Fiquei abraçada com Bella por um bom tempo, nada mais além de nós e as estátuas ali. Ela se aconchegou no meu colo, quente e tão viva, tão doce, tão minha. Mesmo sabendo que eu não poderia estar sonhando porque não conseguia dormir, isso tudo parecia uma cena de um sonho bom. O melhor sonho que eu poderia ter. Um sonho que me enfeitiçava e desnorteava. Eu a apertei nos meus braços e ela levantou a cabeça para me beijar mais uma vez.

- Eu não acho que vou dormir essa noite. - ela me disse, e eu conseguia ver a alegria nos seus olhos.

- Tente, amor. Vai se sentir melhor amanhã se dormir... - ela suspirou, sabendo que eu estava certa. - Estarei aqui. Desse mesmo jeito. - a garanti sorrindo e beijei sua testa, a acariciando para confortá-la. Vi quando seus olhos fecharam, senti sua respiração desacelerar.  Foi engraçado vê-la dormir dessa vez, ela gemia enquanto dormia, dizendo coisas do tipo "Minha Alice", "faça agora... me morda" e "eu quero cuidar dos golfinhos". Eu ri quieta e gentilmenta afaguei seus cabelos, afastando delicadamente para detrás da sua orelha.

- Logo, amor...- prometi, me referindo ao segundo murmuro. As estrelas começaram a evaporar enquanto as horas passavam, nos levando até a gélida e refrescante manhã. Eu podia sentir o cheiro de pão recém assado a quilômetros de distância, podia ouvir os "Bom dia"s das pessoas. Quando o sol começou a nascer, me perguntei se deveria acordar Bella ou não. A essa altura nós podíamos ver a cidade inteira, os raios castanhos avermelhados do sol rasgando o céu pálido. Eu decidi que ela provavelmente já tinha descansado o suficiente, e a balancei devagar, alisando seu cabelo e chamando seu nome. Ela suspirou, passando a mão pela testa e pelos olhos, se espreguiçando com o outro braço.

- Já amanheceu?- ela perguntou, com os olhos adoravelmente apertados

- Você dormiu profundamente...

- Mmm... Imagino o porquê.- ela desceu um dedo pelo meu rosto, sorrindo maldosamente.

- Vem cá,- eu disse, levantando-a do meu colo e a levando até a borda do terraço. Um pardal voou sobre nós enquanto ela inspirava o nascer do sol. Seus olhos fecharam delicadamente quando uma onda de vento passou movendo seu cabelo, afastando de sua nuca. Ela se entregou a ele, sorrindo e absorvendo tudo que podia. Envolvi meus braços em seus ombros, o cabelo dela assumia um tom dourado debaixo daquele sol amarelado. Ela suspirou e cruzou os braços contra o corpo, relaxando as mãos nas minhas.

- Isso é real? - ela sussurrou.

- Difícil de acreditar, amor. - respondi honestamente, tudo era tão abstrato e ainda assim significante. Ela se encostou em mim, seus olhos fecharam de novo.

- Eu não quero que isso acabe...

Ela colocou meus pensamentos em palavras. Eu sabia que, no fundo, provavelmente estávamos pensando a mesma coisa, mas nenhuma de nós queria estragar aquele momento imaculado trazendo aquilo à tona. Depois de alguns minutos, eu fui contra minha razão.

Agora, Bella sabia tudo que eu sentia, e confessou que sentia o mesmo. Esse era um dos caminhos que noite passada poderia ter seguido, e de algum modo foi a opção escolhida por ela. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo. Mas agora que essa parte já estava resolvida... eu a virei para que me encarasse e ela parecia ainda mais surpreendentemente linda que noite passada.

- Eu sei como se sente,- eu disse - é como se quisesse que isso durasse para sempre. - coloquei um tom mais sério nessa última palavra, fazendo ela penetrar. Os olhos dela cresceram um pouco, se apertando mais em mim,

- Alice... - ela colocou a cabeça no meu peito - Por favor, eu estou pronta.

- Eu sei que está,- eu disse. Mesmo não estando tão convencida até falar aquelas palavras. Eu olhei dentro de seus olhos profundos, cor de mogno, ganhando mais confiança. - Eu acho que posso fazer isso... de um jeito seguro...

- Você pode, - ela apressou - Oh, Alice, você vai. Claro que você vai fazer isso perfeitamente.

Eu acariciei sua bochecha, a abraçando mais forte em resposta. Eu senti as palavras dela ressoarem dentro de mim, me dando forças. Eu ainda estava morrendo de mendo, mas ela estava certa, eu podia transformá-la sem causar nenhum dano. Não importa o quanto o cheiro do seus sangue me alucine, ou até mesmo o sabor, eu sabia que ele ficaria forte e amargo assim que eu percebesse seu precioso coração parar de bater. Agora só havia uma pergunta...

Quando?

- Tem alguma coisa que você queira fazer, experimentar, antes que eu... antes da transformação? Você vai ficar desabilitada por alguns dias, então se tiver alguma outra parte da Itália que você queira ver, eu acho que essa seria a melhor hora pra isso.

Os lábios dela colaram nos meus. - Eu acho que já vi tudo de interessante da Itália... mas não me importaria em ver um pouco mais de você... (N/A: Preciso melhorar meu diálogo, haha. N/T: Precisa naada /baba) - A mão dela subiu pela minha barriga, passando sensualmente entre meus seios. Meu corpo implorou para responder aos gestos, para tê-la ali mesmo, em cima daquele prédio, mas minha consciência falou mais alto. Mesmo sendo difícil, eu baixei a mão dela, dando um beijo rápido antes.

- Teremos mais que bastante tempo para isso depois. Mas tem alguma coisa que você realmente vai sentir falta uma vez que for como eu? Suas comidas favoritas não vão ser tão apetitosas, pessoas que você ama vão lhe tentar com o sangue deles, nada mais de sol em público... e vai ser difícil de se comunicar com sua família.

- É, eu acho que deveria falar com Charlie antes. Deixei um bilhete quando saí, mas já deveria ter dado notícias a essa altura...

Ela estava evitando minha pergunta.

- Talvez você queira mais um tempo antes da transformação? Alguns meses não vão importar. Você pode até se formar antes, se quiser.

- Não, Alice. Eu preciso disso. - seu rosto estava tomado pelo anseio. - A única razão pela qual eu quero me tornar uma vampira é você... para ficar sempre com você. Todo o resto não me importa. Charlie vai ficar bem, do jeito dele. Ele é forte.

- Forte o bastante para perder uma filha? É demais para se pedir de um pai. - eu disse em oposição. Ela mordeu o lábio nervosa.

- Entao acho que só contar a ele está fora de questão? - ela perguntou com uma ponta de esperança. Eu ponderei isso com cautela, mesmo já sabendo a resposta.

- Eu não acho que essa seria a melhor idéia. Nós não sabemos como ele vai reagir e se ele vai contar a alguém. Isso poderia ser potencialmente perigoso para ele e para nós. E mais, ele iria saber por que você quer se transformar. - olhei para ela, com um olhar divertido.

- Oh. Verdade. Então, quando eu for vampira quer dizer que eu não vou poder ver ele de jeito nenhum?

Essa foi difícil. Se ela fosse vê-lo, ele iria saber o que havia acontecido e isso poderia não terminar muito bem. Se não,  ambos iriam perter uma parte da família. Como eu poderia decidir isso?

- Talvez...- eu disse, com uma vaga idéia me vindo à cabeça. - Você poderia ir vê-lo primeiro, ficar mais algum tempo com ele para que ele saiba que você está bem. Depois você poderia explicar que você tem que ir, mas que ficaria segura e bem? - eu sabia que havia muitos furos naquela história, mas era tudo que tínhamos.

- Isso poderia... funcionar. Talvez. Mas ele não iria simplesmente me deixar ir assim. Eu vou fazer 18 anos em setembro e acho que aí ele nao vai poder me fazer ficar... mesmo assim, eu não acho que eu poderia sair de casa assim, sem explicação nenhuma.

Concordei triste.

- Mas não tem razão para que eu não fale com ele por telefone, certo? Para dizer que continuo bem, de vez em quando?

- Sua voz vai mudar significamente. Ele não vai acreditar que é você.

- Oh... e cartas? Eu poderia escrever para ele e Renee.

- Você pode fazer isso... - fiz que sim com a cabeça, os buracos sendo fechados devagar.

- Mas vai ser suficiente? - ela perguntou, olhando para mim esperando respostas que eu não tinha

- Só podemos esperar que sim, amor.

Silenciosamente concordamos em deixar o assunto de lado por enquanto, tentando aproveitar o nascer do sol apropriadamente. O mais importante é que estávamos juntas agora. O resto se resolveria com o tempo. Eu não quis mencionar para ela, mas quando se tornar uma vampira ela vai começar a perceber o quão curta a vida humana é. A vida de seus pais e de seus amigos vão passar como um filme, durando apenas uma hora ou duas no vasto vão da eternidade. Eu queria que ela tivesse algumas lembranças a mais antes que elas se fossem para sempre.

Nós usamos a porta e as escadas dessa vez para voltar para o chão. Comprei para ela alguns pães recém saídos do forno. Ela comeu como se fosse sua última refeição, colocando alguns pedaços da massa fofa na língua com cuidado. Eu ri, garantindo que enquanto ela ainda fosse humana, ela poderia comer qualquer tipo de comida que quisesse, dia ou noite. De volta a nossa suite, ela pegou meu celular emprestado para ligar para Charlie.

- Oi, pai, sou eu...

Eu agradeci o fato de que meus ouvidos captavam os dois lados da conversa.

- Bella? Oh, graças a Deus. Você está bem?

- Estou, pai. Viu meu bilhete, nao viu?

-  Sim. Mas queria que tivesse falado comigo antes de ir. Onde diabos você está?

- Estou com Alice,-  ela virou para me olhar, seus olhos estavam preocupados. Ela não queria contar a ele que nós estávamos na Itália. Eu concordei, sorrindo para ela, encorajando-a. - Estaremos de volta em alguns dias...- de repente percebi o quanto eu não queria sair voltar. Aqui ninguém nos julgava; não haviam obrigações. Era o paraíso, um País das Maravilhas.

- Tudo bem... mas Bells, você não pode simplesmente sumir assim. Você quase me faz ter um ataque do coração. Eu quase mando a cavalaria atrás de você.

- Desculpe, pai. Fui uma emergência.

Charlie suspirou. - Eu entendo.

- Então... Te vejo em alguns dias? - ela tentou fazer com que sua voz parecesse animada, mas eu sabia que ela estava tão relutante quanto eu.

- Claro, Bells. Até lá.

- Eu te amo, pai.

- Também te amo, Bella.

Ela desligou o telefone e me devolveu. Deslizei até ela, pegando o telefone e sua mão.

- Você foi bem... devemos planejar de ir amahã?

- Tão cedo...

- Eu sei, amor. Mas o avião vai levar quase um dia  e nós nao queremos deixar ninguém esperando muito mais. - ela concordou e me abraçou, seus braços de seda em volta do meu pescoço. Nossos lábios mergulharam juntos, mãos nos corpos da outra. A mão dela foi até meu cabelo, afagando ele. Isso era tão bom... me mandava ondas de calafrio pelo corpo desde onde ela tocava. Cheguei mais perto dela, empurrando-a até a parede, me pressionando contra o corpo dela.

- Sabe... nós não fizemos muitas comprar desde chegamos aqui... - ela disse, me surpreendendo.

- Você está me dizendo que está interessada em fazer compras comigo? - dei um passo para trás, me afastando dela, mas ela me segurou pela cintura.

- Desde que eu escolha alguns modelos para você dessa vez...  - havia uma pontada de sedução no seu tom de voz. Eu franzi minhas sobrancelhas para ela, sorrindo desconfiada.

- Eu acho que podemos fazer isso...- sorri abertamente em antecipação, feliz que eu finalmente havia conseguido animá-la um pouco. Ela balançou as chaves do nosso carro alugado, me apressando. Ela não precisava falar duas vezes.