A touch of fire escrita por Nina Arik


Capítulo 4
Não estou só sem casa, estou sem chão!




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— Isso fica cada vez melhor. – Adrian diz quando estamos no sofá vendo uma competição de tatuagens. É um de nossos programas favoritos.

— Eu sei! Em comparação ao macarrão com ketchup que a gente fazia a anos atrás isso aqui é coisa de profissional.

— Eu não sei como você pode comer tanto e ser desse tamanho. – eu rio.

— É melhor isso ser um elogio Adrian.

— Claro que é Sofi. – Ele me olha fundo nos olhos, seus olhos azuis me prendem. – Você está bonita. – ele diz. Meu coração para um pouco no peito, mas logo ele desvia o olhar.

— Hum, obrigada.

— Então acho que as linhas dessa pin-up estão grossas demais.

— Sim. – eu concordo. Minha voz está diferente? Eu espero que não. – Acho que a sereia vai ganhar.

— Uhum totalmente. Estou pensando em fazer uma.

— Serio? O que?

— Eu não sei um lobo talvez, no ombro.

 - Uh, isso é legal. Eu quero fazer algo no fim do ano também, eu olhei umas coisas na internet, é uma flecha, uma coisa delicada, pra começar.

— Nós podíamos marcar juntos.

— E se você chorar? Vai passar vergonha. – eu digo pra provoca-lo. Ele ri. O som enche minha casa vazia.

— Mas você vai segurar a minha mão não é?

— Sim, mas não vou lidar com seu nariz cheio de meleca.

— Pelo amor de Deus Sofi não diga isso na hora da comida. – eu rio alto.

Ele vai embora por volta das dez, e eu fico sozinha por que eu estou sempre só.

 

A semana passa muito rápido diante de mim. De repente é sábado e estou na frente do espelho me olhando e verificando a roupa. Estou usando um vestido de alça fina e saia evasè curta, é azul escuro e saltos pequenos. Meus cabelos estão soltos me lembrando de novo que eu preciso cortar. Lia disse que passaria aqui por volta das oito e faltam cindo minutos. Estou usando um pouco de maquiagem e verifico outra vez se tudo está bem. Não estou ansiosa pra ir nesse jantar. Por que o cara quer que eu more com eles quando minha mãe não foi capaz de voltar pra casa um dia dessa semana?

— Sofia! – ouço Lia. Ela está vestindo um vestido justo preto e seu cabelo está um  elegante coque, ela parece sofisticada. – Você está muito bem. Vamos! Edward está esperando no carro.

Edward é um homem bonito. Do tipo de tirar o folego. Ele parece jovem.  Perto dos trinta talvez. Ele tem cabelos pretos e olhos caramelos. Ele parece familiar, mas eu não tenho certeza.. Eu sei que ele é muito bonito.

— Boa noite. – ele diz no volante.

— Boa noite.

— Eu sou Edward, sua mãe me falou muito de você Sofia.

— Uh, sério? – Digo antes que possa me parar. Ele pisca. Oh, claro minha mãe falou que eramos próximas.

— Sim, um prazer ti conhecer.

—  Igualmente.

— Vamos ao Ramsay’s. – Minha mãe diz animada.

— Hum, Adrian e eu fomos lá ano passado.

— Serio? – ela diz quando arregala os olhos. É um restaurante caro, mas Adrian e eu dividimos a conta.

— Sim.

— Você não sabia? – Edward pergunta.

— Ela apenas esqueceu. – eu digo.

O restaurante é elegante e calmo. Peço um salmão com algo, mas é diferente da outra vez que eu estive aqui, não estou ansiosa pra comer. Eu quero ir embora logo.

— Então sua mãe disse que você queria me conhecer antes de vir morar conosco.

— Não é bem assim, eu não quero ir morar com vocês.

— Sofia! - Lia diz e aperta os olhos pra mim, eu sei que se ela pudesse ia gritar comigo e me dar um ou dois tapas, ela adora isso. 

Ele me olha intrigado. Seus olhos caramelo são muito intensos.

— Você não aprova o casamento?

— Não. – eu digo sinceramente. Eu não preciso fazer media. – Quanto tempo vocês se conhecem?

— Cinco meses.

— E vocês realmente se conhecem? – pergunto. Ele aperta os olhos.

— Gosto de pensar que sim e minha decisão está tomada. – Lia solta a respiração. Acho que ela está nervosa que eu vá falar mais verdades. Eu não falo, sei que se eu falar demais vou pagar. 

— Ok. A questão é que eu quero ficar na minha casa.

— Não pode morar sozinha Sofia. – eu quase bufo com isso. Não posso? Mas eu moro sozinha desde os 12 anos!

— Eu uma não sou uma criança. Sei me virar.

— Ainda assim, acho que você deve passar esses meses antes da faculdade com sua mãe.

— Tenho certeza que posso visitar.

— A casa foi vendida Sofia! – Minha mãe diz. Ela vendeu a minha casa?! Sinto o chão se abrir.

— Como assim?

— Eu vendi a casa, não íamos precisar.

— Mas... mas...

— O meu filho estuda com você, tenho certeza que vocês vão se dar bem e...

Não registrei as palavras. Eu me levantei e sai. Eu precisei de um tempo. Ela vendeu minha casa. E como sempre ela tomou todas as atitudes sem falar comigo. Como ela pode? Nunca me senti tão só em toda a minha vida. Nem quando ela esqueceu mais de um aniversário meu, ou quando passei o Natal sozinha comendo batata chips, agora eu não só estava sozinha como não tinha mais a minha casa. A minha casa era o meu  refugio, quando tudo dava errado o meu quarto aquelas quatro paredes tinham sido tudo que eu tinha. Eu não estou apenas sem casa, eu estou sem chão! O quão injusto isso era?!

Minha mãe estava em busca do amor eterno. Em busca de algo que talvez nem exista e eu? Não era nada só um obstáculo a ser pulado no seu caminho para a felicidade.

A caminhada até minha casa leva uma hora. Os saltos fizeram bolhas no meu pé, mas eu não me importo. Eu preciso de um tempo pra pensar..

São só seis meses, Sofia. Só seis meses. E esse era o meu ultimo e único consolo.

Para o resto da noite eu pego o meu chocolate preferido e me enrolo na cama assistindo Project Runway e acabo dormindo.


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