Only You escrita por Cristabel Fraser


Capítulo 15
Sense


Notas iniciais do capítulo

O significado do título de hoje é "sentido". Segundo, mais do nunca estou feliz e agradecida ao site Nyah por não ter anulado minha conta, pois muitos não sabem, mas eu desapareci aqui por estes meses por conta da minha fanfic "Caminhos Perdidos". Ela existia um livro original chamado "O Advogado" e sem ter ciência eu meio que adaptei-a, mas sempre deixando claro que era baseado do original e muitos capítulos dela eram criados por mim. Então por isso meu bloqueio, peço perdão aos meus leitores e espero tê-los por qui enquanto eu estiver tbm rss. Bem voltamos a atenção para OY rss, obrigada pela espera de todos e devo dizer que teremos bastante caps com POV do Narrador, pois têm muitos detalhes a serem solucionados, mas breve voltará ao normal rss prometo. Queria agradecer a todos que recomendaram desde o inicio, obrigada lindas: DM, Stelle, Brigadeiro de Nutella, Anônimo, Dani Everdeen, Anny evellark e a RaafaSantos, meninas dedico esse cap a vcs e a todos que gostam dessa fic. Por favor quero vossas opiniões sobre tudo e qualquer dúvida me procurem pelas MPs. (Perdoem-me pelo enorme texto nas notas iniciais)
Ps: São muitos nomes a serem sitados em agradecimento, mas agradeço a todos que me apoiaram nesse tempo, dedico este cap a vocês queridos.
Boa Leitura.



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POV NARRADOR

Os dias se arrastavam e o brilho que aquela garota sempre teve em seus olhos se ofuscaram. Seu marido lutava para vê-la sorrir pelo menos mais uma vez, mas Katniss parecia uma boneca esfarrapada.

Suas roupas ficavam largas a cada dia - no agora - esquelético corpo.

Já tinha algumas semanas que Peeta se encontrava na Propriedade dos Odair, mas sentia que estava os incomodando pelo fato de há menos de um mês terem a bebê Marian Everdeen Odair.

Mas para eles não era incomodo algum, já que o rapaz não saía do lado da esposa que se recusava a falar com qualquer um. Ele se entristecia cada vez mais, pois ela se recusava a pronunciar qualquer palavra que fosse. Pelo menos Katniss não o afastava quando a abraçava.

A mãe e irmã de Peeta fora embora poucos dias depois dele ter chego ali.

— Como ela está, Peeta? – Finnick perguntou enquanto tomavam café-da-manhã.

— Nada bem, Finn. – respondeu em um suspiro cansado – Temo que venha acontecer algo pior... – não conseguiu completar o que estava em seus pensamentos.

— Ela melhorará, você vai ver. 

Peeta queria acreditar em tais palavras, mas de onde tiraria forças para tal?

— E, como está Dália e a pequena Marian? – o rapaz perguntou tentando desviar um pouco seus pensamentos.

— Estão bem. Ela é tão lindinha Peeta. Só sabe mamar e dormir. Nem no meio da noite nos acordar, mas Dália é preocupada e sempre pede para eu pega-la para amamentar. – Peeta prestava a atenção a cada palavra proferida por seu concunhado, imaginava se um dia teria aquele orgulho, aquele brilho nos olhos e sentir na pele o que é ser pai – Vai ver quando você for pai. É um amor totalmente diferente sabe, é um amor que te dá ânimo para seguir em frente. E, quando começam a balbuciar as primeiras palavras... – ele soltou um riso – Eu passava todo tempo fazendo com que repetissem papai primeiro. Mas, engraçado isso só deu certo com Simon e com a Annie.

Peeta sentiu um nó em sua garganta e agradeceu internamente quando Finnick pediu licença e se retirou. Suas emoções estavam um tanto estremecidas e de nada adiantava ser um oficial – homem sério e revolucionário - ele não era de ferro.

Assim que terminou de se alimentar caminhou até a entrada do casarão. Peeta respirou profundamente o ar puro daquela manhã ensolarada. Logo um pensamento lhe veio à mente. Se voltou para dentro e foi até à cozinha. Lá, pediu permissão para montar uma cesta de piquenique e uma bandeja de café-da-manhã.

Sua esposa não havia acordado quando ele desceu para tomar café. Havia sido uma noite agitada ela acordara repetidas vezes se debatendo na madrugada. Em alguns momentos gritava e chorava chamando pelo pai. Peeta se sentia cansado, olhos fundos pelas noites mal dormida.

Ele subiu equilibrando a bandeja, pensou nas crianças passando, correndo por ali e de alguma forma derrubar tudo aquilo, mas todas estavam ocupadas àquela hora. Simon e Samuel se encontravam na aula de equitação e a pequena Annie em sua aula de etiqueta na biblioteca com Mrs. Meirelles.     

Uma criada que passava por ali abriu a porta do quarto para ele, enquanto segurava firme a bandeja para não cair.

— Obrigado. – agradeceu e a criada com um sorriso sem jeito o deixou. Caminhou até a cama e a esposa se encontrava na mesma posição que a deixara. Com cuidado depositou a bandeja num criado mudo, em seguida sentou-se e com cuidado começou a acariciar os sedosos cabelos de sua amada – Querida, acorde. – sussurrou dando um suave beijo em sua têmpora.

Aos poucos ela foi abrindo os olhos. Aqueles olhos cinzentos que ele tanto amou desde a primeira vez.

 – Trouxe seu café-da-manhã. Vou te ajudar a sentar. – com cuidado ele a abraçou-a e elevou seu corpo com facilidade.

Antes de encosta-la na cabeceira da cama pegou alguns travesseiros macios que estavam por ali e colocou atrás de suas costas. Ela continuava imóvel como uma boneca, apenas seus olhos piscavam vez em quando.

— Aqui, beba. – levou um copo de suco que ele mesmo tinha preparado – laranja com beterraba – ela bebericou no início e quando ele pensou que desistiria aos poucos o liquido havia sumido – Muito bem, meu amor. – ele sorriu e beijou sua bochecha.

— Agora coma um pedaço disso. – ele tinha fatiado um pedaço do pão de linhaça, espalhado um pouco de azeite extra virgem, salpicado um pouco de orégano e assado por alguns minutos na chapa.

Aos poucos Katniss comia aquela generosa fatia de pão. Depois dela ter comido, ele pegou um morango e colocou sobre a delicada boca da esposa que mastigou e até soltou um grunhido de satisfação. Bem sabia ele o quanto ela amava aquela fruta. Ela comeu praticamente toda a tigela de morangos que ele trouxera. De repente ela o encarou e no minuto seguinte seus olhos se tornaram poças de lágrimas.

— Oh, meu amor... não chore, o que aconteceu? – ela soltou um gemido até certo ponto alto e ele a tomou nos braços. Peeta a aconchegou em seu colo e começou a balançar o corpo para frente e para trás, talvez tentando acalmá-la.

Num lampejo ele olhou para a tigela de morangos e então entendeu tudo. O pai sabia o quanto a filha gostava da fruta, tanto que pediu para Mr. George Mellark fazer seu bolo de 18 anos todo de morango.

— Não fique assim querida. É difícil, eu sei, mas vai passar... – ele suspirou – Vai passar.

Ele deitou na cama com os pés para fora por conta das botas que usava e aconchegou a esposa em seu peito e afagou seus cabelos enquanto sussurrava palavras de conforto. Aos poucos ela foi se acalmando, tanto que achou que a mesma tinha dormido. Então ele a sentiu... sentiu que ela esfregava o nariz em seu peito como se de alguma forma absorvesse seu cheiro.

— Katniss... – sibilou seu nome então segurou o delicado rosto da esposa entre as mãos e encostou os lábios de ambos em um beijo sem pressa, mas ele queria mais, deseja mais. Então testou aprofundar o beijo, entreabriu os lábios e foi tentando invadir a boca da mulher que se encontrava quase em cima dele. Pensou que ela choraria ou se afastaria, mas ao invés disso permitiu que seu marido a beijasse com paixão.

Ele puxou delicadamente o lábio inferior da esposa entre os dentes. Seu corpo desejava o dela sem sombra de dúvida. Não seria pecado, afinal estavam casados, mas sabia que não faria nada com ela sem que a mesma concordasse, ou enquanto estivesse naquele estado monótono e delicado.

— Eu te amo mais que tudo. – sussurrou depois que o ar se fez falta.

Desde que Peeta regressara de sua missão não havia recebido notícia de seus superiores, mesmo sabendo que ambos já estivessem retornando de Portland. Com o estado que a esposa se encontrava ele não pode nem lhe contar o que havia acontecido. Não saberia qual a reação que ela teria diante de tantos acontecimentos. Preferiu deixar para lá.

— Preparei algo especial para você. – disse encarando os olhos apreensivos dela – Vou te levar para um piquenique. O que acha? – ela não respondeu, mas o encarou com um olhar doce que ele entendeu como um “sim”.

Ele levantou da cama deixando a esposa em uma posição confortável sobre os travesseiros. Beijou-lhe a testa e disse que chamaria uma criada para ajudá-la a se arrumar. A criada designada chegou ao quarto e logo Peeta abriu o guarda-roupa e escolheu um lindo vestido florido com cores tranquilizantes. Buscou por um chapéu também. Antes de sair prometeu vir busca-la, então pegou a bandeja e se retirou deixando que se aprontasse.

A criada nada disse apenas foi pedindo permissão para retirar uma peça aqui e outra ali. Esse era o estado em que Katniss se encontrava. Os médicos achavam que talvez ela não voltasse ao normal, já outros diziam que o tempo podia traze-la de volta. Era um estado de monotonia profunda. Finnick e Dália acreditavam piamente que Peeta pudesse puxa-la daquele oceano profundo de melancolia.

Katniss tinha noção do que acontecia a sua volta, mas não tinha forças para afastar nem sequer uma mosca.

— Pronto senhora. – disse a criada quando finalizou o cabelo. Sem que Peeta pedisse, a criada escovou os cabelos de Katniss deixando-os soltos prendendo apenas um pouco atrás da cabeça.

— Ela está pronta? – ele perguntou entrando novamente no quarto.

— Sim, senhor. Algo mais?

— Não, obrigado.

— Só falta o chapéu, senhor. Aqui. – estendeu um lindo chapéu a ele.

— Você está belíssima, querida. – disse quando se encontravam sozinhos.

Peeta pegou a mão da esposa e encaixou em seu braço. Ela deu alguns passos, mas inutilmente não quis continuar. Como bom marido que era, ele a tomou em seus braços sem o menor esforço. Assim que surgiram no corredor Finnick os chamou para ver a pequena Marian. Quando adentraram o enorme quarto de Dália, a loira chorou quando viu a irmã sendo carregada pelo cunhado. Finnick a consolou dizendo:

— Dália, sabe que sua irmã está delicada e ver você chorando talvez não lhe faça bem, querida.

— Me desculpe por isso. – Dália enxugou o rosto com um lenço que o marido lhe havia estendido.

Perto dali ouvia-se um gemidinho, um resmungo. Finnick foi até o berço e pegou sua filha e levou até a tia que se encontrava inexpressiva nos braços do marido.

— Olha Katniss mais uma sobrinha linda para você paparicar bastante. – ela que tinha os braços envoltos ao pescoço do marido levou um deles em direção a criancinha e delicadamente fez carinho com o indicador no diminuto rostinho corado de bebê.

Por outro lado, a bebê retribuiu o carinho com alguns sorrisinhos discretos. Agora o porquê daquilo ninguém conseguiu explicar.

— Ela é linda, parabéns. – infelizmente essas felicitações veio do Mellark e não da esposa – Vou caminhar um pouco com ela, não se preocupem conosco.

Peeta aconchegou mais a esposa em si e desceu as escadas. Um dos criados apareceu e lhe entregou a cesta de piquenique. Fora um momento de verdadeiro malabarismo carregar a esposa e a cesta ao mesmo tempo. Mas ele não se desanimou nem por um segundo. Sofria com tudo aquilo, mas tinha que ser forte por ele e por ela, ou pelo menos tentaria ser.

Caminhou uns 3km e quando se aproximou de uma frondosa árvore pensou que ali seria perfeito, já que bem próximo havia um riacho. Agora, o desafio seria estender a toalha com as mãos ocupadas.

— Querida fique um pouco em pé, vou colocar algo para sentarmos.

Ela nada expressou, apenas observou seu marido estender um tecido bonito ali naquela grama adornada de folhas secas. O inverno se aproximava depressa, mas naquela manhã o dia estava favorável. A impressão era que a natureza queria dar a oportunidade dos dois terem um momento romântico. Até a brisa que vez em quando passava não era fria como deveria estar.

Peeta se encostou na árvore e puxou o corpo da esposa para seu colo e a aconchegou de modo que as costas dela se apoiasse no peito dele. Ele retirou o chapéu da cabeça de Katniss e o colocou de lado. Esticou seu braço até a cesta e retirou de lá um livro cuja a capa era conhecida. Aqueles olhos cinzentos já haviam mergulhado nas páginas. Sem Tempo, é o que se lia na capa do livro de poesias.

— Vejamos qual você ainda não leu... – folheou um pouco aquelas páginas tentando imaginar quais a esposa não lera.

Peeta tinha encontrado o livro no guarda-roupa junto com os pertences que a esposa tinha trazido consigo para passar aquele período na casa da irmã e do cunhado.

— Sentido. – leu o título de um que achou bem interessante.

Difícil saber,
Talvez se eu quicasse a pedra na água,
Andar por um caminho diferente para casa,
Tudo isso faria sentido.

Ou fechar meus olhos,
Me perder em mentiras adolescentes,
Se eu me apaixonasse mil vezes,
Tudo isso faria sentido?

Porque eu, eu tenho me sentido bem pequeno,
Às vezes sinto que estou deslizando pelas paredes,
E toda linha que eu me seguro,
Parece quebrar.

Sem que ele quisesse uma lágrima rolou de seu olho e fez uma trilha até cair no topo da cabeça de sua esposa, que parecia atenta a leitura, pois suspirou assim que ele fungou.

— Eu queria tanto que você me dissesse uma única vez “eu te amo”. Faz ideia de como me senti, quando você disse que pertencia somente a mim? Eu pertenço somente a você, querida? Me responda, por favor. – ele fechou o livro e ajeitou o corpo dela de um jeito que agora podia olha-lo nos olhos, mas ele teve de segurar seu queixo e trazer-lhe sua atenção, pois o olhar da esposa estava compenetrado na pequena correnteza do riacho.

— Diga-me querida. Diga que pertence somente a mim. – longos minutos se passaram e ela nada fez, ele puxou o ar de seus pulmões e de verdade não queria se mostrar fraco, mas não era feito de serragem ou ferro. Algumas lágrimas ameaçaram a descer de seus olhos, mas Katniss não permitiu que isso acontecesse e acariciou o rosto do marido.

Parecia que estava redescobrindo cada traço nele. Ele era belo, pensou consigo. Muito belo. Seus lábios queriam pronunciar cada palavra que ele havia pedido. Desde a frase “eu te amo” até a “pertenço somente a você”. Mas inutilmente não conseguia aquilo, sua língua parecia lhe trair.

Peeta continuava estático apenas sentindo o toque daquelas delicadas mãos que um dia vira tocar as teclas do piano.

Katniss sentia sua língua se enrolar, como se estivesse inchada e de certa forma isso lhe apavorava. Será que um dia voltaria a falar, ou até mesmo cantar? Ela sentiu que seus olhos começaram a arder ameaçando chorar, mas ao contrário disso tudo, sem ter como explicar conseguiu encostar seus lábios aos do marido parado à sua frente.

Os delicados dedos que tateavam aquele rosto másculo logo foram para o macio cabelo. Ele não hesitou em levar suas mãos sob as madeixas da esposa que mantinha os lábios sobre os dele. Ela mesma foi aprofundando o beijo. Ambos sentiam um chacoalhar dentro do peito e as batidas daqueles corações pareciam seguir a mesma melodia. Talvez de uma canção há muito esquecida, mas que agora era ressuscitada de tal forma que se o tempo parasse com toda certeza os dois não parariam.

— Katniss, minha vida...

Foi tudo o que ele conseguiu pronunciar depois da esposa se afastar para em seguida voltar a repousar a cabeça em seu ombro. Ficaram aninhados daquele jeito por longas horas até que ele abriu a cesta e retirou de lá uma variedade de comida. Uma porção de cada alimento. Quatro fatias de bolo de maçã, um saquinho de biscoitos de coco, biscoitos de polvilho com queijo, uma garrafa de suco de laranja, um cacho de uvas, duas peras, dois pêssegos e alguns morangos aos quais desta vez ela não se comoveu em come-los e lembrar-se do pai.

Sem que percebessem haviam passado praticamente o dia ali naquele lugarzinho especial, assentados debaixo da sombra daquela árvore. O dia realmente estava belo, foi reservado com carinho para aqueles dois que precisavam de um momento só deles.

Sempre que Peeta teve oportunidade não deixou de beijar sua esposa nos lábios. Em nenhum momento ela se afastou de seu toque, de seu carinho e para ele isso já era um grande passo.

Antes que o sol desce sinal de despedida ele recolheu tudo. Organizou na cesta o que precisava, colocou o chapéu na esposa, abriu o cantil de água e ofereceu a ela que bebeu um pouco e em seguida ele tomou o resto para retornarem abastecidos.

(...)

Talvez a despedida não fosse tão fácil, mas eles precisavam retornar ao Condado Twelve. Peeta via com clareza no olhar da esposa que se possível fora ela nunca retornaria para lá, mas dois meses havia se passado desde que Peeta regressara de sua missão.

Seus superiores haviam lhe mandado uma carta dizendo que em breve teria que se apresentar para a próxima missão. Ele não queria aquilo, realmente não queria. Tudo o que mais desejava era ficar ao lado da esposa que tanto amava por toda a eternidade. Prometera isso a Mr. Benjamim Everdeen, que protegeria, amaria e cuidaria de sua filha até que o ar lhe faltasse em seus pulmões.

Mas agora realmente precisavam retornar, pois as propriedades necessitavam de atenção, mesmo que financeiramente falando Dominik ficara responsável por tudo.

Peeta não podia mais abusar da hospitalidade de seu concunhado, mesmo ele protestando o contrário.

Claro que, ao se despedir das crianças não teve como não ter comoção. Mesmo que talvez para os pequenos não fizesse sentido algum a tia estar tão calada e triste enquanto esteve ali, mas Finnick tentou de alguma forma explicar que em breve a titia iria voltar a sorrir, a correr e a brincar com eles.

Dália abraçou a irmã tão forte quanto pôde. E ao olhar o semblante de Peeta cansado disse:

— Sei que está sendo difícil, mas vai ficar tudo bem.

Ele só conseguiu esboçar um sorriso fabricado antes de entrar na confortável carruagem onde Katniss já se encontrava sentada envolta a pelo menos três mantas bem quentinha, afinal o rigoroso inverno tinha chego sem cerimônia alguma. A neve já havia mudado todo o cenário. Peeta se aconchegou a Katniss. Uma grande quantidade de alimento estava dentro de uma cesta dentro da carruagem.

Eles fizeram duas paradas e em ambas tiveram que dormir em pousadas. Katniss continuava calada, mas sempre trocando caricias e beijos apaixonados com seu marido.

Enfim depois de três dias chegaram ao Condado Twelve, quando passaram perto do orfanato Katniss olhou atenta, pensou nas criancinhas que não tinham uma família. De repente começou a se lembrar de quando levava deliciosos quitutes preparados por Anastácia Ripper. Seu olhar era tão fixo ali que chamou a atenção do homem ao seu lado.

— Quer vir aqui qualquer dia desses? Posso lhe acompanhar se quiser. – se ofereceu e ela o encarou para em seguida acariciar seu rosto em sinal de confirmação, pelo menos foi o que entendeu.

À entrada da propriedade ela fechou os olhos como se aquele simples ato fizesse tudo desaparecer. Toda dor, toda lembrança e toda tristeza fosse evaporar. Ele a abraçou pelos ombros com força e quando a carruagem parou na entrada da mansão ela enterrou o rosto sobre o casaco do marido.

— Chegamos senhor. – o cocheiro abriu a porta da carruagem para descerem.

— Sejam bem-vindos, senhor. – Darius o mordomo veio buscar as malas.

— Obrigado, Darius. – Peeta agradeceu e com a esposa atarracada a ele caminhou para dentro.

Como de costume os criados estavam à espera. Ele cumprimentou a todos. E logo Dulce Maria se aproximou abraçando a jovem que passou a acompanhar desde que Janeth havia se casado.

— Menina como você está magra. – observou antes de olhar para seu mais novo patrão e perceber que sua aparência era tão desgastada quando ao daquela que abraçava.

— Por favor Dulce, prepare um banho bem quente para ela.

— Sim, pode deixar senhor. Pedirei para prepararem para o senhor também.

Ele apenas assentiu e caminhou de cabeça baixa até a sala de estar. Pediu a Darius que lhe trouxesse um bom vinho. Precisava se aquecer e ao mesmo tempo se esquecer. Sentou por um tempo na poltrona frente a lareira acesa. Logo Darius trouxe o vinho e lhe serviu.

— Algo mais senhor? – perguntou.

— Não, Darius, muito obrigado.

— Devo avisar que o jantar está quase pronto. – mais uma vez assentiu com a cabeça.

Quando percebeu que estava sozinho buscou pela garrafa e virou-a até a boca. Ele tomou todo o conteúdo como se fosse água. Sua visão agora era turva. Ah, como queria ter feito aquilo há tempo. Só não podia por estar na casa dos familiares da esposa.

Ele repousou a cabeça no encosto da poltrona e ali permaneceu.

(...)

— O que aconteceu com você menina? – Dulce insistia em perguntar para Katniss.

Ela já havia ajudado com o banho, a se vestir e a pentear o cabelo, mas aquela garota falante e curiosa não estava presente ali, talvez a forma física sim, mas a forma extrovertida não mais.

Katniss olhou seu reflexo no espelho de sua penteadeira e olhou em volta. Ali não era mais seu quarto. Eles tinham mudado tudo. Peeta dera ordens para que montassem um quarto para ela de forma que pudesse hospedar um casal, mas pediu que no quarto adjacente montassem um para ele também. Sabia que ela enfrentaria certos períodos que não ia desejar a presença dele, como nesse tempo em que passaram na propriedade Odair.

— Dulce o jantar já está na mesa. – uma outra criada entrou ali e informou-lhe.

— Já estou indo Catharina, grata. – ela se voltou para a jovem que curiosamente ainda observava tudo – Venha, Katniss.

Desceram pela extensa escada.

— O patrão está na sala de estar. – Darius informou, então Katniss se afastou dos dois e seguiu até lá.

Ele se encontrava na mesma posição: a cabeça sobre o encosto da poltrona. Katniss se aproximou e viu a garrafa a seus pés - provavelmente vazia -, pensou. Com cuidado ela sentou em seu colo, ele sobressaltou-se mesmo o ato não sendo agressivo.

Isso é um sonho?

Perguntou-se internamente.

Ela estava tão linda com aquele elegante vestido bordo, e um casaco quentinho por cima do mesmo. O cheiro que ele inalou dela fora como um estimulante que se deixasse a mente lhe comandar faria o que realmente desejava ali mesmo. No mesmo instante se condenou por tais pensamentos. Se julgou um animal. Como poderia pensar aquilo se, ele mesmo prometera ao pai dela que a protegeria e acima de tudo a respeitaria. O único conforto, por assim dizer, foi culpar o vinho que anuviava sua mente.

Aqueles olhos cinzentos o investigava e de certa forma se sentiu desconfortável, mas não por muito tempo, pois ela tocou seu rosto sentindo a quentura, talvez pela lareira acesa para depois aproximar seus lábios carnudos e gentilmente beija-lo.

Por longos minutos Peeta permitiu-se ser beijado daquela forma pela esposa. Ela sincronizava seus lábios aos dele. Mas num rompante ele a retirou de seu colo e cambaleando - vez em quando tropeçando nos móveis – caminhou até a porta e antes de sair dali olhou uma última vez para ela e disse:

— Eu sinto muito.


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Notas finais do capítulo

Gentemmmmm só uma coisinha rss não queiram meu fígado, pois este casal sofre bastante, mas tentarei sempre dar um momento romântico...
E para não deixarem vocês na mão postarei o próximo cap agora... vamos lá...
Comentem antes de partir para o outro kkkkkk.