Collide I e II [Degustação] escrita por Allie Próvier


Capítulo 3
3. Inesperado




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CAPÍTULO 3

"Eu devia apenas dizer para você ir embora,

porque eu sei exatamente onde isso vai parar."

Taylor Swift – Style

Eu definitivamente deveria aprender a mentir melhor.

Quero dizer, ninguém gargalha como uma idiota diante de uma pergunta que não pode responder. Ou diante de uma pergunta que não quer ouvir. Ou diante de qualquer pergunta.

Daniel continuou com a mesma expressão neutra, enquanto eu balançava a cabeça negativamente e ria olhando para as pessoas que passavam, para o céu, para as gaivotas... menos para ele. Porque se ele continuasse me olhando com aquela expressão de bom e confiável ouvinte, eu acabaria falando o que não devia.

Que nesse caso, obviamente, é a verdade.

— De onde você tirou isso? – perguntei como se aquela fosse a pergunta mais boba do universo.

— Você mente tão mal, sabia? – Daniel fez questão de frisar.

Sim, eu sei. E você diz coisas inconvenientes, sabia?

— Daniel, isso não faz o menor sentido. – Dei de ombros, enquanto desviava o olhar dele e raspava o fundo do pote de sorvete nervosamente, fazendo barulho no plástico com a colher.

— Jura? Todas as garotas do colégio são loucas por ele.

— Eu não sou todo mundo! – falei rapidamente. Rápido demais. – Eu sou uma garota que gosta de uma pessoa que não deveria e que, caso isso venha à tona, eu serei perseguida pela namorada dele e seus dois zangões.

— Zangões?

— Sim, as duas melhores amigas dela. Ela é como... – Larguei o sorvete na mesa e bufei, sem conseguir olhar o rosto curioso ao meu lado. – Regina George e seus dois zangões.

Daniel riu alto, cruzando os braços e se encostando melhor em sua cadeira enquanto me olhava de forma divertida.

— Então estamos mesmo falando de Mia, Yui e Jane. – Ele assentiu. – E você realmente é apaixonada por Benjamin.

— Eu não disse iss...

— Que mal gosto, Ally. – Ele fez uma falsa expressão de decepção. – Eu esperava mais de você, namorada.

— Daniel, vá se f...

— Relaxa – ele me interrompeu, rindo enquanto dava um tapinha de leve em meu joelho. – Eu não vou contar para ninguém.

Ele ficou de pé e pegou os potes de sorvete vazios para jogá-los na lixeira mais próxima. Eu o segui, tentando alcança-lo com as minhas pernas curtas enquanto ele caminhava de volta para o estacionamento do Píer com as mãos nos bolsos e um sorriso contido nos lábios.

— É sério? Não vai mesmo contar para ninguém? – perguntei preocupada.

— Claro que não. – Ele revirou os olhos. – Você é a minha namorada agora, seria ridículo se eu contasse isso para alguém. Vai ser mais um segredinho nosso.

Algo na forma como ele disse as últimas palavras fez um arrepio subir pela minha espinha. Agora, além de me fazer um favor, ele sabia o meu segredo.

A única coisa que eu podia fazer era agir como uma perfeita namorada de mentira deveria agir.

— Eu estou tão ansiosa para ver aonde isso vai dar. – Eve disse com um sorriso de orelha a orelha. – Eu já imagino tudo o que vai acontecer.

— Virou vidente agora? – Revirei os olhos. – Não comece com essas suas previsões.

— Você sabe que tudo o que eu imagino, acontece.

— E você sabe que tudo o que eu digo que vai acontecer, acontece também – respondi, apontando ameaçadoramente para ela com a colher de madeira que eu segurava. – E digo que se você continuar com essas ideias loucas, essa colher vai voar até você.

Eve prendeu uma risada enquanto levantava as mãos em rendição. Suspirei impaciente e voltei a mexer os ovos na frigideira. Eu havia chegado há alguns minutos em casa e Eve já estava aqui me esperando chegar para fazer o jantar para ela, como se fosse a minha filha. Como o meu ânimo e criatividade estavam zerados, eu joguei ovos numa frigideira, algumas linguiças picadas e mexi tudo. Ovo mexido e socado na base do ódio. Ficaria maravilhoso.

— Ideia louca foi a sua – Eve continuou. – Aliás, suas ideias loucas começaram quando você começou a gostar do Benjamin. Convenhamos, você é totalmente insana.

— Mas ele é tão lindo e legal – choraminguei, passando os ovos mexidos para um prato. – Não fale assim dele, Eveline.

Senti algo atingir minhas costas e ri antes mesmo de saber o que era. Eve me encarava mortalmente. Olhei para o chão e vi que ela havia jogado um pano de prato em mim.

— Se me chamar de Eveline de novo, eu...

— Ok, excelentíssima Eve. – Sorri. – Toma os seus ovos.

Coloquei o prato com ovos mexidos na sua frente sobre a mesa redonda da cozinha e ela fez careta.

— Podia ter fritado um bacon – ela resmungou, comendo uma garfada e dando de ombros. – Está gostoso, de qualquer forma. Não tem nada para beber?

Fiquei olhando para ela com as mãos na cintura, sem acreditar no tamanho da sua cara de pau. Éramos amigas há anos, a minha casa era a sua segunda casa – e vice-versa – e ela ainda queria que eu a servisse.

Revirei os olhos e fui até a geladeira pegar a jarra de suco de laranja. Coloquei a jarra e um copo na sua frente e sentei em uma das cadeiras, colocando as mãos no rosto enquanto ela comia.

— De qualquer forma, ele é legal – falei baixinho. – Daniel tem feito muito por mim se pararmos para pensar nisso.

— Eu já parei para pensar nisso – Eve disse com a boca cheia, tive de fazer um esforço extra para entender o que ela dizia. – É por isso que eu acho que vai acontecer o que com certeza vai acontecer.

Bufei, fiquei de pé e fui até a pia para lavar a louça suja.

— Eu não faço a mínima ideia do que você está falando e nem quero saber, Eve. Você é louca.

— E você é totalmente sã, é claro... – Ela sorriu, exalando sarcasmo por cada poro.

Talvez ela tivesse razão quanto a isso.

Os dias correram tranquilamente.

Eu e Daniel nos aproximamos mais, considerando que enquanto estávamos no colégio tínhamos que ficar juntos sempre que possível, porque não importava para onde olhássemos, Yui e Jane estavam à espreita. E após as aulas, mesmo sem as duas vigilantes atrás de nós dois, costumávamos ir lanchar em algum lugar. Eve foi conosco algumas vezes, mas segundo ela "preferia não ir para não atrapalhar os pombinhos".

Eve sempre sendo tão engraçadinha...

De qualquer forma, descobrimos que nos dávamos realmente bem juntos e era agradável. Portanto, não era um problema sair de vez em quando. Mesmo tendo personalidades diferentes, nossos gostos e opiniões eram bem parecidos em relação a muitas coisas.

Hoje foi mais um dia que ele me chamou para ir ao Píer 39. Depois que descobrimos aquela sorveteria, íamos sempre. A primeira coisa que descobri que tínhamos em comum era o amor por doces. Isso me animou bastante, assim eu poderia enlouquecer por sorvete na frente dele sem me preocupar se parecia louca.

Como de costume, Eve levou o meu carro para a minha casa e ficou por lá. Minha mãe estava sempre viajando por causa do trabalho – ela trabalhava como fotógrafa para uma revista de viagens –, então eu costumava ficar muito sozinha. Por isso, Eve costumava dormir no meu apartamento dia sim, dia não. Às vezes até mais, quando a mãe dela não precisava de sua ajuda em casa. Ambas se preocupavam bastante comigo, eram a minha segunda família.

— Quer comer o que hoje? – Daniel perguntou como se eu fosse uma criança.

— Hm... – Mordi o lábio inferior, olhando para as lojas ao nosso redor. – Quero hambúrguer.

Daniel levantou as mãos para o céu, de olhos fechados e com um grande sorriso. Eu ri de seu exagero e ele me segurou delicadamente pelo pulso, me guiando até o lugar que, segundo ele, servia o melhor hambúrguer do estado da Califórnia.

Exagero poderia ser o seu sobrenome.

O lugar era bem legal, todo decorado de branco, azul escuro e vermelho. Algumas mesas possuíam poltronas acolchoadas vermelhas e foi para uma delas que fomos, ao lado de uma grande janela de vidro. Uma garçonete veio até a mesa entregar um cardápio para cada um de nós e retirou-se.

— Recomendo o número sete. – Daniel sorria como uma criança. – Depois dele você voltará rolando para casa. Aliás, duvido que consiga comer tudo.

— Isso é um desafio? – Eu arqueei uma sobrancelha. – Eu também sou boa nisso.

— Então me prove. – Ele sorriu desafiadoramente sobre o cardápio.

— Eu te desafio a comer o número nove.

Ele largou cardápio na mesa e fez um sinal para a garçonete.

— Um número sete e um número nove, por favor.

— Desejam adicionar mais queijo?

— Adiciona queijo duas vezes – ele pediu, cruzando os braços e me olhando com um sorriso desafiador. – E mais duas Coca-Cola grandes e uma porção média de batata-frita.

A garçonete arregalou um pouco os olhos para nós dois e se retirou, entregando o pedido no balcão. Também cruzei os braços e fiquei olhando para Daniel desafiadoramente, do mesmo modo que ele me olhava.

— Você vai pedir por misericórdia. – Ele provocou. – Se eu fosse você desistia enquanto há tempo.

— Você não me conhece, Sullivan.

— Basta olhar para você, Jones. – Ele sorriu abertamente. – Isso vai ser engraçado.

Eu ia responder, mas quando ouvimos uma movimentação na entrada da lanchonete automaticamente olhamos para aquela direção. Eu pensei que meu coração fosse parar naquele momento... porque Benjamin passou pela porta de mãos dadas com Mia. Yui e Jane estavam logo atrás, assim como mais três amigos de Benjamin, todos integrantes do time. Eles olharam ao redor à procura de uma mesa e os olhares caíram sobre nós.

Essa é uma ótima hora para a terra abrir e me engolir. Não basta vê-los todos os dias no colégio, agora também no meu único momento de paz...

— Olha quem está aqui! – Mia disse, parecendo animada demais para o meu gosto, enquanto puxava Benjamin até a nossa mesa e todos os outros os seguiam. – O casal mais lindo do colégio! Depois de mim e Benjamin, é claro.

Ela deu uma risadinha e beijou Benjamin rapidamente, enquanto ele nos observava de forma divertida e curiosa.

— Eu não sabia que vocês estavam realmente juntos – Benjamin disse, o efeito de sua voz reverberou por todo o meu corpo. – Por que não me disse, Dan?

Daniel parecia tão desconfortável quanto eu. Yui e Jane nos observavam sobre os ombros de Mia com seus olhos de águia.

— Minha vida não é um reality show, Ben – Daniel falou, forçando um leve sorriso.

Todos riram achando graça, mesmo que essa não fosse a intenção de Daniel. Benjamin e os outros garotos começaram a falar algo sobre os treinos com ele e por um milagre divino os nossos pedidos chegaram. Quando a garçonete colocou os hambúrgueres, a porção de batatas e os refrigerantes sobre a mesa, todos os olhares se arregalaram.

— Vocês vão comer tudo isso? – Yui praticamente gritou. – Mentira!

— É verdade. – Daniel disse, ainda com o sorriso falso no rosto. – Agora, se nos dão licença...

— Oh, claro! – Mia sorriu. – Espero vê-los mais. Podíamos marcar de sair todos juntos, seria legal, não?

Não. Isso seria péssimo.

Felizmente, eles foram para uma mesa no outro lado do local. Eu e Daniel suspiramos aliviados e logo em seguida nos olhamos e rimos juntos.

— Eu realmente odeio encontrá-los fora do colégio – ele murmurou mais para si mesmo. – Agora...

— Ao ataque.

Olhamos ao mesmo tempo para os nossos hambúrgueres e em minha mente eu já via a imagem do meu enterro. O meu era enorme, com duas carnes, três fatias de queijo, ovo, bacon e molho barbecue. O de Daniel tinha tudo o que o meu tinha, mas duplicado.

— Ainda há tempo para desistir – avisei, usando e abusando do bom e velho sarcasmo.

Daniel arqueou uma sobrancelha e sorriu lentamente. Apoiou os cotovelos sobre a mesa e aproximou o rosto do meu.

— Vamos fazer uma aposta – ele propôs.

— Pode mandar.

— Se você conseguir comer tudo, eu te pago sorvete até o fim do mês.

Eu duvido que consiga comer qualquer coisa depois dessa bomba de carne, mas tudo bem. Eu não lhe daria o gostinho de saber que eu estava gritando de pavor na minha mente diante daquele monstro cheio de cheddar.

— Ótimo – concordei. – E se você conseguir comer tudo, eu te faço o meu famoso bolo de chocolate.

Ele sorriu e estendeu a mão para mim. Eu a apertei, selando a aposta. As cenas seguintes foram de pura tensão e desespero.

Eu iria morrer. Meu Deus, eu tenho certeza de que não passaria dessa noite.

— Eu não consigo respirar – murmurei com os olhos fechados e as mãos sobre a barriga.

— Parece até que você está grávida. – Daniel riu, totalmente sem compaixão por mim atrás do volante do carro.

— Cala a boca – gemi. – É tudo culpa sua!

— Mas você se garantiu tanto... – ele cantarolou. – Por um momento eu realmente pensei que você ia ganhar de mim, sabia?

— E eu já estava ganhando de você. – Revirei os olhos. – Mas o hambúrguer começou a se revoltar no meu estômago... apenas isso.

— Claro.

Ele sorriu sem tirar os olhos do trânsito. Olhei pela janela do carro e vi que já estávamos no meu bairro. Daniel estacionou na frente do meu prédio e eu gemi só de pensar em sair dali e andar até a entrada.

— Está entregue – ele disse, desligando o carro. – Não esqueça de levar as batatas para a Eve.

— Quer entrar? – perguntei com a voz meio grogue. – Posso dar o seu prêmio agora.

A expressão de Daniel mudou rapidamente, indo de neutra a maliciosa.

— Pode, é?

Olhei confusa para ele por alguns segundos, tentando entender o que havia de errado, até que entendi o que ele queria dizer. Bufei, dei um tapa em seu peito e ele riu alto. Peguei minha bolsa e a sacola das batatas devagar, sentindo-me uma gestante. Mas, nesse caso, eu estava prestes a parir um hambúrguer. Meu corpo inteiro gritava por uma cama confortável.

— Estou brincando. – Sua voz e olhar suavizaram. – Você está bem para fazer um bolo agora?

— Acho que sim – suspirei, dando de ombros. – Mesmo se eu não estiver, você pode assistir algum filme com a gente.

Daniel pareceu pensar na ideia e, por fim, aceitou. Saímos do carro e ele ativou o alarme. Eu andava lentamente, sentindo meu estômago doer a cada passo dado. Daniel me acompanhou em silêncio e pegou minha bolsa e a sacola para me ajudar.

— Não morra, por favor. – Ele fez uma expressão aflita. – Eu não posso ser preso.

— Ah, pode ter certeza de que eu vou deixar um bilhete antes de morrer avisando que foi culpa sua – falei grogue.

Chegamos no quarto andar, onde ficava o meu apartamento, e atravessamos o corredor. Dei três batidas na minha porta e Eve atendeu em questão de segundos. Seu olhar mirou automaticamente a sacola das batatas que Daniel segurava. Ele entregou a ela e Eve nem mesmo perguntou se eu precisava de uma ambulância, apenas pegou a comida e voltou para o sofá com a felicidade de uma criança.

Eu acabei não tendo condições de preparar o bolo, então prometi que o faria outro dia. Depois de tomar um banho e vestir meu pijama, nos reunimos no sofá e colocamos um filme novo de terror para assistir. Foi bem divertido.

Eu e Daniel não conseguíamos comer mais nada, mas Eve se divertia com as batatas e o refrigerante, tendo ainda a audácia de oferecer a nós mesmo diante das nossas expressões enjoadas.

No fim, quem passou mal pelo excesso de refrigerante e ficou o resto da noite se revirando foi Eve.

A vida é bem justa, às vezes.

A vida, na verdade, é uma grande cretina quando quer. A minha, no caso, quer todos os dias.

O dia seguinte começou quando eu tive que correr para o banheiro. Vomitei tudo o que havia comido no dia anterior e mais um pouco. Parecia que nunca iria acabar. E quando me arrastei de volta para a cama, sentindo-me como um zumbi enquanto o meu estômago queimava dentro de mim, constatei o pior: eu ficaria de cama o dia inteiro.

Meu estômago havia declarado guerra contra mim. Eu deveria ouvir a minha voz da razão e parar de comer coisas tão gordurosas que me faziam passar mal depois, mas eu ouço a minha voz da razão interior? Não. Nem a interior e tampouco a exterior que se chama Eve. Eu as ignoro totalmente e o resultado disso está na privada.

Gemi de dor e rolei na cama, tentando encontrar uma posição que não me fizesse sentir que iria morrer. Eve entrou no quarto nesse momento, com uma xícara de chá na mão e uma expressão preocupada.

— Idiota – ela resmungou, me oferecendo a xícara. – Eu disse para você tomar aquele remédio ontem antes que piorasse.

— Eu sei – gemi, sentando na cama com dificuldade e pegando a xícara com as duas mãos. – Mas eu ignoro as vozes da razão...

— Hã?

— O quê?

Eve balançou a cabeça e decidiu ignorar os meus devaneios. Ela ofereceu um comprimido para mim, que eu sempre tomava nesses casos, e eu o aceitei de bom grado. Engoli num só gole e suspirei, torcendo para que o remédio fizesse efeito rápido.

— Eu volto depois das aulas, ok? – ela disse, sentando na minha frente. – Vê se descansa e não fique fazendo esforço. Ainda tem macarrão na geladeira, é só esquentar. Você consegue ou prefere que eu esquente logo?

Sorri carinhosamente para Eve. Era engraçado, porque eu sempre sou aquela que cuida de todos ao meu alcance, principalmente dela. Mas quando estou mal, ela faz de tudo para retribuir o cuidado. Eu não sei o que seria de mim sem Eveline.

— Pode deixar, eu consigo – garanti. – Pode ficar despreocupada.

— Impossível, parece que você que está em estado terminal. – Seu rosto bonito se retorceu em preocupação e ela me abraçou. – Se mantenha viva até mais tarde, por favor.

Eve foi embora e eu deitei novamente após deixar a xícara na mesa de cabeceira. Assim que encostei a cabeça no travesseiro, eu apaguei. Não sei por quanto tempo dormi, mas acordei com a campainha tocando insistentemente. Olhei a hora no meu celular e constatei que era uma hora da tarde.

Levantei lentamente da cama e calcei as minhas pantufas. Fui arrastando os pés até a porta, com as costas levemente curvadas e uma mão sobre o estômago, e nem mesmo olhei quem era através do olho mágico. Por isso, quando vi quem estava à minha porta, digamos que fiquei bem surpresa.

— No fim, você realmente está quase morrendo por minha culpa – Daniel disse, me avaliando de cima a baixo com uma expressão dura.

— Não é para tanto... – murmurei.

Deixei a porta aberta e lhe dei as costas, voltando para o meu quarto com a rapidez de uma tartaruga. Metade do meu cérebro ainda dormia. Eu me joguei na cama novamente, ainda com as pantufas nos pés e sem me importar em me cobrir com o edredom. Estava quase dormindo novamente quando ouvi Daniel entrar no meu quarto, aparentemente minutos depois, com uma bandeja nas mãos.

Sentei devagar, coçando os olhos e olhando-o confusa. Ele colocou a bandeja na cama, bem na minha frente, e sentou do outro lado.

— O que você está fazendo? – perguntei baixinho.

— Cuidando de você — respondeu. — Agora coma.


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