alguém de coração, qualquer sacrifício vale a pena.

 - Justo minha história preferida? – A azulada disse sorrindo tristemente para a albina, que deu uma risada e depois colocou o livro no lugar. Ao invés de continuar a falar sobre os livros ali, ela se aproximou de Juvia e pegou-lhe nas mãos.

 - Não fique assim, eu sei que é difícil... Eu não sei metade do que está passando, mas tenho certeza que Natsu conseguirá achar alguma coisa... Tenho muita fé nele e em todos aqui. – Ela disse sorrindo para Juvia, que concordou levemente, mas dessa vez com um sorriso estampado. Mesmo apesar de tudo, Juvia não conseguira negar que estava sendo bem recebida no castelo pela maioria, especialmente por Lisanna Strauss e Lucy Heartfilia, que se deram muito bem desde o início. Com Lisanna por partilharem quase dos mesmos gostos e vontades, como livros de romance e costurar, por exemplo. E com Lucy, por sentirem que existe uma conexão entre as duas, talvez pelo fato de que ambas sofreram tentativas de assassinato, talvez, pelo mesmo inimigo.

 - Onde está Mirajane? – Juvia perguntou para a moça, tentando desviar um pouco do assunto de seus pais.

 - Está conversando com Bickslow e o restante da Raijinshuu. – Ela disse distraída enquanto passava os dedos delicadamente pelas lombadas dos livros postos na estante.

 - Rai... O que? – Juvia perguntou confusa.

 - Raijinshuu. É a guarda pessoal de Laxus Dreyar, o neto de Makarov Dreyar, o Conselheiro Real. São três pessoas, Eva Evergreen, Freed Justine e Bickslow. Os três e Laxus são inseparáveis. Vão para todo lado juntos desde sempre, eu acho... – Ela disse olhando a moça de cabelos azuis, que prestava muita atenção ao que ela dizia. – Eles podem ser meio rudes, mas são boas pessoas.

 - Entendi... – Juvia comentou. – Mas qual a relação de Mirajane com eles?

 - Bem... Ela e Laxus se conhecem desde sempre. Quando minha irmã estava passando por algumas dificuldades, ele a ajudou bastante. Não comente com ela que eu lhe disse isso. – Ela disse calmamente e a moça concordou prontamente, afinal, quem era ela para sair falando dos outros de tal maneira? – Eles vivem discutindo e provocando um ao outro, mas acho que no final gostam disso.

 - Gostam de discutir? – Juvia perguntou confusa.

 - Gostam de estar perto um do outro. – Lisanna falou com os olhos brilhando. – Eles são grandes amigos, não que ela diga isso o tempo todo, e fica difícil de afastar os dois.

 Esse comentário fez Juvia rir, mas colocou uma pergunta em sua cabeça. E sua história amorosa? Ela irá ser como um conto de fadas?

 Não, não poderia pensar dessa forma. Como disse antes para Lyon Vastia em uma de suas conversas, o amor é uma coisa muito relevante para nobres como eles, ela não poderia se dar ao luxo de se casar por amor. Tanto que não era isso que estava fazendo. Ela era uma Lady agora, era uma grande mulher.

 “De grandes pessoas se esperam grandes desafios e escolhas.”— Ela ouvira seu pai dizer isso tantas vezes, mas nunca entendera o que ele realmente estava querendo dizer. Agora sabia.

 Automaticamente, Gray Fullbuster aparecera em sua mente. Não podia negar, sentia certa atração, afinal, o rapaz era lindo aos seus olhos. Ele era o tipo de homem que se destacava em uma multidão para ela. Mas sua grosseria a fazia ter um pouco de receio de se aproximar dele, e ela notava, aliás, todos notavam, que ele não se importava com isso.

 Porém, quando foi comentar alguma coisa com Lisanna, gritos ensurdecedores começaram a surgir nos jardins do palácio.

 - Mas o que está acontecendo? – Lisanna perguntou caminhando rapidamente até a janela da biblioteca, até que um barulho de canhão fez-se tremer as paredes, e a moça gritou de susto. Elas se entreolharam apavoradas.

 - Corra! – Juvia gritou para a amiga e as duas foram diretamente para a porta. Assim que saíram da biblioteca, viram o tamanho da confusão do lado de fora: nobres, criados, soldados e guardas correndo desesperados para todos os lados, totalmente perdidos.

 Lisanna saiu correndo no meio dos urros e dos empurrões, convicta de que Juvia estava em sua cola. A azulada começou a correr, tropeçando e esbarrando em todo mundo. Mas não havia nem como tentar pedir desculpas, era como se ninguém notasse que ela estava ali. Como não sabia para onde ir, apenas seguiu o vulto de cabelos brancos correndo para fora do tumulto.

 Finalmente, depois de algum tempo, conseguiram achar um corredor vazio. Isso foi possível pois o lado do castelo em que se encontravam naquele momento não era muito utilizado, sendo até com construções e adornos mais antigos. Juvia também percebeu que os criados também não iam muito ali, já que grande parte das armaduras expostas nos corredores e os quadros estavam empoeirados e cobertos de teias de aranha.

 - Venha, Juvia! Vamos sair por aqui! Tem uma saída de criados, podemos usa-la. – Lisanna disse apressando o passo, preocupada em sair do castelo com segurança. Como Juvia não sabia nada do castelo, deixou que a albina fosse alguns passos na frente, enquanto pensava o que poderia estar acontecendo lá fora, já que ainda se era possível ouvir alguns gritos ao longe, já que estavam bem perto das torres do castelo.

 Percebeu que no meio do caminho havia uma grande porta separando o corredor.

 “Deveria estar delimitando a área de quartos, talvez...”— Juvia pensou analisando o local. As paredes estavam um pouco mofadas, mas ainda continuavam com um aspecto lindo. As portas eram do mesmo material que as outras, uma madeira negra bem resistente aparentemente. Não havia nada de anormal ali, mas a azulada estava com um mau pressentimento de tudo ali. Tinha a sensação de estar sendo observada.

 Porém, quando ia atravessar a porta, ela fechou de supetão, forçando a moça a dar alguns passos para trás. Percebeu que a porta se fechara e a separa de Lisanna.

 - Juvia! – Lisanna gritou do outro lado da porta, tentando a abrir. Mas Juvia estava ocupada demais entrando em pânico assim que viu uma figura encapuzada sair de trás de uma dar armaduras de enfeite do corredor.

 - Q-Quem é você? – Juvia perguntou assustada, dando três passos para trás, pronta para correr.

 - Eu? Eu sou aquele que vai lhe matar... E lhe entregar seu coração para meu mestre. Não era pra você estar viva. – O homem disse com voz baixa. Apesar de Lisanna gritando do outro lado e tentando abrir a porta (em vão), a azulada conseguiu ouvir claramente o que ele estava querendo dizer.

 - Juvia! Juvia! Ah, meu Deus... O que eu faço?! Juvia! – Ela ouvia Lisanna esmurrar a porta, mas em vão.

 Foi a conta de ele dar um passo na direção da moça, que ela saiu correndo para o lado oposto.

 - Corra, Lisanna! Busque ajuda! – Ela gritou antes de começar a correr desesperadamente.

 Se ela encontrasse alguém ali, qualquer um que fosse... Se pelo menos soubesse o caminho de volta para a biblioteca. Mas o que estava acontecendo? Quem era ele? Por que ele queria mata-la? E o que havia lá fora?

 Todas essas perguntas rondavam sua cabeça enquanto o máximo que se podia ouvir no corredor vazio eram os seus passos. O homem era tão silencioso que seus pés nem faziam barulho. Seu coração começou a bater bem mais forte e seu estômago se revirou. Estava acontecendo de novo.

 Eles queriam pegá-la, porque não conseguiram da última vez... Será?

 Tentou não pensar muito nas razões e tentou se focar em correr e sair dali o mais rápido possível, mas era difícil se esconder do homem, que estava em sua cola e ela não conseguia despistá-lo. Amaldiçoou mentalmente quem inventara que mulheres tinham de usar vestidos tão pesados. Se não estivesse com ele, poderia apostar de que correria muito mais do que estava correndo.

 Não sabia quanto tempo estava correndo e tentando se esconder, mas quando parou, se escondeu embaixo de uma mesa ali, estava suando muito e arfando pesadamente. Tentou fazer o máximo de silêncio, para que ele não a ouvisse. Tarde demais, ela apenas viu uma espada atravessar a madeira em sua frente, a fazendo gritar.

 - Por pouco... – O homem reclamou com certo tédio na voz. – Preciso melhorar isso depois.

 Enquanto ele tirava a arma presa na mesa, deu o tempo de Juvia correr para o primeiro lugar que viu, e, infelizmente, era uma grande sala vazia, com algumas estátuas de gesso no canto. Ali pelo visto era servida de algum tipo de ateliê.

 “Droga.”— Ela praguejou mentalmente. – “Não tem como correr.”

 - Você está presa... – O homem disse na porta. – Olhe só o que o desespero faz com as pessoas... Faz elas enterrarem sua própria cova! – Ele disse essa última frase avançando na azulada, que deu um grito e desviou com certa destreza. – Fique quieta... Quero fazer essa espada entrar devagarinho em sua barriga e ouvir você gritar de dor. Era para vocês estarem mortas! – Ele falou avançando novamente e Juvia correu.

 - O quê? – Ela perguntou apavorada, mas percebeu que sua voz simplesmente não saía. Estava rouca, mas não havia gritado para tanto. Era o medo a corroendo, igual da última vez que fora atacada.

 - Por que acha que estamos aqui? – Ele perguntou com a maior calma do mundo. – Você irá levar mais do que seus pais para sua própria cova, Juvia Lockser.

 Ele ergue a espada enquanto Juvia conseguiu raciocinar. Seus pais foram mortos por sua culpa. Estava protegendo-a? Por que morreram por conta dela? Quem os matou? Estava com o estômago embrulhado, e suas pernas ficaram dormentes. Perdera o ar com tudo isso. Era demais para ela. Era simplesmente demais.

 Não sabia ao certo, mas sabia de uma coisa. Sabia que se vivesse, iria colocar em risco a vida de várias pessoas.

 Se ela morresse ali. Não levaria mais ninguém. Iria ser ela, só ela. Ninguém precisava sofrer as suas custas, ninguém. Não sabia quantas pessoas haviam morrido tentando protege-la, e não queria contar. Não queria saber quantas almas ela devia. Então era isso. Talvez se ela apenas morresse ali, ninguém mais ficaria ferido ou morto por sua causa.

 Juvia não moveu nenhum músculo quando ela começa a descer na direção de sua cabeça.

 “É agora.”— Ela fecha os olhos lentamente.

 Mas tudo o que ela ouve é o barulho de espadas se chocando. Abre os olhos assustadas e dá um salto que até cai para trás.

 Gray Fullbuster havia bloqueado o ataque do homem em sua direção, e o olhava com gelo nos olhos.

 - Se você quer matar alguém, mate a si mesmo e leve seus amigos com você pro inferno, seu filho da mãe! – Ele disse empurrando o encapuzado e ficando em posição de ataque. – Juvia... Corra! – Ele falou atacando o homem, que começaram a desferir golpes certeiros um contra o outro, e vários bloqueios. Ele era um ótimo espadachim, isso era mais que um fato para a azulada, mas não queria deixa-lo ali sozinho com o assassino.

 Ela correu para a porta, mas quando estava quase lá, a moça ouve o barulho de uma espada batendo no chão e seu coração gela. Um grunhido alto de dor acompanha. Ela olha para trás.

 - Gray... – Sua voz mal sai, mas quando ela o vê, está com a sua parte inferior de sua barriga toda ensanguentada. – Gray! – Ela falou correndo enquanto o homem de capuz caminhava para trás, a fim de se recuperar da breve luta, já que o moreno havia machucado muito seus braços antes de ser brutalmente atacado.

 - O que ainda está fazendo aqui? – Ele grunhiu em meio aos urros de dor enquanto a mulher se agachava ao seu lado, perguntando se estava tudo bem. Juvia estava com medo de sequer tocá-lo. – Vá! Corra! Vou ficar bem... – Ele disse e depois tentou se levantar. Em vão. Caiu deitado novamente, urrando de dor. Colocou a mão em sua barriga, e viu que estava sangrando muito. – Que maravilha... – Ele resmungou.

 - Gray... Fique quieto... – Ela já estava chorando de pavor e medo.

 “Ele não pode ser mais uma! Ele não vai ser mais uma alma que eu irei levar!”— Ela repetia isso em sua mente enquanto olhava o corpo ensanguentado de seu noivo. Ela tentava mantê-lo acordado, dando tapas leves em seu rosto, e segurando sua cabeça.

 No momento que o moreno virava sua cabeça em direção à azulada, seu olhar vira uma mistura de espanto e raiva.

 - Juvia! Atrás de você! – Ele grita. Ela pega a espada de aço branco do rapaz que estava ao seu lado, caída no chão, se vira rapidamente e bloqueia o ataque com uma destreza incrível e assombrosa. Se lembrou do primeiro dia que treinara realmente com uma espada.

 E finalmente.

 Mesmo não podendo enxergar seu rosto, coberta por uma máscara preta, ela estava frente a frente com o homem que queria mata-la naquele dia.

 - Sabe lutar? – Ele perguntou com sua calma aparente. – Ora, se renda logo. – Ele disse dando um passo longo para trás. – Não irei dá-la nem ao menos o prazer da dor, eu prometo, já me cansei disso. Será como cair em um profundo e sangrento sono. – Ele disse com escárnio, enquanto um flash de memórias passava na cabeça da azulada na velocidade da luz.

 Sua mãe e seu pai sorrindo para ela. Ela ganhando sua primeira espada.

 Juvia sabia lutar. Sua mãe a ensinara, e seu pai a apoiara. Eles diziam que ela precisaria. E estavam certos. Sua mãe era uma guerreira, que sabia lutar para se defender, e ensinou isso a sua filha, apenas não contou a ninguém sobre isso. Mulheres nobres que sabem empunhar uma espada não eram muito bem vistas, por acharem que apenas homens poderiam lutar. Agradeceu mentalmente a eles quando, cambaleante, se levantou e ficou na frente de Gray, que mesmo coberto do próprio sangue ainda estava acordado, vendo tudo o que ela fazia.

 Suas mãos tremiam, mas ela segurava o aço da espada com toda sua força. Era mais pesada do que as que estava acostumada a treinar quando ainda morava na casa de seus pais, e ainda por cima estava destreinada. Mas ela não deixaria que aquilo seguisse adiante.

 Fora fraca deixando o homem a ataca-la, e isso custou Gray. Não iria mais pagar nenhum preço. Não deixaria que nada de ruim acontecesse com ninguém.

“De grandes pessoas se esperam grandes desafios e escolhas.”

 Lembrou-se da frase de seus pais. Esse era um grande desafio, mas ela era uma grande pessoa? Ela conseguiria?

 Ela não tinha que perguntar isso para si. Já era tarde demais para ponderar ideias. Ela conseguiria. Pelo bem dela. Pelo bem de Gray. Pelo bem de todos e por seus pais.

 Ainda tremendo, chorando e olhando para o chão, se ergueu e tentou ficar mais ereta possível.

 - Eu não vou... – Ela começou a cochichar, mas ouviu o gargalhar do homem.

 - Fale alto para eu ouvir suas últimas palavras, Juvia Lockser! – Ele disse correndo em direção a menina com a espada em punhos.

 Juvia levantou seu olhar e no momento exato levantou a grande espada, parando a milímetros da garganta do homem. Desta vez, ela gritara. Gritara com uma certeza e raiva que nunca fizera antes.

 - Eu não vou me render! – Ela disse com raiva. – Sou Juvia Lockser! Lady das Terras do Litoral! Descendente da Casa da Chuva e filha de Kenichi e Amaya Lockser! E não vai ser você que vai me matar!

 Gray viu um lampejo nos olhos da azulada. Era a mesma fúria que ele via nos olhos de Natsu e Erza quando lutam. Ela queria viver, e queria lutar.

 Em um movimento rápido demais, ela bateu com a espada na espada do inimigo, o fazendo recuar. Aproveitando a deixa, ela acertou o rosto do homem, e fez um possível corte, já que ouvi os gritos e a lâmina ficara ainda mais suja de sangue do que já estava. Sentira o olhar de Gray pesar sobre si, mas não podia desviar. Iria acabar com ele.

 Em uma tentativa de revidar, o homem levou sua espada em direção ao pescoço de Juvia, que com um movimento rápido para trás ela desviou e cortou o braço do homem, fazendo um corte feio entre os panos preto e as capas. Não sabia se era a força que aplicara ou a espada que era muito bem afiada, mas ela conseguira o que queria, distraí-lo para dar a chance de cravar a espada em seu peito.

 Com um urro de dor, o homem se ajoelhou, ficando da altura da moça, que ainda segurava a espada com toda a força que podia depositar naquele cabo. Mas sem que ela percebesse, ele lhe agarrou a garganta, a sufocando.

 - Vocês... Não... Irão... Ganhar... – Ele disse com a voz abafada e caiu para o lado, soltando Juvia, que caiu tossindo e tentando buscar o ar.

 Seu coração estava a mil por hora, que chegava a doer seu peito. Suas pernas e braços doíam muito e sua cabeça rodava com o que acabara de acontecer.

 Ela o matara.

 Sem nem mesmo se recuperar devidamente, foi engatinhando na direção de Gray, já que não tinha forças para se levantar mais. Essa luta gastou toda a energia da mulher, e estava tremendo muito. Como tivera forças para fazer aquilo?

 - Gray... – Ela sussurrou para ele, se apoiando em seu peito. – Gray... Você está vivo, não está? – Ela começou a sussurrar por entre as lágrimas.

 - Estou bem... Eu só preciso de... Argh! – Ele grunhiu ao perceber que o corte feito era mais fundo do que parecia. – Esse cara é certeiro. Acertou bem no meu corte recém curado... Estou ferrado.

 - Não, você não está! – Ela disse dando leves tapinhas no rosto dele para mantê-lo acordado enquanto se apoiava em seu peito. Estavam próximos demais, mas a situação não era nada romântica, não que ela estivesse preocupada com isso. – Guardas! Guardas! – Ela começou a gritar rumo à porta, e ganhou forças para se levantar e se escorar no portão. – Guardas, ajudem! – Ela gritou para um pequeno movimento no final do corredor. Logo, dois guardas vieram correndo ao longe. Lisanna havia conseguido avisá-los, pelo menos achava que fora ela que os mandou. Bem, aquilo não importava agora. – O levem daqui! Ajudem ele! – Ela disse chorando novamente. Não gostava de chorar, mas estava muito assustada com tudo.

 Os dois pegaram Gray, um de cada lado, e saíram o arrastando para sabe-se lá aonde, deixando um rastro de sangue por onde passavam correndo.

 Nesse momento, ela estava sozinha ali. Com o cadáver de seu assassino do seu lado. Caminhou pesadamente até ele, desta vez parara de tremer. Virou seu corpo e viu que a espada de Gray ainda estava presa ao seu corpo. Não poderia deixar aquilo ali.

Arrancou a espada do corpo do homem com certa dificuldade, mas depois colocou em seu colo, ensanguentando todo seu vestido de renda azul, mas ela não se importava nem um pouco. Olhou para o cadáver e colocou a mão em seu peito ensanguentado.

 - Que você vá em paz. – Ela sussurrou para ele. Logo depois voltou sua atenção para o metal em seus braços. – Mesmo depois de tudo, sinto que você merece paz.

Nisso ficou olhando para a espada enquanto pensava em seus pais, mas por que as lágrimas pararam? Era uma filha tão ingrata que nem conseguia chorar ao se lembrar deles?

 Eles morreram em vão... Seus pais. Eles a salvaram, pelo que tudo indica, mas para quê? De quem? Não podia acreditar que fizeram isso. A deixaram aqui sozinha, com muitas pessoas querendo sua cabeça... E tudo isso em vão. Morreram para nada. O que estavam pensando?

 “Saiba que te amamos, Juvia.”— A voz doce de sua mãe, Amaya, dizia para ela toda noite, quando iria lhe dar boa noite em seu quarto. Na maioria das vezes ela já estava dormindo, mas conseguia ouvir a mãe dizer em seu ouvido.

 “Você é uma boa filha, Juvia.”— Ela ouvira a voz de seu pai em sua cabeça Quantas vezes ele já disse isso e ela mal notara.

 - Eu estou tentando, pai... Eu estou tentando. – Ela disse com a voz amarga, soluçava, mas não tinha lágrimas. Apenas abraçou a espada, não se importando e fazer um corte ou dois em seu corpo, apenas ouvindo o barulho de gritos e espadas se chocando do lado de fora cessarem pouco a pouco. – Eu vou ficar ainda mais forte, não vou deixar que me tirem mais ninguém. – Ela disse fechando ainda mais os olhos, como se tivesse feito um pedido para uma estrela cadente.

 Naquele momento, Juvia teve uma certeza. Não sabia se era uma pessoa forte o suficiente pro que estava por vir (o que quer que seja), mas tudo mudara. E ela se tornaria mais forte. Não importava como nem quanto, apenas o necessário para proteger a todos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? O que acharam?
Beijooos, e até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Kings And Queens" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.