CAPÍTULO 3 – ALASKA

(POV NESSIE)

Eu ficava a maior parte do tempo sozinha. Meus pais e tios se empenharam de corpo e alma, se é que eles tinham uma, no intuito de ajudarem Kate e sair daquele surto auto-destrutivo. Felizmente eles estavam tendo sucesso. Kate estava mais calma, mas não completamente decidida a abandonar seus planos. Por isso já havia se passado cinco meses e não nos sentíamos seguros de irmos embora e deixá-la sozinha. Tia Alice ainda não via seu futuro de maneira clara e seguro. Kate realmente ainda estava indecisa. E assim continuávamos exilados, pelo menos a meu ver, naquela prisão de gelo.

A melhor hora do dia era quando falava com Jake pelo telefone ou no MSN.

Conversávamos por horas. Ele sempre queria saber tudo o que eu tinha feito, o que tinha comido, se tinha caçado... Enfim, tinha de lhe passar um relatório completo.

Só não lhe falava a respeito das transformações que meu corpo tinha passado nesses meses. Agora sabia que esse assunto o deixava encabulado.

Meus seios estavam bem maiores, e lindos, segundo Tia Alice. Meu corpo agora tinha curvas bem femininas. Meu quadril se alargara, a cintura estava fina e minhas coxas estavam mais grossas. Sem falar do meu bumbum que já não cabia mais nas minhas calças antigas.

Minha mãe e meus tios não se cansavam de dizer que eu estava linda, que tinha virado um mulherão (adjetivo do Tio Emmet).

Meu pai ficava calado e mau humorado quando o assunto era meu novo corpo, mas eu sabia o quanto ele me amava. Seu olhar transbordava ternura quando me fitava. Ele daria sua vida por mim... Então seu mau humor não me incomodava. Percebia que por trás daquela carranca ele também achava que eu estava virando uma jovem muito atraente.

Não era só fisicamente que eu estava mudando, sentia que a cada dia que passava eu estava mais madura emocionalmente. Estava mais calma, mais ponderada, mais introspectiva. E tinha ainda algumas sensações que passei a sentir que eu simplesmente desconhecia.

Uma das que não conseguia entender era o vazio que me invadia quando me despedia de Jacob. Não era como a saudade do início da viagem, era algo diferente, físico.

Também inexplicável era o frio na barriga que me dava quando ouvia sua voz. Era como se um monte de borboletas estivesse voando em meu estômago.

Sentia muita falta do calor que emanava de seu corpo. Tudo no Alaska era tão frio...

Durante uma caçada com meu pai, resolvi me abrir um pouco.

– Pai, eu ando me sentindo estranha – falei.

– Nessie, querida, você tem se sentido doente? Precisamos falar urgente com Carlisle. - Ele já estava todo preocupado.

– Calma pai, eu estou ótima de saúde. Não é nada disso. Eu estou dizendo é que ando desconhecendo minhas emoções. Às vezes eu me sinto tão perdida!

Ele afagou meus cabelos carinhosamente.

– Nessie, meu amor, é só mais uma fase de transição. Você está passando por todas essas transformações muito rapidamente. Não está tendo tempo de absorver todas as mudanças que vem sofrendo, tanto físicas quanto emocionais.

– O paradoxo de tudo isso - ele sorriu tristemente - é que eu tive mais de noventa anos para entender a adolescência e você está tendo apenas meses. –Enquanto falava meu pai me aconchegou em seus braços.

Eu me sentia tão segura perto dele... Quando percebi lágrimas rolavam pelos meus olhos.

– Pai, o que estava acontecendo comigo? Por que eu estou chorando?

– Devem ser os hormônios, Nessie. Mas não chore, querida, tudo isso vai passar. Nós vamos voltar pra casa amanhã, está bem? Você agora precisa estar rodeada das pessoas que ama e que a amam.

–Oh, pai, obrigada. – Os soluços já não me permitiam mais falar nada.

Meu pai me pegou no colo e me levou de volta para a mansão dos Denali. Finalmente iríamos voltar pra casa e, principalmente, eu iria voltar pra Jake.