Kings And Queens escrita por Nina Black


Capítulo 27
Chapter 25 - Tratos


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que gostem do capítulo! Boa leitura!



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 - Não acredito que, para nos parar, veio apenas uma mulher aqui... – Um rapaz que aparentava ter seus vinte e poucos anos dizia para seus capangas, enquanto outros riam. – É nisso que roubar dá, rapazes?

 Dois dias depois do baile, Erza Scarlet fora mandada para aniquilar com uma sociedade ilegal de ladrões que amedrontavam a população de uma pequena vila no interior de Fiore, e lá estava ela.

 Havia pelo menos uns nove homens a rodeando, bloqueando sua passagem, e todos eles estavam fortemente armados com chicotes e espadas em um galpão velho, cheio de caixotes apodrecidos e feno esparramado pelo chão, do lado de uma represa.

 - Mandei se entregarem antes que seja tarde demais. – Ela disse séria. Aquele definitivamente não era o lugar que queria estar, e ainda teria que aguentar caçoadas de homens inúteis como aqueles? Esse tipo de coisa não fazia seu estilo.

 - Nos entregar? – Um dos homens que parecia ser mais velho grunhiu. – Demoramos muito para pegar essas joias, não vamos entregar essas belezinhas para você, doçura. – Ele falou com um olhar malicioso para Erza, que apenas revirou os olhos. Por que todos tinham que a tratar daquele jeito? Não era a primeira e tinha certeza de que não seria a última que era tratada como alguém delicado, que não sabia nem empunhar uma adaga.

 Mas todos estavam muito, mas muito enganados. Erza Scarlet era a fúria em pessoa quando se tratava de duelos, que era o que mais gostava.

 - Então não vão me entregar as joias? – Ela perguntou olhando para um dos caras discretamente. - Certo. Eu me rendo. – Ela disse largando sua espada. O silêncio permaneceu naquele local, só depois sendo preenchido por risadas masculinas de deboche.

 - Venha aqui, ruivinha. Não pode se meter com homens como nós, sabia? – Ele disse pegando os braços de Erza e os amarrando, e logo em seguida a colocou em uma cadeira, a amarrando na mesma para o caso se ela tentasse fugir.

 Mas fugir não existia no vocabulário da ruiva. Ela sabia muito bem o que estava fazendo.

 Ela esperou algum tempo, até muitos deles se dispersassem para fora do galpão, a fim de vigiar se algum guarda estava chegando ou não. No local ficou apenas Erza amarrada e mais um dos capangas, que ficava a encarando.

 - Você é muito bonitinha, sabia? – Ele perguntou para ela. – O que uma gracinha como você veio fazer aqui nesse lugar? Quer que eu te mostre o que nós podemos fazer com você, hein? – Ele disse caminhando até a moça e ficando de frente para ela. – Quer mesmo saber o que eu faço com meninas bonitas e nervosas como você?! – Ele falou desabotoando a calça.

 - Você me paga. – Erza sussurrou e o homem parou o que estava fazendo.

 - O que? – Ele falou agachando, ficando no mesmo nível de altura que a moça.

 - Você me paga. – Ela sussurrou, dessa vez mais baixo, obrigando o homem a se aproximar mais ainda.

 - Fale alto, sua merdinha! – Ele se irritou. Erza o olhou friamente.

 - Você me paga. – Ela falou em alto e bom som e jogou seu corpo para o homem, que o derrubou com força no chão.

 Em um movimento rápido, ela virou a cadeira e aproveitou que suas pernas estavam livres, assim que o homem se levantou e foi ataca-la, ela o chutou na virilha e ele caiu, consequentemente, deixando sua espada cair também. Usou o objeto habilidosamente para cortar as cordas e assim se livrar daquelas amarras malditas. Assim que foi feito, ela se levantou e pegou a espada. Antes de sair para procurar os outros, ela amarrou o que já estava ali e o amordaçou, não deixando que ele proferisse uma palavra sequer.

 Assim que acabara de fazer isso, ela ouvira uma voz na porta.

 Era um dos outros homens.

 Dessa vez era um jovem, que vinha conversando sozinho.

 - Ei, Carl, sabe de uma coisa, não devemos deixar a prisioneira muito sozinha, ela pode fug... – Em um movimento rápido, Erza correu até o rapaz e o derrubou, quebrando suas pernas em um movimento rápido logo em seguida, fazendo o rapaz gritar.

 - Você daqui não sai. – Ela disse saindo de cima do rapaz, e abrindo a porta do galpão. – Agora faltam seis. – Ela disse séria. Realmente tinha tomado raiva daqueles homens.

 Um a um, em movimentos friamente calculados, ela foi os derrubando. Dois ela os fez cair de cima de uma carruagem velha que estavam de vigia, e em seguida fez questão de tocar os cavalos, os fazendo parar a carruagem em cima dos caras, não deixando que eles passassem. Depois, escondida, enfiou a lâmina da espada em um dos caras que passava distraidamente perto de um armário velho, que foi por onde ela saiu e cravou a espada em sua barriga. A retirando logo em seguida.

 Saiu correndo e depois encarou os três últimos parados em sua frente, todos armados.

 - Então é aí que você se meteu? – O mais novo de todo disse em tom de deboche. – Vamos ver o quanto você é boa, ruiva.

 - Venham. – Ela falou ficando em posição de combate.

 Os três a atacaram de uma vez, e ela bloqueou seus golpes com a espada, fazendo com que um cambaleasse para trás devido ao impulso que tomou. Aproveitando a distração do cara, ela chutou sua perna, o fazendo cair, e depois foi se preocupar com os outros dois.

 Bloqueando mais um golpe, ela se virou em apenas um movimento rápido e atacou o outro, cravando sua espada no lado direito das costelas do rapaz. Sobrou apenas o mais novo e um que aparentava seus quase quarenta anos.

 - Você é boa. – O rapaz disse sorrindo para ela. – Seria uma boa ladra, sabia?

 - Esse não é meu departamento. – Ela falou sarcástica atacando o rapaz, que logo caiu desacordado, e com apenas dois golpes se livrou do outro.

 Assim que a luta acabou, a ruiva estava ofegante e suas roupas estavam úmidas de suor. Soltou a espada do homem que amordaçara no chão e voltou ao galpão. O dia estava amanhecendo, e ela pôde ver os primeiros raios de Sol tocar sua pele, como um beijo quente depois de uma noite fria.

 Já dentro do recinto, viu o que estava procurando. Um baú de moedas de prata que havia sido roubado dois dias atrás. Igneel a mandou ali para pegar aquilo.

 - Podem vir! – Ela gritou alto para o rumo da porta, onde três homens apareceram, entre eles Elfman Strauss, Macao Conbolt, um homem com seus quarenta e poucos anos, e com a pele já morena devido ao Sol que pegava diariamente devido ao seu trabalho como vendedor ambulante, e mais um guarda real.

 - Erza, sabia que não era sua obrigação acabar com eles sozinha, não sabia? – Macao disse examinando o local. Erza decidiu ignorar o comentário do velho amigo, afinal, ela sempre gostava de acabar com covis de ladrões como aquele.

 - Preciso que carreguem isso para mim até a carruagem na ponte indo para Magnolia. Estou cansada, vou indo na frente. – Ela disse saindo do galpão.

 Ela sabia que essa prata teria um outro destino. Igneel quer esse baú para outras funções. Ela se lembra perfeitamente da conversa que tivera com o rei no dia anterior...

 Igneel reunira o Conselho, Gray, Erza, Ultear, Natsu, Lucy, Juvia, Mirajane e Laxus na Sala do Trono.

 - O que viemos fazer aqui? – O loiro perguntou tedioso.

 - Apenas cale a boca e ouça o rei, Laxus. – Mirajane falou e parecia bem estressada com o rapaz. Claro que ninguém disse nada a albina, não queria a ver mais nervosa ainda.

 - Gray. – Igneel o chamou. – Conte-nos o que Ultear te contou. – Ele disse serio, sentado em seu trono, porém estava sem sua coroa.

 Gray caminhou alguns passos para frente e se posicionou na frente de todos.

 - Ultear e eu conversamos ontem á noite. Ela me disse que soube como encontrar o cara que estamos procurando. – Ele disse e todos o olharam curioso, exceto por Juvia, que parecia alheia a tudo, olhando por uma das janelas com os braços cruzados. Definitivamente estava o ignorando.

 - E posso saber por que sou a única que não sei nada sobre isso? – A azulada perguntou virando seu rosto e encarando á todos.

 - Tantas coisas aconteceram, Juvia... Mas depois lhe contarei como eu sonhei o futuro de Gajeel Redfox.

 A mulher ficou mais pálida ainda.

 - Gajeel? – Ela perguntou estupefata. – Gajeel? O Gajeel? – Ela pareceu confusa, o que fez com que todos ali ficassem curiosos para saber o que se passava na cabeça da azulada. Ela não era de agir assim.

 - Juvia... – Natsu a chamou. – Conhece ele?

 - Por que não me falaram disso antes? Eu o conheço! – Ela se exaltou. – Eu... Faz tanto tempo que não o vejo...

 - Ótimo! – Gray disse. – Já que o conhece, poderia mandar uma correspondência para ele ou...

 - Não o vejo há uns bons dois anos, Sr. Fullbuster. – Ela disse séria. Desde a última noite ela se referia a Gray por esse nome, e ela percebeu que o rapaz não gostava, por parecer que ela estava chamando seu pai, e não ele. – Mas fico feliz ao saber que ele está vivo.

 - Como o conhece? – Lucy perguntou curiosa.

 - Depois lhe conto detalhes, Lucy. Agora quero realmente saber como ele está envolvido nisso tudo. – Juvia perguntou, mas fora interrompida por Makarov.

 - Gray vai lhe explicar tudo depois. Já que também fora atacada pelo Ocidente, ao que tudo indica, tem o direito de saber. Nos desculpe por não ter contado isso. – Makarov disse calmamente.

 - Eu tenho que explicar? – Gray resmungou baixinho e recebeu um olhar fuzilante de Ur, que o fez calar a boca.

 - Certo, como vamos acha-lo? – Natsu perguntou já estressado. Ele odiava esperar.

 - Ul me disse que não vamos conseguir acha-lo. – O moreno disse e todos ficaram o encarando com confusão. – Nós temos que fazer ele nos achar. O que foi descoberto é que Gajeel é um mercenário. Temos que fazer ele receber alguma carta dizendo sobre algum carregamento de moedas e pegá-lo. Assim ele poderá nos dizer e nos mostrar aquele livro. – Gray disse sério.

 - Igneel... Acha que temos um carregamento de moedas prontas para amanhã de manhã? – Makarov perguntou. – Depois que pagou alguns débitos com Weisslogia e Skiadrum antes dos dois irem embora, acho que não sobrou muitas moedas no castelo, e demoraria demais para os guardas irem até o cofre forte no interior pegar mais dinheiro.

 Makarov estava certo. O castelo Igneel tinha um cofre, mas a real fortuna do rei não ficava no castelo, e sim em um cofre forte no meio de uma floresta escondida, pois, talvez o acaso faça com que o palácio seja invadido, apenas parte de sua fortuna seria roubada, já que a maioria estaria muito bem escondida.

 - Majestade. – Erza deu dois passos para frente, a fim de encarar o rei. – Soube de um baú de moedas de prata que fora roubado ontem a noite. Me prontifico a ir buscar o baú, assim teremos dinheiro suficiente e a tempo.

 Igneel a analisou atentamente, e ninguém soube dizer o que passara na cabeça do homem.

 - Pois bem. Você, Elfman e um dos meus melhores guardas vão busca-lo. Acho que não ser mais do que necessário três pessoas. Natsu, acho que já podemos reconsiderar a sua viagem para onde Gajeel está.

 Um olhar malicioso e divertido surgiu no olhar do rapaz, como se ele fosse uma criança que acabara de ganhar seu presente favorito.

 - Você, Gray Fullbuster, Erza Scarlet e Lucy Heartfilia irão para essa missão com mais seis de meus guardas. Voltem com Gajeel ou com o livro. Essa é a missão de vocês. – Igneel falou se levantando. – Erza, partirá essa madrugada, para que no dia seguinte poderem ir busca-lo. Passarão o dia inteiro amanha se preparando para a viagem.

 - Certo, pai. – Natsu disse sorrindo para ele.

 - Reunião acabada. – O ruivo disse sério e todos saíram do recinto. – Natsu, fique aqui, quero lhe contar uma coisa... Acho que isso pode ajudar de muito bom grado a viagem de vocês.

 - Majestade, espere! – Ultear disse interrompendo a todos. – Não podemos começar a missão agora.

 - E por que não, Ultear? – Igneel perguntou.

 - Meredy foi mandada por mim para investigar a área, para apenas nos certificar de que não é arriscado demais. Vamos esperar ela voltar e nos trazer mais notícias. – Ela disse séria.

 - Ela irá demorar? Não temos tempo a perder. – Makarov falou olhando a moça desconfiado.

 - Hoje à noite, no máximo. – Ela disse decidida. Só esperava que Meredy não demorasse muito.

~~~~~~~~~~

 Juvia tivera um dia muito agitado.

 Sua manhã começou com uma das empregadas do castelo a acordando indelicadamente, dizendo que um dos fornecedores queria falar com ela urgentemente.

 Saindo de seu quarto, deu de cara com um rapaz de cabelos brancos e arrepiados, a esperando escorado na porta da frente.

 - Juvia Lockser. – Ele falou sorrindo para ela.

 - Lyon Vastia. – Ela disse se aprumando. Seu pai era um dos maiores fornecedores de produtos para a frota de navios de sua família, tinha que causar uma boa impressão. – O que lhe devo o prazer? – Ela perguntou tentando ser o mais gentil possível.

 - Queria apenas lhe acompanhar para onde meu pai está te esperando. – Ele disse estendendo a mão para a moça, que recusou gentilmente, mas apoiou-se em seu braço.

 Metade do caminho foi silencioso, até que Lyon não aguenta mais a quietude do local.

 - Me diga, Juvia... Ainda está pensando em se casar comigo ou Gray já está em seu coração? – Ele perguntou tentando ser o mais discreto possível com seus sentimentos. Juvia o atraía de uma maneira que ele nem ninguém sabia explicar, e o corroía por dentro saber que ela estava prestes a se casar com um homem que não lhe dava a mínima, e que esse homem é seu melhor amigo, Gray Fullbuster.

 - Sou uma Lady, Lyon. Apaixonar-me não é um privilégio que eu deveria ter. – Ela disse olhando para o final do corredor, procurando não encará-lo. Pois se fizesse isso, saberia que ela estava mentindo.

 - Deveria? Por acaso essa regra já foi quebrada? – Ele perguntou querendo saber mais sobre a jovem. A azulada hesitou um pouco, mas depois respirou fundo.

 - Não. – Ela apenas disse isso.

 - Ainda há chances de eu entrar em seu coração, então? – Ele perguntou a encarando.

 - Lyon, eu aprecio muito o que sua família está fazendo por mim. – Ela disse encarando o jovem, que a olhava como se fosse a coisa mais bonita que ele já havia visto. – Mas não posso me dar ao luxo de deixar alguém entrar em minha vida dessa maneira. Gray irá se casar comigo. Irei me tornar uma Lady de renome e assim poderei seguir com minha vida em paz.

 - Casada com um homem que não a ama?

 - Casada com alguém que pode me dar o que eu preciso. – Ela falou se soltando dele. – Entendo o que quer fazer. Eu queria muito gostar de você, Lyon... Mas simplesmente não posso. Não é uma coisa que eu tenha que escolher, e mesmo se escolhesse, me desculpe mesmo, mas não sei se eu seria a pessoa ideal para lhe corresponder da maneira que você merece. – Ela falou delicadamente, tentando amenizar as coisas.

 O albino nada disse, apenas acenou com a cabeça.

 - Juvia, iremos esquecer desse assunto temporariamente. Meu pai lhe aguarda nesta sala, ele está de bom humor hoje, acredito que irá fazer boas ofertas para você. – Ele disse abrindo uma das portas de um dos enormes e largos corredores do castelo, possibilitando a passagem da azulada.

 - Obrigada, Lyon. – Ela disse entrando para mais uma reunião, onde se saiu muito bem por ser tão jovem.

 Mal sabia Lyon que o coração de Juvia já tinha um dono, que o fisgara tão rápido quanto se podia imaginar. Tão rápido que nem mesmo Juvia ainda sabia disso.

~~~~~~~~~~

 - Acha que isso vai dar mesmo certo, Natsu? – Gray perguntou resmungando para o amigo enquanto os dois caminhavam até a Sala de Treinamento a fim de pegar algumas armas para levar para a viagem. Apesar de Meredy ainda não ter chegado, eles já estavam se preparando assim que começou a anoitecer. – Quero dizer, isso tudo parece muito vago. Ultear sempre foi assim, cheias de incertezas.

 - De todo jeito, estamos com a Erza, então acho que nada pode nos assustar. E meu pai me contara o que havia em certa carta que lhe enviaram... Acho que temos certeza do que pode estar por trás de todo esse mistério do livro. – O rosado disse brincando. – Mas eu queria falar com você desde ontem... – Ele completou mais sério.

 - Fale.

 - E Juvia? Já conversou com ela sobre o casamento de vocês? – Ele perguntou encarando o amigo. – Espero que tenha ouvido o que eu te falei na noite do baile...

 - Não exatamente. Não tivemos muito tempo para conversar a sós. E acho que ela não iria gostar que eu falasse sobre isso em voz alta. – Ele disse colocando suas mãos nos bolsos da calça. – Vou tentar conversar com ela assim que eu... – Ele parou abruptamente assim que ouviu a porta da Sala de Treinamento sendo aberta. – Quem é? – Ele perguntou.

 Assim que Gray perguntou ao indivíduo, viu-se logo que se tratava de Juvia. Ela pareceu um pouco assustada ao ver os dois.

 - O que está fazendo por esse lado do castelo, Juvia? – Natsu perguntou, sem nenhuma malícia na situação.

 - Eu estava... Procurando Mirajane. A viram? – Ela perguntou tentando disfarçar certo rubor nas bochechas, coisa que não se via todos os dias na face pálida da azulada.

 - Ela saiu com Laxus. Deve voltar ao anoitecer. – Gray falou encarando a moça desinteressado. Depois de um tempo de silencio, Natsu finalmente se pronunciou.

 - Bem... Vou procurar Grandine, ela me disse que tinha alguns remédios para nos dar para a viagem. – Ele disse se retirando rapidamente do corredor, deixando os dois a sós.

 Juvia usava um vestido simples cinza, com um colar de pérolas envolto em seu fino e delicado pescoço. Seus cabelos estavam soltos, mas não completamente, sendo que sua franja estava presa por uma pequena trança, de modo que Gray viu que ela transpirava um pouco.

 - Precisamos conversar, Srta. Lockser. – Gray falou formalmente, enquanto a moça o analisava atentamente, esperando qualquer movimento brusco vindo dele.

 - Concordo. – Ela disse entrando novamente na Sala de Treinamento, sendo seguida logo depois pelo moreno, que fechou a porta atrás de si, de modo que ninguém iria ouvir a conversa dos dois.

 - Queria me desculpar, primeiramente. – Ele disse olhando para baixo. – Foi rude da minha parte conversar com você daquela forma no baile.

 - Aceito suas desculpas. – Ela disse fazendo uma pose que a fazia parecer forte e decidida, mas no fundo estava confusa, e suas mãos estavam tremendo, não sabia a razão daquilo. – Mas tenho quase certeza de que não veio até aqui para se desculpar. – Ela falou caminhando até Gray. – O que veio falar comigo?

 - Eu queria me certificar de uma coisa. – Ele disse a encarando misteriosamente de volta, como se procurasse qualquer brecha, qualquer fenda na armadura fria de Juvia, e ela tentava fazer o mesmo com ele. Era como uma batalha, onde quem achasse o defeito do outro primeiro ganhava.

 Mas os dois eram bons soldados, e bons soldados tem boas armaduras. Ambos foram feitos para não terem imperfeições.

 Gray fora sempre criado para ser um dos melhores guerreiros de Fiore, em ordem de trabalhar fielmente para o rei e para o reino, ou seja, para Igneel e para Natsu, sendo seu braço direito, assim como fora com Erza.

 Já Juvia fora feita para ser uma verdadeira Lady. Sem imperfeições, sem defeitos, sem contestar. Apenas obedecer. Mas a vida lhe ensinou muito mais coisas que qualquer um ali podia imaginar. Ela a forçou a ser forte, a ser um soldado. Porém ela havia mais armas do que qualquer um ali. Juvia tinha seus mistérios, e cada mistério era como uma espada sendo afiada, só esperando para cravar no peito de alguém. E esse no fundo era seu maior medo, não queria ferir ninguém a não ser ela mesma.

 Era sua falta que seus pais haviam morrido. Era sua falta que ela não foi ajuda-los. Era sua falta que seus corpos sumiram e ela ainda não conseguiu acha-los. Era sua falta Gray odiá-la tanto e não querer se casar com ela. Nem ser uma boa pretendente ela nem sabia fazer.

 - Vim reivindicar nosso contrato. Vim aqui ter certeza plena de que não irá quebra-lo. – Ele disse sério.

 - O que? – Ela perguntou confusa.

 - O contrato. Irei me casar com você, se é isso que precisa tanto. Vim aqui esclarecer algumas coisas antes de viajar. – Ele falou caminhando até ela.

 - E o que quer esclarecer? – Juvia perguntou desconfiada. Por algum motivo ela sabia que não iria vir coisa boa desta conversa. Mas admitiu que estava feliz por Gray ter abrido mais sua mente em relação à ela.

 - Quero ter a certeza de que serei somente eu a ser o seu companheiro.

 - O que quer dizer com... Está dizendo que acha que vou quebrar este contrato? Que irei lhe trair antes mesmo de sequer planejar o casamento? – Ela perguntou com fúria no olhar.

 - Você e Lyon parecem ser bem íntimos, e ele não perde a oportunidade de falar o quão bom seria se vocês se casassem. Ou eu devo estar errado? – Fullbuster comentou ríspido e ela permaneceu calado. – Não quero que nosso... Relacionamento... Seja mal visto. Pelo meu bem e pelo seu.

 - Gray Fullbuster, se está insinuando de que eu poderia “traí-lo” com Lyon, está completamente enganado. Acima de tudo e todos sou uma Lockser, e eu nunca quebro minhas promessas... Não importa o quão arrependida eu esteja ou não. – Essa ultima frase ela sussurrou. Claro que o rapaz ouviu, mas preferia não ter ouvido. – E que condições são essas?

 - Já que sei que nada de extraordinário vai acontecer enquanto eu estiver fora, quero que saiba que tenho algumas condições em relação a esse casamento.

 - Que seria...?

 - Como todo casamento, iremos dividir um mesmo quarto, certamente. Mas vou avisando que não pretendo ter filhos tão cedo.

 Nem precisaria se mencionar que Juvia ficara tão rubra quanto os cabelos de Erza.

 - Eh... Claro. – Isso a pegou de surpresa, ela nunca imaginaria uma condição como aquela. Gray era bem... Direto em seus objetivos, e ela descobriu isso naquele momento. Ele não gostava de rodeios.

 - Acho que agora não será o momento apropriado, isso se formos nos casar agora. – Ele falou na maior frieza que se podia imaginar. – Tem uma condição acima disso?

 - Não. Mas se tiver, irei me certificar de que seja o primeiro a saber disso. – Ela disse respirando fundo.

 - Certo. – Ele falou. – Quando estivermos prontos, discutiremos mais sobre isso, ou quando o rei quiser...– Ele reclamou. Odiava o que Igneel tinha feito á ele. Achava que Igneel poderia mandar em tudo e, mesmo ele não admitindo, tinha medo desse poder todo concentrado nas mãos dele.

 - Próxima condição. – Ela disse engolindo em seco, e escondendo a vergonha dessa conversa. Gray a surpreendera de uma forma que ela ainda não sabia se era boa, por pensar em ter filhos com ela, ou ruim, por colocar uma imposição ridícula em cima disso.

 - O que iremos ter será um relacionamento contratual. Não quero ter que me comprometer totalmente a você. Será minha esposa, mas carregará apenas meu nome. – Ele falou sério e para Juvia foi como uma facada no coração. Não era isso que ela esperava. – Não irei traí-la, nem nada disso... Mas quero te deixar ciente de que não receberá carinhos nem flores. Estamos fazendo isso pelo reino, não por amor.

 - Claro, Fullbuster. Achava que isso já estava claro para nós dois. – Ela disse, mas nem conseguia enxergar seu rosto. Começou a encarar seus próprios sapatos, como forma de amenizar a situação. – Mais alguma ou apenas essas já são suficientes para você? – Ela perguntou irônica.

 - Mais uma. Tente não se meter em problemas. Fiore é muito grande, e existem muitas pessoas que querem sua cabeça em uma bandeja de prata. – Ele falou, desta vez de forma mais carinhosa. – Não vacile. Assim que chegar irei lhe ensinar tudo o que sei sobre espadas e ataques. Não quero minha noiva desprotegida.

 - Desprotegida? – Ela perguntou arqueando uma sobrancelha. – Quanto a isso não precisa se preocupar, não sou tão indefesa como pensa.

 Gray a encarou com curiosidade, mas logo depois ignorou a ideia de que Juvia pudesse ter alguma coisa a ver com armas. Ela parecia uma flor, não teria força nem para empunhar a espada que o rapaz estava carregando em sua cintura.

 - Bem... Então acho que estamos de acordo. – Ele disse para a moça.

 - Tenha uma boa viagem, Gray Fullbuster. – Juvia disse para ele se aprumando e estufando seu peito, em seguida estendeu sua mão para o rapaz. – Tente não morrer, ainda preciso de você. – Ela tentou soar com a mesma frieza que o jovem, mas duvidava de que isso tivesse realmente acontecido.

 Gray não respondeu, apenas curvou um pouco sua cabeça e beijou delicadamente as mãos da jovem e saiu da Sala o mais rápido possível. Juvia continuava a tremer. Ela estava odiando as atitudes de Gray, por isso suas mãos estavam daquele jeito. Mas o que ela ainda não entendia era que, mesmo com toda sua frieza e sua rispidez, seu coração estava mais inquieto que o normal.

 - O que está acontecendo com você, Juvia? – Ela se perguntou enquanto tentava se acalmar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Pessoal, que ver vocês comentando se estão gostando ou não, só para ter um feedback, legal, ok? Muito obrigada
Até o próximo!



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