"Quando o meu pensamento pede um copo de vinho, o meu coração chama as lágrimas"  

—Castiel Miller 

Estava tudo perfeito. Todos conversavam, bebiam o seu ponche de fruta e ouviam a música da aparelhagem calma e alegremente. Já estava no meu 2º copo e confesso que já me ria só de olhar para as pessoas. Falávamos sobre onde iriamos passar férias este ano, e o que gostaríamos de fazer. Soube que no ano passado, quando fui para Nova Iorque, tinham ido para o Algarve passar cerca de 3 semanas nas praias de Vila Moura e Portimão.  

Já ouvimos várias sugestões. Algarve de novo, Espanha, Norte de Portugal... até que me lembro de uma coisa.  

—Maiorca... -sussurro e penso_ Isso! A gente podia ir para Maiorca –digo. 

—E isso é? -pergunta Armin um pouco á toa. 

—Uma ilha de Espanha. A minha prima, a Angel, tem uma casa lá. Podemos falar com ela_ digo_ Só precisávamos de pagar bilhete de avião e aproveitávamos e passávamos uma parte das férias todos juntos.  

—Por mim... eu confio na Lake, e se ela diz que é um bom destino estou nessa –diz Sophie, sentada em cima do colo de Nathaniel.  

—Se todos concordarem, falo com ela amanhã de manhã e partiremos o mais rápido possível –digo, depois de bebericar a minha bebida que já vai no fim.  

Todos acenaram com a cabeça. Olho para o meu copo e só vejo fruta. Levanto-me de um dos braços do sofá e dirijo-me á cozinha para pegar mais ponche. Oiço uns passos atrás de mim e dou uma rizada de leve.  

—Não consegues mesmo parar de me perseguir, não é verdade? -digo de costas voltadas comendo um pedaço de fruta do jarro.  

—Vim pegar mais ponche –diz rindo.  

—Força, eu já estava de saída –devolvo, virando-me de costas e sorrindo para o ruivo que me estendia o copo.  

—Não me vais servir? -pergunta de sorrisão.  

—Estás com algum problemas nas mãos? -rebato, contendo para não me rir. 

—Por acaso... doí-me bastante a mão direita –responde, acariciando o seu pulso direito e fingindo dor_ Dói quando carrega.  

—É de bateres tanta punheta –rio e ele também não esconde o riso_ dá cá isso... 

Pego no seu copo e começo a encher com ponche, quando sinto uns dedos a passar de leve na minha cintura e omoplata, que depois seguem em direção ao meu braço esquerdo, arrepiando-me dos pés á cabeça. 

—Castiel o que...? 

Nem tenho tempo para acabar a frase quando os seus lábios embatem com os meus com todo o desespero do mundo. Seus braços colocam-me em cima da bancada da cozinha e por instinto coloco as pernas á volta da sua cintura sem nunca descolar as nossas bocas. O beijo acaba por falta de ar de ambos os lados e para finalizar de verdade, mordo o seu lábio de forma bem provocadora.  

—Não tens mesmo vergonha na cara, pois não? -pergunto com os braços á volta do seu pescoço. Ele nega com a cabeça.  

—Vergonha não enche a barriga –rebate.  

Castiel pega no seu copo e segue para a sala. Eu respiro fundo e desço da bancada dando um jeito ao cabelo e molhando os lábios. Este rapaz é doido... 

P.O.V. Ladylake Off  

P.O.V. Castiel On 

As pedras de gelo fazem-se ouvir no fundo no copo. Caminho até á sala onde Lysandre me olha de forma estranha sentado no sofá.  

—Tens... batom nos lábios -diz divertido.  

—Há muito tempo que não usava esta cor, decidi voltar a usar. Habitua-te –respondo.  

—Fica-te bem, torna-te mais macho –brinca Lysandre. Eu dou-lhe um leve calduço.  

P.O.V. Castiel Offco 

P.O.V. Ladylake On  

—Tens o.… batom borrado –diz Rosalya com aquele olhar.  

—Entusiasmei-me com o ponche –respondo tentando desviar o assunto.  

Olho para Rute e a mesma me olha de forma estranha. Baixa a cabeça e hoje está muito pouco social, me pergunto o que se passará.  

—Lake, Lake! -Alexy me chama.  

—Fala desculpa, estava distraída com uma coisa –cruzo olhares com a Rute ao mesmo tempo que Alexy me tenta dizer algo.  

—Canta algo para nós -pede.  

—Boa ideia Alexy, vá-la Lake canta a "All For Love" -diz Kelly quase se pondo de joelhos.  

—Bom... eu já estou um pouco bêbada, mas se vocês insistem...  

Levanto-me do sofá e Lysandre passa-me a guitarra. Sento-me de novo e coloco os dedos nas posições certas para começar a tocar.  

I'm looking for places to run and hide 

I'll never forget you, lord knows I've tried 

Wish I could see you without closing my eyes 

But I know, I know, it's so far behind 

Fading out, fading out, can't get right 

I'm tossing out, turning out every night 

I'm losing my, losing my goddamn mind 

Ask me why I did it, ask me why I did it, I said 

All for love 

Ask me why I did it, I said 

All for love 

Ask me why I did it, I said 

Todos batem palmas quando termino de tocar. Todos menos Rute. Pouso a guitarra e de seguida vejo Castiel a seguir em direção á cozinha, onde Rute o segue poucos segundos depois. Estou desconfiada de que algo se passa, não nego.  

Enquanto todos me elogiavam e faziam perguntas sobre as quais não prestei atenção, eu olhava seriamente para o corredor que dava acesso á cozinha. Levanto-me uns segundos depois e passo pelo mesmo, dando passos devagar e prestando atenção á conversa que os dois tinham. 

—E-Eu sinto a tua falta... -oiço Rute. Percebo que se aproxima dele. 

—Sai Rute, ainda entra alguém e pensa coisas que não são -responde o ruivo.  

—O Lysandre não me liga nenhuma, eu preciso de alguém que me dê atenção... 

Aproximo-me para espreitar e fito Rute a dar balanço, colando os seus lábios sobre os de Castiel.   

—*Cof Cof* - tosso, encostando-me nos limites da porta.  

—Lake não é o estás a pensar! -justifica-se Castiel. 

—Desculpa Lake, não queria que soubesses assim... - quase que sussurra a rosinha.  

—Beleza, não me importo –respondo_ Tenho ali o resto do meu almoço, não queres também?  

O ruivo até desvia a cara para não rir enquanto Rute me encara de expressão carregada.  

—É melhor ires-te embora –digo. 

Rute não insiste e acaba por sair da cozinha sem dizer nada. Olho no ruivo e o mesmo se aproxima de mim para se explicar.  

—Não foi o que pareceu... -diz calmo.  

—Eu sei, eu ouvi a conversa toda –respondo. 

Voltamos para a sala juntos. Todos nos olham com uma olhar de quem não entendeu o que se passou.  

—A Rute acabou de sair e parecia.... zangada –diz Sophie.  

—Me pergunto o que terá acontecido... -acrescenta Lysandre. 

—Não aconteceu nada, ela apenas teve que ir embora –respondo, voltando a sentar-me no sofá.  

(…) 

Havia de ser meia noite já. Não via Castiel á uns bons minutos e me perguntava o que andava a fazer. Tinha o visto subir para as escadas á uns bons 15 minutos. Os nossos amigos começaram a ir-se embora e eu e Rosalya fomos limpando e arrumando as coisas para não dar um ataque de coração a Gwen quando ela amanhã de manhã chegar.  

Quando terminamos, subimos as duas e vou em direção ao meu quartinho predileto. Mal Debrah se foi embora desinfetei tudo com lixivia e coloquei lá as minhas coisas, apesar de só ter tirado para fora o básico.  

O meu celular toca e apresso-me a pega-lo na mesinha de cabeceira. É uma sms de Machine. 

—Diz ao teu namoradinho para não voltar a mandar-me á cara que te conseguiu. Eu tenho mais que fazer do que ter que aturar estas cenas –Machine Gun Kelly 

—O quê? Estás a falar do quê? -Ladylake 

—O teu amiguinho de cabelo vermelho veio-me dizer que vocês os dois estão de volta. Lake, eu não quero saber. Sê feliz ai, mas não me esfregues na cara tudo o que vocês fazem –Machine Gun Kelly 

—Peço desculpa se ele te foi incomodar... vou falar com ele, boa noite –Ladylake 

—Controla o teu amiguinho, boa noite –Machine Gun Kelly 

Eu até espumo da boca. Tenho a impressão de que a minha temperatura corporal subiu drasticamente. Desligo a tela do celular e levanto-me da cama mais irritada que um touro numa arena. Só vejo vermelho á frente.  

Abro a porta do quarto do ruivo e entro que nem furacão sem pedir permissão. O ruivo retira a sua camisola e me olha com um ponto de interrogação na testa.  

—O que foi? -pergunta de peitoral á mostra.  

—O que foi?! Porque raio é que foste falar com o Machine Gun?! - pergunto, já querendo dar uma voadora nele. 

—Não sei do que estás a falar... -sussurra passando por mim.  

—Não sabes? Eu acabei de receber várias sms de uma pessoa que tem mais do que fazer do que estar a levar com os pormenores do que eu faço ou deixo de fazer com as pessoas.  

—Só lhe disse a verdade. E que agora estamos bem –responde de costas viradas procurando algo para vestir.  

—Não tinhas nada que lhe ir dizer isso! Tens noção que ele pensa que fui eu que te disse para ires falar com ele?! -grito.  

—Vocês calam-se os dois?!?!? -Rosalya aparece gritando_ Eu estou a tentar dormir! Vão-se matar os dois lá fora!  

Ninguém fala durantes uns segundos. Com o berro de Rosalya percebemos que falávamos alto demais.  

—Vou dar uma volta –Castiel pega nas chaves da mota e sai do quarto batendo com a porta.  

—Vocês... eu juro que não vos entendo –lamenta Rosalya_ Ou vocês deixam de ser casmurros e assumem-se logo que se amam e que se querem ou então vão estragar as coisas entre vocês cada vez mais.... Boa noite Lake.  

—Boa noite Rosalya... 

Ela tem razão, mas eu não posso aceitar tudo o que ele faz mesmo que não seja por mal. Suspiro e volto para o pequeno quarto e deito-me.  

(…) 

A porta do quarto bate continuamente. Primeiro pensei que estivesse a sonhar, mas depois de acordar e perceber que estavam a bater na minha porta percebi que era real. Olho as horas e a tela do meu celular marca 04:27 da manhã. Levanto-me da cama e caminho em direção á porta e abro a mesma.  

—Desculpa.... eu só faço merda –ele diz chorando. Consigo cheirar a vodka de longe.  

Eu não digo nada. Apenas abraço-o e puxo-o para dentro deitando-o na cama.  

—Eu estou sozinho... -sussurra, ainda fugando.  

—Não estás nada, deita-te e dorme –respondo com calma.  

—Ficas aqui comigo? -pergunta. Eu olho nele e suspiro.  

—Sim eu fico... 

Deito-me ao seu lado e fico a fazer cafuné no seu cabelo para que adormeça. Ele aproxima-se e deita a cabeça sobre o meu peito. Eu juro que se ele vomitar em cima de mim lhe corto a cabeça.  

Eu estou zangada. Estou fula com ele mas quando ele faz este olhar de cachorro eu não me seguro. Não tive coragem para mandá-lo dar uma curva e fechar-lhe a porta na cara. Não consigo ser assim com ele.  

Eu amo este homem demais... 

(…dia seguinte...) 

11:12 marca a tela do meu celular. Acordei de manhã e fui com Rosalya tomar o pequeno almoço fora enquanto Castiel dormia. Contei-lhe tudo o que se passou. Desde ao problema com a Rute á visita noturna de Castiel ontem á noite. Também já conversei com Angel e ela adorou a ideia de irmos passar parte do Verão em casa dela. Só me resta avisar o pessoal e fazer as malas porque a nossa viajem está prestes a começar.  

Maiorca aqui vamos nós!  

(...) When I met you in the summer... (...)