Déjà vu escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Essa semana a linda da Fe Damin fez uma recomendação liiiiiinda de DV! Toda recomendação é especial, mas quando vem de uma amiga que ouviu a minha ideia desde o dia em que eu desisti de fazer uma one, que era a intenção para a Dra. Weasley e o paciente insistente, e mandei um whatsapp dizendo: acho que agora quero escrever uns mistérios, parceira de bate papo até 3 da manhã e 25 de Março no dia seguinte cedo e autora do spin off os olhos brilham diferente. Obrigada, Malévola Master, obrigada, obrigada, obrigada! ♥
Obs: a resposta para aquele whats foi: Escreve logo isso! Pedido atendido, miga... ahahaha



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O novo horário se mostrou muito mais tranquilo e pacato do que o meu anterior.

Notei que minha rotina agora se estabeleceria principalmente com consultas e cirurgias agendadas, sendo os atendimentos de emergência uma exceção, e não o contrário como antes. Isso deixava meus horários mais estáveis, percebi quando consegui sair de lá exatamente às seis da tarde no primeiro dia.

O único ponto ruim é que eu só teria a companhia do Colin no período da tarde, porque ele continuaria no horário de sempre e que até na semana anterior coincidia com o meu.

Até estranhei chegar em casa com tempo de preparar algo decente para comer, checar meus e-mails, fazer uma ou outra coisinha pendente e tomar um banho demorado antes de dormir. Apesar de diferente, era uma rotina com a qual eu poderia me acostumar, com certeza.

Na quinta, dia em que eu sairia do hospital às onze da manhã, precisei ficar até um pouco depois e enquanto atravessava a recepção em direção à saída avistei meu amigo já em seu posto de trabalho e parecendo um tanto ocioso, por isso parei para conversar.

—Ei, gato.

—Olha só, a que me abandonou. - Saudou, soando propositalmente ressentido.

—Isso nunca. - Neguei dando um beijo em seu rosto.

—Como está o novo horário?

—Estou gostando, o ritmo é diferente eu tenho bastante tempo livre. Fiquei até surpresa nesses primeiros dias. Mas sinto sua falta.

—É bom que sinta mesmo. - Falou convencido.

—Mas estou fazendo o possível para marcar minhas cirurgias todas para a tarde, assim você pode ficar comigo. - O tranquilizei e me sentei no banco ao seu lado.

—Já está indo para casa? - Perguntou, olhando para a bolsa que deixei sobre a mesa à sua frente.

—Sim, as coisas são incrivelmente pontuais pela manhã.

—Não tão pontuais assim. Já são quase duas da tarde. - Me corrigiu após olhar o relógio de pulso.

—Muito mais do que era antes. - Acrescentei e ele acenou concordando.

Conversamos por mais alguns minutos enquanto ele me contava os últimos acontecimentos e fofocas de todas as áreas possíveis do hospital, porque se alguém tinha como saber disso era ele, e aceitei o saquinho de confetes de chocolate que ele me ofereceu no meio da sua narrativa. Antes que eu abrisse a embalagem meu celular anunciou o recebimento de uma nova mensagem e eu a coloquei no bolso da calça enquanto lia o que Harry mandou:

"Gin, o que eu tomo para dor de estômago?"

Ri da pergunta fora de contexto e meio absurda, considerando que normalmente eu tratava ossos, mas não consegui deixar de me preocupar:

"O que você tem no estômago?

—É Harry me perguntando o que ele toma para dor no estômago. - Contei ao Colin, que me olhava curioso, e ele riu comigo.

A resposta não demorou a chegar.

"Acho que é minha gastrite. O que eu tomo?"

Franzi o cenho para a tela, porque quando ele me disse que tinha isso eu achei que era brincadeira:

"Não tenho como te indicar um remédio para o estômago, não é minha área e nem conheço seu caso. Tome o que você sempre tomou, o que seu médico normalmente indica."

—Agora você dá consultas particulares, é? - Colin perguntou sugestivo.

—A gente brinca de médico de vez em quando. - Respondi mantendo seu tom e ele riu.

Recebi outra mensagem em seguida e o conteúdo me fez rir com vontade:

"Que adianta ter uma médica de estimação assim?"

Virei o celular para o Colin e deixei que ele lesse também, ao fim ele gargalhou comigo enquanto eu enviava minha pergunta:

"Você está em casa?"

—Reduzida a médica de estimação, que decadência, gata. - Brincou enquanto eu me levantava para ir embora após a resposta afirmativa de Harry. - Já vai?

—Sim, vou lá ver como ele está. - Expliquei e me abaixei para beijar seu rosto. - Até amanhã.

—Até, mande um beijo meu. - Pediu, me fazendo rir de novo.

O portão da garagem do prédio dele se abriu alguns segundos depois que parei de frente para ele, liberando meu acesso sem demora, e eu estacionei ao lado do carro que já conhecia tão bem antes de entrar no elevador e apertar o botão que me levaria ao seu andar.

Toquei a campainha duas vezes até ouvir seu grito dizendo que já estava vindo, e assim que a porta foi aberta segurei meu cumprimento normal e olhei a figura à minha frente vestida apenas com a calça social que deixava à mostra o elástico da cueca branca, sem camisa e o cabelo não tão bem arrumado assim sob a camada de gel. Ele parecia muito surpreso por me ver ali.

—Você sempre atende a porta assim? - Perguntei, apontando seu peito nu.

—Estou realmente surpreso em te ver aqui essa hora. - Comentou ainda parado no mesmo lugar, me olhando com o cenho franzido.

Normalmente ele era mais receptivo e estava vestido quando abria a porta para mim. Então me ocorreu que eu nunca antes tinha vindo sem avisar, muito menos do nada em uma quinta-feira no meio da tarde, e a possibilidade de que ele não estivesse sozinho caiu sobre mim como um balde de água fria. Por um momento me senti estranhamente incomodada com isso, mas me concentrei em dispersar o mal estar que senti.

—Não é uma boa hora? - Perguntei indecisa.

Ele chacoalhou a cabeça e pareceu se tocar de que ainda estávamos parados no hall, então esticou a mão e me puxou para dentro antes de fechar a porta atrás de mim.

—Sempre é uma boa hora, doutora. - Afirmou me dando um selinho demorado e um abraço.

Assim que fiquei na ponta dos pés para retribuir olhei em volta discretamente por sobre seu ombro enquanto o apertava contra mim, e respirei aliviada ao constatar que estávamos sozinhos. Trocamos um beijo rápido e antes de me soltar ele puxou o conteúdo do bolso da minha calça e colocou entre nós:

—Trouxe para eu sarar mais rápido? - Perguntou com os olhos brilhando em direção aos confetes de chocolate que o Colin me deu.

—Eu não entendo muito de gastrites, mas duvido que isso aí esteja entre os alimentos que fazem bem. - Expus minha hipótese.

—Vou deixar para quando melhorar então, obrigado. - Prometeu guardando em seu próprio bolso.

Achei desnecessário dizer que não era para ele, então deixei para lá.

—Você já tomou alguma coisa? - Perguntei me virando de costas e deixando a bolsa sobre seu sofá.

—Sim, eu tinha acabado de me deitar um pouco. - Informou parando atrás de mim e enlaçando minha cintura. - Você saiu no meio do dia só para saber se já tomei remédio? - Seu tom convencido e satisfeito não me passou despercebido.

—Na verdade eu já estava indo para casa. - Assim que falei me lembrei de que eu ainda não havia contado a ele sobre minha mudança, então me virei de frente com um pulo e passei meus braços ao redor do seu pescoço antes de dizer. - Eu mudei de horário. Mas acho não te contei, não é?

—Acho que não. - Confirmou soando um pouco ressentido, mas mantendo seus braços ao meu redor.

—Pedi para mudar meus horários no hospital.

—É mesmo? E quais são os novos? - Perguntou se sentando no braço do sofá e me deixando de pé entre suas pernas.

Contei a ele com os mesmos detalhes que havia dito ao Ron e o vi me olhar surpreso quando citei os finais de semana.

—Todas as noites, com exceção de sexta, e finais de semana inteiros?

—Sim, achei que seria legal depois de tanto tempo começar a ficar em casa em dias diferentes. - Comentei dando de ombros, mas ele sorriu mesmo assim.

—Eu não sei como você está se saindo tendo que acordar cinco horas da manhã, mas eu já estou adorando sua nova agenda. - Confessou apoiando as mãos abertas nas partes de trás das minhas coxas.

—Acordar cedo não é tão ruim.

—Vamos nos ver com mais frequência? - Perguntou com um sorriso de canto.

—Não vejo por que não.

—Estou tão feliz que nem sinto mais dor. - Falou exagerado, me fazendo revirar os olhos em sua direção.

Sorri para ele e trocamos um selinho demorado antes que eu sugerisse:

—Por que você não deita lá mais um pouquinho e espera melhorar de verdade?

—Você já precisa ir embora? - Perguntou encostando o queixo sobre meus seios e olhando para mim.

—Não, posso ficar aqui com você. Só queria tomar banho. - Falei distraída, mais preocupada em bagunçar seus cabelos.

Ele fechou os olhos enquanto eu deslizava os dedos pelos fios, e não pude evitar achar seu rosto ainda mais lindo desse ângulo e com essa expressão satisfeita.

—Pode ficar a vontade, vou pegar uma toalha para você.

Harry me apertou um pouco mais forte contra ele antes de se levantar e sair em direção ao quarto comigo em seu encalço. Tirei a sapatilha, a calça e a camiseta de mangas longas que estava vestindo e deixei as peças dobradas sobre seu criado mudo enquanto esperava.

—Obrigada. - Agradeci apanhando a toalha e meu robe, ambos cuidadosamente dobrados.

—Quer ajuda? - Perguntou sugestivo.

—Seria ótimo, mas você está doente. - Respondi da mesma forma e entrei no banheiro em seguida.

Quando me vi de relance no espelho, percebi que não me lembrei de prender os cabelos e não queria que eles molhassem. Por hábito abri a primeira gaveta do armário sob a pia, que era onde eu guardava alguns elásticos e presilhas na minha casa, e antes que a fechasse de novo me surpreendi ao ver o que estava procurando, mas não esperava de forma alguma encontrar por aqui.

Eu não me lembrava de alguma vez já ter chegado aqui com os cabelos pesos, então olhei para trás rapidamente e me certifiquei de que estava mesmo sozinha antes de pegá-lo e virar entre os dedos apenas para constatar que eu nunca tinha comprado nenhum como aquele. Me recusando terminantemente a prender meu cabelo com aquilo, voltei ao lugar onde estava e fui até a sala pegar na minha bolsa o que usava no trabalho.

—Algum problema? - Perguntou quando passei novamente pelo quarto.

—Nenhum, só vou pegar o meu elástico para prender o cabelo. - Respondi casualmente, sentindo minha voz simpática demais.

Não demorei muito no chuveiro, apenas o suficiente para tomar um bom banho e aproveitar um pouco a água quente para me forçar a deixar um assunto tão bobo de lado, mesmo porque eu não tinha absolutamente nada a ver com isso, e saí do banheiro usando apenas o meu robe e nada mais por baixo.

Encontrei Harry deitado de barriga para cima e já sem a calça social, apenas de cueca, segurando uma calcinha vermelha de renda que eu reconheci como minha e que não era a que eu estava usando quando cheguei.

—Você esqueceu aqui no sábado e eu lavei para você. Achei que você fosse querer agora. - Falou olhando para os dois lados da peça. - Aliás, eu gosto muito dessa.

Ri da expressão concentrada com que ele fez o comentário e me deitei ao seu lado, também com a barriga para cima e os joelhos flexionados, não consegui deixar de pensar nisso como um ponto a mais para mim, porque era para a minha roupa íntima que ele estava olhando daquele jeito.

—Obrigada, quando for embora eu visto.

Ele esticou os braços para trás e deixou a peça sobre o resto das minhas roupas, depois pegou minha mão e ficou algum tempo brincando com meus dedos sem dizer nada. Ele tinha cada vez mais momentos de silêncio confortável comigo, com se não fosse necessário dizer nada, e ao mesmo tempo que eu gostava disso, sentia falta de seu falatório constante.

A vantagem era que para acabar com esses momentos bastava um comentário e o assunto se desenvolvia para conversas longas e divertidas. E foi exatamente isso o que eu fiz, perguntando sobre sua semana no trabalho, e como resultado ouvi com atenção um relatório completo de coisas chatas e legais que o Harry fez nos últimos dias.

Em algum momento ele se levantou, pegou no bolso da calça que estava no chão confetes de chocolate que furtou de mim quando cheguei e se sentou ao meu lado para comer.

—Você quer? - Ofereceu assim que abriu a embalagem.

Abri a boca em resposta e ele me deu alguns antes de começar a comer também.

—Você já está se sentindo melhor? - Questionei depois de engolir.

—Sim, a dor normalmente não dura muito.

—Você tem dores com frequência?

—Não, é bem difícil. - Esclareceu concentrado em colocar na minha boca mais alguns doces.

—Que remédio você tomou? - Ele me disse o nome, não era desconhecido. - E por que você queria outro? Esse te faz mal?

—Não, mas vai que você soubesse me dizer um melhor.

Ri da naturalidade da resposta.

—Não tenho como saber o que te receitar. Para isso eu precisaria compreender seu problema e seu histórico, além dos nomes dos remédios que você por acaso tenha tomado e não feito nenhum efeito ou causado efeitos colaterais.

—Isso é bem complexo, não é? - Falou interessado, parecendo ponderar pela primeira vez que não era tão simples.

—É sim, mas o corpo é bem complexo, então faz sentido. Entender como tudo funciona é fascinante, mas acho que você acharia um pouco entediante, na verdade.

—Eu nunca fui muito bom com essas coisas de anatomia. - Confirmou minha suspeita, dando de ombros.

—Você é péssimo com essas coisas de anatomia, Harry. - Corrigi rindo.

—Não precisava ser bom, Cátia Bell era apaixonada por mim na época da escola e boa por nós dois nessas matérias chatas. - Explicou sorrindo de canto e por um minuto senti pena da coitada da Cátia, seja ela quem for, porque se esse sorriso é irresistível para mim eu nem quero imaginar como era para uma adolescente apaixonada.

Eu ri da sua expressão de descaso ao confessar hábitos que certamente todos os professores condenam, e o observei se inclinar para deixar a embalagem pela metade sobre o criado mudo.

—Mas agora eu vou aprender. - Determinou de repente, se virando para mim e ajoelhando ao meu lado.

Eu não me assustava mais com os escândalos pontuais que Harry fazia as vezes, então apenas me arrastei mais para o centro do colchão quando fui puxada para lá sem fazer perguntas. O laço do meu robe foi desfeito assim que ele se ajoelhou sobre mim com uma perna de cada lado das minhas coxas e eu me levantei o suficiente para que ele o puxasse de baixo do meu corpo e jogasse de lado.

—É tão prático você não usar nada por baixo disso. - Comentou se arrastando para os meus pés.

—Eu também acho. - Concordei quando ele se ajoelhou em frente a eles.

Dobrei novamente os joelhos para lhe dar mais espaço e esperei sem saber o que ele ia fazer. Senti um beijo úmido e lento no meu tornozelo e depois ouvi a pergunta que me esclareceu suas intenções:

—Qual o nome desse osso?

—Calcâneo - Respondi sorrindo para o teto.

—E esse? - Subiu para minha canela.

—Tibia.

—Esse?

—Patela. - Afirmei quando seus lábios tocaram meu joelho.

—Esse aqui é o fêmur, o maior osso do corpo humano. - Ele mesmo afirmou enquanto deslizava a boca pela minha coxa.

—A Cátia Bell te ensinou algo, pelo menos. - Zombei de olhos fechados, sentindo o arrepio que subia junto com seus lábios.

—Na verdade ela faltou nesse dia e eu precisei fazer o exercício sozinho. - Explicou e me arrancou uma risada. - Esse aqui? - Questionou beijando próximo à minha virilha e me deixando completamente arrepiada.

—Púbis.

Apertei o lençol entre meus dedos e mordi o lábio para conter o gemido quando ele deu mais alguns beijos por ali antes de subir um pouco mais.

—Aqui? - Questionou com a boca no meu quadril.

—Ílio.

Senti cócegas quando ele beijou minha costela e me antecipei à sua pergunta.

—Aí faz cócegas.

—Então responda logo para eu não precisar demorar.

Ele não desgrudou a boca de mim ao falar, então não consegui segurar a risada.

—Décima segunda costela, sétima, terceira. - Respondi rápido enquanto ele subia em direção aos meus seios.

—Quem era apaixonado por você na aula de matemática? Estão faltando números aí. - Acusou me olhando desconfiado.

—Elas são muito próximas, falei as que mais se aproximavam de onde você estava. - Ele me olhou desconfiado, mas continuou a expedição.

—Esse? - Perguntou após passar a língua entre meus seios.

—Esterno. - Respondi esfregando minhas coxas uma na outra para conter a excitação.

Ele percebeu o movimento, por isso sua afirmação seguinte veio seguida de uma risada:

—Clavícula. - Determinou após uma mordida leve próxima ao meu ombro.

Harry se levantou, ficando ajoelhado com as pernas ao redor de mim de novo e não mais inclinado sobre meu corpo, e eu o olhei com expectativa. Ele sempre sabia quando eu estava com vontade, e o sorriso que ele abria nesses momentos era impagável e ainda mais excitante.

—Vire-se, doutora, não terminamos.

Não demorei em obedecer, e assim que me acomodei de bruços ele levantou meu cabelo e beijou minha nuca.

—Você pode ir ditando, por favor? - Pediu antes de começar a descer pela minha coluna causando arrepios que me faziam querer arquear as costas, mas ele me segurou pela cintura impedindo.

—C3, C5, T1, T4, T6, T9, T11, T12, L3, L5, S1, S3, S5, cóccix. - Quando terminei ele subiu suas mãos pelas minhas coxas e apertou forte um lado da minha bunda enquanto mordia o outro.

Fechei os olhos e apertei os dentes contra meu pulso para controlar o som que eu realmente queria emitir.

—Fêmur direito. - Comentou antes de distribuir algumas pequenas mordidas por uma das minhas pernas e fez o mesmo antes de se dirigir à outra. - Fêmur esquerdo.

—Vire-se, doutora. - Ordenou novamente após passar a mão lentamente por onde antes sua boca esteve.

—Terminamos? - Perguntei quase ofegante assim que me deitei de costas outra vez.

—Quase. - Afirmou se deitando em cima de mim e pegando minha mão. - Esse? - Questionou beijando a ponta dos meus dedos.

—Falange, falange, falange. - Repeti quando ele subiu sua boca lentamente por eles.

—É tudo falange? Não vale inventar. - Me olhou de canto ao perguntar.

—Falanges distais, falanges médias, falanges proximais. - Esclareci e ele voltou sua atenção ao que estava fazendo. - Metacarpais e carpais. - Afirmei quando ele beijou a palma da minha mão e depois o espaço exato entre ela e meu pulso.

—Esse aqui é o rádio. - Comentou roçando os lábios pelo meu antebraço. - Esse?

—Úmero. - Eu disse quando ele terminou suas descobertas mordendo de leve o meu braço.

—Agora terminamos, já estou quase profissional nisso. - Sussurrou no meu ouvido antes de afundar o rosto no meu pescoço para beijá-lo como sabia fazer tão bem.

—Não terminamos, não. - Discordei e o empurrei para o lado.

Subi em cima dele da mesma forma que ele estava em cima de mim antes, uma perna de cada lado da sua barriga, e me inclinei até estar deitada sobre seu tórax. Suas mãos foram para cima da minha bunda, onde ficaram apoiadas enquanto ele me olhava com expectativa.

—Frontal. - Falei após dar um beijo na sua testa. - Nasal. - Beijei o topo do seu nariz antes de dizer. - Zigomático. - Informei depois de grudar meus lábios por alguns segundos em cada uma de suas bochechas. - Maxilar. - Apontei depois de encostar minha boca suavemente no pequeno espaço entre a dele e o nariz. - Mandíbula. - Finalizei mordendo seu queixo.

—Cabelos. - Afirmou subindo uma das mãos e enroscando de maneira firme entre meus fios, não havia mais nenhum resquício de humor na voz dele.

—Lábios. - Fiz o mesmo depois de morder sua boca.

Harry não soltou meus cabelos quando me distanciei do seu rosto o suficiente para abaixar a cueca que ele vestia e ainda por eles me puxou de volta para seu colo e grudou sua boca na minha em um beijo urgente. A intensidade do que aconteceu depois contradizia o fato de que ele estava se sentindo mal quando cheguei, e qualquer preocupação que eu tivesse com isso ou qualquer outra coisa foi apagada da minha cabeça quando ele se dedicou a fazer tudo o que sabia que eu mais gostava.

Fechei os olhos e relaxei, concentrada em fazer meu coração voltar a bater no ritmo normal, enquanto ele distribuía alguns beijos pela minha nuca e ainda apertava minha cintura, um momento antes de encostar a testa no meu ombro afrouxar o aperto de sua mão. Ele permaneceu assim por um tempo antes de sair de cima de mim e se deitar do meu lado, continuei deitada de bruços, mas me afastei um pouco para o lado para lhe dar mais espaço, e ele passeou seus dedos pelas minhas costas durante alguns minutos.

—Me conte alguma coisa que eu ainda não sei. - Pediu daquele jeito que deixa difícil dizermos não.

—Que tipo de coisa? - Devolvi a pergunta, abrindo os olhos para ver seu rosto muito mais convincente que o tom de voz.

—O que você quiser.

—Deixa eu pensar. - Falei preguiçosa, pensando em algo relevante que eu ainda não tinha dito a ele. - Ah, já te contei que faz cinco anos que a sua melhor amiga Mione dá muito para o meu irmão? - Falei rindo com a menção ao termo que usei depois da primeira vez que dormimos juntos, e aparentemente ele entendeu, porque me acompanhou na risada, mas sem deixar de ser irônica ao relembrar do dia em que casualmente eles se conheceram e eu fui a pessoa com menos assunto apesar de estar apresentando os dois.

—Eles namoram? - Perguntou, tentando entender melhor.

—Não, até onde eu sei só se encontram para fins recreativos.

—Poxa, mas por que não? A Mione é ótima. - Falou com uma sinceridade profunda.

Franzi a testa para sua falta de tato em estar fazendo carinho nas minhas costas nuas e chamando outra mulher de ótima e ele riu despreocupado quando percebeu minha expressão.

—Não passo a vida tentando entender a cabeça daqueles dois, Harry, e sugiro que ninguém tente. - Opinei sem me importar realmente, o elogio sendo esquecido por ter sido direcionado a uma amiga que realmente o merecia.

—Cinco anos? - Falou surpreso e eu assenti. - Mas não é muito tempo para fazer sexo casual, não?

—Bem, se eles não acham, quem sou eu para dizer alguma coisa? - Esclareci dando de ombros. - Você tinha que ver a cara deles quando descobri.

—Como foi?

—Eu era residente e meus horários eram loucos.

—Mais loucos? - Me interrompeu espantado.

—Você não viu nada. - Falei com pressa de voltar à história. - Aí um dia cheguei em casa umas três da manhã e quando a porta do elevador abriu eles estavam dando um beijo de despedida na porta do apartamento dela. Ron vestido, Mione só de roupão.

—Constrangedor. - Comentou rindo. - O que você fez?

—Primeiro eu não entendi nada, mas perguntei para ele se ele tinha errado de apartamento. Assim, bem irônica mesmo, que é como a gente normalmente conversa.

—Ele ficou com vergonha?

—Não, ele respondeu que tinha certeza absoluta de que tinha entrado no lugar certo. - Aparentemente ele gostou da resposta do meu irmão, porque riu com vontade. - Mas ela ficou um pouco sem graça ali no meio da nossa conversa. Depois o Ron se despediu de mim também e foi embora.

—Não imagino que você tenha deixado a pobre da moça ir dormir tranquila depois disso.

—Não mesmo, mas eu dei opções a ela: você vai me contar agora ou prefere que eu pergunte para ele amanhã e ele fale todos os detalhes? - Contei imitando a voz sugestiva que usei para dizer a mesma frase à minha amiga, alguns anos atrás. - Aí ela coçou a testa, viu que não tinha muita escolha, me convidou para entrar e foi assim que eu descobri que já fazia alguns meses que rolava uns encontros entre eles, depois disso nenhum dos dois nunca mais negou.

—Seu irmão te contaria mesmo todos os detalhes? - Perguntou desconfiado.

—Provavelmente não, mas ela não sabe disso.

Minha resposta o fez rir de novo antes de colocar meu cabelo atrás da orelha e continuar a conversa.

—Você não tem ciúmes do seu irmão com ela?

A pergunta me fez rir alto e o Harry me olhou com cara de quem não entendia bem qual é a graça.

—Não te parece meio incestuoso ter ciúmes da pessoa com quem meu irmão transa? - Esclareci com cara de nojo e ele riu comigo.

—É que sei lá, cinco anos não me parece muito bem o tempo normal de uma relação casual entre duas pessoas que não esperam nada mais uma da outra.

Ignorei propositalmente a parte que ele levantava a possibilidade de que Ron e Mione um dia fossem um casal, não que a ideia me preocupasse, eu também concordava que a minha amiga era ótima, mas não era algo que eu precisaria pensar porque eles não eram um, ao invés disso direcionei a conversa para a experiência dele em relacionamentos casuais.

—E qual é o tempo normal de uma relação casual entre duas pessoas que não esperam nada mais uma da outra? - Perguntei interessada.

—Alguns meses, sei lá, uns três no máximo. Se há uma rotina, há uma relação. - Esclareceu seu ponto de vista e me olhou com expectativa. - Você não acha?

—Acho, mas isso não quer dizer que seja uma relação séria e toda essa besteira. - Opinei também. - Mas me diga, Sr. Potter, você tem muitas relações casuais? - Aproveitei o ensejo, não conseguindo evitar sondar um pouco.

Ele me olhou indecifrável por um momento, como se o fato de olhar tão fundo assim dentro dos meus olhos fosse ajudar a ver dentro da minha cabeça.

—Já tive algumas. - Respondeu vagamente.

—E atualmente? - O sorriso presunçoso dele me fez arrepender da pergunta assim que ela saiu da minha boca.

—Atualmente eu estou bem ocupado em uma relação, sim. - Garantiu se debruçando sobre mim e me dando um beijo no pescoço. - Não espere menos do que dedicação exclusiva da minha parte, doutora. - Afirmou segurando meu queixo e me encarando sério. - Espero, no mínimo, ter o mesmo.

—E o que você considera que tem? - Perguntei, sustentando seu olhar.

—Mais do que você diz. - Respondeu com um sorriso de canto, me fazendo revirar os olhos.

—Você ocupa bem demais o meu tempo livre, se é exclusividade o que você quer, da minha parte não precisa nem pedir.

—Isso é tudo o que eu tenho?

—Não sei o que mais você poderia querer. - Desconversei.

—Por enquanto está ótimo, não quero mais nada. - Falou e me deu um beijo. - Você está com fome? - Perguntou sorrindo com tanta satisfação que eu não consegui evitar me sentir um pouco tímida com o que quer que seja que ele tenha entendido da nossa conversa e enxergado nos meus olhos, mas decidi mudar de assunto também.

—Estou.

—Então vem. - Convidou jogando meu robe de volta para mim e sumindo em direção à cozinha.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoal! Como estão?
Isso quando ela chegou na casa dele de surpresa foi uma pequena demonstração de possessividade? Acho que sim...
Pelo menos para mim exclusividade num relacionamento é o mesmo que namoro, mas se com essa palavra a Ginny não tem nenhum problema, por que o Harry reclamaria, não é verdade?! ahaha
Ansiosa para saber o que acharam desse capítulo e dessa conversinha no final, que particularmente eu adoro!
Obrigada a todos que acompanham e mais obrigada ainda aos que comentam.
Beijos e até o próximo.

Crossover: Esse capítulo não tem nada que ligue a Backstage, mas logo logo as histórias se cruzarão de novo, então não deixe de acompanhar!
https://fanfiction.com.br/historia/692675/Backstage/