CAPÍTULO 6 - Namorando

 (POV NESSIE)

Dormi muito pouco durante a noite. Acordei me sentindo horrível. Não tinha a menor vontade de ver ninguém.

Ouvi vozes lá em baixo, mas não eram do meu pai. Ele devia ter ido caçar. Pelo menos isso me daria um tempo para pensar numa boa explicação para o acontecido.

Conclui que o melhor era ficar na cama o dia todo. O mais estranho era que também não queria encontrar Jake. Eu estava envergonhada. Parecia que tínhamos feito uma coisa muito errada, e pior, sentia que tudo tinha sido minha culpa, afinal foi eu que tentei beijá-lo primeiro.

Então isso que era a tal “paixão”? Eu já havia amado Jake de tantas formas, mas o que sentia agora era totalmente diferente, era mais físico. Eu não desejava apenas sua companhia, eu queria o seu toque, seu calor, seu cheiro. Esses desejos eram completamente estranhos para mim.

Eu sabia o que casais faziam por causa dessa paixão. Eu convivia com quatro casais apaixonados do meu lado.

Tio Emmet me contou uma vez que antes do meu nascimento as coisas por ali eram bem mais “quentes”, mas depois papai os proibiu de ficarem se agarrando perto de mim. Eles também reformaram todos os quartos, colocando isolantes nas paredes que me impediriam de ouvir os sons que faziam lá dentro. Não queria nem imaginar que sons eram estes...

Será que eu estava apaixonada?

Meus sonhos daquela noite deixaram claro que as necessidades do meu corpo agora eram outras. Eu não parava de pensar naquele beijo e em como meu corpo tremeu nas mãos de Jake.

Mas eu estava tremendamente encrencada. Meu pai podia ver tudo o que se passava na minha cabeça e certamente ele não ia gostar muito do que eu andava pensando.

Precisava fazer alguma coisa antes dele chegar em casa.

- MANHÊÊÊÊ....

- Nessie, quer me matar de susto? O que foi, filha? – Minha mãe já estava entrando em meu quarto quando gritei.

- Mãe, faz um grande favor pra mim? Diz que sim, diz que sim, diz que sim... por favor!!

- O que foi, Nessie? – Ela perguntou desconfiada.

- Faz ”escudo” em mim quando meu pai chegar.

Ela era a única pessoa que meu pai não conseguia ler os pensamentos. Também tinha o poder de “blindar” outras mentes com o poder de seu escudo. Isso era tudo o que eu precisava hoje.

- Nessie, você sabe que ele não vai gostar disso e além do mais isso não é fácil de fazer.

Senti que podia convencê-la.

- Mãe, quando conheceu meu pai você teria gostado do Vô Charlie ficar lendo seus pensamentos? – Perguntei com cara de desespero.

Ela ficou pensativa e depois suspirou como quem sabia muito bem sobre o que eu estava falando.

- Tudo bem, filha, eu faço... Só hoje! Você e seu pai precisam conversar para entrarem num acordo sobre essa nova fase da sua relação com Jacob. E por falar nisso, você sabe o que está sentindo por ele, filha? Acha que está realmente apaixonada?

- Não sei, mãe. Eu estou tão perdida... – comecei a chorar e deitei a cabeça em seu colo – eu só sei que ontem quando nos beijamos eu senti a melhor sensação do mundo. Parecia que eu estava flutuando, que o mundo tinha parado e que só restavam nós dois neste planeta.

- É Nessie, pelo jeito você se apaixonou mesmo. – Minha mãe afagou meus cabelos e sorriu.

- Pronto, agora vai se arrumar e desça. Sei pai já deve estar chegando. Vocês precisam conversar.

- Mãe, eu estou com vergonha de encontrar Jake – falei em voz baixa.

- Tudo bem filha, é normal se sentir assim. Se eu bem conheço Jake, ele virá falar com seu pai e com você também. Ele deve estar sofrendo muito. Ele gosta muito de você, mais do que pode imaginar.

Sempre que minha mãe falava de Jacob parecia que escondia algo. Eu já estava ficando preocupada com aquilo, mas estava sem cabeça para perguntar sobre isso agora. Tinha mesmo era de enfrentar um certo vampiro irado que eu chamava de pai.

Desci ao lado da minha mãe, assim o escudo funcionaria perfeitamente. Tomei meu café em paz. Ninguém me perguntou nem falou nada, mas suas caras deixavam claro que não se tratava de uma manhã normal. O clima estava tenso.

- Renesmee, precisamos conversar. – Nem vi meu pai entrando. Sua voz estava calma, mas séria.

- Bella, dá para parar de fazer isso? – Ele falou irritado, por causa do escudo. Seus olhos a fuzilaram.

- Edward, vamos dar um pouquinho de privacidade a ela. – Mamãe fez um sinal com os olhos pra ele, tentando fazê-lo entender os motivos.

É óbvio que ele não entendia. Ninguém nunca tinha ficado expiando os pensamentos obscenos que ele tinha com a minha mãe quando namoravam. Eu queria só por um  único dia invadir sua cabeça para ele ver se era bom.

- Vamos para o escritório, o cacho... Jacob já está chegando. – Meu pai até que tentou, mas não conseguiu esconder que sua raiva ainda não tinha passado.

Meu Deus!! Jake participaria da conversa também! Eu não tinha me preparado para encontrá-lo. O que será que ele estava pensando disso tudo? Olhei para minha mãe com tanto desespero nos olhos que ela entendeu logo o que eu queria.

Ela tinha de bloquear os pensamentos de Jake também. Se eu que era mulher tava pensando tanta besteira, imagina ele?

Ela acenou pra mim, mostrando que faria o que pedi.

Suspirei aliviada. Meu pai nos olhou desconfiado, mas não podia fazer nada, nossas mentes estavam fechadas para ele. Doce vingança...

Tínhamos acabado de entrar no escritório do meu avô quando Jake chegou.

Quase tive um treco quando nossos olhos se encontraram. Meu coração batia tão forte que parecia que ia explodir. Ele estava lindo. Sorriu para mim cheio de ternura. Não falamos nada um pro outro, não eram necessárias palavras.

- Eu vou propor um acordo com vocês – meu pai começou a falar, demonstrando insatisfação na voz. – Eu permito que os dois namorem. Vocês namorarão até Renesmee completar seu desenvolvimento, que segundo nossas pesquisas se dará daqui a um ano, mais ou menos. Então falaremos sobre esse relacionamento novamente. Enquanto isso – ele encarou Jacob com o olhar mais ameaçador que eu já tinha visto – vocês não poderão ir além de beijos. Nada além disso. E não pensem em me enganar porque o escudo da Bella não vai durar pra sempre – reparei o olhar aliviado que Jake lançou para mamãe. - Essas são minhas condições. Se não forem cumpridas não respondo por meus atos. Não duvidem do que estou ameaçando.

Da forma que falou não tive a menor dúvida que ele faria qualquer coisa para preservar minha pureza.

- Ah, e não me venha dizer que é impossível se controlar, Sr. Jacob Black, porque eu sei muito bem que é possível. Eu mesmo o fiz.

Nessa hora fiquei aliviada por ele não poder ler a cabeça de Jake. Sabe-se lá o que aquele doido tava pensando. Boa coisa é que não era.

- Tudo bem, Edward, aceitamos seus termos. – Jacob se virou para mim e acenou com a cabeça, como se quisesse minha confirmação de que também aceitaria.

- Tá pai, por mim tudo bem.

- Então estamos combinados. A partir de hoje vocês são oficialmente namorados. – A cara do meu pai mais parecia que estava sentenciando a minha morte.

Corei na hora, afinal eu nem tinha sido pedida em namoro e meu pai já estava oficializando.

- Pai, não acha que o Jake deveria me pedir em namoro primeiro? - Eu estava corada e não tive coragem de olhar para ele.

- Srta. Cullen, acho que aquele agarramento de ontem deixou claro que vocês preferiram pular essa parte, estou errado? – Perguntou meu pai.

Quanto sarcasmo!!!

 Não respondemos nada.

- Se vocês quiserem podem ir dar uma volta. Acho que têm muito o que conversar. Estou falando C-O-N-V-E-R-S-A-R, ouviram?

Não é por nada não, mas meu pai estava insuportável. Estava vendo a hora em que ele ia me colocar um cinto de castidade. Era melhor não pensar nisso para não ficar dando idéias pra ele.

- Paaai, nas noites que você passou no quarto da mamãe, quando eram namorados, vocês só conversavam? Noooossa, quanto assunto!....

Não agüentei, tive de falar, senão explodia.

Antes que meu pai tivesse um chilique, Jake segurou minha mão e me levou quase voando para o jardim.

“Bendito” escudo!! Poupou meu pai de ouvir o que pensei quando aquelas mãos quentes e macias tocaram as minhas.