Alice In Blunderland escrita por Melancholy_Ink


Capítulo 20
Capítulo 20




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– Eu estava pensando, Bella comentou. Ela estava sentada no meu colo, no balanço. Seus graciosos olhos de rubi encaravam a copa acima de nós. Era como estar segurando um punhado de seda. – Tecnicamente, você, Edward e Jasper são os únicos na família com poderes, mas ainda assim, os outros tiveram seus pontos fortes aumentados. Coisas que eles tinham quando humanos foram melhorados quando eles se tornaram vampiros. Como Emmet e sua força física. Todos os vampiros são atipicamente fortes, é claro, mas ele é mais forte que a média. – Fiz que sim com a cabeça para mostrar que havia entendido e encorajando-a a continuar. – Bem, eu estava tentando entender porque não ouço um aumento na estática quando estou perto deles. Quer dizer, esses continuam sendo dons, certo? Por que não sinto a afeição de Esme ou a compaixão de Carlisle? A... petulância da Rose? – Ela deu uma risada curta, um tanto nervosa. – Eu consigo sentir o seu poder quase como se eu pudesse tocá-lo! O mesmo com Jasper e Edward, mas não é assim com os outros. Por que não posso aprender aqueles também?

Sorri quando entendi o que ela queria dizer

– Amor, você já é todas essas coisas. Você é a coisa mais compassiva, altruísta, carinhosa, teimosa que anda sobre a Terra. Ainda mais, como é uma recém-nascida, você é mais forte que Emmet ou qualquer outro.

Era quase como se eu conseguisse ver seu rosto corando de novo. Um sorriso se espalhou por seus lábios puros enquanto ela se inclinava à procura dos meus. O balanço nos embalou devagar, a cabeça dela pousou no meu ombro e nossos braços envolveram nossos corpos confortavelmente. Aquilo éramos nós. Nosso mundo.

Permanecemos assim por algumas horas, balançando, absortas uma na outra, perdidas. Quando ouvimos o celular tocar a primeira vez, decidimos ignorar. Quando Carlisle apareceu na porta da frente com o telefone em uma das mãos e acenando com a outra, nós relutantemente e rapidamente nos desenrolamos. Bella tomou minha mão, me levando até lá. Cocei a cabeça nervosamente quando ouvi a voz de Charlie do outro lado da linha.

– ...só pra saber se está tudo bem. – ele estava dizendo

– Sim, Bella ia te ligar um dia desses, mas você sabe como Alice é. – ele riu no telefone enquanto nos dava um olhar meio divertido e meio de advertência. – Ela não tem deixado Bella dormir. Tudo que elas fazem ultimamente é compras. – todos sabiam que Carlisle não era um bom mentiroso, mas para nossa sorte, Charlie acreditou.

– Como está a escola? Bella está indo bem?

– Muito bem! – Carlisle respondeu, escorando na parede enquanto eu discretamente enrolei meu braço na cintura de Bella.  Então ela usou seu dom de telepatia para estender a conversa para nós duas também.

Diga que eu vou começar a escrever para ele. Ela falou.

Lembrei-me da decisão que tomamos naquele telhado na Itália. Sua voz poderia soar diferente no telefone, então ela iria tentar escrever cartas, no lugar.

– Aparentemente, existem inúmeras liquidações em Port Angels agora e Alice insiste em aproveitá-las até o último instante... E infelizmente ela passa tanto tempo nisso que não está sobrando tempo para Bella te ligar. – sério? essa seria a desculpa?

– Ela tem celular, podia ligar no caminho... – Charlie respondeu, sem suspeitar da história.

– Oh – Carlisle hesitou por um instante. – Eu acho que Bella está, er, tentando se distanciar das coisas materiais..

O que? Exclamei. Distanciar das coisas materiais? Olhei para Bella que deu de ombros. Era ridículo, todos sabíamos, mas poderia funcionar.

– Ela disse que, se não houver problema para você, – Carlisle continuou, ignorando-nos. – Ela gostaria de tentar um jeito mais tradicional de comunicação.

Eu poderia ter rido muito alto, mas não o fiz. Só de imaginar Bella se tornando algo parecido com um Amish era mais que absurdo. Houve uma pausa do outro lado da linha. Então, finalmente ele resmungou algo como “Esses adolescentes...” e pouco tempo depois a conversa havia acabado.

– Como assim ele acreditou? – Bella perguntou, boquiaberta.

– Foi por pouco, Carlisle... – admiti, tentando ser honesta e respeitosa.

Ele deu de ombros e se virou em direção à porta

– O fato é que agora você pode falar com seu pai e garantir que está tudo bem. – Não havia sorriso em seus lábios enquanto ele continuou a falar. – Isso não vai funcionar para sempre, mocinhas, tenho certeza de que sabem disso. Cedo ou tarde ele vai querer ver Bella e eu tenho medo de que queira iniciar uma investigação quando for impedido.

– Quer dizer que você acha que só porque ele é o chefe da polícia, ele vai mandar a tropa atrás de mim? – Bella perguntou, mas todos nós sabíamos que era uma pergunta retórica.

Com uma expressão solene, Carlisle desapareceu silenciosamente entrando em casa, deixando nós duas nos degraus com o dilema.

– Talvez ele não perceba que eu mudei, – Bella tentou, mas não parecia muito esperançosa. – Eu poderia ir vê-lo e tudo ficaria bem. Que eu poderia usar lentes de contato e...

– Ele iria notar que algo estava acontecendo. – eu disse, tão suavemente quanto era possível. Não era  fácil dizer a alguém que ela não poderia ver um membro da família. – Acredite em mim, Bell, você está muito diferente.

– Eu sei ... – Ela suspirou. –Eu só queria que houvesse alguma forma. – Eu afaguei suas costas, sabendo que não havia nada que eu pudesse fazer.

Naquele dia, nós realmente fomos às compras. Eu a levei para comprar algumas roupas novas para a sua nova vida. Ela não resistiu tanto quanto ela costumava resistir antes, para meu alívio. Ela até parecia estar gostando, entregando-me uma coisa ou outra para experimentar.

– Bella, este é um tanto ... er ... revelador – eu disse, segurando um pedaço de renda que deveria se parecer com uma camiseta. Ela olhou por cima do ombro, piscou e me deu um sorriso travesso. Rindo, eu vesti, e descobri que ele deveria ser pelo menos dois tamanhos menor. Passamos as próximas horas escolhendo as roupas mais picantes imagináveis​​, rindo e tentando não nos preocupar com nada, a não ser o presente.

Quando voltamos para casa Bella pediu algum tempo sozinha para escrever uma carta para seu pai. Beijei-a antes de sair para caçar, o riso da noite ainda em seus olhos. Ela estava indo tão bem. Melhor do que a maioria dos recém-nascidos que eu já tinha visto. Os últimos dias e as coisas que haviam acontecido estavam de volta à minha cabeça enquanto eu deixava a mansão desaparecer atrás de mim, vendo só a lua crescente à frente. Era difícil de acreditar que apenas alguns dias antes Bella estava comendo sua “última refeição" antes eu transformá-la. Quão brilhantemente ela se adaptou ao nosso estilo de vida, não necessitando de qualquer assistência, durante a caça. Depois, descobriu seu talento de telepatia. A loucura que tinha sido da vez que ela previu a águia bater no vidro e a reação de Rose! A luta na floresta e a descoberta do segundo dom de Bella. Eu tinha gostado de ver o esforço dela e de Jasper para que ela aprendesse a controlar as emoções e sentimentos dos outros, e de conversar com ela um pouco mais sobre a forma que o meu poder funcionava. Mesmo com toda a emoção, eram os menores momentos que mais se destacavam. Segurar a mão de Bella quando fomos caminhar, ou puxá-la para o meu colo como eu costumava fazer quando ela ainda era humana, o balanço, as compras... Eu derrubei um alce antes que ele pudesse ter me detectado. Eu bebi ferozmente, ainda concentrada nos últimos dias.

– Eu sinto muito. – Sua voz soou alta e forte, cheia de orgulho, mas também remorso. Teria soado irritado vindo de qualquer outra pessoa. Eu nem tive que virar para saber quem era.

– O que eu fiz foi errado... as coisas que eu disse – Rose continuou. Eu não olhei para cima, mas continuei ouvindo. –Eu estava tão... eu não sabia...– Ela pegou uma pequena pedra, alisando-a da mesma maneira que uma criança arranca as pétalas de uma margarida. – Eu estava chateada porque eu não tinha certeza se ela estava falando sério. Quer dizer, se ela sentia o mesmo por você, o que você sentia por ela. Eu não tinha como ter certeza, e eu não queria que ela te machucasse. E de repente ela aparece com o mesmo poder dos lobisomens... você sabe como me sinto sobre eles. – Granito começou a chover em torno de seus pés. – E então ela ganha outro poder. Sei que foi estúpido da minha parte, mas eu estava com ciúmes. Estou com ciúmes.

Limpei a boca, levantando-me.

– Não é justo que eu não tenha ao menos um dom enquanto ela tem dois, ou até mais que isso, já que ela pode aprender outros. Então, tecnicamente, ela tem poderes infinitos. Mas também é que...–

Ela estava perdendo a motivação. Eu não podia deixá-la parar agora, não quando ela estava respondendo a muitas das minhas perguntas. Fui até ela, olhei-a com força, tentando incentivá-la a continuar. Eu esperava que a minha expressão dissesse isso. Peguei o pedaço de pedra que restava em sua mão e deixei-o cair suavemente no chão, substituindo-o por minha própria mão. Ela segurou, pareceu até que ela encontrou conforto nela. Ela seguiu em frente.

– Você sabe que eu nunca quis essa vida, e ainda tenho meus arrependimentos. Mas ela... – Rose balançou a cabeça, falando mais para si mesma do que para mim. – Ela era tão viva e tinha uma vida inteira por vir... e ela escolheu isso. Ela escolheu ficar com o que eu não posso escapar. Eu não entendo isso.

Deixei alguns minutos passarem para mostrar havia entendido tudo que ela me disse antes de começar a falar com ela.

– Bella está apaixonada por mim. Ela escolheu essa vida, porque ela estava disposta a desistir de tudo para ficar comigo. Eu me questionei inúmeras vezes por um longo tempo antes de aceitar a ideia de tranformá-la. Mas então eu percebi que eu simplesmente não poderia... Eu não poderia apenas assistir de braços cruzados do lado de fora enquanto seus anos humanos passavam num piscar de olhos. Além disso, não ajudou o fato de que eu também estava irreversivelmente apaixonada por ela, o que também me fez ser um pouco egoísta.

Seus olhos estavam baixos. Mãos ainda segurando a minha, escutando.

– Rose, você tem todo o direito de estar com raiva pelo que aconteceu. Você não queria ser transformada, e você não deve ter sido. Mas, honestamente, eu não mudaria de opinião porque você está aqui. Bella e eu nunca teríamos nos conhecido se eu não fosse uma vampira. Eu sei que você provavelmente não quer ouvir isso, mas a única opção que você realmente tem é aceitá-la e encontrar o lado bonito disso tudo. Qualquer vida é melhor do que nenhuma, certo?

Ela não respondeu.

– Quanto à parte de ser ciumento, eu ouvi isso, hein! – brinquei. – Quem não gostaria de todo o poder que poderia ser ensinado?

Aquilo foi um sorriso? Gentilmente eu levantei seu queixo de modo a fazê-la olhar para mim. Coloquei uma mecha de seu cabelo dourado atrás da orelha. Um quase sorriso.

– Rose, você é minha irmã. Nunca poderia não perdoá-la.

Alívio se mostrou em seu rosto. Fiquei tão aliviada e surpresa ao ter esclarecido que até que de repente eu estava cheia de carinho para ela. Se ela estava preparada ou não, os meus braços voaram em torno de seu pescoço em um abraço apertado. Ela endureceu por um segundo, mas depois relaxou, não exatamente me abraçando de volta. Sua mão veio descansar nas minhas costas.

– Obrigado, Alice – ouvi seu sussurro perdido em meu cabelo. 


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