Collide I e II [Degustação] escrita por Allie Próvier


Capítulo 10
[2ªT] 5. Impulsos




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5

"Silhuetas estão embaçadas, mas você está em minha mente.

Nós desistimos, agora estou cheio de rum e arrependimentos."

Lauv - Reforget

DANIEL

Tive que me forçar a manter a atenção no microfone e nas pessoas que nos assistiam, mas a todo momento os meus olhos me levavam a ela.

Ao seu cabelo curto e ondulado nas pontas, ao sorriso fácil e aos olhos escuros e amendoados. Ela era uma mulher agora, mas apesar do ar adulto e mais maduro, ainda tinha os mesmos trejeitos e o mesmo olhar.

Minhas mãos tremiam e talvez eu tenha errado uma nota ou duas, mas ninguém percebeu. De qualquer forma, não é como se isso tivesse alguma importância. Allison Jones estava bem ali, na minha frente, dentro do Pub do Viking como se sempre tivesse estado aqui. Sentada à mesa como se fizesse isso em toda sexta-feira à noite. Olhando para mim da mesma forma que olhava há seis anos, mas não com o mesmo brilho.

Definitivamente, não com o mesmo brilho. Ela parecia tão chocada quanto eu.

Ao ver Benjamin sentado ao seu lado, com aquela maldita expressão assustada e oscilando seu olhar entre mim e Ally, eu tive que controlar o impulso de pular do palco e agarrá-lo pelo colarinho.

Engoli o impulso e a raiva, porque eu tinha um total de músicas para cantar e o Viking arrancaria o meu couro se fosse impulsivo e o deixasse na mão. Porém, as perguntas não paravam de fazer eco na minha mente:

"O que Allison Jones está fazendo em Nova York?"

"Como assim Allison Jones está aqui, na minha frente?"

"Como assim Allison Jones está aqui, em Nova York, na minha frente, com Benjamin?"

"Por que diabos aquele idiota não me contou nada sobre isso?"

Eu queria correr até ela, fazer mil perguntas e abraçá-la. Queria jogar Benjamin numa parede e enfiar o punho naquele sorriso que ele direcionava a ela tão facilmente, como se tudo estivesse bem, como se nada fosse totalmente confuso para caralho, mas eu tinha que me controlar. Tinha que me manter são e tranquilo, terminar de cantar o que eu deveria cantar e assim que tudo acabasse, eu iria até ela e...

Droga, eu não faço a mínima ideia.

Fechei os olhos e a imagem do olhar vazio de Ally me atingiu. Errei mais uma nota, mas ignorei e disfarcei. Ao abrir os olhos, todos pareciam empolgados o suficiente e aparentemente ninguém percebeu. Tentei manter minha atenção no restante da plateia, tentei manter os meus pensamentos longe dela, mas era impossível. A todo momento, meus olhos eram atraídos a sua imagem novamente.

Benjamin mandou-me ficar afastado quando fui a mesa deles, após ela correr para fora do pub como se tivesse visto uma assombração. Ignorei Benjamin, era o que eu preferia fazer muitas vezes. Porém, quando ela voltou a mesa e não me olhou, eu perdi os sentidos.

Porque ela passou por mim como se eu fosse um desconhecido. Sentou à mesa como se eu não estivesse ali e sorriu para Caroline, a atendente, como se não fizesse ideia de quem eu era.

Voltei ao palco e cheguei a pensar que ela tivesse sofrido um acidente e perdido a memória. Acontece naqueles filmes de romance e às vezes acontece na vida real. Talvez tivesse batido a cabeça e esqueceu apenas de mim, mas eu sabia que estava tudo lá. Todas as lembranças ainda estavam dentro dela, porque quando eu abri os olhos novamente, no meio de uma música, flagrei os olhos castanhos e ressentidos focados apenas em mim.

Porra, eu precisava falar com ela.

Ao fim do repertório, agradeci a galera pela presença. Eu e os caras da banda rimos ao ouvirmos todos pedindo por mais músicas, mas estávamos exaustos. Prometemos hora extra na próxima noite e saímos do palco. Logo uma música qualquer começou a tocar pelas caixas de som espalhadas pelo local. Enquanto arrumávamos os instrumentos, vimos Bill — o dono do bar e meu amigo —, veio até nós.

— Obrigado, gente — ele disse sorridente, batendo em nossas mãos. — O bar está liberado para vocês, como sempre.

— Eis a melhor parte da noite — Emmett, o baterista, levantou as mãos para o céu. — Não sei vocês, mas eu vou beber algumas e ir embora.

— A patroa já está ligando? — Carlos, o guitarrista e baixista, arqueou uma sobrancelha e cutucou Emmett provocativamente. — Tadinho de você...

— Não enche, porra — Emmett resmungou.

Revirei os olhos para a implicância costumeira deles e olhei ao redor, a procura de Ally. Arregalei os olhos ao ver a mesa vazia. Senti meu coração acelerar enquanto meu olhar percorria todo o local à procura deles, mas não encontrava nenhum sinal.

— Merda — rosnei, passando uma mão no cabelo e puxando-o levemente enquanto os rapazes me olhavam com curiosidade. — Eu tenho que ir!

Quando abriram a boca para me questionar, eu dei as costas e corri toda a extensão do bar até a saída. Respirei fundo quando o ar gélido da rua bateu contra o meu rosto. Olhei para os dois lados da rua, mas não havia um sinal de Ally ou Benjamin. Passei as mãos no rosto, sentindo-me nervoso. Tirei o meu celular do bolso da calça e liguei para Benjamin.

Só caía na Caixa Postal. Tentei outra vez, mas nada. Ele estava me ignorando de propósito. O único jeito seria confrontá-lo em casa.

Entrei no bar novamente, arrastando os pés, e avistei Carlos e Emmett sentados no bar conversando com Bill. Sentei ao lado deles e pedi uma cerveja. O olhar dos meus amigos caiu sobre mim. Bill colocou a garrafa de vidro na minha frente e se apoiou no balcão, me encarando profundamente com seus olhos cinzas e a barba grossa e loira. Parecia um viking nervoso à espera de explicações. Não era à toa que eu preferia chamá-lo de Viking, o nome "Bill" não poderia combinar menos com ele.

— Pode começar — Emmett começou. — Quem era aquela belezinha?

— Não sei do que vocês estão falando — falei baixo, bebendo um gole da cerveja.

— Acha mesmo que não vimos quando você foi na mesa daquela garota? — Carlos arqueou uma sobrancelha. — Nunca o vi tão desesperado quanto no momento em que ela correu para fora do bar.

Bebi mais dois goles da cerveja, tentando manter a minha boca ocupada, mas eles não me deixariam passar dessa. Às vezes, ter amigos tão atentos era um pesadelo.

— Espere aí... — Viking riu, fechando os olhos e esfregando a testa. — Aquela é a tal Alice?

— Quem é Alice? — Emmett e Carlos perguntaram juntos.

— Dessa eu nunca ouvi falar. — Carlos sorriu, me olhando como se esperasse por uma história nova e empolgante.

— Nem eu. — Revirei os olhos, impaciente. — Nunca teve Alice alguma.

— Não era esse o nome... — Viking resmungou, passando uma mão na testa e tentando lembrar. Suspirei. — Seria Alana? Ou Audrey?

Então, o que eu temia aconteceu: Carlos e Emmett arregalaram os olhos e quase cuspiram a cerveja, virando-se afoitos para mim e dando um tapa em minhas costas, eufóricos. Quase deixei minha garrafa cair e bufei, sabendo o que viria a seguir.

— Allison! — Eles gritaram juntos, atraindo alguns olhares para nós. Eu quis que um buraco se abrisse sob os meus pés naquele momento. — Caralho, aquela era a...

— Ok, chega de gritos — falei, passando uma mão no rosto enquanto a outra apertava a garrafa de vidro. — Sim, era ela.

— Rapaz, ela era bonita mesmo. — Viking deu tapinhas no meu ombro e eu semicerrei os olhos para ele, que riu. — Parabéns.

Bebi o que restava da cerveja e larguei a garrafa sobre o balcão. Cruzei os braços, sentindo meu humor péssimo. Eu estava nervoso, frustrado e ansioso. Todo aquele alvoroço dos meus amigos não contribuía em nada.

— Vamos lá, anime-se — Carlos disse. — Até onde você nos contou, ela morava na Califórnia, não é? E agora está aqui.

— É justamente isso que eu não entendo... — murmurei. — Ela estava com Benjamin.

— Esse teu primo é um baita filho da... — Emmett resmungava. Lancei um olhar cortante para ele, que se calou na hora. — Enfim, você não deveria confiar tanto nele. Eu não confio desde que ele bebeu as minhas cervejas no apartamento de vocês. Eu havia guardado para beber durante o jogo e ele...

— Não temos tempo para as suas lamentações agora, Emmett — Carlos o interrompeu, balançando uma mão no ar. — Temos um caso mais sério aqui, que é: o que diabos você ainda está fazendo aqui e por que não foi atrás dela, Sullivan?

Os três pares de olhos caíram sobre mim. Olhei para os três, desnorteado. Abri a boca para responder, mas nada saiu. Suspirei, apoiando o rosto nas mãos.

— O nome disse é medo, rapazes. — Viking disse com sua voz grave e risonha. — O medo da rejeição imobiliza um homem.

— Não é medo.

— Então é o quê? — Emmett arqueou uma sobrancelha. — Ao invés de correr atrás da garota que é o motivo das suas lágrimas de bêbado há anos, você está aqui, deixando o seu primo dar atenção a ela no seu lugar. Qual é, Daniel. Você já foi melhor do que isso.

— Olha, vocês não estão me ajudando. — Levantei as mãos, saindo do banco e dando dois passos para trás. — Eu vou embora, amanhã cedo eu tenho muito trabalho a fazer. Grandes casamentos me esperam. Depois a gente se vê.

— Não esqueça do jantar na semana que vem! — Emmett disse, com a voz grave e as bochechas já rosadas devido ao álcool. — Cadence ficará chateada se você não for!

— Não vou esquecer. — Forcei um sorriso, vendo Carlos e Viking rindo. — Devo levar algo?

— Analgésico, porque a minha sogra vai estar lá e eu vou precisar — Emmett lamuriou, meio cabisbaixo, mas logo os olhos voltaram a brilhar. — Mas pode levar umas cervejas também.

— Analgésico e cerveja. — Carlos levantou sua garrafa, como se brindasse. — Melhor combinação não há. Estou começando a considerar a possibilidade de aceitar o convite também.

Emmett começou a resmungar e eu revirei os olhos. Os dois nunca cansariam de provocar um ao outro. Acenei para Viking e ele acenou de volta, com um sorrisinho escondido sob a barba espessa.

Voltei a vestir minha jaqueta quando saí do pub. Dezembro estava chegando e o frio não dava mais trégua. Suspirei, esfregando uma mão na outra para tentar aquecê-las enquanto andava até o estacionamento no outro lado da rua. Me enfiei dentro do carro e me senti ainda mais ansioso do que antes.

Eu queria chegar ao apartamento o quanto antes e falar com Benjamin. Ele me devia explicações, mesmo que tecnicamente... Não devesse.

Dirigi a uma velocidade um pouco acima da permitida, mas ignorei isso. Só de pensar que Ally estava aqui, em Nova York, tão perto... minha mente não raciocinava com clareza. Ela esteve a alguns metros de mim por duas horas e eu nem ao menos consegui ouvir sua voz direito. Isso era surreal.

Não pude evitar sorrir ao lembrar que eu nem iria ao pub hoje. O combinado era que eu e os caras fôssemos tocar amanhã, no domingo, mas calhou de irmos hoje porque na noite seguinte Emmett teria um compromisso com Cadence, a sua esposa.

Talvez isso fosse o famoso destino sorrindo para mim.

Céus, Ally estava tão bonita. Tão diferente de antes, parecia tão amadurecida em tantos aspectos, mas ainda era Allison Jones. Ela poderia mudar o que quisesse em si mesma — cabelos, estilo, modo de falar —, mas jamais perderia a essência. Aquela coisa só dela, aquilo que a fazia ser quem era.

O modo como ela sorria, a forma como jogava a cabeça para trás ao rir, o jeito que mexia nos cabelos para tentar ajeitá-los a todo minuto, a forma como me olhou um segundo antes de eu encerrar o show... ela ainda estava enraizada em mim e isso não era uma surpresa. Só Deus sabe o quanto eu sonhei com a porra desse momento durante os últimos anos.

Eu vinha me martirizando durante todos esses seis anos por ter perdido tudo isso. Por ter sido um imbecil, por ter pensando apenas em mim mesmo. Eu nunca encontraria alguém como ela. Eu até tentei, mas foi totalmente inútil.

Vê-la novamente nessa noite me fez enlouquecer naquele palco. Só então eu percebi que, definitivamente, eu deveria consertar a merda que fiz. Porra, eu precisava dela.

E precisava dar um soco na fuça de Benjamin, que me escondeu tudo isso. Quem ele pensava que era para fazer isso? Depois de todo esse tempo, sabendo o que eu pensava e ansiava... Ele era um cretino.

Subi as escadas do prédio de dois em dois degraus, impaciente para esperar pelo elevador. Assim que cheguei ao sexto andar, tirei as chaves do bolso da jaqueta apressadamente e abri a porta do apartamento. Acendi as luzes, a procura do meu primo, mas não havia sinal da sua presença.

Tranquei a porta e retirei os sapatos, deixando-os de lado na entrada. Os sapatos de Benjamin não estavam ali, sinal de que realmente não havia chegado. Acendi todas as luzes e fui até a cozinha. Bebi um copo de água gelada, tentando acalmar a tremedeira das minhas mãos. Eu estava uma pilha. Não aguentava mais esperar.

Arranquei a jaqueta do meu corpo e a joguei no sofá, junto com as chaves do carro e a carteira. Abri a grande janela da sala e o ar frio bateu contra o meu rosto. Respirei fundo e apoiei os cotovelos na janela, observando o bairro. Chinatown estava iluminada e alvoroçada, como sempre. As diversas lamparinas chinesas percorriam a rua e muitas pessoas andavam de um lado para o outro.

O cheiro de comida temperada subiu, alcançando-me rapidamente, e eu senti meu estômago roncar. Apesar de não aguentar mais comer pato à Pequim, yakissoba e rolinhos primavera, o cheiro ainda me atraía.

Após alguns minutos, acabei vestindo a minha jaqueta e calçando os meus tênis novamente. Fui até um restaurante que havia no outro lado da rua e comprei uma porção grande de rolinhos primavera para viagem e uma Coca-Cola.

Minha mãe reclama no meu ouvido sempre que tem a oportunidade e não é à toa. Os meus hábitos alimentares eram péssimos desde que eu e Benjamin decidimos morar em Chinatown, só porque esse era o último bairro no qual nossas mães esperavam que um jornalista e um publicitário fossem morar. O aluguel também era consideravelmente mais barato do que nos outros lugares, o que foi o principal motivo para não pensarmos duas vezes em morar aqui.

Não era de todo ruim. Era um local bem animado e as pessoas eram legais. Já aprendemos até algumas palavras em chinês, apesar de não saber muito bem o que elas significam.

Voltei para o apartamento e me joguei no sofá, com a caixa de comida no colo e um copo de refrigerante na mão. Fiquei olhando a TV desligada e tentando me concentrar no gosto da comida, mas a cada minuto meu olhar caía sobre o relógio em meu pulso. Porra, o que Benjamin estava fazendo? Será que ele havia ido deixar Allison em casa? Se eu bem me lembro, o casal que os acompanhava era Eve e Jack, então não haveria motivo para Ben levá-la em casa.

Eles haviam saído juntos propositalmente? Tipo... um encontro de casais? De repente, os rolinhos primaveras perderam o gosto totalmente. Mastiguei devagar, sentindo-me enfezado, e forcei a comida a descer goela abaixo. Se esse cara não chegasse em dez minutos, eu...

Ouvi uma chave girar na fechadura da porta e olhei rapidamente para aquela direção.

— Ah... — Benjamin disse, fechando a porta atrás de si e tentando disfarçar a expressão receosa. — Você.

— Que merda você estava pensando... — falei devagar enquanto deixava a comida e o copo na mesa de centro lentamente e ficava de pé. — Quando escondeu que ela...

Ben me interrompeu, levantando as mãos como se se rendesse.

— Não venha me julgar, Daniel. Você sabe muito bem o motivo.

— Você deveria ter me contado! — falei, minha voz aumentando o tom gradativamente. — Depois de tanto tempo ela aparece aqui e você sai com ela por aí como se fosse seu maldito dono!

— Como é que você chega a essas conclusões absurdas? — Arqueou uma sobrancelha, enquanto retirava o seu casaco e largava-o no sofá, jogando-se na poltrona ao lado em seguida. — Pare de gritar e sente aí.

— Não me venha com essa falsa tranquilidade agora, Benjamin — falei entre dentes, pegando minha louça suja em cima da mesa e indo até a cozinha. — Me poupe dessa merda, você deveria ter me contado. Mas não contou, porque é um duas caras do caralho.

Joguei a louça dentro da pia e bufei, passando as mãos no rosto. Apoiei minha cintura na bancada e cruzei os braços, olhando Benjamin por cima da ilha da cozinha.

— Me poupe você dessa merda, Daniel. — Ele me encarou com raiva. — Fez o que fez e agora acha que tem razão em falar dessa forma? Você acha o quê? Que ela está louca para reencontra-lo?

— E você sabe se está ou não? — Arqueei uma sobrancelha, sentindo meu sangue esquentar.

— Sei. — Ele sorriu, o deboche exalando por cada poro. — Porque a minha presença ela quer por perto, já você conseguiu foder com tudo. Ou estou errado?

Respirei fundo, apertando as mãos em punho e me controlando para não esganá-lo. Benjamin ficou de pé e pegou as suas coisas no sofá, indo em direção ao corredor que levava aos quartos.

— Daniel, é sério... — Ele parou no meio do caminho e suspirou, olhando-me com uma expressão vazia. — Deixe-a, ela está noiva.

Senti meu sangue gelar, enquanto Benjamin me largava sozinho e se enfiava em seu quarto. As suas palavras fizeram eco na minha mente.

Noiva?

Passei as mãos no rosto e respirei fundo, tentando me acalmar. Benjamin pode achar que vai me manter longe dela com isso, mas não vai. Não mesmo.

Ouvi quando ele saiu de seu quarto e foi até o banheiro, trancando a porta. O chuveiro foi ligado segundos depois. Andei rapidamente até o seu quarto e avistei o seu celular jogado no meio da cama. Peguei o aparelho e abri a lista de contatos. "Ally Jones" era a primeira da lista. Meu coração acelerou pateticamente enquanto eu salvava o seu número em meu próprio celular e deixava o de Benjamin sobre a sua cama novamente, na mesma posição de antes.

Fui direto para o meu quarto e me joguei na cama, pensando que se Allison Jones estava noiva... bem, eu teria que dar um jeito nisso.

ALLY

Eu tentei levantar.

Eu juro, juro que tentei, mas tudo o que eu consegui fazer foi permanecer deitada olhando fixamente para o teto branco do quarto. Eu definitivamente não sei qual é a minha cisma com tetos, mas eles me acalmam em momentos que eu não sei o que fazer e nem o que pensar. E também quando tenho insônia. E quando tem muito álcool correndo pelo meu sangue.

Passei um bom tempo revezando meu olhar entre o teto e o céu nublado no lado de fora, através da janela ao lado da cama. Me enrolei toda no edredom, tentando fugir do frio. Afundei o rosto no travesseiro e respirei profundamente, tentando me entregar ao sono outra vez. Porém, quando fechei os olhos, a noite anterior inundou minha mente com flashes.

Não, não, não, não.

Sentei na cama rapidamente, tentando fugir de todos os pensamentos, mas não foi uma boa escolha. Senti tudo girar ao meu redor e meu estômago embrulhar. Fiquei de pé rapidamente e saí do quarto, cambaleando até o banheiro e tateando as mãos pelas paredes. Minha visão ainda estava um pouco turva devido a vertigem.

— Ally, o que voc... — Eve esbarrou em mim no corredor, olhando-me com preocupação.

Eu me enfiei no banheiro sem respondê-la e tranquei a porta. Me apoiei na borda da bancada da pia, engolindo em seco enquanto meu estômago se revirava dentro de mim. Abri bem os olhos, sabendo que se os fechasse toda aquela merda inundaria a minha mente. Eu não queria pensar na noite anterior.

Levantei o rosto e olhei o meu reflexo massacrado no espelho. Meus cabelos curtos estavam totalmente bagunçados e embolados. Meus olhos estavam mais fundos que o normal e eu estava pálida como um fantasma. Suspirei e passei as mãos trêmulas nos cabelos, tentando colocá-los no lugar. Em segundos, minhas pernas tremiam — sem suportar o meu próprio peso — e senti o meu corpo suar frio.

Em menos de um minuto, eu estava na frente da privada vomitando tudo o havia bebido na noite anterior. Tive a constatação óbvia e deprimente de que era uma idiota fracassada quando tentei limpar o canto sujo dos lábios e comecei a chorar miseravelmente. Logo eu era vômito e lágrimas. Nojento, eu sei. Isso também não me agrada. Muito menos quando lembro do culpado por tudo isso.

Quando senti que não havia mais nada para pôr para fora — a não ser minha raiva e desespero, é claro —, eu fiquei de pé, dei descarga e fui lavar o rosto. Meu corpo inteiro tremia, não sei se devido a ansiedade ou fraqueza.

Escovei os dentes duas vezes, enojada com o gosto que havia ficado na boca e fiquei uns bons minutos encarando a mim mesma no espelho. Isso geralmente me ajudava a pensar com mais clareza e a acalmar o meu corpo, mas dessa vez não adiantou. Eu realmente estava péssima.

Saí do banheiro arrastando os pés e fui em direção a sala. Encontrei apenas Jack sentado confortavelmente no sofá cinza, com as pernas esticadas e a atenção na TV onde passava o noticiário.

Como não avistei Eve em lugar algum, decidi voltar de fininho para o meu quarto e me afundar na ressaca. Não queria incomodar Jack, mas assim que me virei para sair, ele notou a minha presença e me olhou preocupado.

— Nossa, Ally... — ele murmurou, ficando de pé e estendendo uma mão para mim. — Venha aqui, eu vou te ajudar.

— Não, eu estou bem. — Sorrindo levemente, indicando o corredor com o polegar. — Vou voltar a deitar.

— Não antes de comer algo — ele disse com firmeza.

Aceitei a sua mão estendida e ele me levou até um dos bancos altos da ilha da cozinha, como se eu fosse uma criança. Sentei e escondi o rosto nas mãos enquanto o ouvia andando pela cozinha atrás de leite, biscoitos e remédio.

Logo tudo estava sobre o balcão da ilha, na minha frente. Tomei o remédio para enjoo e dor de cabeça, e comecei a comer vagarosamente. Jack ficou me observando em silêncio do outro lado do balcão. Eu sabia o que ele estava pensando... o que todo mundo devia estar pensando, na verdade. Por isso, mal consegui fazer contato visual com ele.

— Você sabe que pode conversar comigo — ele disse baixinho. — Se sentir vontade, é claro.

— Eu sei, Jack. — Sorri um pouco. — Obrigada.

Acho que ele esperava que eu me abrisse com ele nesse momento, mas não o fiz. Apenas continuei bebendo o leite e comendo os biscoitos em silêncio. Eu não sabia o que dizer. Percebi o olhar chateado e desanimado de Jack quando ele segurou a minha mão e a apertou levemente antes de voltar ao sofá.

Jack sempre foi um amigo incrível e eu sabia que sempre estaria ali por mim, de coração aberto, mas o que eu poderia fazer? Realmente não sabia o que dizer sobre a noite anterior.

Fui lavar a louça suja quando terminei de comer, mas Jack me expulsou da cozinha e mandou-me ir descansar. Voltei ao quarto tentando ignorar os pensamentos que vinham me perturbar a todo instante, mas quando caí na cama foi impossível ignorá-los.

Não consegui ignorar as lembranças, as sensações e o aperto no peito. Tampouco apagar o rosto bonito de Daniel das minhas lembranças e nem aquela maldita voz. Ele está aqui, tão perto de mim, e eu não faço ideia do que fazer.

Quando o show acabou, tudo em que pensei foi pegar minha bolsa e ir embora correndo do pub antes que ele olhasse em minha direção novamente e eu não soubesse como reagir. Eve, Jack e Ben me acompanharam apressadamente, sem me questionar. Eu me sentia envergonhada por ainda sentir tudo aquilo e me achava uma covarde por fugir, mas o que eu poderia fazer?

Eu sabia muito bem do que Daniel era capaz e reconhecia a minha fraqueza. Eu conhecia o meu coração e corpo, ambos eram traidores. E eu sabia que quando Daniel se aproximasse de mim novamente, bem...

Respirei fundo, mentalizando que qualquer coisa entre mim e Daniel é totalmente impossível. Não há chance alguma de voltarmos a ser o que éramos antes. Nem amigos, tampouco amantes. Seja lá o que ele quer comigo, seja qual for o seu objetivo em me olhar daquela forma e tentar se reaproximar... não vai adiantar. Não pode acontecer.

Céus, o que eu estou pensando? Nem ao menos sei se ele quer algo comigo. A julgar pela forma como me descartou na noite do baile, eu não deveria me preocupar com isso. Chega a ser prepotente da minha parte. Daniel Sullivan deve estar bem feliz vivendo nessa cidade, envolvendo-se com mulheres lindas durante esses anos ou, até mesmo, namorando com alguém.

Em questão de segundos, a imagem de Daniel com outra mulher inundou a minha mente. Imaginei-o abraçando, tocando e beijando outra mulher, como costumava fazer comigo. Senti um desconforto sufocante no peito e apertei o travesseiro até as pontas dos meus dedos ficarem brancas. Sentei num átimo e joguei o travesseiro no outro lado do quarto. Bufei e balancei a cabeça negativamente, olhando o céu cinzento pela grande janela do quarto. Encostei minha testa no vidro frio e repeti para mim mesma:

"Daniel não é importante. Daniel não é importante. Daniel não é importante. Daniel não é importante. Daniel não é importante. Daniel não é import..."

— Ally? — Ouvi Jack me chamar, dando duas batidinhas na porta do quarto.

Fiquei de pé e abri a porta rapidamente. Jack se apoiou no batente da porta e cruzou os braços, olhando-me surpreso. Talvez não esperasse que eu o atendesse tão rápido.

— Vista uma roupa quentinha, nós vamos sair — ele disse. — Quero companhia.

— Eu não estou muito bem... — murmurei. — Não serei boa companhia, Jack.

Ele sorriu levemente e deu um peteleco suave na minha testa, como um irmão mais velho.

— Vou esperá-la na sala — ele disse.

Suspirei e concordei. Fechei a porta e fui até o closet, pegando uma roupa qualquer. Uma calça jeans, um suéter creme quentinho e um par de botas estava ótimo. Me vesti enquanto olhava amargurada para a cama, doida para voltar a me jogar nela, mas Jack havia me pedido para fazer companhia a ele, então... eu não recusaria dessa forma.

Chequei se minha carteira e celular estavam na bolsa uma última vez e saí do quarto, encontrando Jack na sala. Assim que me viu, ele desligou a TV e saímos do apartamento. O dia estava bem frio, mas ainda assim haviam muitas pessoas nas ruas.

— Aonde vamos? — perguntei.

Observei-o ir até o seu carro, que estava estacionado na frente do prédio, e o segui. Quando o alarme apitou, indicando o destrancamento das portas, Jack sorriu abertamente e respondeu:

— Fazer compras de natal.

Meus ombros caíram e eu semicerrei os olhos ameaçadoramente, vendo-o rir alto antes de entrar no veículo. Respirei fundo, sentindo pena de mim mesma, e me enfiei dentro do carro antes que congelasse. Veja bem: eu amo o natal. Amo comprar presentes e embrulhar tudo, amo todas essas coisas. Mas quando você está de ressaca, seu corpo inteiro dói e os shoppings estão lotados...

É simplesmente o inferno.

Jack me contou que Eve havia saído sozinha para fazer as compras, pois ela gostava de fazer surpresa e escolher tudo com calma. Como Jack queria ajuda para comprar um presente para ela, queria a minha companhia. Eu não reclamei, é claro. Só esperava que não estivesse tudo abarrotado de pessoas, mas isso era pedir demais.

Felizmente, a movimentação de pessoas no shopping não estava tão absurda. Conseguimos ir nas lojas que ele queria e eu o ajudei a escolher os presentes para Eve, Vanessa, minha mãe, seus pais... até que chegou a minha vez.

— Não mesmo. – Balancei a cabeça rapidamente. — Eu já estou vivendo no apartamento de vocês, Jack. Isso é um baita presente.

— Pare de ser boba. — Ele revirou os olhos. — Eu vou comprar, você querendo ou não.

Suspirei, cruzando os braços.

— Tudo bem... — Eu já havia aprendido que não adiantava discutir com Jack e Eve. — Então faremos o seguinte: enquanto você procura algo para mim, eu vou fazer as minhas compras e depois nos encontramos para ir embora. Ok?

Jack sorriu e concordou. Cada um foi para um lado. Eu já tinha em mente o que compraria, pois enquanto ajudava Jack, mapeei tudo o que pretendia comprar. Consegui ser rápida nas compras e evitei filas enormes.

Para Eve, eu comprei um livro que ela queria muito; para Jack, comprei um novo jogo para Playstation 4 que havia sido lançado recentemente; para a minha mãe, comprei um álbum de fotos lindíssimo — que eu sabia ser um de seus vícios, pois ela amava revelar fotografias de família para eternizar — e um colar com pingente de quartzo azul, que era a sua pedra preferida. Eu sentia tanto a sua falta, queria agradá-la.

Para Vanessa, comprei uma pulseira delicada e toda trançada, com um pequeno pingente de passarinho e para Benjamin, comprei um pequeno kit de cervejas artesanais, que achei bem interessante. Haviam diversos sabores e eu imaginei que ele iria gostar.

Aproveitei também para passar em um pet shop enorme que havia no shopping, repleto de acessórios incríveis para animais. Comprei uma cama vermelha bem fofinha para Gregory e uma bolinha de brinquedo. Eu não via a hora de encontrar um lugar para morar e poder trazê-lo para perto de mim.

E, por fim, faltava o presente de Cameron. Nesse momento, eu travei. Comprar presentes para ele sempre era uma tarefa árdua, porque eu ficava perdida. O que dar para alguém que já tem tudo? Cameron era difícil de agradar e possuía gostos muito específicos.

Eu questionava o que ele gostaria de ganhar e ele sempre respondia: "algo que eu possa usar bastante."

Eu sempre acabava comprando gravatas ou uma blusa social bem bonita, porque era o que ele mais usava devido ao trabalho. No fim, isso o agradava. Porém, decidi comprar um relógio dessa vez. Escolhi um modelo diferente dos que ele já tinha e efetuei o pagamento.

Senti uma facada ao ver o valor do item, mas tentei ignorar o choque. Era o presente mais caro de todos, eu nem sabia se ele gostaria de verdade, mas restava torcer para que isso acontecesse.

As minhas pernas já estavam doloridas e o meu estômago roncava de fome. Sentei em um dos bancos que havia no corredor do shopping e deixei as minhas bolsas ao meu lado, logo pegando o celular para ligar para Jack.

Ele atendeu no segundo toque e falou animadamente que havia encontrado algo para mim. Sorri diante da sua felicidade. Jack era uma pessoa muito atenciosa. Avisei a minha localização e ele me pediu para esperar um pouco, que logo ele viria me ajudar com as bolsas. Desligamos e eu estiquei as minhas pernas, suspirando de cansaço.

Meus olhos foram atraídos por uma loja de presentes e artigos decorativos. Mesmo a alguns metros de distância, era possível ver os diversos quadros a venda, almofadas e coisas bonitinhas. Eu amava esse tipo de loja.

Como Jack levaria alguns minutos para vir ao meu encontro, imaginei que não haveria problemas em dar uma olhada. Peguei as minhas bolsas e fui até a loja. Cumprimentei a atendente e passeei entre as prateleiras. Fiquei apaixonada por uma almofada com formato de gato e pensei em comprá-la, até que avistei um pequeno boneco exposto a alguns metros.

Eu me aproximei para olhar melhor. Era pequeno, praticamente do tamanho da minha mão e feito de aço. A silhueta segurava um violão. Era muito simples, mas também muito bonito.

O rosto de Daniel inundou a minha mente e eu suspirei. Fechei os olhos e sacudi levemente a cabeça, tentando espantar a ideia que tive repentinamente. Abri os olhos outra vez. Droga, o boneco era lindo. Parecia o tipo de decoração que Daniel tinha em seu quarto da adolescência. Eu lembro de deitar em sua cama, durante as pausas das aulas particulares, e olhar tudo o que havia sobre a sua escrivaninha. Aquilo era a cara dele.

Quando percebi, já estava no caixa pagando por um boneco de músico sem rosto que talvez nunca fosse dado a Daniel. Agradeci a atendente e enfiei o presente na mesma bolsa do álbum da minha mãe. Por hora, eu esqueceria a existência dele. Assim que saí da loja, vi Jack sentado no banco onde eu estive anteriormente. Ele me olhou, com a preocupação estampada em seu rosto, e suspirou aliviado.

— Eu pensei que haviam sequestrado você — ele disse, pegando algumas sacolas da minha mão para me ajudar. — Eve me mataria se isso acontecesse.

Paramos na praça de alimentação para almoçar e ficamos um bom tempo conversando. Jack me contou sobre diversas situações que aconteceram quando eles se mudaram, sobre o início da adaptação de Eve na cidade e na nova escola, e eu não parava de rir. Até que o clima mudou e o que eu esperava acontecer, aconteceu:

— Ally, sobre ontem... — Jack começou, cuidadoso. — Você gostaria de conversar sobre? Eu sinto que você está uma bagunça por dentro.

Ficamos nos olhando nos olhos por alguns segundos, até eu desviar o olhar e beber um gole de suco. Jack ficou em silêncio, dando-me espaço.

— Eu não sei o que dizer sobre ontem — admiti. — Na verdade, eu prefiro esquecer.

— Você sabe que isso será meio impossível. — Ele sorriu levemente, me olhando com um misto de pesar e carinho. — Eu tenho certeza que essa não será a última vez que vocês se encontrarão.

— Eu sei — falei. — É isso que me assusta.

Jack ficou me observando por um tempo, enquanto eu bebia minha bebida e comia o meu espaguete devagar. A essa altura, eu mal conseguia sentir o gosto da comida.

— Eu posso expor a minha opinião sobre isso? — ele perguntou depois de um tempo.

— É claro.

Jack suspirou antes de continuar.

— Permita-se — ele disse. O olhei totalmente confusa e ele esclareceu: — Provavelmente, a Eve me esganaria se me ouvisse dizendo isso a você, mas eu vou arriscar. Eu via o quanto você e Daniel se gostavam, Ally. E eu sempre tive certeza que o quê havia entre vocês dificilmente acabaria. Eu nunca te contei, mas... alguns dias após o baile, quando eu e Eve íamos ao seu apartamento para te ajudar a arrumar a sua mudança, nós vimos o carro de Daniel parado em frente ao seu prédio.

Minha respiração ficou presa e eu olhava fixamente para Jack, absorvendo cada palavra dita.

— Ele apenas ficou lá, por uns cinco minutos, olhando para a sua janela. Depois ele foi embora. — Jack bebeu um gole do seu refrigerante antes de continuar. — Eve nunca te contou e me ameaçou para que eu não contasse também, mas é porque ela ficou preocupada. Eve não demonstrava muito na época, se fazia de forte para colocá-la para cima, mas eu via o quanto ela estava chateada com Daniel também. Acho que o teria esganado nesse dia, se eu não estivesse com ela. — Ele sorriu um pouco, nostálgico. — De qualquer forma, o que eu quero dizer é que Daniel amava você, Ally. Amava mesmo. Eu não faço ideia do que se passou na mente dele, se foi um lapso de loucura ou desespero. Talvez também tenha sido por impulso e medo, mas... ele amava você, mesmo fazendo o que fez. E você ainda o ama, mesmo que diga que não. Então, caso ele tente uma reaproximação, se você sentir que quer isso... ignore o que vem de fora. Pare de se preocupar tanto e faça o que sentir vontade de fazer.

— Quer que eu siga o meu coração? — perguntei baixinho, olhando para o meu espaguete remexido.

— Sim.

— Mas o meu coração é louco. — Suspirei, olhando-o decepcionada. Jack riu e eu tentei conter um sorriso. — Você sabe que a Eve vai nos matar se souber dessa conversa. Ela nunca mais o deixaria me dar conselhos, Smith.

— Sim, eu sei o risco que estou correndo. — Ele deu de ombros. — Mas eu só queria que você soubesse que mesmo que todos a chamem de louca, porque todos se preocupam muito com você e acham que o certo é lhe dizer o que fazer, eu estarei aqui apoiando as suas próprias decisões.

Sorri lentamente, sentindo um calorzinho no coração e um pouco de alívio. Talvez Jack não soubesse — ou talvez soubesse, considerando que ele disse tudo isso —, mas ouvir tudo aquilo e saber que eu teria o seu apoio caso fizesse algo louco e impensado me fez sentir aliviada.

Mesmo que eu não planeje fazer algo louco e impensado, é claro. Ou sim, considerando que o significado de "impensado" é justamente algo que você não pensa em fazer, um imprevisto. Um impulso.

Céus, não me permitam fazer uma loucura. Por favor.


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Notas finais do capítulo

ÚLTIMO CAPÍTULO DA DEGUSTAÇÃO DO LIVRO II.

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