Purifier escrita por Gabbie R


Capítulo 4
IV


Notas iniciais do capítulo

Surpresa!!!
Pra quem eu disse que postaria no domingo (que continua sendo minha meta, aliás), consegui fazer esse agrado por vocês ♥
Boa leitura e nos vemos novamente lá em baixo!



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MARINETTE

 

— O que você acha, Tikki?

A kwami vermelha saiu de seu esconderijo ao ouvir a voz de Marinette, que já estava sentada na escrivaninha com o desenho de Nathanael em mãos.

Não muito tempo atrás ela estava seguindo ele até a porta. Depois que eles terminaram de comer a torta, trocaram algumas palavras e então Nathanael anunciou que era melhor voltar antes que ficasse realmente tarde.

Ela concordou e então eles desceram e ele se despediu dos pais da morena com um sorriso tímido, agradecendo e elogiando imensamente a torta, enquanto ela fechava a porta e se preparava para ser alvo de perguntas, mesmo que estivesse agonizando com o conteúdo de um certo desenho.

— Você não costuma trazer muitos amigos, Marinette.

O jeito doce e gentil, ainda que com uma pitada de curiosidade, com que sua mãe falara era quase a confirmação que ela precisava para saber que sim, eles desconfiavam e que, não, eles não entendiam.

— Não? — ela perguntou, inocente.

Sem nenhuma real pretensão de fuga, ela começou a caminhar lentamente em direção às escadas para seu quarto.

— E também não costuma falar do Nathanael. Se conheceram recentemente?

Bang.

Como um tiro.

Ela parou seu caminhar, tensa, sentindo seu coração doer.

Era realmente desgastante perceber o quão ignorante ela tinha sido para com Nathanael.

— Não exatamente — ela disse, virando-se para eles — Só estamos mais...i-íntimos agora.

Tom e Sabine trocaram um olhar, pensativos.

— Está tudo bem, não é? — perguntou ele, risonho, abraçando a mulher.

Sabine riu, retribuindo o abraço. Marinette sorriu para o gesto de carinho dos pais e para a resposta que era verdade e ao mesmo tempo mentira.

— Sim. Está tudo bem.

Ela subiu para o quarto logo depois, gritando em sua própria mente que estava tudo bem e que nada estava bem. Ela provavelmente deu uma corridinha até sua escrivaninha para poder se deparar com o desenho o mais rápido possível.

Para ter certeza de que ele era real.

Teve sua confirmação amarga enquanto se sentava na cadeira e expressava sua dúvida para a companheira.

— Como isso é possível? — ela perguntou novamente.

Tikki flutuou ao lado da cabeça da morena, examinando o desenho.

— Nathanael se lembra do que aconteceu quando foi purificado, mas isso... — continuou a morena.

— Talvez tenha sido isso — disse a kwami — Nathanael foi um caso excepcional de purificação de akuma. Não foi Ladybug e seu poder quem purificou ele, e sim você.

— Quer dizer que eu fiz algo errado, como sempre?

— Não, Marinette! Você sabe que não é isso, você foi incrível.

Ela assentiu, sentindo-se engolir algo com um sabor muito amargo.

— Os akumatizados não se lembram de nada do que acontecem a partir do momento que são pegos por akuma — apontou a morena.

— Talvez Nathanael também tenha esquecido e tudo foi apenas uma coincidência...

Sendo que apenas o que seguiu o argumento da kwami foi o silêncio, ela suspirou e voltou a falar.

— Marinette, eu sei que você está preocupada com o pensamento do Nathanael sendo akumatizado novamente, mas se isso acontecer, o que eu duvido, você vai salvá-lo. Eu sei disso.

Marinette mordeu os lábios e assentiu, cedendo.

Ela mesma havia pensado naquilo, em como faria de tudo para salvá-lo mais uma vez caso fosse preciso, mas a simples ideia de que ele poderia ser manipulado novamente não lhe era confortável.

— Você realmente acha que é uma coincidência, Tikki?

— Tenho certeza! Se ele se lembrasse de algo além da purificação, ele falaria para você, não é mesmo?

A morena sorriu para a kwami, sentindo-se ficar leve.

— Sim, ele falaria. Obrigada, Tikki.

Marinette voltou a olhar pro desenho, franzindo a testa levemente. Deu um sorriso serelepe e então começou a procurar por algo no meio de suas coisas. Seu sorriso aumentou enquanto ela puxava uma fita da gaveta, rápida demais para que Tikki pudesse perguntar o que ela pretendia.

Levantou-se e então, com a ajuda da fita, colou o desenho de Nathanael na parede a sua frente, onde antigamente se encontrava diversos pôsteres de um outro colega de classe.
Afastou-se alguns passos para poder apreciar o seu feito, ainda sentindo-se insegura, mesmo que com a carga forte de segurança que Tikki havia lhe passado.

Essa, aliás, assistia o trabalho de Marinette com um sorriso levemente surpreso.

A kwami pensou em como os sentimentos Marinette haviam lhe confundindo, normalmente vidrados em Adrien e em um futuro imaginário para os dois e então subitamente envoltos em total preocupação para uma nova pessoa, para qual a mente da morena ainda estava voltada.

Ela indicou Marinette que seria melhor que ela fosse dormir, para assim não acordar tarde e acabar se atrasando (como sempre) para a escola, e assistiu a menina concordar e então se arrumar para uma noite de sono, permitindo que a kwami se perdesse novamente em pensamentos.

Ela pensou em Marinette e suas gloriosas e noviças mudanças e suas preocupações para com aquele garoto ruivo de quem ela, e apenas ela, havia salvado de uma manipulação perigosa. Pensou, também, no desenho colado na parede. Havia dito à Marinette que tudo tinha sido uma infeliz coincidência, mas dificilmente ela mesma acreditaria em tal ideia, contudo, ela não tinha nenhuma simples ideia do que aquilo poderia vir a significar.

Algo grande? Ou algo simplesmente imperceptível?

A kwami suspirou, cedendo a sua própria sugestão de repouso noturno, e, desfazendo-se de seus pensamentos secretos, murmurou um pedido de bons sonhos para Marinette.

 

 

NATHANAEL

 

 

Quando ele chegou em casa, se sentiu tão estranhamente cansado que dera apenas curtas palavras para os pais para logo depois de dirigir para seu quarto. Mal tinha terminado de se arrumar, apressadamente, para dormir quando simplesmente desabou sobre sua cama, sonolento.

Qualquer um pensaria, por isso, que nada lhe esperava se não uma noite longa e tranquila.
Infelizmente, àquela noite não foi nada disso para Nathanael.

Ele mal tinha sua consciência desperta quando ouviu uma voz no escuro, falando e rosnando de um modo tão feroz que fez com que os pelos de Nathanael levantassem.

— Traga-me os miraculous, garoto — disse a voz, soando tão perto quanto se a pessoa sussurrasse em seu ouvido, mas ao mesmo tempo tão alto e distante como se a pessoa estivesse gritando a metros de distâncias — Você não vai querer me irritar.

Nathanael não saberia dizer se ele sequer pensou em alguma resposta, porque no instante segundo tudo em que ele pensava era em dor.

Por todo o seu corpo.

Ele se sentia queimando, de dentro para fora, e cada nervo em seu corpo gritava de dor e ele não conseguia fazer nada se não tentar gritar.

— Eu dei-lhe poderes — continuou a voz tenebrosa — Eu posso retirá-los. Eu posso manipulá-los...

E então ele começou a sentir falta de ar, e um aperto cada

vez

maior.

Percebeu, momentos depois, que alguém o estrangulava.

Não, não alguém.

Ele mesmo.

Estava muito escuro, tanto breu que era impossível para enxergar ele mesmo, mas ele sabia que era sua mão que se fechava sob sua garganta e que ele simplesmente não conseguia se impedir.

Estava tentando se libertar com a outra mão, a qual ainda tinha controle, quando o aperto finalmente começou a ceder no momento em que a voz voltou a falar, soando cada vez mais distante e mais baixa, ecoando e ecoando sem parar.

— Eu posso machucá-la. Eu posso fazer com que você a machuque!

O aperto se intensificou novamente, apenas para voltar a se ficar segundos mais tarde.

— Faça o que eu digo, ou você se arrependerá eternamente.

Nathanael não sabia se a voz realmente tinha falado algo logo após o fim de tal sentença, mas novas frases ecoavam por seus ouvidos e seu coração. A imagem distante e distorcida de uma pessoa se desafazendo em lágrimas começou a tomar a visão do ruivo…

Pegue os miraculous.

Você vai machucá-la.

Você vai ser o culpado de sua dor.

E vai ficar feliz por isto.

Só então ele acordou de seu pesadelo, debatendo-se da cama tão rápida e desesperadamente que embaralhou-se com o cobertor enquanto seu corpo, impulsivamente, pulava da cama, o que o fez ir direto para o chão.

— !! O que...!

Piscando os olhos com força para despertar totalmente, Nathanael demorou-se minutos horas dias no chão até que seu coração voltasse a batida normal.

Ele sufocou um soluço, estremecendo.

Outro pesadelo, magnífico.

Não era como se ele pudesse realmente se desfazer da memória agravante que era a voz de Hawk Moth e das ordens que ele dirigia para Nathanael, então akumatizado.

Como era mesmo que ele o chamava...?

Ah, certo! Evillustrador!

Realmente apropriado, ele pensou amargamente.

Levantou-se do chão com as pernas trêmulas, o que fez com que sua testa se franzisse ainda mais.

Chutou seu cobertor para longe de si, descontente.

Que fracote, ele zombou de si mesmo, sentando-se em sua cama.

Um flash da lembrança de sua mais profunda dor sofrida no pesadelo foi o suficiente para fazê-lo estremecer novamente com o coração disparado.
Ele não estendia o que estava acontecendo, era verdade. E era difícil manter para si mesmo tais pesadelos terríveis que o tinha assombrado desde o dia que tinha sido akumatizado e, em seguida, purificado por Marinette.

— Marinette — ele murmurou tristemente.

Ela o havia salvo, e ele era tão imensamente grato a ela.

Ela o havia salvo, então ele precisaria estar pronto a qualquer momento para salvá-la se fosse necessário.
Como ele poderia fazer isso, no entanto, se ele tremia sempre que lembrava do que havia vivenciado enquanto era Evillustrador?!

Suspirou, desfazendo-se de tais amarguras. Ele faria o possível para continuar andando um passo depois do outro, disposto a fazer o possível pelo bem daquela que o fazia tão bem.

Lembrando-se subitamente que aquela era uma manhã de aulas, ele pulou da cama, levemente assustado.
Percebeu que seu horário estava um pouco mais atrasado que o comum, mas nada que o fizesse chegar realmente atrasado para as aulas. Apressou-se mesmo assim, correndo de um lado do quarto para o outro, tropeçando em seus próprios pés quando notou uma caixinha posta no banquinho do seu cavalete, que ficava em um dos extremos do quarto. Aproximou-se, tão confuso quanto curioso.

A caixa era pequenina, com uma estampa vermelho-alaranjado em sua tampa, e ele estava certo de que nunca a tinha visto antes.

Hesitou um segundo antes de tomar a caixinha do banco, e estava prestes a abrir quando a caixinha foi tomada por um brilho vermelho-alaranjado, fazendo-o pular e largar a caixinha em direção ao chão.

No entanto, a atenção do ruivo estava totalmente presa no pequeno animal que agora se encontrava bocejando na sua frente, flutuando no ar, como se acabasse de acordar.

— O que no inf...!

Nathanael recuou um passo cambaleante para trás, acabando por morder sua própria língua o que o impediu de continuar gritando.

O pequeno animal olhou para ele, parecendo entediado e ao mesmo tempo curioso, e, parecendo conter outro bocejo, reclamou sob o susto de Nathanael em voz baixa.

Contudo, um segundo depois, o bichinho abriu um sorriso malicioso e olhou para o ruivo, como se esperasse por algo divertido.

— Meu nome é Pytt — ele disse, misteriosamente.

E então voou para mais perto.

— E você foi escolhido.

 




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Notas finais do capítulo

Surpresaaaa² (nem tão surpreendente assim, no entanto)
Estão gostando da história??
Eu definitivamente estou curtindo escrever ela :3
Até próxima semana, e me deixem saber os seus pensamentos, certo!? kkk
ATÉ A PRÓXIMAA



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