Alice In Blunderland escrita por Melancholy_Ink


Capítulo 5
Capítulo 5




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Na primeira metade da noite Bella dormiu profundamente, apenas virando algumas vezes para se aninhar mais perto de mim. Eu a abraçava, tentando me convencer a não levantar minhas esperanças. Para ela, nós ainda éramos amigas. Eu tinha que lembrar disso. Ela suspirou, um dos braços esticando e voltando para a minha cintura. Eu peguei sua mão delicadamente e a beijei, sem querer que ela acordasse. A noite estava quente, mas de alguma maneira sua pele morna era confortável. Eu me perguntei se isso significava se eu já estava me acostumando a ela, e se isso era bom ou ruim.

Revi os acontecimentos do dia na minha cabeça. Eu a guiando pelas ruas de calçamento, seu cabelo brilhando com a luz do sol mesmo quando estávamos na sombra. A gente de mãos dadas pela multidão, conversando e rindo durante o almoço. Ela me puxando para perto dela enquanto dançávamos músicas que nenhuma de nós conhecia... Eu me senti em paz quando passeávamos na gôndola. O medo que senti naquela manhã havia sumido só em vê-la respirando calmamente perto de mim. Minhas mãos passeavam pelo seu cabelo, descendo pelo seu braço. Eu desejei que aquela noite nunca terminasse. Mesmo se eu não pudesse tê-la do jeito que eu queria, eu sempre lembraria desse dia. Ficar contente já era suficiente para mim. Claro que eu sempre iria admirá-la e desejá-la, sentiria falta daquela intimidade, mas saber que ela estava feliz era o que mais importava. Bella Swan não era mais a garota desajeitada que eu conheci há tempos atrás. Ela era minha razão para tudo. Pode até parecer bobo, mas é extremamente forte. Eu finalmente consegui entender o que Edward e Tanya tinham.

Lembrar de Edward me despertou, percebi que não tinha pensado muito nele ou em qualquer outra coisa desde a última vez que o vi. Saindo do meu País das Maravilhas, afastei Bella gentilmente, levantando sem fazer nenhum barulho. Caminhei sem pressa até a cômoda onte meu celular estava, ligando para ele numa fração de segundos. Nos falamos por sussurros quase inaudíveis.

- Ola, Alice, - ele me cumprimentou

- Oi... Só checando, conseguiu falar com Tanya?

- Consegui sim, estou com ela agora. Correu tudo bem, parece que foi só um mal entendido

- Claro que sim... - eu nunca fui muito fã da Tanya, mas me senti melhor em saber que meu irmão estava bem e feliz.

- Como a Bella está indo aí? Aposto que ela está passando por maus bocados tendo que provar um monte de roupas ou coisas do tipo, - ele brincou

- Eu nem a torturei tanto assim... - garanti.

- Ela tá gostando dos passeios, das vistas?

- Ah, claro... nós fomos à Torre de Pisa hoje.

- Quantas vezes você já foi lá? - ele disse com uma risada.

- Já perdi as contas, - dei de ombros

A visão de Tanya entrando no quarto só de roupão me veio e eu nem precisava ser vidente para saber o que aconteceria depois. Ele riu alto quando leu meus pensamentos.

- Te vejo em Forks em breve, não é?

- Não tão breve... - Virei para ver Bella dormindo em nossa cama. - Nós ainda temos muitos, erm, lugares para visitar.

Ele não disse nada e eu me perguntei se ele tinha ouvido os pensamentos que eu desesperadamente tentei esconder. Corri minha mão pelo cabelo, nervosa. Eu ouvi Tanya entrar no quarto e nós nos despedimos. Desliguei o telefone e coloquei de novo onde ele estava.

De repente um grito agudo me tirou dos meus pensamentos sobre a conversa com Edward. Meu corpo congelou e eu vi quando Bella estava caindo da cama. Eu a segurava na menor fração de tempo, pegando-a ainda no ar. Ela gritava alto e se sacudia violentamente, me empurrando para longe dela. Eu estava quase largando-a, achando que a havia machucado, quando percebi que seus olhos ainda estavam fechados. Ela ainda dormia. Meu pânico começava a acalmar quando eu a balançava, contente que aquilo era só um sonho, não a realidade.

- Bella! Bella, acorde! - ela gemia, lágrimas grossas escorrendo pelas suas bochechas enquanto seus olhos tentavam abrir.

- Por favor, não a machuque! Não minha Alice! Não!

- Bella, eu estou aqui... shhh, está tudo bem... - eu segurei seu rosto para que ela pudesse me olhar nos olhos, tentando garantir que eu (sua Alice?) estava segura.

- A-Alice? - sua voz tremia tanto quanto o resto de seu corpo e senti uma vontade enorme de protegê-la. Eu a peguei nos meus braços, seu corpo mole esticado no meu colo. Quando finalmente o pânico me deixou, foi substituído pela preocupação infinita.

- É, querida, eu estou aqui... Foi só um sonho... Nós estamos seguras no quarto do hotel - Seus olhos viajaram pelas paredes do quarto analisando o lugar, voltando à realidade, sua respiração começando a acalmar.

- Oh, Alice... - ela olhou para mim, olhos arregalados. Ela enrolou os braços no meu pescoço e enterrou o rosto na minha blusa, as lágrimas correndo livremente por ela.

- Shhhh. Está tudo bem, amor. - a embalei traquilamente, massageando suas costas que tremiam violentamente com os soluços. Gradualmente seu choro foi parando e seu corpo parando de tremer. Eu acariciei seu cabelo e tentei acalmá-la.

- Eles estavam atrás de você... Haviam tantos deles... - suas palavras eram fracas, não muito além de sussurros naquele quarto escuro. Eu a puxei para mais perto, querendo entrar na mente dela e arrancar a péssima lembrança daquele pesadelo.

- Quem, amor? Quem estava atrás de mim? - minha garganta apertou com as palavras seguintes dela.

- Os Volturi... Pelo menos eu acho que eram eles. Eles pareciam tão maus.. Mais como a versão de cinema dos vampiros. Eles estavam cobertos de sangue, - eu senti seu corpo frágil estremecer. Respirei profundamente, a ansiedade dela começava a me causar danos físicos. - Eles nos acharam no Coliseu... nós estávamos.. - sua voz parou de repente e voltou em outra frase - Eles nem tiveram trabalho em me tirar do caminho, me seguravam enquanto os outros deles lutavam com você. M-Mas eram tantos... Eles jogavam você no chão e parecia que... nunca... iria parar - ela soluçou alto e mais lágrimas saíram de seus olhos vermelhos. Eu a levantei, ainda mais devagar e delicada do que o costume, colocando-a de volta na cama. Mas ela não largou meu pescoço, me puxando pra baixo, para deitar ao lado dela, se enrolando contra mim. - Por favor... me abraça?

Eu abracei. Claro que abracei. Quanto tempo eu esperei para que ela dissesse aquelas palavras? Demais. Sua cabeça descansava debaixo do meu queixo, seu rosto de novo enterrado na minha blusa. Suas pernas estavam pressionando minhas coxas, seus joelhos no meu abdômen, braços embrulhados entre nossos estômagos. Eu a envolvi, puxando mais para mim tão forte que achei que fosse machucá-la. Mas ela não disse nada, nenhum gemido ou sinal de dor. Meus pensamentos voavam numa velocidade não muito agradável, tentado me lembrar de respirar. Isso era muito intenso. Estar tão próxima dela assim. Eu fiquei ali, tentando não pensar. Eu estava a confortando, estava fazendo tudo certo. Eu não iria estragar tudo agora. Seu corpo um pouco maior que o meu me fez mergulhar no calor e em sentimentos que ainda eram novos para mim. Grandes correntezas de paixão me queimavam centímetro por centímetro, tentando acabar com todas as minhas defesas. Eu sabia a silhueta dela estava nas minhas mãos, percebia a suavidade e riqueza de tudo aquilo. Minha cabeça escorregou um pouco para trás, meus olhos se fechando, boca soltando um pequeno suspiro, baixo demais para Bella ouvir. Mesmo assim ela já estava dormindo de novo há mais de meia hora e se ajeitava na cama como se um sonho melhor e mais seguro tomasse conta dela. Eu descobri que não conseguia me afastar dela mesmo assim, não só mentalmente. Meus braços simplesmente não me obedeceriam. Mordi o lábio quando outra onda de desejo passou por mim. Não saberia dizer quem teve a pior noite. Eu quase gritei de alívio quando o sol finalmente fez seu caminho trazendo a manhã, nos concedendo um novo começo.


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Notas finais do capítulo

Tadinha da Bella, não? ._.



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