“Toda a mulher tem o poder de enlouquecer um homem. Se não for de amor, é de raiva”

—Ladylake Storm

(…uma semana depois…)

1 semana se passou. Amanhã de manhã partiremos deste lugar maravilhoso que é Maiorca. Foram umas férias atribuladas. Saio do banho enrolada na toalha e vou até ao quarto onde me espera a minha roupa para o dia. Fecho a porta do banheiro e fito Castiel digitando algo no seu celular. Ele me encara e logo desliga a tela do mesmo. Sim estou no quarto de Castiel. Eu e Kentin temo-nos afastado um pouco desde que soube que estava grávida do ruivo.

Foi ele que se quis afastar, mas provavelmente é melhor a gente não se ver durante uns tempos. Assim que chegarmos a Vila Doce, ambos vamos ter que seguir com a nossa vida. Eu vou ser mãe e ele…. Ele vai ter que arranjar outra pessoa. Sei que poderei sempre contar com ele e ele poderá sempre contar comigo, mas ele quer mais, eu não posso oferecer mais.

—Em que é que estás a pensar? -o ruivo pergunta.

—Nada de especial -respondo aproximando-me da cama. Sento-me.

Os pingos de água escorriam do meu longo cabelo escuro para a toalha. Sacudo um pouco e percebo que Castiel me encara com um certo sorriso nos lábios.

—O que foi? -pergunto sem jeito_ olhas para mim como se estivesses a ver a coisa mais perfeita em toda a tua vida.

Ele não diz nada durante uns segundos, como se refletisse no que iria dizer. Sua mão encosta no meu rosto e fecho os olhos saboreando o momento.

—Desde a primeira vez que te vi… -ele começa_ eu nunca tinha visto nada tão perfeito… -sorri fraco_ lembro-me de pensar “Eu tenho que tê-la. Eu tenho que tê-la senão eu morro” -fico a ouvir as suas doces palavras_ mas eu não era digno do teu amor. Magoei-te, fiz-te sofrer e troquei-te por quem não merecia um simples “Oi”. Perdoas-me?

—Eu perdoo -digo num tom meigo_ eu apesar de tudo… eu encontrava sempre o caminho de volta para ti, quer eu quisesse, quer não.

Ele ri e eu devolvo a gargalhada sem jeito. Olho para o chão.

—Somos mesmo lamechas -ele ri.

(…)

P.O.V. Ladylake Off

P.O.V. Angel On

Saio do mar torcendo o cabelo, retirando a água em excesso. Reparo num pequeno pontinho preto sentado na varanda. Armin. Aproximo-me sem fazer barulho e antes que ele me pudesse ver, salpico pequenas gotas de água distraindo-o do jogo.

—Obrigado por me fazeres perder -diz com ironia dando “pause” no jogo.

—De nada -pisco o olho.

—Tu és mesmo mazinha não és? -pergunta.

—Saí á minha prima, felizmente -respondo_ gosto de ser mazinha para as pessoas de quem gosto.

—Então quer dizer que gostas de mim? -ele devolve a pergunta. Eu apenas dou um sorriso e vou para dentro_ Hey hey! Não podes lançar essa bomba e depois ires-te embora como se não fosse nada!

—Oh sim posso -rio indo na direção da cozinha.

Oiço os passos de Armin atrás de mim tentando alcançar-me. Entro na cozinha e abro o frigorifico na esperança de haver algo fresco para se beber.

—Tu não foges de mim depois dessa – ele fecha-me o frigorifico. Seu rosto, bastante perto do meu, vai-se aproximando cada vez mais enquanto eu me limito a andar para trás. Bato na parede depois de um pouco.

—Eu não fugi, apenas tinha sede -brinco.

—Ai é? Força então, vai pegar a tua bebida- Armin dá espaço para que eu saia. Assim faço, embora um pouco desconfiada.

Abro o frigorifico e pego no grande copo de plástico com Ice Tea bem fresco. Aproximo os meus lábios para beber, mas Armin retira-mo das mãos e joga no chão entornando tudo. As suas mãos seguram o meu rosto e quando dou por mim, os seus lábios já encaixaram perfeitamente nos meus como uma peça de puzzle.

Deixo-me levar e monto na sua cintura, enrolando as minhas pernas á sua volta.

O seu toque… o seu gosto…

—*Cof Cof* -alguém tosse forçado_ não se preocupem comigo, eu só vim buscar algo para beber, mas eu volto noutra hora. Txau!

Alexy dá meia volta e sai da cozinha deixando-nos de novo sozinhos. Solto uma pequena gargalhada e escondo a cabeça no peitoral de Armin.

—Ele vai fofocar a toda a gente -ele ri, olhando para a porta de onde o irmão acabou de sair feliz como uma criança.

—Deixa-o ser feliz -sussurro e Armin me volta a encarar.

—Bom… onde é que nós íamos? -ele pensa_ ah já me lembro….

Mordo o lábio.

P.O.V. Angel Off

P.O.V. Ladylake On

Passo os canais procurando algo para ver. Desisto passado algum tempo, depois de ter passado os 200 canais da Tv 2 vezes. Hoje é segunda-feira, já devia de saber que durante a semana nunca dá nada de jeito. Desligo a Tv e deixo-me cair no sofá, focando o meu olhar no teto de cor cinza. Resmungo por efeitos secundário do tédio. Não se faz nada. Oiço passos e levanto a cabeça para ver quem é.

—Que felicidade toda é essa? Pareces uma criança de 5 anos que acabou de ganhar gomas -pergunto ao azulzinho que vai dando saltinhos no ar.

—O meu irmão e a tua prima estão-se a comer na cozinha -rio ele_ sempre shippei.

—Estás a falar a sério? -pergunto e ele assenta_ Oh meu deus eu tenho que ver isto.

Levanto-me rapidamente do sofá e sigo Alexy até á entrada da cozinha. Escondidos, podíamos ver Angel em cima da bancada da cozinha quase a engolir Armin. Ele também não ficava atrás. As suas mãos bobas apertavam de tal maneira as nádegas da minha prima que a faziam gemer baixinho. 

Afastamo-nos sem fazer barulho e voltamos para a sala. Comento o espetáculo que acabei de ver na cozinha com Alexy e oiço a porta da rua bater. Olho em frente, pois o barulho chamou-me á atenção e fito o moreno de olhos verdes suado acabado de vir da sua corrida.

Os nossos olhares se encontram por uns segundos e o mundo para nesses instantes. Engulo em seco e ele desvia o olhar para a escadas, para onde caminha apressado provavelmente para tomar o seu banho antes do almoço.

—Vocês não se falam mesmo hein? -Alexy acaba por quebrar o silêncio.

—Não -respondo olhando para o azulzinho e de seguida sento-me no sofá olhando para o chão_ é o melhor para todos.

—Vocês são melhores amigos Lake. Ele ama-te e… -corto-o.

—E eu só quero o corpo dele -digo curta e grossa, sem rodeios_ Eu amo o Castiel, sempre amei.

—Mas também amas o Kentin -ele completa.

—Não se compara -acaricio o braço_ O Kentin é uma atração física.

—Mas aposto que ficarias ciumenta se o visses com outra pessoa. Com uma amiga tua… -insinua Alexy.

—Quem? -pergunto curiosa. Alexy dá de ombros e levanta-se_ O que é que tu sabes que eu não sei??

Alexy não responde e sobe as escadas não matando nem um pouco a minha curiosidade. Aliás, só fez pior. O meu celular vibra e retiro o mesmo do bolso. É Machine!

—Já sinto saudades tuas doida, quando voltas para os meus braços? —Machine Gun Kelly

Sorrio ao acabar de ler a sms e preparo-me para digitar. Este rapaz não existe mesmo.

—É uma amiga de Nova Iorque? -uma voz pergunta. Olho para cima e fito as esmeraldas a olharem para mim.

—Sim, pode-se dizer que sim. Uma amiga com pila. -rio e ele não esconde o riso também.

—Podemos conversar? -pergunta e eu acento_ Vamos para um sitio mais privado.

Acompanho Kentin até lá fora e distanciamo-nos um pouco da casa para ficarmos mais á vontade. O seu olhar foca em mim que até me sinto desconfortável assim que paramos de andar.

—Por favor não me fiques a admirar assim, é desconfortável -peço.

—Mas não és algo para admirar? -pergunta_ porque debaixo deste sol o teu brilho reflete-se como um espelho.

Eu não consigo dizer nada. Limito-me apenas a retirar os cabelos da frente do meu rosto que ateimam a incomodar-me por conta do vento.

—Desculpa, eu só te queria dizer que… -ele para_ se um dia te sentires sozinha e a luz se tornar difícil de encontrar, que saibas que eu estou sempre do outra lado da rua.

—Eu sei -sorrio fraco_ eu também.

Kentin pega na minha mão de leve. Olho para o seu gesto sem dizer nada.

—Eu continuo a acreditar que com a tua mão agarrada á minha e um bolso cheio de alma, nós haveria sitio onde nós não pudéssemos ir -sussurra.

—Kentin… por favor não. Não me faças sentir pior do que eu já me sinto. Tu vais encontrar alguém que te faça feliz. Eu estarei aqui a puxar por ti, tu só tens que ser forte -digo num tom motivador.

—Mas eu não te quero perder agora! -ele segura-me firme nos ombros com as duas mãos_ Eu estou neste momento a olhar para a outra parte de mim! O vazio que se instalou no meu coração é um espaço que agora seguras -soluça_ Mostra-me como lutar! Pelo menos por agora e mais tarde irei te dizer de como fácil foi.

—Não é assim tão simples -engulo o choro_ eu não consigo ficar indiferente ao que acabaste de dizer pois vejo verdade algures nos teus olhos.

—Eu nunca poderei mudar sem ti -ele coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha_ tu refletes-me e eu amo isso em ti. Se eu pudesse olharia para nós o tempo todo…

—O ontem é história e o amanhã é um mistério -retiro a sua mão do meu rosto_ nós apaixonamo-nos assim… -estalo os dedos.

—Olha-me nos olhos e diz-me que nunca sentiste nada por mim -ele segura-me no rosto e obriga-me a olha-lo nos olhos_ diz-me que estas noites de verão não foram boas. Diz-me que quando as nossas respirações estavam misturas e os nossos corpos colados… diz-me que não sentiste nada…

—Uma vez uma pessoa disse-me algo que é verdade, e eu vou-te responder com o que essa pessoa disse… -olho nele_ “Há pessoas que são feitas para serem amadas e outras apenas para estarem nuas”. Não nego que o que nós tivemos foi bom, porque foi, mas eu vou ser mãe… temos ambos que seguir os nossos caminhos Kentin… de vez.

Pego na sua mão e beijo a mesma como um sinal de carinho e afasto-me. Respiro fundo…

(…)

Estava uma tarde bastante calma. Todos faziam algo para passar o tempo, cada um á sua maneira. Rosalya e Angel pintavam as unhas e decidiam qual cor de esmalte colocar desta vez. Os rapazes jogavam vólei a uns metros de mim juntamente com Kira e o resto das miúdas. Eu não fazia nada de jeito. Apenas ficava sentada na cadeira a conversar com Sarah sobre tudo um pouco.

—Vens para Nova Iorque comigo e com o Max? -pergunta abrindo a lata de Coca Cola. Eu fito-a.

—Não -respondo voltando a olhar para os meus amigos_ ainda tenho coisas a tratar em Lisboa. A minha família ainda não sabe que estou grávida.

—Achas que vão aceitar bem? -volta a perguntar.

—Eles não têm muita escolha -rio sarcástica

Vejo Angel levantar-se e vir na minha direção bastante animada. A morena de cabelos pretos como a noite estende-me as suas mãos.

—O que achas? Giras não? -pergunta, pedindo-me a opinião.

—Sim estão bastante giras -respondo olhando para o esmalte azul escuro.

A minha atenção foca-se automaticamente. Pelo canto do olho, um grupo de pessoas chama-me á atenção. Estão a fazer cliffdiving!

—Deve ser uma sensação incrível -diz Sarah_ imaginem só a adrenalina!

—Eu prefiro ficar com os pés bem assentes na terra obrigado -Rosalya aproxima-se.

—Mas tu és uma medricas -brinco. A platinada deita-me a língua de fora.

—Eu quero experimentar também -Angel junta-se_ Nós só vivemos uma vez!

Levanto-me animada e aproximo-me dos restantes interrompendo o jogo.

—Pessoal, o que acham de irmos fazer cliffdiving? -digo num tom alto_ é o nosso último dia aqui, temos que o terminar em grande!

—Isso é alguma coisa para comer? É que eu estou com uma fome… -Sophie resmunga.

—Sempre a pensar em comida… -Kira revira os olhos_ eu tenho a impressão de que quando viste o Nathaniel pela primeira vez imaginaste um cachorro-quente -todos riram.

—Eu estou nessa -diz Max.

—Isso não é demasiado perigoso? -pergunta Nathaniel. Eu aproximo-me e seguro-lhe nos ombros.

—Vive! Okay?? -brinco e ele assente.

Todos acabaram por aceitar, uns mais hesitantes do que outros. Colocamos algumas sandes e sumos numa mochila e fomos para os respetivos carros. Quase 40 minutos depois, estávamos bem em cima dos penhascos. A ventania fazia-se sentir muito mais do que lá em baixo.

Vejo Armin aproximar-se da beira e Alexy grita ao irmão para que tenha cuidado. Ele volta logo depois de examinar bem a altura.

—É melhor que vocês pensem bem que se querem saltar ou não. Aquela merda é alta que se farta -diz.

—Quanto metros? -pergunta Lysandre pensativo.

—Uns 350, no mínimo. Rezem para que não caiam de chapa -ri.

Aproximo-me também para ver. Armin tem razão, isto é mesmo alto. Vejo Kentin e Armin a preparem-se para saltar e faço o mesmo. Começo por me descalçar e preparo-me para retirar a camisola.

—Hey, o que pensas que estás a fazer? -Castiel segura-me nos braços, impedindo-me que continue.

—Como assim o que eu estou a fazer? Estou-me a despir, vou saltar -respondo.

—Ah não, não vais. E se o choque faz mal ao bébé? É melhor não arriscar -o ruivo me olha preocupado. Eu rio um pouco.

—Não vai acontecer nada okay? -tranquilizo-o_ prometo que é só uma bomba.

Ele assente, ainda que meio inquieto. Coloco-me em bicos de pés e beijo-o.

—Vá parem lá de se comer -resmunga Armin_ ninguém quer-vos ver a misturarem saliva.

Sorrio entre o beijo e Castiel faz o mesmo. Esse Armin…

P.O.V. Ladylake Off

P.O.V. Kentin On

—Não vale a pena ficares a olhar, só estás a perder segundos da tua vida a pensar numa pessoa que sabes que nunca vais ter -Kira aproxima-se de mim com uma lata de Coca Cola_ bebe, vais precisar para o salto.

—Obrigado -sorrio sem vontade_ vou seguir o teu conselho.

—Há mais mulheres no mundo -ela pisca-me o olho e dá-me um leve encontrão, indo embora de seguida.

Fico a olhar para a garota de pele morena e cachos escuros indo ter com as suas amigas, voltando depois a olhar para a Lake abraçada a Castiel. Ela tem razão, há mais mulheres no mundo…

P.O.V. Kentin Off

P.O.V. Ladylake On

Muitos dos nossos amigos aproveitaram para fazer uma última ceia antes de saltarem caso morressem. Morra gato, mas morra farto! Sempre a minha avó dizia. Eu própria aproveitei para petiscar qualquer coisa, já estava com o ratinho no estômago.

—Quem vai primeiro? -Oiço Alexy perguntar. Faz-se um silêncio.

—Eu vou -diz Kentin_ estou a estorricar aqui ao sol, preciso de um mergulho.

O moreno de olhos verdes levanta-se e começa-se a despir, ficando apenas de calções de banho. Oiço Kira e Sophie a dizerem para que tenham cuidado. Eu própria estou nervosa, ele não devia de ser o primeiro.

Kentin aproxima-se do penhasco e analisa a altura e escolhe o sitio para onde vai cair. Ele dá uns passos atrás toma balanço saltando de seguida. Eu acho que o meu coração parou por um segundo, o meu e o de todos!

Levantamo-nos todos e aproximamo-nos da beira, olhando lá para baixo á procura de algum sinal de Kentin.

—Alguém o vê? -Sophie desespera.

—Está ali! -Rosalya aponta. Sinto o alivio de todos.

O difícil é ser o primeiro. Depois de Kentin ir começaram a ficar mais relaxados. Armin foi o próximo e Angel quase que enfartou. A primeira rapariga a ganhar coragem foi Sarah. Sophie e Nathaniel saltaram juntos e Lysandre saltou com Rosalya.

—Vamos? -pergunta Castiel me dando a sua mão_ Se morrermos, quero que saibas que fui eu quem comeu as bolachas e jogou a culpa na Rosalya.

—I Knew it (eu sabia) -jogo um olhar mortal.

Pego na sua mão e aproximamo-nos junto da beira. Os nossos amigos lá em baixo gritavam e motivam para que saltássemos depressa. Podia ver todos dentro de água divertidos.

—Se precisares de ajuda eu… -o ruivo começa mas eu nem o deixo terminar e salto logo de seguida. Oiço o rir e percebo que me segue.

O resto da tarde foi passado assim, sempre a subir e a descer. Saltávamos e depois voltávamos a subir o penhasco para saltar de novo. Podem chamar-nos de loucos, mas nós somos assim. Gostamos de aventura, de perigo e do sentimento de nos sentirmos livres. O que torna cada momento único, são as pessoas com quem os partilhamos. O que importa é qualidade, não quantidade. Do que nos serve a diversão se não temos ninguém ao nosso lado para a partilhar? Eles são os meus amigos, ele são a minha família.

(...) Alma e coração, ambos sabem que é com eles que pertences (...)