CAPÍTULO 2 – DESPEDIDA

(POV NESSIE)

Quando acordei, na manhã seguinte, estava um pouco mais calma.

Tomei um banho e desci para tomar café.

Os preparativos para a viagem já estavam prontos e mamãe me informou que sairíamos no fim da tarde, por volta das dezoito horas.

– Vou à casa do Jake me despedir dele – falei.

– Tudo bem, filha. Ele já está sabendo que vamos viajar e ficou muito triste. Passe o dia com ele – sugeriu minha mãe.

Ela gostava muito dele. Ele também tinha sido seu melhor amigo. Por causa do ciúme de meu pai ela se mantinha mais distante agora, mas havia muito carinho entre os dois.

Quem conseguiria não gostar de Jake? Ele era o amigo mais adorável e fiel que alguém poderia ter. Eu o amava muito, tanto quanto amava meus pais.

Acabei o café e corri pra casa de dele. Assim que o vi, as lágrimas começaram a inundar meus olhos e me atirei em seus braços, num abraço tão apertado que quase me impedia de respirar.

– Oh, Jake, como vou conseguir ficar longe de você?

– Calma, Nessie, minha linda, calma. Sabe que não gosto de te ver chorar – ele quase implorava, todo carinhoso.

Jacob segurou meu rosto com uma das mãos e com a outra enxugou minhas lágrimas. Era exatamente sem esse carinho que eu não conseguiria ficar. Desde meu nascimento nunca tinha me separado dele mais de uns poucos dias. Ele fazia parte de todas as minhas lembranças. Tudo o que acontecia na minha vida eu compartilhava com ele. Ele era como um diário para mim. Com Jake eu não tinha segredos.

– Eu também vou morrer de saudade de você, – ele lamentou – mas não fique triste. Vou te ligar todos os dias. Só me prometa que vai tentar se divertir. Não quero que fique infeliz.

– Tudo bem. Promete que não vai se esquecer de mim? - Perguntei, fazendo beicinho.

Ele me abraçou com mais força ainda e beijou minha testa.

– Você é minha vida, Nessie. Como poderia esquecê-la?

Ficamos abraçados por um longo tempo até que Jake se afastou de repente.

– O que foi?

– Nada não. Vamos caminhar um pouco.

Suas mãos estavam trêmulas e suadas.

Nos últimos meses tinha notado que Jake estava me evitando um pouco. Não a minha companhia, mas os meus abraços e, principalmente, nossas brincadeiras de luta, aquelas em que rolávamos no chão por horas até um de nós assumir que não agüentava mais. Ele sempre perdia, claro.

Acho que era medo de machucar meus seios, pois foi desde que eles cresceram que Jacob me mantinha mais à distância. Na verdade lembro muito bem do dia...

Tinha acordado cedo como em qualquer outro dia e fui para o banheiro tomar banho e escovar os dentes.

Quando tirei meu pijama, levei o maior susto... Meus seios tinham crescido um pouco, não muito, mas eu já poderia usar os sutiãs PP que a Tia Alice tinha comprado para mim. E também haviam nascido pêlos em mim, nos lugares esperado, é claro.

De todas as transformações que eu já estava acostumada a presenciar em meu corpo, devido ao meu crescimento acelerado, esta definitivamente tinha sido a mais radical. Eu estava encantada.

Mal me troquei após o banho e corri escada abaixo, gritando.

– Gente, vocês não sabem o que aconteceu!!

A primeira pessoa que vi no pé da escada foi Jake e já fui logo pegando sua mão e colocando em meu peito.

– Jake, sente só! Eu tenho seios – gritei toda animada.

Assim que ele percebeu onde suas mãos estavam, deu um salto tão grande pra trás e com tamanha rapidez que destruiu parte do sofá da vovó. Seu rosto estava mais vermelho que um tomate e sua respiração irregular.

– Jake, o que foi, você está bem? – Perguntei, sem entender o que estava acontecendo.

– Nessie eu... eu preciso ir. Tchau.

Ele saiu como um relâmpago da sala e só então fui perceber que mamãe, Tio Emmet, Tio Jasper e vovó estavam parados na sala, me olhando, calados, como se não soubessem o que dizer.

Mamãe foi a primeira a quebrar o silêncio.

– Parabéns, filha!! Parece que agora sou mãe de uma adolescente. – Ela riu e me abraçou carinhosamente.

– Mãe, eu também tenho pelinhos agora!!! – Falei, toda animada.

Tio Emmet caiu na gargalhada.

– Alguém precisa colocar freios nessa menina senão ela vai anunciar isso para a cidade toda – disse rindo.

– Acho bom a gente subir e conversar um pouco, Renesmee. – Mamãe sugeriu.

Naquele dia fui apresentada a uma nova fase da minha vida: meninas de um lado, meninos do outro. Coisas que podemos falar com meninas e coisas que não podemos falar com meninos. Um saco!!

– Nessie, você não poderia ter feito Jake tocar seus seios, filha.

– Mas mãe, para mim ele é como o papai. É o meu melhor amigo. Ele sabe tudo da minha vida – falei.

– Mas agora é diferente, Nessie. Você está crescida. Jake é um rapaz e...

Que assunto mais estranho era aquele da minha mãe... Jake e eu éramos amigos!

– Mãe, eu não tenho vergonha do Jake. Ele me conhece desde que eu nasci. Ele me viu de fralda – tentei explicar.

– Mas suas atitudes de agora pra frente podem deixá-lo... envergonhado.

Parecia que não era bem essa palavra que mamãe queria ter dito.

– Mãe, foi por isso que Jake saiu correndo? Ele ficou com vergonha? – Perguntei.

– Eu acho que foi vergonha sim, querida. Assim espero...

Senti algo no ar, algo que não fora dito, mas deixei pra lá.

Desde esse dia meu melhor amigo não me carregava mais no colo...

Agora estávamos ali, de mãos dadas, caminhando na praia.

Eu iria passar uma temporada no Alaska e ficaríamos separados.