Inevitável escrita por P4ndora


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eu tô de coração partido de aparecer aqui 4 meses depois e já vir com um tiro desses.
Mas você deve está se perguntando, que tiro tia P4nda?
Então eu te respondo jovem gafanhoto: esse é o último capítulo de Inevitável, ou seja, o fim de toda a Trilogia Incompletos.
Eu tô muito muito triste por ter que ser assim, mas além de estar passando por alguns problemas e uma crise criativa muito tensa, eu também estava me preparando psicologicamente para dar adeus a essa história que foi tão importante para mim durante dois longos anos que até esqueci de avisar a vocês que esse seria o último capítulo. Eu espero que vocês possam me perdoar.
Enfim, esse foi um dos capítulos mais difíceis de escrever e um dos que eu mais amei.
Espero que gostem!



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Susana virou-se devagar. Uma garotinha estava parada a alguns metros dela. Suas feições lhe lembravam de alguém, mas ela não conseguia lembrar quem era.

— Oi – respondeu Susana.

— Acho que nunca vi você por aqui – a garota pensou por alguns segundos – Meu nome é Arya, qual o seu nome?

— Susana.

Arya se aproximou de Susana e estendeu sua pequena mão para a mulher. Susana olhou para a mão da garota por alguns segundos, hesitando.

— Você não vai apertar? – perguntou Arya, abrindo um sorriso – Minha tia que me ensinou isso, ela disse que as pessoas fazem isso quando se conhecem.

Susana apertou a mãozinha da garota, que sorriu de forma contagiante, fazendo Susana sorrir também.

— Que lugar é esse? – perguntou Susana, olhando a sua volta.

— Ora essa! – exclamou Arya – Você não sabe? Quer dizer que acabou de chegar aqui?

Ela assentiu fazendo com que Arya arregalasse os olhos e dissesse:

— Acho melhor contar isso para o meu tio.

— Espera...

Mas a garota começou a correr por entre as árvores, e não demorou muito até que sumisse de vista. Susana caminhou hesitante na direção que ela fora. Enquanto andava, ela analisava o lugar onde estava. Tudo ali lembrava Nárnia, mas ao mesmo tempo era tudo tão diferente. Ela nunca vira um lugar como aquele, onde as cores eram tão vivas que não há palavras para explicar.

Susana não sabe dizer ao certo quanto tempo passou andando, até chegar à borda de uma grande clareira. Ela já esteve em lugar parecido, na segunda vez que fora a Nárnia. Mas essa clareira era infinitamente mais magnífica que a das suas lembranças.  

Foi então que ela avistou Arya, do outro lado da clareira, conversando com um rapaz. Um homem loiro e uma mulher de pele cintilante surgiram por entre as árvores e se juntaram aos dois. Os dois tinham coroas em suas cabeças. Arya falava rápido, mas não dava para ouvir uma palavra sequer da distância em que Susana estava. De repente, Arya apontou na direção de Susana, e todos olharam para onde ela estava. Susana permaneceu estática, como se isso fosse lhe deixar invisível para todos, mas já era tarde demais. Arya saiu correndo de onde estava e foi até Susana.

— Eles querem conhecer você! – exclamou ela, entusiasmada.

— O que?

— Eles querem conhecer você! – repetiu Arya, com o mesmo entusiasmo.

— Mas quem são eles? – perguntou Susana.

— Meus tios e Ethan, eles vão ajudar você. Vamos!

Arya pegou Susana pela mão e saiu puxando-a. Os rostos dos outros iam ficando mais nítidos à medida que as duas se aproximavam de onde eles estavam. Quando os rostos já estavam bem visíveis para Susana, ela simplesmente parou de andar, boquiaberta. Arya virou na sua direção, com uma expressão confusa enquanto dizia alguma coisa, mas Susana não escutou uma palavra sequer. Ela não acreditava no que estava diante de seus olhos.

— S-Susana?

Ele se aproximou devagar, como se estivesse vendo uma miragem. Em sua cabeça havia uma coroa, mas rosto estava do mesmo jeito desde a última vez que se viram, e isso fez com que uma lágrima silenciosa rolasse pelo rosto de Susana.

— Pedro... – ela sussurrou, antes de abraçar o irmão com o máximo de força que conseguiu. Aquele era melhor abraço que Susana já havia recebido em anos, e com ele veio uma felicidade arrebatadora.

— E-Eu não entendo... – gaguejou Pedro, finalmente quebrando o abraço para olhar o rosto da irmã – Como isso é possível?

— Eu não sei – respondeu Susana, com os olhos marejados.

O silêncio reinou na clareira, e Susana ainda olhava para o irmão, incrédula. Os dois estavam tão imersos que esqueceram que tinham companhia.

— Vocês já se conhecem? – perguntou Arya, tirando os dois do transe.

Só então Susana tirou os olhos do irmão para ver os outros. Arya estava parada entre o garoto, que tinha cabelos loiros levemente bagunçados e um olhar sarcástico, mas bondoso, e a mulher, que era mais bonita do que qualquer pessoa que ela já vira, e Susana tinha a impressão de que sua pele e seus cabelos loiros quase brancos emitiam uma luz leve. Os dois, diferente de Arya, pareciam saber quem era Susana.

Antes que Pedro pudesse responder, eles escutaram passos rápidos e cinco pessoas surgiram correndo por entre as árvores. Todos tinham coroas e riam de alguma coisa. Porém as risadas cessaram assim que viram Susana.

Eustáquio estava na frente do grupo, juntamente com Jill. Logo atrás, vinham Skye, Edmundo e Caspian. Os olhos de Susana voltaram a marejar quando colocou seus olhos em seu irmão mais novo. Assim como Pedro, ele estava o mesmo Edmundo das suas lembranças. Todos olhavam para ela com um semblante assustado, menos Caspian. Este mantinha uma expressão muito difícil de ler. Edmundo abriu caminho entre os outros e correu até a irmã, abraçando-a.

— Como...? – perguntou ele, sem conseguir dizer nada.

— E-eu não sei.

Demorou um pouco até que Edmundo pudesse soltar a irmã, para logo em seguida ela ser atacada por Skye. Todo o ar dos pulmões de Susana se esvaiu tamanha a força do abraço de Skye.

— Como você pôde esquecer? – perguntou Skye, com a indignação transparecendo na voz, ela quebrou o abraço e segurou-a pelos ombros – Como você pôde fazer isso?

— Eu sinto muito! – exclamou Susana, com a voz embargada – Eu sinto muito mesmo!

— Está tudo bem Skye – disse Caspian, se aproximando devagar das duas – Ela está aqui agora e é isso que importa – Skye olhou para Caspian, ainda segurando Susana, mas acabou se afastando de dela, deixando-a de frente com Caspian – É muito bom ver você de novo.

— Você também... – sussurrou Susana.

Susana queria abraçá-lo, mas não sabia se era o certo a fazer. Caspian hesitou antes de se afastar de Susana, indo até a mulher que ela ainda não conhecia e colocando-se ao seu lado. Então ela soube que havia tomado a decisão correta.

Após abraçar Eustáquio e Jill e também ser apresentada à Liliandil e Ethan, Susana analisou o grupo. A não ser por Arya e Ethan, todos ali usavam coroas. Seus dois irmãos estavam lado a lado, mas ainda faltava algo.

— Onde está Lúcia?

Skye trocou olhares cúmplices com Jill e Eustáquio, que prenderam o riso. Edmundo suspirou.

— Deve estar caminhando por ai com Tirian...

— Quem é Tirian? – perguntou Susana confusa.

— Nós falamos disso depois – cortou Pedro – Você tem que nos contar o que aconteceu antes de chegar até aqui. Afinal, nós ainda não sabemos o porquê de você está aqui.

Então todos sentaram na grama, bem a frente dela. Susana respirou fundo, e sentou-se, pronta para contar sua história.

Ela contou o quanto sofreu quando soube do acidente de trem, e como esse sofrimento só aumentou quando nem corpos para enterrar havia, e que nunca foram encontrados. Contou também sobre a família que construiu e como aos poucos o luto enorme que sentia foi passando. Contou também dos muitos anos felizes que viveu, até que o marido morresse, e ela se visse sozinha no mundo novamente.

— Foram dois anos extremamente solitários. A sensação era que eu havia voltado no tempo, para aquele acidente de novo. Mas então eu acordei um dia, e me senti diferente. Foi um dia como todos os outros, a mesma rotina de sempre, mas então a noite chegou, e eu me lembrei de tudo. Nárnia, as batalhas, Aslam... Tudo. Eu me senti tão estúpida, como pude esquecer tudo? – Susana olhou para Skye – No fim acabei pegando no sono, e quando acordei estava aqui.

Todos escutaram com muita atenção, e quando Susana acabou de falar, eles se entreolharam nervosos, como se já soubessem por que ela estava ali. Isso fez com que Susana se lembrasse de uma dúvida.

— Que lugar é esse? – perguntou Susana, olhando a sua volta e admirando as cores magníficas que estavam por toda parte – No começo achei que era Nárnia, é tudo tão parecido, mas ao mesmo tempo...

— É tudo tão diferente...

Susana virou-se na direção da voz que lhe cortara. Lúcia estava parada a poucos metros do grupo, acompanhada por um homem loiro. Sua irmã tinha o mesmo olhar que todos expressavam quando viram ela. Lúcia se aproximou devagar de Susana, tocando seu rosto quando chegou perto suficiente. Seus olhos brilhavam e sua mão acariciou devagar o rosto de Susana.

— Como você pode estar aqui? Como isso pode ser possível?

Susana balançou a cabeça devagar, sem ainda saber como responder a irmã. As duas se abraçaram, e novamente uma lágrima escapou dos olhos de Susana.

— Eu nem mesmo sei que lugar é esse.

— Você está em Nárnia! – anunciou Lúcia, soltando a irmã, para que pudesse olhá-la nos olhos – Mas não na mesma que íamos quando éramos crianças.

Susana olhou confusa para a irmã. Aquilo não fazia sentido nenhum na sua cabeça, afinal, como poderiam existir duas Nárnias? Como se pudesse ler a mente de Susana, Lúcia disse:

— A Nárnia que você conheceu, era na verdade uma espécie de sombra desta Nárnia, a verdadeira Nárnia. É uma longa história. O que eu não entendo é como você acabou aqui...

— Sua irmã lembrou-se de tudo, querida.

Todos olharam na direção da voz que cortou Lúcia. Um enorme Leão estava parado bem no meio da campina. Sua juba era muito dourada e brilhante e ele tinha um olhar feliz, mas ao mesmo tempo muito feroz. Ele caminhou calmamente em direção ao grupo e todos se ajoelharam.

— Levantem-se.

Eles levantaram-se, cautelosos. Susana continuou de cabeça baixa, com medo do que aconteceria em seguida.  Aslam andou até ficar frente a frente com Susana, que pode sentir o hálito quente do Leão, fazendo com que ela levantasse a cabeça.

— Você não parece feliz – disse Aslam.

— Tenho medo de que me mande embora, como sempre fazia – respondeu Susana.

— Seus irmãos sentiam o mesmo quando chegaram aqui, mas isso não é mais possível. Você dormiu e quando acordou estava aqui. Entende o que aconteceu?

Então Susana entendeu. Ela nunca mais voltaria para sua mansão vazia ou veria seus filhos novamente. Uma nova vida havia começado naquele lugar fantástico, e ela mal esperava para vivê-la.

❄❄❄

Aslam os conduziu até Cair Paravel. No caminho, Lúcia contou-lhe que ela e Tirian – a quem Susana foi rapidamente apresentada – estavam juntos. Susana não soube como reagir de início, mas se sentia extremamente feliz pela a irmã. O castelo parecia maior e mais resplandecente do que Susana se lembrava. O Grande Salão de Cair Paravel estava apinhado de pessoas com coroas, mas era tão imenso que caberia até o dobrou ou triplo de pessoas ali.

— Esses são todos os reis e rainhas que Nárnia já teve – cochichou Lúcia para Susana – Eles não precisam ficar aqui, mas acho que gostam.

O grupo logo se dispersou pelo Salão, deixando Susana sozinha com Aslam. O Grande Leão olhou para Susana e disse:

— Vamos até a praia.

❄❄❄

Caspian se apoiou no parapeito de uma das inúmeras varandas de Cair Paravel. Dali, ele tinha uma ótima visão da praia que era banhada pelo Mar Oriental. Mas seus olhos não admiravam a bela praia, mas sim o Leão e a garota que caminhavam por ela. Ele estava tão imerso em pensamentos que não notou quando alguém se aproximou.

— É ela, não é? – perguntou Liliandil, acordando Caspian do transe.

— Do que está falando?

— Eu não sou tola, Caspian – ela sorriu enquanto encostava-se ao lado do marido – Eu soube no momento em que você olhou para ela.

Ele fitou Liliandil. Ela não parecia decepcionada, na verdade parecia muito feliz. Isso fez com que Caspian sorrisse também.

— Foi há muito tempo atrás – explicou ele – Antes de você.

— Mas não significa que você não sinta mais nada – disse Liliandil, fazendo com que Caspian abaixasse a cabeça – Está tudo bem.

Liliandil entrelaçou seus dedos com os de Caspian, e eles ficaram assim por algum tempo, apenas aproveitando a presença um do outro, até que Caspian quebrou o silêncio.

— Você passa muito tempo com Pedro desde que ele chegou – comentou Caspian, sorrindo para ela. Dessa vez foi ela que abaixou a cabeça, enquanto sorria levemente vermelha.

— Ele é um homem bom – disse por fim.

— Eu sei.

Quando voltaram sua atenção para a praia, Susana não estava mais acompanhada. Ela estava parada, enquanto olhava para o mar. Aslam se fora.

— Típico dele – cochichou Caspian.

— É a sua chance – disse Liliandil enquanto virava Caspian na sua direção – Obrigado por tudo.

— Eu que agradeço. Você tornou minha vida mais colorida e sei ele terá essa mesma sorte.

Liliandil sorriu e Caspian beijou sua testa. Alguém estava parado na entrada da varanda e os dois viraram em sua direção. Pedro parou assim que viu os dois. Caspian e Liliandil se entreolharam sorrindo.

— Vá! – sussurrou ela.

Caspian assentiu, e ao passar pela a entrada da varanda, ele cochichou no ouvido de Pedro:

— Cuide dela para mim.

❄❄❄

Na primeira vez que foram a Nárnia, Edmundo havia tido uma conversa com Aslam que ele nunca esquecera e que ninguém nunca soube o que o Leão dissera. Agora Susana podia entender o que o irmão deveria ter sentido.

Aslam e Susana caminharam pela a praia, enquanto conversavam. Susana sabia que as palavras que saiam da boca do Leão nunca seriam esquecidas por ela. Antes de partir, Aslam pediu que ela ficasse na praia, pois em algum momento alguém viria buscá-la.

— Muito obrigada – agradeceu Susana. Aslam assentiu sorrindo e depois partiu.

Então ela ficou sozinha. Seus olhos voltaram-se para o mar. Ela nem podia acreditar na sorte que tinha: havia recuperado sua família e viveria a eternidade naquele lugar fantástico. Tudo parecia perfeito, mas ela sentia falta de algo...

— Susana!

Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz. Ela olhou na sua direção e imediatamente soube o que faltava. Aquela parecia a visão perfeita. Ele vindo na sua direção enquanto Cair Paravel resplandecia à suas costas. Em seu rosto, Caspian trazia um sorriso, e quando já estavam frente a frente, ele acariciou o rosto de Susana.

— Eu senti sua falta.

A eternidade parecia extremamente bela, e Susana estava animada para vivê-la.


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Notas finais do capítulo

Incompletos e Infinito tiveram epílogos, mas Inevitável não vai ter. Acho que não tem jeito melhor de terminar essa história do que assim, espero que vocês também sintam isso.
Eu sou eternamente grata a cada pessoa que gastou um pouco do seu tempo lendo as minhas histórias, vocês me inspiravam e me davam força de continuar escrevendo, e eu nunca vou poder agradecer o suficiente. Também sou eternamente grata a C. S. Lewis, que escreveu a obra de arte que mudou minha vida na qual essas histórias são inspiradas.
Se você chegou até aqui, eu deixo meu MUITO OBRIGADA! Sinto que isso não é o suficiente, mas é a úncia coisa que tenho para oferecer. Se existir alguma dúvida ou qualquer coisa que vocês queiram saber (curiosidades sobre a história, algo que vocês queiram saber sobre algum personagem, o futuro que não foi contado aqui...) sintam-se livre para me perguntar. Sempre estarei aqui para saciar suas dúvidas.
Muito obrigada por tudo!
Bjks da tia P4nda ♥



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