Déjà vu escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 45
Capítulo 45


Notas iniciais do capítulo

Essa semana a linda da Aninha me fez uma recomendação que encheu meu dia de alegria e me deixou com um sorriso enorme! Eu espero que esse capítulo te deixe tão feliz quanto eu fiquei ao ler suas palavras. Muito obrigada pela recomendação, por animar meu dia e por todas as conversas empolgantes ♥



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Não consegui deixar de estranhar a quietude quando entrei em casa. Sem TV ligada, sem música alta tocando, sem beijo de recepção. Um copo em cima da minha mesa de centro, deixado pelo Harry na noite anterior, denunciava que ele esteve aqui deixando seu pequeno rastro de bagunça, mas depois que o deixei sobre a pia não tinha mais nem isso.

Coloquei a bolsa sobre o sofá e caminhei até meu quarto acendendo as luzes pelo caminho. Chutei os sapatos para o lado, me livrei da calça e da camiseta e deitei de bruços na minha cama já com o celular na mão, esperando a operadora completar a chamada.

—Oi, Ratinha.

—Como está meu paciente preferido?

—Muito bem, me comportei direitinho. E já estou com saudade da minha médica.

—Mas já? - Perguntei apenas para vê-lo confirmar.

—Desde a hora que ela virou a esquina.

Sorri satisfeita.

—Também já estou com saudade. E você deixou seu copo em cima da mesa de centro ontem! - Repreendi, exatamente como nos últimos trinta dias.

—Era para você lembrar de mim quando chegasse. - Desconversou sem nenhuma timidez. - Chegou agora?

—Acabei de entrar em casa.

—E como foi o retorno?

—Foi ótimo, eu estava sentindo falta de trabalhar. Tive uma cirurgia logo de manhã, levou umas cinco horas.

—E como foi?

Conversamos por vários minutos enquanto eu contava o que tinha feito e ouvia sobre o dia dele, tão parado quanto os últimos trinta. Desligamos quando a tela do meu celular já indicava quarenta minutos de ligação.

Tomei um banho sem pressa, preparei meu jantar e tentei encontrar algo que me distraísse até o sono chegar. O dia no hospital me deixou cansada, mas não o suficiente para conseguir dormir cedo como eu pretendia.

Usando um pijama confortável, rolei na cama pelo que me pareceu um tempo infinito. Eu não conseguia relaxar, dormir estava praticamente impossível, estranhei o excesso de espaço e, vergonhosamente, pensei em como eu me sentiria mal se acordasse sozinha depois de outro pesadelo.

Tentei espantar essa ideia e me virei para o outro lado, fechando os olhos e me concentrando em esvaziar minha mente. Como eu já imaginava, não funcionou. Puxei o celular de cima do criado mudo e olhei as horas: onze e vinte. Ainda era cedo, então nem pensei mais no assunto e joguei o lençol para o lado.

Separei as peças de roupas brancas suficientes para os próximos quatro dias da semana e as coloquei dentro da minha mochila, troquei o que vestia pelo short jeans gasto que estava sobre a penteadeira e uma camiseta básica, peguei a chave do carro e minha bolsa e saí de casa.

Quando entrei no elevador o meu relógio indicava que se aproximava da meia noite, mas eu podia apostar que o Harry estava tão acordado quanto eu. A luz acesa assim que abri a porta confirmou minha teoria, e ele se esticou no sofá para olhar para mim ainda deitado, a sobrancelha erguida em um questionamento mudo.

Deixei minhas coisas em cima da mesa antes de cruzar o espaço até ele e me sentar na lateral do assento.

—Acho que eu vou ficar aqui com você essa semana, até você voltar a trabalhar. Você já fica o dia inteiro sozinho, pelo menos te faço companhia a noite.

—Claro, que gentil. - Falou com um sorriso presunçoso.

—E vejo se você está bem, é sempre bom ter certeza.

Ele parecia muito animado com a minha aparição repentina, visto que sorriu o tempo todo.

—Estava difícil dormir sozinha também?

—Muito! - Concordei enfática.

—Desisti de tentar, vim ler um pouco.

—Também desisti,  mas tomei medidas mais efetivas.

—Ainda não estou autorizado a dirigir. - Se desculpou.

—E agora nem precisa. Mas já podemos ir deitar? Ainda não me acostumei com o ritmo, estou com sono.

Depois da luz apaga e acomodada no abraço aconchegante que eu chamava sem nenhuma dúvida de meu, dormir não foi mais um problema para nenhum de nós dois.

As conversas diárias que tínhamos por telefone foram substituídas por outras, com a distância de um assento de sofá entre nós, normalmente acompanhada de um monte de coisas diferentes e gostosas que Harry fazia para jantar.

Olhando em volta, para o apartamento dele, levando em consideração minha posição confortável enquanto ele falava sobre a visita do Mike, o tanto de roupas minhas que tinha aqui e a liberdade para eu fazer o que estivesse com vontade, eu podia afirmar com segurança que me sentia em casa.

No sábado quando ele me acordou no começo da tarde, depois de muita relutância da minha parte em sair da cama, nos vestimos adequadamente e fomos passar o resto do dia fora para aproveitar seu último final de semana em casa. Harry parecia uma criança quando entreguei as chaves do meu carro novo a ele, agora que estava totalmente recuperado.

Aproveitamos uma sessão de cinema, compramos algumas coisas que ele dizia estar precisando, embora eu não ache que box de séries e mais livros pra ele acumular sem ler sejam necessidade, e voltamos a tempo de jantar em um restaurante mexicano que havia no caminho para a casa dele.

Quando meu despertador tocou na segunda às cinco da manhã, uma hora e meia antes do Harry precisar acordar também, pulei da cama e tomei um banho rápido antes de me vestir para o trabalho. Tomei café da manhã apoiada no balcão da cozinha americana e deixei ali em cima as coisas que ele comeria. Já pronta, voltei ao quarto tempo suficiente para me despedir com um beijo rápido.

—Tchau, Ursinho. - Falei com os lábios grudados no rosto dele.

Ele tateou às cegas até encontrar minha mão e me puxou para baixo, me prendendo em um abraço demorado e sonolento.

—Você vem para cá hoje de novo?

—Não sei.

—Vem, vou precisar contar pra alguém como foi meu dia com alguma coisa útil para fazer.

—Ta bom, até a noite, então. - Trocamos um beijo rápido. - Bom trabalho.

—Obrigado, para você também.

Ele se aconchegou de novo, puxando meu travesseiro para um abraço, e eu me apressei a sair antes que me atrasasse.

No meu consultório, entre um paciente e outro, uma questão sempre me voltava à mente: qual deveria ser o meu sinal?

Se aparentemente todo mundo concordava que era isso o que faltava para Harry e eu resolvermos nossa situação de uma vez, eu deveria demonstrar de algum modo. A questão é que não sabia como, mas sabia perfeitamente que queria fazer isso logo. Quanto antes melhor.

Ao final da tarde eu só tinha pensado em uma coisa, e me parecia ser claro o suficiente. Pouco antes do meu horário de saída, quando eu sabia que o Harry já estaria em casa, liguei para ele.

—Oi, Ratinha, já está chegando?

—Ainda não, vou sair daqui a pouco. Já está em casa?

—Acabei de chegar.

—Vou levar uma coisinha diferente para jantar, não precisa se preocupar com nada.

—Ta bom.

—Até daqui a pouco.

—Beijos, minha linda.

Desci apressada os degraus do estacionamento e dirigi até o shopping que ficava em outro bairro, mas era o que tinha o que eu estava procurando. Cruzei os corredores com o meu destino em mente, e uma vendedora simpática e bem vestida me abordou ainda na porta com um sorriso receptivo.

—Boa noite, procurando alguma coisa específica?

—Estou, sim. - Respondi com segurança e expliquei a ela o que estava buscando.

Escolher foi mais difícil do que eu pensei, mas por fim bati os olhos em um modelo que me pareceu certo, algo que eu e ele gostaríamos. Pedi que ela embrulhasse para presente e saí da loja satisfeita e ansiosa.

Antes de voltar ao estacionamento parei em um restaurante de massa que preparava pratos ótimos para viagem e fiz meu pedido, garantindo um jantar gostoso e diferente. Cruzei as ruas tranquilas e estacionei o carro na minha vaga pouco depois das oito da noite.

Guardei minha compra dentro da bolsa, longe dos olhos curiosos do Harry, que se sentiam estranhamente atraídos por todos os tipos de sacolas que eu carregava, e subi com o jantar. O encontrei pesquisando jogos de vídeo game pela internet, sentado em uma das seis cadeiras ao redor da mesa, e seus olhos se desviaram para mim quando abri a porta. O computador foi deixado de lado quando me aproximei e coloquei nossa comida à sua frente.

—Demorou, amor. - Reclamou quando me abaixei para um beijo.

—Passei num lugar.

—Onde?

—Depois te conto. - Saí do abraço dele e mudei de assunto. - Vou tomar banho rapidinho pra gente comer, ta bom?

—Ta, vou colocando as coisas na mesa.

Deixei minha roupa no chão do quarto e entrei na água morna do chuveiro, me permitindo relaxar ali por um minuto ou dois a mais do que o necessário. Vesti meu short jeans que estava dobrado em cima do edredom meticulosamente esticado, peguei uma camiseta dentro do guarda roupa e o encontrei me esperando no sofá.

—Como foi voltar ao trabalho? - Perguntei assim que o alcancei.

—Eu tinha tanta, mas tanta coisa acumulada para fazer que você não imagina. - Respondeu, parecendo cansado. - E todo mundo parece achar legal eu ter levado um tiro, não pararam de me fazer perguntas.

Bufei para essa última parte, ele rolou os olhos como se concordasse com a minha indignação.

—Coloquei no forno para não esfriar, vou buscar e continuo te contando.

Aproveitei quando ele saiu da sala para pegar a caixinha dentro da minha bolsa e escorregar para dentro do bolso traseiro do short. Quando a lasanha foi colocada sobre a tolha da mesa eu já estava acomodada na minha cadeira.

Harry colocou um pedaço para cada um de nós e se sentou à minha frente antes de continuar a me contar tudo o que aconteceu, num monólogo empolgado e cheio de risadas. Alguns minutos depois de terminarmos de comer ele se deteve para beber um pouco do suco e eu o interrompi.

—Harry, a gente precisa conversar.

Meu tom foi o mais leve e casual possível, mesmo assim ele me olhou de canto por sobre o copo.

—Sobre o que?

—Sobre nós dois. - Seu expressão ainda era de quem não estava entendendo. - Sobre esse tempo que passamos juntos enquanto eu estava de férias.

Ele pousou o copo na mesa e assentiu, sem dizer nada.

—Nós nunca tínhamos ficado tanto tempo assim juntos antes, e eu gostei de como foi, só me confirmou o que eu já sabia, que nós nos damos muito bem. Mas…

Os olhos dele estavam cravados no meu rosto.

—...Acabou. - Dei de ombros, ele não falou nada. - E eu não queria que acabasse, porque eu realmente gostei de ter você por perto todos os dias, de vir para casa depois do trabalho e te encontrar aqui, de não ter que esperar você chegar no sábado porque já estava lá comigo, de cuidar de você quando você precisou. Gostei demais.

Vendo o rumo amigável que a conversa tomava, seu olhar sério se suavizou.

—Nós já somos bem grandinhos e nos conhecemos há tempo suficiente para eu saber que é você. - Ele abriu um sorriso convencido, sorri de volta. - E eu não quero mais me despedir e ir embora no fim do dia, nem ter que fechar a porta sozinha quando você entrar no elevador para ir para casa, entende?

—Perfeitamente.

Ele estava um pouco mais do que radiante ao me responder.

—Então eu estava pensando no que você me responderia se eu perguntasse se… - Tirei a caixinha do bolso e coloquei na mesa entre nós. - Você quer casar comigo?

Seu sorriso até então reluzente se fechou em uma expressão de completa incredulidade enquanto ele olhava para o meu rosto e para o que acabei de colocar entre nós, sucessivas vezes. Harry afundou o rosto nas mãos e me olhou por um minuto inteiro antes de se manifestar.

—Você está me pedindo em casamento?

—Sim. - Falei tranquilamente, achando graça da reação.

Ele abriu a caixinha e franziu o rosto para o conteúdo.

—Mas esse anel é feminino. - Acusou, me olhando de canto.

—Porque é a mulher que usa, amor. - Falei como se fosse óbvio.

—Sim, porque normalmente é o homem que pede.

—Nem tão tradicional, nem tão não tradicional. Um equilíbrio perfeito. - Expliquei com um sorriso, mas ele não pareceu convencido.

Ele me encarou por um tempo sem dizer nada, por fim apoiou os cotovelos na mesa e soltou uma risada descontraída.

—Eu não sei o que dizer sobre isso. - Esticou a mão para mim em um convite.

Contornei a mesa e me sentei sobre as pernas dele, que afastou a cadeira para me dar espaço.

—Você pode começar dizendo sim, depois diga o que quiser.

—Sim. - Respondeu como se aquela fosse a única resposta possível. - Mas você é frustrante pra caralho.

O tom usado me fez rir com vontade e ele apanhou a caixinha com o anel e a trouxe para mais perto, parando entre nós dois.

—É esse então?

—É, me pareceu com algo que agrada a nós dois.

—É lindo, igual você. - Comentou olhando todos os lados da jóia. - O que eu faço agora com tudo o que venho planejando?

—Você está planejando?

—Claro, há semanas. Eu não ia esperar para sempre, só queria me recuperar antes.

—Pede também. Fiquei em dúvida entre pelo menos uns cinco anéis, vou adorar ter dois.

Sua risada gostosa preencheu o ambiente.

—Pede direito, Ginny Weasley.

Limpei a garganta teatralmente.

—Harry Potter, o senhor gostaria de se casar comigo?

—Com toda certeza.

Ele me prendeu em um abraço apertado, que veio acompanhado de um beijo calmo e carinhoso, sem nenhuma pressa, aproveitando todo o tempo do mundo. Nos afastamos com alguns selinhos e eu estiquei minha mão para que ele colocasse o anel, mas fui surpreendida quando ele simplesmente a beijou, fechou a caixinha e guardou no próprio bolso.

—Isso aqui fica para quando eu pedir.

Semicerrei os olhos na direção dele e me preparei para argumentar.

—Não é justo.

—É, sim. - Falou irredutível.

—Você pode pedir agora mesmo, eu vou falar “sim” com a maior felicidade.

—Não, tem que ser especial.

Fiz minha melhor expressão apaixonada antes de lançar meu argumento final:

—Amor, para ser especial só precisa ter você e eu, e nós estamos aqui. Vai ser especial em qualquer lugar, de qualquer jeito, desde que estejamos juntos.

Ele ergueu a sobrancelha, me encarando confuso.

—Ratinha, isso foi tão fofo que eu to ficando preocupado com a sua saúde. - Olhei cética para ele, que riu. - Concordo com tudo o que você disse e foi muito profundo, mas a resposta é não. Vai ser especial do meu jeito, enquanto isso você pode exercitar sua paciência.

—Você não quer nem que eu coloque para você ver?

—Vou exercitar a minha paciência também.

Eu sabia que seria em vão continuar tentando, então mudei para a segunda parte da conversa que eu tinha em mente.

—Tem mais uma coisa. - Pousei as mãos em seus ombros, ele descansou a dele na minha perna.

—Mais surpresas como essa? Você está surpreendente hoje, Gin.

—Na verdade é no mesmo nível. - Ele me olhou com atenção, incentivando a continuar. - Eu estava pensando, o que você acha da ideia de morarmos juntos?

—Você está se jogando mesmo pra cima de mim hoje, hein doutora?

—Você se joga pra mim desde o primeiro dia, achei que não tivesse problema fazer o mesmo.

—Mas eu gosto dessa sua linha de raciocínio, morar com você é uma coisa que eu quero faz tempo.

—E por que você nunca disse?

Ele deu de ombros antes de responder.

—Sei lá, eu não queria correr o risco de dizer algo que você não quisesse e as coisas fossem por um caminho oposto a estarmos mais juntos.

—Se vamos dividir uma vida inteira você precisa começar a me falar tudo o que quer, amor, até mesmo porque agora já é tarde, eu não vou a lugar nenhum.

Harry abriu um sorriso tão feliz que me contagiou e eu acabei sorrindo tanto quanto ele, e me deu um abraço que certamente teria me tirado do chão se estivéssemos de pé.

—Já que é pra eu falar tudo o que eu quero, eu preferia que a gente morasse aqui, no meu apartamento.

Ele observou cauteloso a minha reação e me interrompeu quando abri a boca para responder.

—Não é que eu não goste de ficar na sua casa, não é isso, é que aqui tem mais cara de lar para mim, entende? E também tem todos os meus livros, imagina o trabalhão que vai dar pra levar tudo pra la? - Começou a justificar sem parar, eu só observei enquanto ele falava.

—Terminou? - Perguntei rindo, quando todos os argumentos possíveis acabaram.

—Sim, agora você pode falar.

—Eu ia sugerir que morássemos aqui no seu apartamento.

Sua expressão de surpresa foi cômica.

—Por que?

—Você passou cinco minutos inteiros argumentando por que eu deveria me mudar para cá, agora eu tenho que te convencer de por que eu concordo? - Perguntei rindo.

—É que você parece gostar tanto da sua casa.

—E eu gosto, mas me sinto igualmente a vontade aqui, e há muito tempo. - Ele pareceu satisfeito, mas ainda esperava uma justificativa. - Você tem um quarto de hóspedes e eu não, seus pais não teriam onde ficar quando viessem nos visitar, e você também tem duas vagas na garagem, passei a considerar isso essencial.

A compreensão inundou seu rosto, mas ele só deu um pequeno aceno concordando.

—E quando você se muda? - Mudou o rumo da conversa.

—Não sei, quando?

—Quando você quiser. - Deu de ombros. - Esse final de semana?

—Até lá quando eu disser que estou indo para casa devo entender que estou indo para onde?

—Para cá, é claro. - Rolou os olhos, como se minha dúvida fosse absurda. - Você quer mudar alguma coisa na decoração?

Olhei em volta e não encontrei nada errado com o cenário que eu já tinha sabia de cór.

—Não, por quê?

—Sei lá, vai que você quer deixar alguma coisa mais a sua cara.

—Vou trazer meus ursinhos de pelúcia para deixar em cima da cama, eles fazem isso.

Ele franziu o cenho em desagrado, me fazendo rir.

—Só vou sentir falta da banheira, mas a gente usa isso como pretexto para dar uma escapada de vez em quando e passar o fim de semana em algum hotelzinho legal por aí.

—Bom plano. - Elogiou satisfeito.

—Tudo bem receber Colin e Luna, certo? E o Ron me visita com bastante frequência.

—É sua casa, Ratinha, para tudo o que você quiser fazer e quem quiser receber.

—Acho que vou demorar um pouco para parar de chamar de sua casa.

—Então comece a treinar desde já, porque é nossa casa agora. - Se deteve um pouco com olhar pensativo e voltou a me encarar. - Isso soa muito bem, não soa? Nossa casa.

—Muito bem. - Concordei rindo.

—O que você vai fazer com seu apartamento?

—Boa pergunta, não sei. Acho que alugar, né?

—Tem um pessoal chegando da filial dos Estados Unidos para passar uns três anos aqui na empresa, e estão todos procurando um lugar legal para morar. Se você quiser, eu falo com eles.

—Eu quero, por favor. Você vai demorar muito?

—Para falar com eles? Falo amanhã.

—Não, para me pedir em casamento também.

Sua gargalhada descontraída indicou que ele não esperava a pergunta.

—Não pretendo.

—E até lá você é o que? Meu quase noivo?

—Nem eu acredito que vou dizer isso, mas até lá sou só seu Ursinho.

Foi minha vez de rir alto.

—Pronto, já pode parar de rir. - Pediu contrariado.

—Ta bom.

—Vou tomar banho, quer me acompanhar? - Perguntou deslizando o nariz pelo meu pescoço.

—Não, obrigada, acabei de sair do banho e tenho que fazer uma coisinha antes de dormir. Eu tiro as coisas da mesa e te espero lá no quarto, pode ir.

Levantei do seu colo e me afastei para ele se levantar.

—Ta bom, fala pro Ron que mandei um abraço.

Neguei com a cabeça e um sorriso pregado no rosto enquanto Harry sumia pelo corredor, empilhei a louça que usamos para jantar e levei junto com o resto da comida para a cozinha. Apaguei as luzes no caminho, peguei meu celular na bolsa e me deitei na cama para digitar para o meu irmão:

“Vou me mudar no final de semana”

A resposta chegou dois minutos depois:

“Vocês são rápidos…”

“Estou feliz :)”

“Então eu também estou”

Ri para a tela do celular, eu podia imaginá-lo com a expressão dividida entre a felicidade e o ciúmes enquanto escrevia.

“Harry te mandou um abraço”

“Sem abraços pra esse moleque hoje!”

Gargalhei alto com a resposta, no mesmo instante em que ele saía do banheiro com os cabelos molhados e revoltos, usando apenas uma cueca boxer. Deixei o celular sobre o criado mudo ao meu lado e me afastei para ele se acomodar também. Assim que deitou ele me puxou para mais perto e me encaixou num abraço.

—Eu estava pensando enquanto tomava banho.

—No que?

—Vou tirar as coisas que tem no guarda roupas do outro quarto pra você, o que acha? Suas toneladas de roupas não vão caber nunca só de um lado desse.

—Pode ser, na verdade é até melhor porque eu saio mais cedo que você, assim não te acordo.

—Não tem muita coisa lá, essa semana eu vejo o que fazer com elas.

—E tem uma coisa que eu quero mudar, sim.

—O que?

—Espelho de corpo inteiro, você não tem um e não da pra viver sem.

Minha explicação o fez revirar os olhos.

—A gente pode colocar aqui no teto, o que acha? - Sugeriu com uma piscadela.

—Legal, mas não atende ao meu propósito.

Esquecemos do tempo planejando pequenos detalhes do que aconteceria dali para frente, decidindo aspectos da rotina que agora seria de nós dois.

Pouco antes de dormir Lily ligou para saber se estava tudo bem - ela ainda fazia isso todos os dias - e Harry aproveitou para contar a ela, que não mostrou absolutamente nenhuma surpresa e muita empolgação com a novidade.

A mudança foi rápida, aproveitei minha tarde livre na quinta-feira para separar documentos e coisas importantes que eu tinha que levar, o resto que resumiu a roupas e objetos pessoais e tudo foi transportado no final de semana sob algumas observações que não variaram muito da frase “para que tanta roupa?”.

A adaptação foi mais fácil ainda, nossa rotina já tinha tanto um do outro que as poucas coisas que mudaram só deixaram tudo melhor.

James e Lily fizeram questão de nos visitar duas semanas depois e pareciam realizados. Enquanto Harry e o pai conversavam sobre coisas chatas, eu e a mãe dele passamos a tarde inteira conversando no quarto de hóspedes, rindo sobre tudo, eu deitada na cama e ela olhando e elogiando as minhas roupas. No fim do dia ela já tinha chegado à conclusão de que precisava conhecer melhor a Hermione.

O tempo passou rápido depois que tudo se acertou, e ninguém do nosso círculo de amigos pareceu estranhar a notícia. As visitas da galera dele, principalmente nos dias dos benditos jogos do time no campeonato, deixavam minhas noites, antes quietas e pacíficas, barulhentas e cheias de salgadinho e cerveja, mas muito mais engraçadas.

Chegar em casa e encontrá-lo me esperando era uma parte que completava o meu dia. Nos dias que Harry precisava trabalhar até mais tarde ou jantar com algum cliente, desenvolvi a estranha mania de não conseguir dormir direito até que ele chegasse. E eu nunca tive problemas para dormir sozinha antes.

A convivência era muito pacífica na maior parte do tempo, demorou mais de um mês para eu me irritar com ele pela primeira vez, por um motivo tão besta que nem chegou a ser considerado uma briga.

Entrei em casa e as roupas que ele usou estavam espalhadas de novo, mesmo eu já tendo pedido algumas vezes para não deixar porque eu não gostava. Coloquei a minha bolsa sobre a mesa e já sem paciência, peguei a camisa de cima de uma das cadeiras, a calça jogada de qualquer jeito sobre o encosto do sofá, o suéter parcialmente caído no chão e fui até o quarto, onde ele estava deitado na cama.

—Você pode colocar isso aqui no lugar, por favor? Já pedi pra não deixar jogado. - Soltei tudo no colchão ao lado dele e me virei de cara fechada.

Harry me olhou por um segundo, o celular mão.

—Oi pra você também.

—Oi. - Respondi já a caminho do banheiro, fechei a porta assim que entrei e fui direto para o chuveiro.

Quando saí não havia mais nada espalhado, e fora uma vez ou outra que ele esquecia, isso não aconteceu mais.

A minha primeira bronca veio alguns dias depois, quando acordei no sábado a tarde após um plantão particularmente cansativo.

—Ginny! - Me gritou do quarto alguns minutos depois que levantei.

—Oi.

—Já pedi para você arrumar a cama depois que levantar no sábado, ta uma zona.

Rolei os olhos, deitada no sofá onde estava.

—Daqui a pouco a gente vai deitar de novo, Ursinho.

—Eu não gosto de deixar bagunçado, arrumo todos os dias, custa você fazer isso só um dia? - Falou irritado.

Não prolonguei o assunto, mas incluí nas minha atividades esticar o edredom depois de levantar após o plantão, mesmo achando uma total perda de tempo.

Estávamos morando juntos há três meses, o frio de Junho já dava as caras há vários dias, por algum motivo Harry tinha acordado alguns minutos antes de mim e o que me despertou foi uma série de carinhos e beijos estalados no meu rosto, não o som estridente do celular. Quando perguntei qual era o motivo da felicidade a minha resposta foi:

—Estou muito apaixonado por você hoje, doutora.

Eu também estava, então combinava.

Como resultado de uma manhã ótima, cheguei ao hospital com alguns minutos de atraso e não tive tempo de comer nada antes da minha primeira consulta. A sexta se arrastou tranquila, sem nenhuma emergência para mim, o que não era muito típico dos meus dias de plantão.

Acompanhei uma criança de dez anos até o raio-X e conversei com os pais a respeito do diagnóstico antes de acompanhá-los à sala de gesso, onde o responsável pelas imobilizações assumiu e eu retornei ao meu consultório. Meu celular indicava que já passava alguns minutos das sete da noite, e antes que eu alcançasse a porta fui chamada na emergência.

Fui até lá a passos rápidos, cruzando apressada os corredores e desviando das pessoas que passavam por mim. Virei no salão amplo onde ficava o responsável pelo pronto socorro e estaquei por um momento com a visão do homem elegantemente vestido com um terno preto, mesmo de costas para mim eu o reconheceria em qualquer lugar.

E isso só podia significar uma coisa, então antes mesmo de chegar até ele um sorriso enorme estampou meu rosto.

—Algo em que eu possa ajudar, Sr. Potter? - Perguntei parada atrás dele.

Colin estava do outro lado do balcão e sorriu com cara de bobo na direção de nós dois. Harry se virou para mim segurando duas caixas pretas e grandes. Não pude deixar de reparar na gravata azul marinho repousando sobre a camisa também preta.

—Olá, doutora. - Ele sorriu radiante para mim e me entregou os embrulhos. - Isso é para você.

—Obrigada.

Equilibrei numa mão e fiz menção de abrir, mas ele me impediu segurando meu pulso.

—Faz isso lá dentro, vou te esperar aqui pra gente sair. Não demora.

—É meu plantão, Harry… - Lamentei profundamente ainda ter onze horas de trabalho pela frente.

—Ta tudo certo, gata, pode ir. - Colin interrompeu e eu o olhei com a sobrancelha erguida. - Seu Ursinho pensa nas coisas por completo, vai logo.

Harry me olhou ameaçador frente ao apelido.

—Você me disse que era meu Ursinho, falo de você assim. - Me expliquei. - Mas não chame ele assim, Colin, é de uso particular e intransferível. - Acrescentei séria.

—Não demora, vou te esperar aqui. - Apoiou as mãos na minha cintura e me deu um selinho antes de se apoiar no balcão para continuar conversando com meu amigo.

Antes de tomar o caminho do vestiário lancei um sorriso enorme para o Colin, ainda observando a cena com uma expressão quase sonhadora. Tentando conter minha vontade de sair dando pulinhos de animação, caminhei com dignidade até o vestiário.

A primeira caixa na minha mão tinha um sapato preto de salto alto e extremamente elegante e uma meia grossa da mesma cor. A segunda um vestido azul marinho de manga longa, acinturado e que descia até o meio das minhas coxas, o decote decorado com pedras elegantes e discretas, dando um toque requintado apropriado para o frio e a noite. Olhando para o traje completo tive certeza de que Hermione também sabia disso.

Tudo coube perfeitamente, e depois de vestida soltei meus cabelos em frente ao espelho e passei uma maquiagem leve, usando apenas o básico que havia na minha necessaire. Achei o resultado satisfatório, deixei a roupa que estava usando no armário e peguei minha bolsa, pronta para encontrá-lo.

Encontrei Colin caminhando rápido pelo corredor, a caminho das salas de trauma. Ao longe, quando me viu, fez uma expressão exagerada de surpresa.

—Você está um arraso! Aproveite sua noite que depois eu quero saber de tudo. - Falou sem parar de caminhar, passando rápido por mim.

Alcancei o lugar onde Harry estava me esperando e ele se levantou assim que me viu, pegou minha mão e me acompanhou porta afora.

—Você está linda.

—Obrigada, mas acho que hoje o mérito é seu que acertou na escolha da roupa.

—A roupa também é de muito bom gosto, mas eu disse que você está linda. - Falou galanteador, fazendo meu sorriso ainda maior, se é que era possível.

Ele me acompanhou até a lateral do carro dele, mas antes que um de nós dois abrisse a porta tirou um dos meus lenços do bolso e me virou de costas, prendendo a peça suave sobre os meus olhos.

—Vou ser o mais surpreendente possível hoje. - Falou enquanto o prendia com um nó.

—Não pude deixar de reparar que a sua gravata é da mesma cor do meu vestido, você está criando um contexto?

—Definitivamente estou. - Confirmou abrindo a porta do carro à minha frente e me guiando para eu me sentar no banco do passageiro. - Por favor.

Prendi o cinto enquanto ele dava a volta e o ouvi se acomodar do meu lado, um minuto depois senti o carro entrar em movimento. Era estranho não ver para onde eu estava indo, mas a expectativa causava uma sensação gostosa de frio na barriga.

—É hoje, não é? - Perguntei depois de um tempo em silêncio, ele soltou uma risadinha que me confirmou. - Ah, meu Deus, vou usar meu anel!

—Paciência, minha linda, temos uma longa noite ainda.

Não consegui deixar de sorrir durante os muitos minutos que o carro se movimentou e parou, respeitando os semáforos. Quando finalmente estacionamos no nosso destino, Harry desceu rápido do carro e deu a volta, abrindo minha porta e me dando a mão para guiar pela calçada que tinha dois degraus.

Caminhei às cegas, sendo guiada pela mão dele firmemente presa ao redor da minha cintura, até o que me pareceu ser um elevador. A viagem ali levou bem mais do que o normal para alguns poucos andares, então onde quer que estivéssemos indo, era bem alto.

Quando as portas se abriram o barulho característico de conversas, talheres tilintando e o som harmonioso de um piano preencheram meus ouvidos e fui novamente guiada. Depois de dizer o nome dele para uma mulher que pediu para acompanhá-la, dei mais alguns passos e sentei na cadeira que Harry puxou para mim. Antes de se acomodar, o lenço ao redor dos meus olhos foi desatado e guardado de novo no bolso dele.

Olhei ao redor, para as paredes de vidro que davam uma vista panorâmica da cidade, à essa hora completamente iluminada, as mesas cobertas com toalhas de um tecido requintado e louças de cristal por todo lado. Não era nada parecido com os lugares mais descontraídos que frequentamos assiduamente, mas adorei o cuidado na escolha.

—Eu estou impressionada. - Comentei voltando a olhar para ele, que manteve os olhos fixos em mim.

—Positivamente, espero.

—Muito positivamente. - Confirmei.

—Já desejam pedir a bebida? - O garçom se aproximou e nos entregou dois cardápios.

Pedimos dois sucos e escolhemos rapidamente nossos pratos enquanto ele aguardava pacientemente e anotava todos os detalhes, como o ponto da carne. Devolvemos o menu e ele se afastou.

—Antes de tudo. - Harry começou e o olhei com mais atenção. - Tenho um presente para você.

Só então reparei no embrulho bonito sobre a mesa ao seu lado. Peguei assim que ele me entregou e rasguei o papel que o envolvia, encontrando algo semelhante a um livro, mas com uma capa de couro muito mais requintada. Outro sorriso encantado estampou meu rosto quando a primeira página me mostrou que se tratava de um álbum de fotos, aparentemente apenas com fotografias nossas.

—Três anos acumulam muitas fotos, Ratinha, tive bastante dificuldade para escolher só cem.

—Só cem? - Repeti achando graça e virando as páginas para ver todas.

Os pratos chegaram quando eu tinha acabado de fechar meu presente, o coloquei com cuidado na cadeira ao meu lado e abri espaço para que o garçom colocasse a comida na minha frente.

—Eu adorei, Harry, obrigada. Você sempre disse que eu precisava de um livro de cabeceira, agora tenho. - Pisquei para sua expressão cética.

Nós dois rimos e continuamos o jantar em meio a uma conversa leve que sempre acabava se voltando para uma ou outra frase romântica e carinhosa. Enquanto nosso prato requintado era esvaziado lentamente, não consegui esconder minha ansiedade para que ele falasse logo, e isso parecia diverti-lo.

—Eu estou gostando de te ver ansiosa, acho que vou esperar mais um pouquinho. - Comentou calmamente, espetando um caramelo da sobremesa e comendo sem nenhuma pressa.

—Eu deveria ter feito mais suspense quando foi a minha vez.

Harry esperou que eu terminasse meu bolo de chocolate que parecia ter sido feito dentro de algum forno abençoado, porque estava divino, e estendeu a mão para mim sobre a mesa. Eu já sabia o que esperar para o fim dessa noite, mesmo assim meu coração bateu mais forte quando estendi a minha e pousei sobre a dele.

—Gostou?

—De tudo, desde como você me acordou hoje.

Ele sorriu satisfeito.

—Eu tenho uma coisinha ou outra para te falar hoje, Ginny Weasley, e essas eu nunca disse antes.

Tenho certeza que não era fisicamente possível sorrir mais do que eu estava sorrindo agora.

—Quando eu te vi entrando pela porta do Trauma 7, lendo minha ficha e nem aí pra mim, tenho certeza de que um lado meu já sabia que era você, ou eu não teria insistido tanto. Você estava com tudo que não gosta: cabelo preso, rouba branca, de jaleco e tênis, mesmo assim era a pessoa mais linda em quem eu já tinha posto meus olhos. Se você chorar eu vou falar disso e ser insuportável para sempre. - Avisou com um sorriso divertido no rosto.

Ri com ele e respirei fundo, piscando algumas vezes para desembaçar meu olhos marejados.

—O lado que não sabia ainda não demorou muito pra descobrir, porque você fez questão de demonstrar em tudo o que aconteceu dali pra frente que é também a pessoa mais incrível do mundo quanto mais perto a gente chega. E não me importa que você tenha problemas ou quanto tempo demorou para querer estar aqui comigo hoje, eu amo você mesmo assim, amo você inteira, exatamente do jeitinho que você é, com as partes fáceis e as difíceis, os dias bons e os ruins, com seus horários doidos e os carinhos que você me faz quando a gente deita para dormir.

—Eu também amo você. - Falei quando ele deu uma pausa, aumentando ainda mais seu sorriso.

—Você é a mulher da minha vida, Ginny Weasley, você me torna uma pessoa melhor e eu quero poder fazer isso por você também, hoje, semana que vem e daqui quarenta anos.

Ele tirou a mão de cima da mesa e colocou no bolso, mas antes que tirasse o que estava ali dentro eu ri e ele me olhou curioso.

—Você esperou três meses, Ursinho, agora para eu dizer sim vai ter que ajoelhar. - Brinquei para dissipar meu próprio nervosismo.

Ele me olhou desafiador e pousou a mão entre nós com uma corrente delicada de ouro presa entre os dedos. O conteúdo me surpreendeu, porque não era o que eu imaginava.

—Para começar você tem que saber que eu sempre vou cumprir o que te prometer, não importa o que seja. - Continuou o que estava dizendo e me mostrou o colar dourado. - Um presente ou qualquer outra coisa.

Sem que eu esperasse Harry se levantou e deu a volta na mesa, parando atrás de mim. Ele afastou meu cabelo para o lado e prendeu o fecho ao redor do meu pescoço, eu não conseguia ver direito o pingente nesse ângulo, e duvido que tivesse conseguido prestar atenção se conseguisse, mas já sabia que ia adorar de qualquer forma.

Ao invés de voltar ao seu lugar ele parou do lado da minha cadeira e me estendeu as duas mãos num convite que eu aceitei com muito mais nervosismo do que esperava.

—Se eu vou ajoelhar, vão olhar muito bem para você também. - Falou só para que eu ouvisse, assim que fiquei de pé na frente dele.

O coro de “ohs!” ao nosso redor quando ele apoiou um joelho no chão me lembrou de que não estávamos sozinhos, mesmo assim não olhei para nenhum outro lugar que não aqueles olhos verdes pregados nos meus.

—Eu não tenho nenhuma dúvida de que você é o amor da minha vida, então eu quero dividir a vida inteira com você. - Abriu a caixinha entre nós, mostrando o anel que ficou muito bem escondida de mim desde o dia em que comprei. - Você quer casar comigo, Dra. Weasley?

Eu queria ter respondido alguma coisa mais elaborada, tão legal quanto tudo o que ouvi, mas só o que saiu num fiapo de voz foi:

—Sim!

Estendi a mão direita para ele colocar o anel em meio a uma sensação gostosa de leveza.

—Para de tremer, Ratinha. - Pediu com um sorriso convencido e minha mão presa na dele.

Harry apoiou as mãos na minha cintura para se levantar e eu prendi o rosto dele entre as minhas, nos beijamos assim que ele ficou de pé novamente, agora em meio a aplausos que só brevemente eu consegui registrar. Em qualquer outro dia eu teria considerado isso constrangedor, e talvez considere quando me lembrar futuramente, mas nesse momento, presa num abraço cheio de significados que indicava tudo o que eu queria, eu só consegui achar perfeito.


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Notas finais do capítulo

Oi, pessoal, como estão?
Fala a verdade, tem como ser mais fofo que isso? Adoro todo esse tempo que os dois passam juntos e mais ainda eles querendo ficar ainda mais grudados.
Ansiosa para saber a opinião de vocês! Não deixem de comentar.
Beijos e até semana que vem.