Bicho-papão. escrita por Secret


Capítulo 14
Escolha.


Notas iniciais do capítulo

Vou nem tentar dar desculpa...
Quanto tempo foi? 23 dias?
Bem, aqui estou!
Aproveite:



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                Gabriel acordou com a incômoda luz do sol em seus olhos. Muito forte! Ele se revirou na cama tentando evitar a claridade e, por fim, decidiu levantar-se. Entretanto, se arrependeu assim que o fez, pois se sentiu repentinamente tonto ao ficar de pé. Quando a tontura passou, ele percebeu que também estava com uma leve dor de cabeça.

                A ideia de voltar para a cama passou por sua mente, mas, antes de se render a ela, o garoto percebeu que algo havia sido colocado sobre sua cômoda: um copo d’água e um comprimido contra dor de cabeça. Ele sorriu, imaginando que seu irmão devia tê-los deixado ali, e tomou o comprimido. Logo depois foi para a sala de estar a passos lentos, encontrando Lucas deitado no sofá assistindo desenhos animados, ele já havia trocado de roupa e estava usando óculos escuros:

                — Hey, maninho! — Cumprimentou sorridente assim que o viu. — Como está a cabeça?

                — Ah, bem. Dói um pouco, mas já está passando... Aliás, valeu pelo remédio.

                — Sem problemas. Eu sei como é. Lembro a primeira vez que bebi. — Ele riu. — Café da manhã em cima da mesa e tá passando Chaves, se quiser ver comigo.

                — Ah, ok. — O mais novo foi até a cozinha, ainda de pijama, e pegou seu café da manhã: algumas fatias de pão com requeijão e um copo de vitamina de banana, maçã e mamão. — Que horas são? — Perguntou enquanto se juntava a Lucas no sofá.

                — Acho que passou das dez. Por quê?

                — Já? — O garoto se surpreendeu. — Nada, só para saber. Sorte que não tem aula hoje.

                — Concordo totalmente. — Lucas sorriu. — Os professores nunca me deixam ficar de óculos escuros na sala.

                — E daí? Eu nunca te vejo usando óculos na escola. — Gabriel comentou estranhando o motivo do irmão.

                — Podia mudar a frase pra “eu nunca te vejo na escola”. — Brincou. — E você não foi o único a “ficar alterado” ontem. — Ele riu e fez aspas com os dedos. — A única diferença é que eu sei disfarçar. — Concluiu e tirou os óculos, revelando os olhos meio avermelhados. — Vai por mim, é uma droga disfarçar isso na escola.

                — Se você diz... — O mais novo tentou se esquivar do assunto. Ele sabia que Lucas não era exatamente exemplar, mas também não estava acostumado com o irmão contando isso tão diretamente!

                — Mudando de assunto: de um a dez, qual a chance de você passar o dia passeando comigo hoje?

                — Zero. — Gabriel revirou os olhos. Tudo bem que ele já estava habituado a ser arrastado por aí pelo irmão, mas não com aquela dor de cabeça! O garoto só queria ficar em casa o dia todo para pôr a mente no lugar. Ele ainda tinha muito que pensar até segunda!

                — Certeza? Podemos passar onde você quiser! Até te dou dinheiro para o fliperama.

                — Hoje não. Mas pode sair com seus amigos se quiser, eu juro que vou ficar bem sozinho em casa.

                — Nem vem. Da última vez que ouvi essa frase, você bebeu escondido numa festa. — Brincou. — Podemos nos divertir aqui em casa mesmo. Que tal uma maratona de filmes de comédia? Ou de desenhos animados?

                — Não... Acho que vou ficar no meu quarto hoje. Quero ficar um tempo sozinho. — Gabriel explicou.

                — Tem garota no meio? — Lucas perguntou num tom de divertimento.

                — No meio de quê? — Gabriel sentiu vontade de bater na própria testa depois dessa pergunta. Por que Lucas sempre colocava as garotas no meio da conversa?

                — Ora, quando alguém está para baixo e querendo ficar sozinho dos dois um: ou está mal na escola ou com problemas com as gatinhas. — Ele riu. — E eu sei que suas notas estão legais, então... Quem foi a culpada por te deixar para baixo?

                — Não é nada.

                — Tá bom, se você diz... Mas, se quiser conversar, estou aqui a tarde toda.

                — Tá bom. — Gabriel fez menção de sair da sala, mas hesitou ao encarar o irmão. Lucas estava de pijama, deitado no sofá assistindo um programa infantil, os cabelos bagunçados e óculos escuros para esconder os olhos avermelhados. Com certeza, não chegava nem perto de ser uma imagem que passe confiança, mas o mais novo queria dividir isso com alguém. E Lucas não era uma má opção, era? No máximo, daria conselhos ruins ou o provocaria. — Bem... E se eu disser que me pediram em namoro ontem?

                — Então eu diria “Viu? Eu acertei! Tem gatinha no meio!”, por quê? Foi o que aconteceu?

                —... Foi. — Gabriel já não sabia se seu irmão era tonto ou só se fazia.

                — Ora, e por que está tão para baixo? Se uma garota bacana quer te namorar, você comemora! Qual o problema, não gosta dela?

                — Não é que eu não goste. Eu só... Eu não sei!

                — Esse é o problema, maninho. Você pensa demais. Se gostar, tenta, na pior das hipóteses, vai ser um namoro rápido.

                — E se eu meio que já estiver com alguém?

                — Tem namorada? Vou contar pra mamãe. — Lucas brincou e começou a rir. — Ok, se você está namorando, melhor não trair. Vai por mim, não acaba bem...

                — Eu não estou namorando! — Gabriel o interrompeu, pois sabia que Lucas nunca o deixaria falar de outra forma. Lucas era legal, mas tinha o péssimo hábito de dominar as conversas.

                —... Uh... — Pela primeira vez em muito tempo, Gabriel conseguiu deixar o irmão sem palavras. O que era bastante difícil, realmente. — Você tá de rolo com alguém ou algo assim?...Tá bem, acho melhor eu calar a boca e só escutar mesmo. Explica isso aí.

                — Tá... — De repente, o garoto sentiu falta da falação constante do irmão. Era desconfortável ser completamente o centro das atenções! Mesmo assim, ele tentaria explicar o melhor possível sem dar detalhes. — Então, é, eu estou meio “de rolo” com alguém — Gabriel estranhou usar as gírias do irmão, mas era o modo mais fácil de explicar. —, bem, eu não sabia que eu estava, mas parece que eu estou. E esse alguém me contou isso justamente quando outra pessoa, que eu não sei se eu gosto tanto assim, me pediu em namoro.

                Gabriel concluiu e olhou para Lucas, esperando alguma reação. Já o mais velho apenas o ficou encarando de volta.

                — Você não espera um conselho, né? — Lucas riu.

                — Você sempre dá um. Por que não dessa vez? — Ele retrucou na defensiva.

                — Foi mal, maninho, mas sua vida amorosa é mais complexa que a minha! Eu nunca tive duas gatinhas brigando por mim... Inveja. — Ele fez uma falsa expressão de tristeza, mas logo o sorriso voltou.

                — Tá... E se fosse com você? O que você faria? — Gabriel sentiu falta de um conselho idiota de Lucas. Por piores que fossem, pelo menos aliviavam a tensão com o senso de humor estranho do mais velho.

                — Ora. É óbvio. Um ménage! — Lucas zombou.

                — Já devia imaginar. Você não leva nada a sério. — O mais novo revirou os olhos, mas riu de qualquer forma.

                — Para que um conselho sério? Eu concordo totalmente com sua ideia! — O outro revidou.

                — Qual ideia?

                — Se trancar no quarto para pensar sobre isso. — Ele sorriu provocando o irmão. — Vai lá se matar de pensar. Te chamo quando o almoço estiver na mesa.

                Gabriel pensou em retrucar algo, mas decidiu apenas seguir o conselho e ir para o quarto. Ele com certeza teria muito que pensar antes de encarar Daniel no dia seguinte!

                *

                Uma hora e meia se passou sem que o garoto fizesse uma escolha. Por um lado, ele gostava de Daniel, ele era seu melhor — e único — amigo desde sempre. Além do mais, Daniel sempre foi educado e gentil, inclusive lhe deu o tempo que quisesse para pensar. E o beijo não foi ruim, afinal, ele não havia resistido, certo? Talvez não fosse uma má ideia tentar algo mais sério...

                Por outro lado, havia o Bicho-papão. Gabriel não sabia ao certo como se sentir quanto à criatura. Até pouco tempo, o simples vislumbre dele o apavorava, e, de uns tempos para cá, essa relação ficou um tanto mais... Complicada. Às vezes o garoto sentia falta de quando tudo se resumia ao medo, não era agradável, claro, mas era muito mais fácil de lidar!

                Pensando nisso, sua mente devaneou de volta à noite anterior:

                —Porque, Gabriel, você já é meu. — O Bicho-papão afirmou antes de beijá-lo lascivamente.

                Gabriel não reage no começo, em parte surpreso pela ferocidade do beijo, em parte porque estava com sono e, consequentemente, com o raciocínio bem mais lento que o comum. No entanto, assim que percebeu o que estava acontecendo, tratou de empurrar o ser que o beijava para longe e aumentou consideravelmente a distância entre eles.

                — O quê...? Por quê...? — O garoto não conseguiu completar nenhum pergunta, mas esperava que o outro entendesse. O que ele poderia perguntar? “Por que você me beijou?” “O que você pensa que está fazendo?” ”O que acabou de acontecer aqui?” “Eu não sou seu!”... Tudo bem, essa última não é exatamente uma pergunta, mas com certeza seria algo apropriado a dizer no momento!

                —“O quê?” “Por quê?” — A criatura repetiu com um sorriso divertido. — Não doeria se expressar um pouquinho melhor... — Comentou. —Mas, se faz questão: “O quê” foi um beijo, e “por que” foi porque eu gosto de você. Achei que tinha deixado isso claro.

                Assim que concluiu a explicação, ele se moveu levemente para frente, tentando aproximar-se mais do garoto. Entretanto, Gabriel se afastou para mais perto da cabeceira, fugindo da proximidade. O Bicho-papão decidiu não forçar mais, afinal, já havia sido bastante... Audacioso para uma noite. Gabriel precisava de tempo para pensar.

                — Isso não te dá o direito de me beijar! — Exclamou irritado.

                — Não me lembro de você reclamando antes... —Alfinetou. —Mas, se quer ir mais devagar, tudo bem. Não estou preocupado, afinal, você já é meu de qualquer jeito. — Comentou casualmente.

                — Eu não sou seu! — Gabriel disse e cruzou os braços. — Eu não sou de ninguém. — Completou com convicção. O Bicho-papão teve que se conter para não avançar no garoto e tentar beijá-lo de novo, achando-o adorável quando estava com raiva.

                —Claro que não... — O tom de voz irônico irritava ainda mais o garoto. — Agora, acho que devia dormir. Boa noite, Gabriel. — Com um último sorriso, ele desapareceu em meio às sombras, deixando Gabriel sozinho no quarto.”

                A lembrança trouxe certo rubor ao rosto do garoto, que este preferiu considerar de raiva. Ele não era um objeto para “ser” de alguém! Ainda mais daquela criatura convencida! Logo seus pensamentos foram interrompidos por seu irmão:

                — Maninho, o almoço tá pronto. Vêm comer. — Lucas gritou da cozinha e Gabriel sentiu seu estômago roncar. Uma distração agora até que não cairia mal...

                — Já vou! — Ele gritou de volta, já com água na boca ao imaginar o que o mais velho cozinhou. Lucas pode ser meio mala, mas uma coisa é inegável: ele cozinha muito bem.

                *

                — Então, já resolveu seu dilema com as gatinhas? — Lucas perguntou num tom de brincadeira enquanto servia o almoço: arroz branco com cenoura ralada, feijão carioca, farofa com ovo, peixe grelhado e uma salada verde. — Me conta quando resolver! Quero ficar por dentro dessa história!

                — Tá. — Gabriel deu de ombros e pegou um pedaço de peixe, sabia que discutir com o irmão era inútil, então para que negar satisfazer sua curiosidade? — Mas duvido que eu consiga resolver isso tão cedo.

                — Ah, você pensa demais. — Ele reiterou seu pensamento de mais cedo. — Namorar, ficar, pegar... É tudo simples. Você não pensa, só se joga.

                O garoto só grunhiu algo em resposta e a mesa caiu num silêncio confortável... Por dois ou três minutos. Depois disso Lucas começou a tagarelar sobre o filme que tinha visto, o episódio de desenho que passou na TV, a garota que ele beijou na festa que foram ontem, e Gabriel se limitava a assentir e fazer um comentário ou outro.Depois do almoço, Lucas lavou a louça e tentou convencer o irmão para irem ao cinema:

                — Vamos lá, mano? Vai ser demais! E eu pago seu ingresso! E até a pipoca se você quiser!

                — Não... — Gabriel repetiu pela milésima vez num tom desanimado. — Não quero sair de casa hoje. Mas pode ir se quiser, sério, eu não ligo de ficar sozinho em casa.

                — Mas eu ligo. — Ele retrucou. — A mãe iria me matar se descobrisse! E eu sempre tenho um plano B. — Sorriu e foi até a estante da sala, pegando um DVD com os oito filmes de American Pie. — Topa ver comigo?

                — Se isso te fizer se aquietar... — Gabriel virou os olhos, mas sorriu. Lucas assentiu vigorosamente e deu play no DVD, deitando-se no sofá logo em seguida e recostando a cabeça no colo do irmão. — Ei, não pode ver o filme sentado? — O mais novo reclamou pela invasão de seu espaço.

                — Aqui é melhor! — O outro zombou e mostrou a língua de brincadeira. Gabriel sabia que, se ele pedisse novamente, Lucas se afastaria. O irmão gostava de provocar, mas sabia a hora de parar! Mesmo assim, ele permitiu. Ao menos assim Lucas ficaria parado num lugar só por mais de meia hora... O que é uma cena bem rara! Além do mais, a proximidade realmente não incomodava Gabriel tanto quanto ele fazia parecer.

                Quarenta e cinco minutos depois, Gabriel chegou a uma conclusão: era impossível assistir filmes com o Lucas! Seu irmão não era apenas conscientemente irritante, ele também era inconscientemente irritante!  Mesmo calado, o mais velho não passava dez minutos sem batucar os dedos em algo, mexer os dedos dos pés, se contorcer levemente no colo de Gabriel ou estalar a língua. O garoto realmente não sabe como aturou isso por três filmes de comédia ruim seguidos!

                Após os três longos e chatos primeiros filmes, ao menos na opinião de Gabriel, Lucas sugeriu uma pausa para o lanche e conseguiu arrastar o irmão para uma vendinha, onde comprou algumas frutas para fazer uma vitamina e comprou um pão doce.

Quando voltaram para o sofá, o mais velho retomou seu lugar deitado no colo de Gabriel e colocou mais três filmes. Ou, como Gabriel pensou, mais três sessões de tortura com comédia ruim e hiperatividade. Antes dos dois últimos filmes, o mais novo começou a ficar cansado e Lucas, reparando isso, disse que já estava bom para um dia só e sugeriu que Gabriel fosse tomar um banho e ir para a cama. Afinal, teriam que acordar cedo no dia seguinte.

O garoto assentiu, aquele foi, com certeza, o conselho mais sensato que Lucas deu o dia inteiro! Ele tomou um longo banho, escovou os dentes, pôs um pijama e, em seguida, foi em direção ao quarto. Entretanto, pela primeira vez em muito tempo, a completa escuridão do cômodo o intimidou. Ele não queria ver o Bicho-papão, não hoje, não depois daquele beijo, não enquanto ele estivesse devendo uma resposta para o Daniel.

— Lucas... Posso dormir com você hoje? — Ele indagou evitando contato visual. Fazia tempo que ele não perguntava isso! E com certeza era esquisito voltar a fazê-lo.

— Claro, maninho, quando quiser. A cama de cima do meu beliche é sempre sua!

— Valeu.

*

Na manhã seguinte, Gabriel foi praticamente arrancado da cama por Lucas. A última coisa que o garoto queria era ir para a escola! Se ele fosse, teria que encarar Daniel e, provavelmente, dar uma resposta que ele não tinha! Aliás, ele usou isso como argumento para faltar às aulas! Mas Lucas não pareceu aceitar essa desculpa.

— Foi mal, maninho. Você sabe que, por mim, eu deixava, mas a mãe ainda me mataria se soubesse. Relaxa, você é esperto, vai dar um jeito.

O garoto ainda tentou convencer o irmão a ficarem, mas logo desistiu. Afinal, se havia algo difícil, era manter Lucas parado em casa. Então ele se limitou a comer o café da manhã, um sanduíche natural e um copo de suco de cajá, depois os dois foram juntos até a escola e lá se separaram como sempre. Cada um foi direto para sua sala.

Na sala, Gabriel sentou-se na carteira mais perto da porta, longe de Daniel. Ele evitou até mesmo o contato visual, e esperou o professor chegar fazendo o que fazia de melhor: sendo invisível. Incrivelmente, até mesmo André o ignorou dessa vez, então ele pôde passar as primeiras aulas sem problemas. E, ficou assim, revezando entre devanear e prestar realmente atenção na aula, até que o sinal do intervalo tocou.

Normalmente, ele esperaria a sala esvaziar antes de sair para o recreio, mas dessa vez foi um dos primeiros simplesmente por não querer arriscar ficar sozinho com seu amigo. Seria melhor pensar rápido numa resposta! Como recusar um pedido de namoro sem perder a amizade? Ou manter a amizade com um namoro? Ele ainda nem sabia se a resposta seria “sim” ou “não”! O que fazer?

Pensando nisso, Gabriel passou o intervalo inteiro andando sozinho pelos corredores e comendo seu lanche — uma vasilha com salada de frutas adoçada e uma garrafinha de água de coco — cortesia de Lucas, que fez questão de entregar o lanche embalado num saquinho de papel e, ignorando completamente que seu irmão já era crescido demais para isso, e não aceitou um “não” como resposta.

Quando deu por si, seus passos o haviam levado de volta para a sala de aula. O problema? O intervalo ainda estava na metade e a sala de aula estava trancada. Não que isso o surpreendesse, não era incomum que ele andasse em círculos, entretanto, dessa vez alguém o esperava: Daniel.

— Bom dia. — Ele cumprimentou Gabriel, deixando claro que não deixaria o amigo escapar da conversa.

— Ah... Bom dia.

— Então, como foi seu domingo? Fez algo legal? — Ele tentou conversar algo mais leve antes de ir para o real assunto.

— Nada demais. — Gabriel não ajudava muito com essas conversas banais, então o outro decidiu ser direto:

— Olha, Gabe, eu sei que deve estar confuso. E está tudo bem. — Ele sorriu reconfortante. — Não precisa me dar a resposta agora. Eu só quero que você volte a sentar perto de mim e para andarmos juntos no intervalo, detesto te ver tão sozinho. — Seu tom de voz era sincero e mostrava preocupação, o que fez Gabriel sorrir. Era como se um peso fosse tirado de suas costas! Daniel não o pressionaria pela resposta, queria apenas o bem estar de Gabriel. — Então, pode ser?

— Uh... Claro, tudo bem. — O garoto sorriu e, assim que a sala foi aberta, pegou seu material e voltou para seu lugar na frente de Daniel.

O restante das aulas foi bem mais divertido, ao menos para Gabriel. Ao invés de passar o tempo apenas devaneando e prestando atenção, ele o passou conversando com Daniel e, eventualmente, prestando atenção.

*

Assim que as aulas acabaram, Daniel se ofereceu para acompanhar Gabriel até o pátio e para carregar sua mochila. Sempre sorrindo docemente e contando histórias engraçadas para arrancar uma risada do amigo. Logo, as frases de seu irmão voltaram à sua mente:

“Você pensa demais”.

“Não pensa, só se joga”.

“Relaxa, você é esperto, vai dar um jeito”.

— Daniel, espera... Acho que eu tenho uma resposta para o seu pedido. — Ele disse de repente, surpreendendo até a si próprio.

— Sério? Ótimo. — Ele sorriu e esperou que o outro continuasse.

Gabriel hesitou e olhou para a expressão de Daniel, cheio de expectativa. Ele era gentil, educado, doce e atencioso. Além do mais, era seu melhor amigo, a opção ideal, certo?

Mas, no fim, o que ecoou em sua cabeça foi a frase do Bicho-papão:

“Você já é meu”.

Só de lembrar, uma onda de raiva passou por seu corpo. Era hora de provar que ele não pertencia a ninguém!

— Claro que eu quero namorar você. — Ele sorriu confiante. Seja lá como isso acabasse, a escolha estava feita.

 


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Notas finais do capítulo

Tanta gente para agradecer, tão pouca memória de longo prazo...

Vamos aos poucos:

Agradeço à Miojoazul pela ótima recomendação!
Tudo bem que foi há uns séculos... Mas antes agradecer tarde que nunca, certo?
Curti as referências ao Rezende.

Agradeço à pp!
Aliás, feliz aniversário extremamente atrasado!
E valeu mesmo por me cobrar o capítulo! Eu preciso desses puxões de orelha de vez em quando.

Aliás, a fanart é da pp também.

E, não percam, no próximo capítulo teremos fanart da Lhulhu!
E garanto que ela arrasou no desenho!
Agora eu só preciso de um próximo capítulo...

E, só para saber: vocês curtiram o negrito nas falas do Bicho-papão?
Sugestão do Luga.
Para destacar a parte obscura da personalidade dele.
Ou, nas palavras de gente quase normal do Luga:
"Por que você não usa Negrito na fala do BP?
Seria legal!
E ficaria destacado que ele é o ser das trevas com letras negras góticas "

Bem, acho que é isso!
Agradeço a todos os seres humanos ou não humanos que leem isso!

E, se acharem algo ruim, avisem!
Eu, literalmente, escrevi metade disso só hoje!
Agora eu vou ali tomar um banho e dormir como uma pedra porque, bem, não sei se alguém aí já ficou até tarde escrevendo, mas isso cansa!
Se bem que vocês merecem,

Bye e até um dia!

Foi mal se eu esqueci de alguém!



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