Collide I e II [Degustação] escrita por Allie Próvier


Capítulo 4
4. O começo e o fim




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CAPÍTULO 4

"E se eu pudesse somente tirar o seu fôlego,

eu não ligo se não tem muito o que dizer."

The Neighbourhood – Sweater Weather

Devo dizer que estava sendo bem esquisito receber toda aquela atenção.

Como eu disse antes: com gente louca não se discute. Por isso eu fiquei quietinha enquanto Daniel cuidava de mim. Na verdade, a atitude dele foi muito legal, considerando que ele saiu escondido do colégio assim que soube que eu estava doente, foi até sua própria casa, pegou um pouco da sopa que sua mãe havia preparado para o jantar na noite anterior e trouxe para mim.

Quero dizer, ele estava perdendo aulas e ainda trouxe uma das coisas que eu mais gosto de comer. E por sinal, sua mãe cozinhava muito bem. Entretanto, quando ele veio recolher a bandeja com a expressão ainda dura e pensativa, eu comecei a ficar curiosa. Levantei da cama e o segui até a cozinha.

— Você deveria ficar deitada – ele disse sem me olhar, enquanto colocava a louça suja dentro da pia.

— Por que está fazendo isso? – perguntei novamente.

Ele parou o que estava fazendo e me olhou com uma sobrancelha arqueada, claramente confuso.

— Como assim?

— Você não precisava faltar às aulas e vir até aqui para fazer tudo isso – falei, jogando o peso de um pé sobre o outro.

— Mas eu quis. – Ele deu de ombros, voltando a cuidar da louça.

De repente, toda aquela implicância de Eve sobre "o que poderia acontecer" preencheu a minha mente...

— Daniel... – murmurei incerta. – Você está gostando de mim?

Daniel derrubou um copo na pia e soltou um palavrão baixinho. Largou tudo e pegou um pano de prato para secar as mãos enquanto voltava a me olhar com uma expressão surpresa.

— Você acha que qualquer um que se preocupar com você está, automaticamente, apaixonado?

— Não é isso... – Desviei o olhar dele, me sentindo uma idiota. – Mas Eve falou algumas coisas e de repente você aparece aqui, fazendo tudo isso...

Daniel suspirou, encostando no balcão da cozinha e passando as mãos no rosto.

— Vocês têm cada ideia absurda. Não estou aqui porque estou me apaixonando por você, mas sim porque você está doente por minha causa. Eu te desafiei a comer aquele hambúrguer gigante e vim me redimir de alguma forma.

Céus, como eu sou idiota. Senti vontade de me trancar em meu quarto e gritar no travesseiro como uma adolescente revoltada e constrangida. Mas, é claro, eu sou bem controlada. Então só dei uma risadinha nervosa, como quem diz "ah, claro!" e sem conseguir pronunciar uma palavra, dei as costas à Daniel e voltei para o meu quarto.

E talvez eu tenha dado um gritinho no travesseiro, sim. Mas foi rápido.

Eu dormi durante o restante da tarde. Quando acordei, era cinco e meia da tarde e o sol já estava se pondo. Levantei meio grogue e me arrastei até a cozinha completamente sedenta por água. Bastou passar pela sala e dar de cara com Daniel sentado no meu sofá, assistindo TV, para eu sentir vontade de dar meia volta e me trancar em meu mausoléu novamente.

— Oi – ele me cumprimentou. – Eu já ia te acordar para lanchar.

Apenas sorri levemente e retomei o meu caminho para a cozinha. Ele me seguiu, olhando-me com curiosidade.

— Que cara é essa? – perguntou.

— Cara de gente doente.

Na verdade, era cara de irritada mesmo, porque a dor absurda no estômago que eu senti mais cedo já havia parado há um bom tempo. Ainda me sentia bem enjoada, mas um pouco melhor.

Eu realmente havia ficado um pouco chateada com a conversa de mais cedo, admito, mas não iria falar isso para ele. No fundo eu queria que ele se preocupasse de verdade. Caramba, eu nunca namorei na vida e estou há dois anos gostando de um cara maravilhoso que namora com uma garota maravilhosa, enquanto eu assisto tudo de camarote. E agora que tenho um namorado de mentira – eu pareço cada vez mais patética, eu sei – eu queria ao menos que ele se preocupasse verdadeiramente comigo. Isso é tão absurdo assim?

Quanto mais eu mexo em tudo isso e analiso todas essas questões, mais eu me sinto ridícula. De qualquer forma, Daniel poderia ao menos ter mentido sobre se preocupar comigo. Nosso namoro inteiro é uma mentira mesmo, então não faria diferença.

— Eu comprei torradas e geleia – ele disse, parecendo meio sem jeito. – Eu imaginei que seria algo mais leve para você comer nessa situação.

Como ele sabia que eu gosto de torrada com geleia? Abri a sacola do mercado que estava em cima da pequena mesa da cozinha, enquanto ele puxava uma cadeira e sentava com o olhar atento sobre mim. Dentro da sacola havia alguns pãezinhos, torradas, geleia de framboesa – a minha preferida – e sachês de chá de camomila.

Não se compra a geleia preferida de uma garota se você não quer que ela tenha ideias.

— Obrigada – murmurei sem coragem alguma de olhar para ele.

Peguei pratos e copos e coloquei sobre a mesa. Daniel começou a falar que também gostava daquela geleia e que imaginou que eu também gostaria. Depois começou a falar que também ficou em dúvida sobre o chá, mas que optou por camomila pois faria bem ao meu estômago. E depois disse que não me levaria mais para comer no Píer até que eu estivesse totalmente desintoxicada. E depois disse que...

Ele disse muitas coisas, enquanto eu apenas o olhava e assentia, sorrindo um pouco vez ou outra. Na verdade, acho que ele estava meio nervoso e queria preencher o silêncio, porque era visível que por mim eu só abriria a boca para comer. Talvez ele tenha percebido que a minha cara não era de doente e sim de decepcionada. Tanto faz.

Por fim, quando eu estava passando geleia em outra torrada, Daniel segurou a minha mão. Paralisei com a mão no ar e olhei para ele sem entender a sua atitude. Ele me olhava com uma expressão suave.

— Me desculpe – ele disse. – Aquilo chateou você, não é?

Engoli em seco. Admitir ou não? Acabei assentindo e ele soltou a minha mão devagar. Não tinha como eu parecer mais patética, de qualquer forma.

— Poderia fingir que estava preocupado. – Sorri fracamente. – Dizer que só veio até aqui e fez tudo isso porque "a culpa foi sua" é meio...

— Mas é óbvio que eu me preocupei, Ally. – Ele me olhou como se eu fosse idiota. – Eu não viria até aqui cuidar de você só por me sentir culpado. Mas você não me acusou de estar preocupado e sim de estar apaixonado por você.

Oh, sim. Sobre isso... é, realmente foi isso. Ficamos nos olhando, eu sem saber o que dizer e ele com uma expressão neutra. Desviei o olhar e voltei a passar geleia na torrada.

— É, eu estava meio desnorteada pelos remédios, eu acho. – Que ótima desculpa. – Eu sei que aquilo não tinha nada a ver, sinto muito.

Ele deu de ombros e voltou a beber seu chá. Ficamos em silêncio, mas dessa vez foi mais confortável. Tudo bem, ele estava preocupado comigo e não apaixonado. Isso é totalmente normal, afinal, nós realmente viramos amigos nesse tempo. Eu acabei me apegando a ele como sou apegada à Eve e provavelmente ele sente o mesmo.

O silêncio foi quebrado quando a porta da frente abriu, revelando Eve e sua típica expressão emburrada. Ela largou sua mochila em um canto e sentou-se conosco à mesa.

— Está melhor, Ally? – ela perguntou enquanto pegava uma torrada.

— Sim.

Os olhos de águia de Eve me sondaram e depois olharam para Daniel. Ele fez cara de paisagem e desviou o olhar.

— O que houve?

— Nada. – Dei de ombros. – Como foi no colégio?

Ela me olhou de uma forma que deixava bem claro que eu não escaparia daquela conversa mais tarde, mas que por hora me deixaria quieta.

— Surpreendentemente, Yui e Jane vieram perturbar a minha paz. – Eve revirou os olhos, dando uma mordida na torrada. – Queriam saber onde você e Daniel estavam.

— O que você disse? – ele perguntou.

— Falei que vocês estavam tirando o dia para transar loucamente.

Eu engasguei com a torrada e Eve riu alto, sendo acompanhada por Daniel, enquanto dava tapinhas nas minhas costas. Ela pegou a xícara e levou à minha boca, me fazendo beber um gole de chá para a torrada descer. Meus olhos lacrimejavam e eu dei um tapa no braço dela. Eve continuou rindo.

— É óbvio que eu não disse isso! – Ela sorriu. – Mas depois eu me arrependi por não ter dito. Eu só as mandei tomarem conta da própria vida.

— Provavelmente elas estão pensando que passamos o dia inteiro em um quarto, mesmo sem você ter dito. – Daniel deu de ombros. – Saberemos amanhã.

— Elas não irão dar sossego nunca? – resmunguei.

— Não enquanto tiverem certeza de que você está perdidamente apaixonada por Daniel e não pelo Benjamin. – Eve sorriu de forma sugestiva. – Dar alguns beijinhos talvez os ajude nisso.

— Dar beijinhos em quem? – perguntei confusa.

— No seu namorado, é óbvio.

Eu e Daniel nos entreolhamos. Ele sorriu como Eve e balançou as sobrancelhas de forma insinuante para mim, levando a xícara aos lábios. Idiota.

— Nós já nos beijamos – falei.

— Aquele beijinho sem graça do primeiro dia? – Eve me olhou com descrença. – Me poupe, Ally. Elas nunca vão acreditar de verdade se vocês agirem como amigos o tempo inteiro. A não ser que vocês digam que estão fazendo voto de castidade e até o beijo é proibido... só pode mãozinhas dadas.

— Deus me livre de voto de castidade. – Daniel estremeceu. – Eu voto a favor da ideia de Eve.

Olhei para Daniel com os olhos semicerrados por longos segundos. Não se compra geleia e não se diz que quer BEIJAR uma garota, se você não quer dar ideias a ela. Qual é o seu problema, Daniel?

Parando para pensar, provavelmente ele quer me usar. Já que, de certa forma, estou usando-o. Então é isso? Vamos ficar nos pegando pelos cantos para ser justo para os dois e convencermos aquelas duas insuportáveis?

Meu Deus, no que eu fui me meter?

— Ok – concordei, revirando os olhos ao ver os sorrisinhos deles. – Mas apenas no colégio.

Devo dizer que não era nada ruim beijar Daniel.

No dia seguinte, a primeira coisa que vi no corredor do colégio foi Benjamin e Mia trocando saliva encostados nos armários. Ele sorria entre os beijos e falava baixinho com ela. Foi então que eu me peguei imaginando como seria estar no lugar de Mia Campbell.

Porém, sem ter aquelas longas pernas e aquele cabelo longo e brilhante, é claro. Eu nunca pareceria a Pocahontas moderna que Mia Campbell era, mas acho que dava para me imaginar no lugar dela. Enfim, eu imaginei e comecei a me sentir meio deprimida, porque lá estava ela ganhando o que eu nunca ganharia.

Não de Benjamin, ao menos. Na verdade, se nos beijássemos acredito que seria um pouco problemático, considerando que ele é alto assim como ela — não é à toa que ela faz uns bicos como modelo — enquanto eu, bem...

— Você está tão bonitinha com essa touca verde hoje, sabia? – foi a primeira coisa que Daniel disse quando me viu. – Parece um duende.

Desviei o olhar do casal mais bonito do colégio e olhei para Daniel, fazendo a minha melhor cara de desgosto. Ele sorria abertamente e mexia no pompom verde que havia no topo da minha touca. Bufei enquanto saía do alcance de suas mãos e pegava o livro de matemática dentro do armário.

— Se sente preparada para a prova? – ele perguntou casualmente.

Paralisei enquanto colocava o livro em minha mochila.

— O quê? Que prova?

— A prova de matemática. – Ele arqueou uma sobrancelha, falando lentamente. – É hoje. Você esqueceu?

Enfiei a minha cabeça dentro do armário e fiquei lá dentro, no escuro, querendo morrer. Daniel me cutucou algumas vezes e por fim, vendo que eu não sairia dali a menos que fosse arrastada, ele segurou minha cintura e me puxou, fechando o armário em seguida.

— Eu posso te ajudar – ele disse. – É só me dizer no que você tem dificuldade.

— Em tudo... – choraminguei, realmente sentindo vontade de chorar.

— Como assim? Alguma coisa você sabe.

— Eu só consigo gravar a matéria quando estudo antes da prova, mas eu não estudei nada, nem lembro o que ele passou na última aula.

Daniel me olhou com pena enquanto eu respirava fundo e segurava o choro. Acalme-se, Allison. Não é o fim do mundo. Um meteoro pode cair no colégio bem na hora da prova, ou você pode acabar tendo muita sorte e tirar nota máxima!

Que absurdo. Era mais provável um meteoro cair nesse lugar.

Mas, como eu dizia, não era nada ruim beijar Daniel. Porque bem ali, no meio do corredor lotado de alunos, Daniel abaixou o rosto – porque o meu batia na altura de seu peito – e me beijou. Simples assim. Com direito a mãos acariciando as minhas bochechas e um sorrisinho no final... dele, é claro, porque eu fiquei desnorteada demais para conseguir sorrir.

Não é à toa que os caras não vinham aos montes querendo me beijar, eu pareço uma idiota. Mas por um milagre, Daniel não parecia se importar, porque me beijou novamente e dessa vez foi para valer.

E mesmo tendo o casal mais bonito do colégio à alguns metros de distância, também se beijando, foi para nós dois que todos olharam...

Por fim, a prova não foi tão ruim quanto eu imaginava.

Não que eu ache que tenha acertado algo — longe disso —, mas eu consegui lembrar de uma coisa ou outra e fui enrolando de uma forma muito inteligente. Sou realmente ótima com improvisos. Agora resta esperar até a próxima semana para saber se terei que me jogar da ponte Golden Gate ou se poderei continuar vivendo em meio à sociedade de forma digna.

Hoje teria treino dos Lions, então eu e Daniel não iríamos sair. Eu planejava ir para a casa de Eve para passar a noite, já que ela ficou praticamente uma semana na minha, então era hora de retribuir. Quando estávamos guardando os livros no armário, a dupla de zangões apareceu e Eve as olhou de cima a baixo enquanto organizava seu armário.

— Vai assistir ao treino hoje, Allison? – Yui perguntou com aquela expressão cretina de quem adorava me atormentar.

— Ah... não, eu não irei. Tenho outros planos – respondi.

— E é mais importante do que ver o seu namorado jogar? – Jane se pronunciou, fazendo uma falsa expressão de pena. – Nossa, como você é fria.

— Você deveria tomar cuidado. – Yui sorriu perversa. – Há outras pessoas que acham Daniel bem interessante... e não ligariam de roubá-lo de você.

Após isso, elas foram embora em direção ao ginásio do colégio. Simples assim. Jogaram essa intriga em cima de mim, fizeram o clima ficar totalmente pesado e se retiraram. Respirei fundo, encostando-me no armário.

— Elas estavam brincando, certo? – perguntei à Eve.

— Elas eu não sei, mas eu não brinco quando digo que morro de vontade de partir as duas ao meio – ela resmungou, fechando a porta de seu armário com força.

— Antes de nos aproximarmos eu nunca vi Daniel com outras meninas antes – falei pensativa.

Na verdade, eu nunca havia prestado atenção nele antes de toda essa confusão acontecer. Portanto, vê-lo com outras garotas estava fora de cogitação.

— Eu já vi. – Eve cruzou os braços. – Sempre tem algumas garotas que vão aos treinos apenas para assisti-lo e já o vi saindo do colégio com uma menina há um tempo atrás. Ele parece ser discreto.

Uau... Então Daniel tem fãs? Realmente parece que ele é o tipo de cara que faz as coisas escondido.

— Vamos lá? – Eve perguntou.

— Vamos, estou louca para comer a torta de maçã que a sua mãe preparou. – Suspirei, desencostando do armário e me preparando para ir em direção à saída.

Eve segurou o meu braço e eu a olhei confusa.

— Eu me referia ao treino. – Ela sorriu. – Você tem que convencer aquelas duas, certo?

Eu realmente tinha que convencê-las?

Respirei profundamente olhando para o teto do corredor. Mesmo que eu não sentisse necessidade em ir até lá, eu estava realmente curiosa para ver como as garotas reagiam a Daniel. Eu nunca havia pensado nisso antes. Por fim, concordei e Eve me acompanhou até o ginásio.

Quando chegamos, os meninos já estavam jogando. A arquibancada não estava tão lotada e eu agradeci internamente por isso. Achamos dois lugares vagos na última fileira e sentamos. Yui e Jane estavam na primeira fileira, nos olhando desde que chegamos até o momento em que sentamos. Elas não têm vida própria? Com o status que elas possuíam no colégio, deveriam se preocupar em fazer coisas mais interessantes.

Pelo amor de Deus, minha vida era um tédio, por que cismaram logo comigo?

Bufei impaciente e comecei a olhar ao redor. E, realmente, era como um fã-clube. Um grupo de meninas reunidas no canto direito da quadra, ocupando algumas cadeiras da primeira, segunda e terceira fileiras, não tiravam os olhos de Daniel. Era impressionante. Eu achava que todos iam aos treinos apenas para olhar cada centímetro do peito malhado de Benjamin, que aparecia sempre que ele levantava a camisa para secar o rosto de suor.

Bem, pelo o menos eu ia apenas para isso.

De qualquer forma, antes eu não sabia que Daniel fazia parte do time. Eve estava certa, eu estava totalmente cega por Benjamin esse tempo inteiro... e isso não era nem um pouco saudável.

O treino durou cerca de uma hora. Quando acabou, algumas pessoas foram falar com os meninos e outras saíram do ginásio. Eu e Eve começamos a descer da arquibancada conversando sobre o que era melhor: pudim ou bolo. Eu preferia pudim, mas Eve teimou comigo dizendo que bolo era melhor porque pudim desmanchava à toa.

Vi que as meninas do fã-clube de Daniel o chamaram e agora todas estavam reunidas perto dele, que sorria meio envergonhado enquanto bebia água em sua garrafa e as ouvia.

Eu não queria me meter no meio deles naquele momento, então eu e Eve ficamos paradas perto dos bancos onde os jogadores reservas ficavam para esperar a reunião acabar. Estranhamente, eu me sentia um pouco incomodada com aquilo. O que elas viam em Daniel, afinal? Por que formar um clube daquela forma, cercando-o? Eu nunca vi algo parecido acontecendo com Benjamin.

Se bem que, até onde eu sei, 98% do colégio tinha uma paixonite por ele ou o admirava, até mesmo os outros meninos. Se fossem formar um fã-clube para Benjamin isso seria um pouco trabalhoso, porque seria basicamente o colégio inteiro.

— Ah, olha quem está aqui!

Minha mente demorou a processar que isso foi direcionado a mim. Olhei para o lado, desviando o olhar de Daniel, e dei de cara com Benjamin. Todo sexy em sua roupa de treino, com a blusa preta colando um pouco em certas partes do seu peito definido e uma garrafinha de água gelada na mão. Ele sorriu para mim, passando as mãos no cabelo loiro e molhado. Olhou para Daniel ao ver que eu não tirava os olhos dele e sorriu.

— Veio ver o Daniel? – ele perguntou.

— Sim. – Sorri levemente, tentando controlar os meus batimentos cardíacos acelerados e não olhar, de forma alguma, para o modo como ele jogava os cabelos para trás. – O treino foi legal, vocês jogaram bem.

— Valeu, Ally. Ele também faz sucesso, hein? – Benjamin disse, indicando Daniel com a cabeça. – Se isso a incomoda você deveria conversar com ele, não acha?

— Ah, não! – falei rapidamente. – Não, isso não me incomoda, eu apenas...

— Benjamin! – uma voz cantarolou.

Estava bom demais para ser verdade, não é mesmo?

Até mesmo Eve, que estava ao meu lado olhando as próprias unhas totalmente ilesa ao efeito que Benjamin causava em todos, virou a cabeça para olhar a entrada do ginásio. Lá estava ela, a Abelha Rainha.

Mia entrou no local como se fosse dona dele também – já não bastava ser dona do colégio inteiro –, em seu uniforme de líder de torcida. O top e saia azuis com detalhes amarelos faziam um contraste incrível com a sua pele morena. Ela sorria para Benjamin enquanto desfilava até nós com aquelas pernas enormes. Enrolou seus braços no pescoço dele como uma enguia e o beijou.

Eve fez a melhor cara de nojo do universo e me pegou pelo pulso, me puxando um pouco para o lado para que eu saísse de perto da troca de saliva que estava acontecendo. Quando as mãos de Benjamin foram descendo da cintura de Mia para a sua bunda, eu desviei o olhar. Aquilo era demais para mim.

Quando olhei para o lado vi que Daniel havia visto tudo, mas não tirava os seus olhos de mim. Tentei sorrir, mas o sorriso saiu mais como uma careta. Ele voltou a olhar para Benjamin e depois para mim, ignorando totalmente o que as meninas a sua frente diziam. Estranhei a sua reação. Quando eu dei um passo em sua direção, ele olhou para o chão, sacudiu levemente sua garrafa de água e passou as mãos nos cabelos, dando as costas a todos e indo em direção ao vestiário.

E eu fiquei ali no meio do ginásio. De um lado, o cara que eu amava estava beijando a sua namorada. Do outro, o meu namorado de mentira me ignorava e dava as costas.

Minha vida fica cada vez melhor.


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