Bicho-papão. escrita por Secret


Capítulo 10
Rotina.


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Eu não morri!... Ainda.
Tenho minhas dúvidas se ninguém vai querer me matar depois de tanta demora!
Bem, voltei antes do fim do mês!
Mas deixa as desculpas furadas para as notas finais.
Aproveite!



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Gabriel acordou com o toque irritante do despertador, a primeira coisa que notou foi o fato de estar completamente sozinho no quarto. Estranhamente, isso o incomodou um pouco, mas ele apenas ignorou a sensação e começou a se arrumar para ir à escola. Quando sua mãe entrou no quarto para acordá-lo, como geralmente fazia, já o encontrou vestido e com a mochila nas costas.

— Bom dia, mãe.

— Ah... Bom dia, querido. — A mulher estranhou a situação. — Acordou cedo hoje.

— É, me lembrei de programar o despertador antes de dormir. — Mentiu. Ele tinha certeza que havia esquecido como sempre, mas não iria reclamar da sorte.

— Nossa, como meu menino cresceu e ficou responsável! — Ela brincou e bagunçou os cabelos do filho. — O café da manhã está em cima da mesa. Agora vou trabalhar, beijo. — Ela se despediu e saiu apressadamente.

Poucos minutos depois, Gabriel desceu e tomou seu café da manhã, cereal de chocolate e uma caixinha de suco, e pegou a mochila para ir até a escola. Apenas mais um dia normal...

Ao menos era isso que repetia a si mesmo, mas a sensação estranha que sentiu ao acordar permanecia ali, sutil, porém incômoda.

Bem, nada que não pudesse ser ignorado, certo?

Assim que chegou a escola, Gabriel encontrou com Vanessa no corredor. Ele até tentou fingir que não a viu e sair de fininho, mas ela não permitiu:

— Oi, Gabe, chegou cedo! — Sorriu,se havia reparado as intenções do garoto, escondia isso muito bem.

— Uh... Oi, Van, como vai? —Gabriel sorriu, mesmo tendo certeza que aquela conversa acabaria mal.

— Bem, tirando a parte que meu amigo está me evitando. — Ela mandou uma “indireta” e seu sorriso deu lugar a uma expressão séria. — Tem algo a dizer sobre isso?

— Ah... Você está imaginando coisas! — O garoto disfarçou. — A gente só não se encontrou por aí por acaso mesmo. Fiquei ocupado com umas coisas. — Enrolou torcendo para que ela acreditasse

— Uh, sei... — Vanessa fingiu que caía nessa mentira mal contada. — Mas, se precisar de ajuda com algo, é só pedir. Principalmente com aquele seu colega de sala estranho, não sei como a diretora não o expulsou ainda! — Ela revirou os olhos.

— Tá legal, vou me lembrar disso. — Ele deu a conversa por encerrada. — Até mais!

— Te vejo por aí.

Depois dessa despedida, Gabriel foi para a sala de aula. Como sempre, poucas pessoas pareciam notar ou se importar com sua presença. O garoto se lembrava bem de quando as pessoas começaram a evitá-lo, quando André começou a implicar com ele quase diariamente sem motivo. Ninguém queria se envolver para não se arriscar também, então ele ficou sozinho.

Quase.

Daniel, praticamente seu único amigo, nunca pareceu se importar muito com o consenso geral de que Gabriel era um problema. Eles eram amigos desde sempre, Gabriel realmente não se lembrava de quando se conheceram, sabia apenas que confiava nele, pois ele nunca o abandonou.

— Fez o dever? — Daniel cortou seus pensamentos. Só então Gabriel reparou que a aula já havia começado.

— O que você acha?! — Retrucou. — Esqueci. Me passa?

— Sempre. — O outro brincou. — Mas copia rápido.

— Ok.

Gabriel terminou a cópia segundos antes de o professor verificar os cadernos e suspirou aliviado, realmente teve sorte! Ao menos agora sua mãe não brigaria por ele esquecer os deveres... De novo. Depois de checar quem não fez o dever, o professor começou a explicar matéria nova e, dessa vez, Gabriel assistiu toda a aula em vez de se perder em pensamentos. No entanto, assim que o sinal tocou, ele e Daniel voltaram a conversar:

— Então, conseguiu resolver aquele problema com o André? — Daniel perguntou.

— Ah? É, mais ou menos. — Gabriel suspirou. — Ele foi lá em casa, pegou uma foto e saiu. — Ele omitiu a parte do vidro quebrado e do quase acidente. — Toda aquela preocupação por causa de uma foto! O que será que tinha de tão importante naquilo?

— Vai saber. — O outro deu o assunto por encerrado — Que chato, a aula começou. Quer conversar mais no intervalo?

— Acho que vou ficar um pouco sozinho hoje. — Gabriel informou e ambos cessaram a conversa antes que a professora os repreendesse.

Aliás, por falar de André, ele estava estranhamente quieto hoje. Ainda não havia feito nada contra Gabriel e, como o garoto percebeu, usava uma camiseta de manga comprida mesmo com o calor. Provavelmente para esconder o corte em seu braço causado pelo vidro, aquilo devia deixar uma cicatriz!

Após uma longa aula de física, a qual o garoto praticamente não prestou atenção, o sinal do intervalo tocou.

*

Gabriel passou boa parte do recreio andando a esmo, apenas pensando. Ele ainda não acreditava no pedido que havia feito na noite anterior, onde ele estava com a cabeça?! Ele simplesmente convidou um ser feito de pura escuridão e, teoricamente, muito assustador, para se deitar com ele!

— Fala sério, eu devo ter perdido a noção do perigo! — O garoto murmurou consigo mesmo. Mas ele sabia que não era isso que o incomodava, e sim o fato de ter gostado daquilo, de ter se sentido bem nos braços do bicho-papão. Aquilo parecia tão errado!

— Oi de novo. — Vanessa apareceu de repente e interrompeu seus pensamentos. — Novidades?

— Oi. — Gabriel devolveu o cumprimento, mas não estava tão a fim de conversa. — Nada demais, e você?

— Ah, nada também... — Ela hesitou — Bem... Eu vou numa festa hoje à noite com umas amigas, quer ir também?

— Hm, foi mal, mas vou estar ocupado à noite. Deixa para a próxima. — Ele mentiu.

— Hm... Tá bem. — Vanessa concluiu e eles ficaram num silêncio estranho, que foi quebrado pelo sinal indicando o fim do recreio. — Bem, até mais. — Ela sorriu.

 — Até.

 Gabriel pensou se devia ter aceitado o convite, mas ele realmente não estava a fim de sair. Além disso, seria estranho ir a uma festa em que ele não conhece ninguém! Ele apenas deu de ombros e deixou esse assunto para lá.

*

Três aulas depois, o último sinal do dia tocou e todos saíram correndo pelos corredores, felizes por finalmente poderem ir para casa. Todos exceto Gabriel e Daniel, o primeiro preferia esperar os corredores ficarem mais vazios antes de sair, já o segundo esperava o amigo porque tinha algo para perguntar:

—Ei, Gabe. — Ele chamou. — Eu estava pensando... Tá a fim de ir ao shopping hoje comigo? Estreou um novo filme e tem sessão para às onze da noite. Se quiser, pago a sua!

— Onze horas? Acho melhor não. É muito tarde. — Gabriel se justificou. Como de repente todo mundo o convidava para festas noturnas? Geralmente nem se lembravam dele direito!

— Muito tarde? Conta outra! É difícil te ver dormir antes das três da manhã! — Daniel brincou, pois estava acostumado com o amigo virando noites em claro de vez em quando. — Mas, se não está a fim, tudo bem. — Sorriu. — Te vejo amanhã então! — Finalizou e ambos seguiram direções diferentes.

 Chegando em casa, Gabriel, estranhamente, foi recebido por sua mãe:

 — Boa tarde, querido, como foi a escola? — Ela perguntou gentilmente enquanto lhe servia o almoço.

  — Ah... Foi bom. — Ele respondeu sem saber ao certo o que dizer. — Mãe... Você não devia estar no trabalho agora?

  — Tirei a tarde de folga. Só preciso voltar às nove da noite, ou seja, tenho a tarde livre para nós hoje.

Gabriel apenas acenou para mostrar que ouviu, sem ter certeza de como reagir, e comeu seu almoço em silêncio. Era estranho ter sua mãe para o almoço durante as semanas... Aliás, isso era raro mesmo nos fins de semana. Quando terminou, perguntou quais eram os planos dela para passarem a tarde, já que ela, obviamente, havia planejado algo. Esse era outro traço forte de sua mãe: ela era exageradamente organizada.

A mulher sorriu e começou a listar com empolgação um cronograma de atividades que havia planejado: compras, lanchonete, parque de diversões... Gabriel percebeu que seria um dia cheio e, provavelmente, cansativo. Mesmo assim ele sorriu pela animação da mãe e pela chance de passar o dia com ela, afinal, era melhor aproveitar.

                *

   As compras, na opinião de Gabriel, duraram uma eternidade. Sua mãe o fez experimentar várias roupas que ele realmente não gostou e, no fim, não levaram quase nada. Na lanchonete ela pediu a refeição infantil que vinha com brinquedo e uma salada de frutas para ele e trocou o refrigerante por suco. Por fim, no parque de diversões, ela vetou os brinquedos que julgava “mais perigosos”. Apesar disso, o dia foi divertido. Porém, enquanto estava na roda gigante e via o sol se pondo ao fim da tarde, Gabriel se pegou com vontade de voltar para casa sem um bom motivo.

       Ele até tinha um motivo, mas se recusava a admiti-lo.

      Algum tempo depois, ele se rendeu ao impulso e pediu para sua mãe que voltassem para casa com a desculpa de estar com sono. A mulher estranhou o pedido, mas não contestou, na verdade estava até contente que seu filho tivesse superado os problemas para dormir. Tudo estava novamente como devia ser.

                *

    Ao chegarem em casa, Gabriel foi direto para a cama repetindo a desculpa de o dia ter sido cansativo. Ele dispensou a luz do corredor acesa, portanto seu quarto ficou mais escuro que o normal. Ele esperou vários minutos, mas nada “estranho” apareceu. Sem figuras sombrias de olhos amarelos e dentes afiados. Normalmente, ele devia estar aliviado por isso e aproveitar a oportunidade de dormir sem interrupções, mas isso o incomodou por algum motivo. Mesmo depois de tentar ignorar esse incômodo e simplesmente dormir, ele acabou se levantando da cama e passou algum tempo sentado mirando o nada. Gabriel nunca reconheceria que estava sentindo falta de algo, então se convenceu que apenas não estava acostumado a dormir tão cedo.

    — Na cama cedo com as luzes apagadas? — O garoto se sobressaltou com a voz tão próxima de seu ouvido. Quando olhou para o lado, viu o bicho-papão sentado na beira da cama com um sorriso provocante. — Se eu não conhecesse, diria que sentiu minha falta. — Ironizou.

    — Convencido... — Gabriel revirou os olhos. — Tive um dia cansativo, só isso. — Afirmou mais para si próprio que para a criatura.

    — Claro, acredito. — O bicho-papão comentou em tom de zombaria. — Bem, nesse caso, é melhor eu te deixar sozinho. — Completou e fez menção de desaparecer, mas foi impedido por Gabriel:

     — Não! — O garoto exclamou instintivamente e, ao perceber o que fez, tentou consertar: — Quer dizer... Hm, pode passar a noite aqui de novo? — Ele arrumou coragem para perguntar, mesmo ainda se achando idiota por isso.

     — Eu disse que sentiu minha falta. — O ser sorriu largamente enquanto se deitava na cama. — É claro que eu posso, sempre que quiser. — Finalizou e pôs seus braços ao redor do garoto, o aconchegando e deixando seus corpos unidos na cama.

         Gabriel nem percebeu quando isso se tornou rotina.

 


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Notas finais do capítulo

Hey! Quanto tempo, não?
Faz o quê? Três semanas?
Bem, desculpem mesmo por isso!
Sei que o capítulo não é dos mais animados, mas vou ver se o próximo compensa!
E se não demoro um século de novo!
Eu leio fic e sei como é ruim esperar tanto tempo!
Bem, vamos ao blá-blá-blá de sempre:

Primeiro pessoas que eu (e talvez você) devo agradecer:
1: DaniiSoares.
Por me cobrar nas MP!
Sem ele isso demoraria mais!
2: Dony!
Por me cobrar também de vez em quando.
Mas essa já é minha stalker há muito tempo, então já acostumei!
3: LugaFox.
Porque... Sei lá, porque eu quero.
E a história é minha! Eu posso!
Afinal, ele é legal!
Mesmo que eu curtisse mais quando o avatar não era o Cellbit.
Nada contra o Cellbit, mas...
Espera! Já estou misturando tagarelice com agradecimentos.
Vamos tentar manter o nível de organização dessa bagunça!

Tagarelice em geral:

Fábio Roberto humilhou meu dia dos namorados!
Aliás, acho que o dele foi melhor que o de muita gente por aqui!
Fala sério, o moleque ganhou uma caixa com 60 lápis de cor!
60!
Qualquer um fica alegre com 60 lápis de cor! Dá até para colorir o caminho até a alegria!
Espero que não seja chatinha como a Alegria de Divertida Mente.

Vamos ver... Outras tagarelices...
Passei vergonha muito tempo atrás nos comentários.
Foi o quê? Há duas semanas?
Enfim, digo apenas isso: Se não sabe o sexo de alguém, não chute!
(mals aí Soullove)
Sim, eu demoro para superar meus momentos de vergonha!

Ah sim! Lembrei de outro agradecimento:

Agradecer à ImperfectGirl.
Por quê?
Bem, já que ninguém me manda fanart, usei a "visão" dela do bicho-papão.
Ela fica entre o Edmundo d'As crônicas de Nárnia e o Ryuk de Death Note.
Na dúvida, botei os dois! Escolha a versão que preferir!
(aposto que 90% vai escolher o Edmundo, mas o que eu sei?)

Agora vamos às minhas desculpas furadas:

1: No começo foi mais pela época de provas, mas eu realmente nem estudei muito, então a desculpa já não presta!
2: Depois eu não sabia o que pôr no capítulo. Espero que tenha prestado!
Vou compensar no próximo! Tenho até ideias!
Só não sei como vou pôr, mas tenho!
3: O desânimo básico que todo mundo já sentiu, mas superei!
Afinal, preguiça não dura para sempre!
Ainda mais quando eu tenho tantos leitores gente boa.
5: Bem... É meio chato dizer isso, mas minha avó morreu ontem.
E, antes que alguém venha com aquele papinho de "meus pêsames", lembre-se dessas três coisinhas:
— Você não a conheceu.
— Nem eu a conheci direito!
— Eu não estou triste pela morte dela.
Podem me chamar de insensível, mas eu realmente não estou me importando muito com a morte dela. Não éramos próximos, nem um pouco; ela era velha e estava doente. Obviamente morreria!
Por que eu estou contando isso então?
Sei lá, não escondo nada de vocês.
Afinal, somos como um grupo!
Um grupinho com um gosto duvidoso por romance com o bicho-papão, mas ainda um grupo!
6: Eu pulei o 4.
7: Você provavelmente voltou a lista para conferir.
8: Era verdade!

Bem, por hoje é isso!
Então, como vai a vida de vocês?



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