— Eu quero cachorro quente. – Ele conhecia aquele tom de voz. Ela não mudaria de ideia, mesmo sob tortura ou se ele tentasse uma chantagem com a melhor torta de nozes de Nova York. Além de saber que a chantagem não funcionaria, ele teria que comprar a torta do mesmo jeito.
— Tudo bem. Por alguns minutos me esqueci do seu hiper foco gastronômico. – Ele soltou uma leve risada quando ela lhe encarou em confusão. – Seguindo para o Sidney’s.
— Hiper foco gastronômico? – Ela perguntou divertida e levemente impressionada por ele saber exatamente onde ela queria ir sem que precisasse falar.
— Sim. – Ele sorriu soltando o freio de mão e afivelando o cinto, para depois dar partida no carro. – Quando você foca em um alimento, só quer comer ele por semanas, até enjoar ou seu foco ir para outro alimento. – Oliver olhou para o smartwatch no seu pulso e a encarou rapidamente com a expressão divertida. – Estamos no dia 16 de abril e você me contou que pediu Delivery no Sidney’s pelo menos dez vezes. Eu sabia que se te levasse para qualquer outro lugar hoje você iria ficar enrolando com o cardápio até achar algo que fosse parecido com o cachorro quente explosion nº 6 do cardápio do Sidney’s, então pediria ele e por melhor que achasse iria chegar em casa e pedir outro lanche no Sidney’s.
Ela fez uma careta engraçada enquanto assimilava as informações. Nem Cooper a entendia tão bem quanto Oliver. Se fosse seu namorado no lugar de seu melhor amigo, ele reclamaria tanto que Felicity seria vencida pelo cansaço e optaria por comer algo em casa, sozinha. Então Cooper ficaria com raiva por ela não respeitar suas escolhas e eles brigariam, ela se sentiria culpada e aceitaria ir em qualquer lugar que ele quisesse. Quando estivesse por fim em casa, sozinha, ligaria para o Sidney’s e pediria seu cachorro quente.
— Você me conhece tão bem. – Ela suspirou dando-se conta do quanto aquela frase era acolhedora em seu coração. Olhou para o perfil de Oliver que exibia um sorriso maroto. A mulher que tivesse o coração dele seria uma mulher de sorte. – Por que Cooper não pode me entender tão bem quanto você?
— Porque ele nunca vai te conhecer como eu conheço, Felicity. – “Ou te amar” acrescentou ele em pensamento, enquanto estacionava o carro, puxava o freio de mão e virava para encará-la. Ela sentiu seu estômago revirar com a sensação de ter aqueles olhos azuis a encarando como se pudesse ler todos os seus pensamentos e desvendar sua alma. – Ninguém nunca vai.
Principalmente aquele imbecil que ela insistia em chamar de namorado. Nunca entenderia o que Felicity tinha visto nele, sendo alguém tão incrível e única como só ela era. Ele viu quando ela ia contestar, mas o garçom chegou antes com os cardápios. O Sidney’s era uma barraca simples e bastante elegante instalada em uma esquina movimentada próximo ao Central Park. As pessoas estacionavam o carro nos locais indicados e o garçom ia até o veículo anotar os pedidos. Uma ideia que se desenvolveu muito bem na frenética Nova York. Praticidade era tudo.
— Ela vai querer um Explosion 6, sem mostarda e milho. Exagera no cheddar. Para beber qualquer coisa sem gás, tipo um chá gelado. Se tiver aquele de guaraná com açaí é o ideal. – Ele deu uma piscada breve para o garçom que anotava tudo. – Para mim pode ser o Boom nº 4, com uma Coca-Cola de lata.