Cristal escrita por Mia


Capítulo 20
Capítulo 19 - (In)Certezas


Notas iniciais do capítulo

Por favor, leiam as notas finais, é importante ^^



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Lorenzo estava um pouco diferente. Os alunos, em sua maioria, pareciam animados e ansiosos, nos corredores sussurravam alto e risinhos cumplices tornaram-se frequentes pelos cantos escuro do internato, pela primeira vez, parecia um lugar normal, jovem e Lana sorriu por isso, enquanto andava entre seus colegas, sentindo seus ombros mais leves ao rir das gracinhas de Ben e as tiradas de Lucy.

— Não lembro de ter pedido sua opinião – a ruiva disse, parando e obrigando os outros a fazerem o mesmo.

— Não é uma opinião. É uma constatação. Ninguém se importa se você vem ou não.

Os olhos verdes dela pareceram escurecer, e Lana soube que o momento descontraído tinha acabado. Revirou os olhos e puxou a amiga pelo braço, todos passaram a acompanha-las.

Há dias o humor de Lucy vinha piorando, conforme o cerimonial se aproximava a garota parecia afundar cada vez mais no próprio – como dizia Ben – veneno, e ele estava certo, ninguém se importava se ela iria ou não escapar com o resto da turma. Pra ser sincera, Lana sabia que na verdade ninguém a queria lá.

— E eu não me importo com o que vocês querem quem arrumou tudo de inicio foi eu – Lucy grunhiu por cima do ombro, seus olhos faiscavam em direção a Ben – Vai ter que me aceitar querido.

— Pra onde vamos, vocês já sabem? – uma garota pequena de óculos grande perguntou.

— Isaac ofereceu um rancho não muito longe daqui, a gente vai conseguir chegar lá á pé – Ben respondeu.

Lana olhou pra Lucy pelo canto do olho, aquele detalhe era inédito pra ela. Ela sabia que um número considerável de alunos planejavam aproveitar-se do cerimonial de aniversario em Lorenzo e fugir por uma noite do internato, como parecia ser uma tradição por ali, sabia que Lucy era quem estava organizando tudo, mas saber que estiveram trabalhando em conjunto com Isaac era uma novidade um tanto estranha.

— Tenho coisas pra fazer agora, não posso continuar brincando com vocês crianças – Lucy disse virando pra todos – Adios.

E logo depois sumiu, Lana não tentou pensar onde poderia está indo ou o que faria, olhou pra Ben e esperou por ele, mas ele apenas deu de ombros e sorriu.

— Lana, você vai?

Ela olhou pro Jefferson, o amigo de Ben, que sorria enquanto esperava por sua resposta. Deu de ombros.

— Sim.

— Passo no seu quarto meia-noite então, assim podemos ir juntos.

Nós vamos passar no seu quarto e no das meninas. Geralmente nessas noites os professores e funcionários bebem até cair, ninguém vai está prestando atenção na gente. – Ben disse, em seguida jogou o braço por cima do seu ombro e a arrastou dali – Vou está de olho em você mocinha – sussurrou no seu ouvido.

Lana riu.

°°°

Já estou aqui.

Sorriu pro celular e em seguida o desligou, jogando em cima da sua cama. Lana deu uma ultima olhada no espelho e sorriu pro seu reflexo. Ela tinha cortado o cabelo no ultimo final de semana e agora estava usando uma franja, as pontas tocavam suas sobrancelhas e deixaram seu rosto ainda mais jovem, o vestido rendado que vestia tinha sido um presente de Sonia. Ele era curto, de mangas compridas e o forro por baixo da renda era também preto. Estava bonita. Se sentia assim.

O pátio do internato tinha sido redecorado, no topo do palco montado Lana encontrou seu diretor e ao lado uma Jasmim emburrada e de braços cruzados, ela acenou quando os olhos da amiga caíram nela, mas Jasmim não acenou de volta.

— Acho que cheguei um pouco cedo demais.

Lana olhou pro lado, encontrando Alec e o abraçou.

— Não. Você chegou na hora.

— Está linda Lana, quase não te reconheci.

Ela sorriu encabulada. A noite parecia tranquila, e um pouco chata, não demorou muito pros restantes dos alunos e professores preencherem as cadeiras vazias e a cerimonia enfim começar. Jasmim foi a primeira a fazer seu discurso, ela estava nervosa, Lana percebeu, mas as coisas que dizia foram claramente escritas por outra pessoa. Ela agradeceu pela presença de todos, pelos alunos que ajudaram a organizar tal noite e pelo quadro de professores que contribuíam com Lorenzo, todos eram um conjunto para o internato ser a melhor escola e lugar do país. Pelo rosto de Jasmim ao dizer isso, ela não podia concordar menos com isso. Em seguida seu tio tomou a frente com um discurso mais elaborado e inflamado. E Lana não tentou prestar atenção no que acontecia dali a diante.

— Estou com sede – Alec murmurou.

— Estou com sono.

Seu irmão sorriu, ele tocou seu braço antes de levantar da cadeira e caminhar até onde as bebidas estavam sendo servidas.

Os discursos tinham acabado, Lana tentou encontrar algum conhecido no mar de rosto enquanto todos ficavam de pé e alguns seguiam pra pista de dança, certamente dançarem aquela musica pré-histórica que tocava em algum lugar por ali. Queria encontrar Lucy e tirar suas duvidas a respeito do que deveria fazer a partir dali, era melhor admitir isso do que a busca discreta que fazia atrás de Thor.

Por fim o encontrou, ao contrario do que esperava, estava sozinho, com os ombros encostado na parede e bebendo, e ela sabia que não era refrigerante.

— Encontrei suco pra você – Alec disse voltando a sentar do seu lado.

Lana pegou a taça e a tomou em um só gole.

— Opa. Devia ter dito antes que estava com sede.

Não era sede. Era nervosismo.

— A gente devia dançar.

— Você odeia dançar.

— Quando eu tinha quinze anos sim, mas agora parece uma boa ideia, é deprimente ficar sentada aqui, daqui a pouco aparece algum professor querendo conversar com você – Lana olhou pra pista, viu Jasmim dançando com seu tio e Lucy, pela aparência, podia dizer que estava com seu pai, pelo menos o cabelo dos dois eram cacheados e laranja.

— Ou aquele garoto ruim aparece de novo.

Ela olhou pra Alec, e ele estava sorrindo enquanto bebericava um copo de refrigerante.

— Garoto ruim?

— Qual era mesmo o nome dele? Thor? Que mãe põe um nome desses em uma criança?

— Pensei que você gostasse, quando éramos crianças você sempre dizia que seu primeiro filho se chamaria Aquaman.

Alec riu e olhou pra ela. Seus olhos brilhavam.

— Eu tinha doze anos.

— A idade mental não está muito diferente da de agora.

— Você está muito atrevida maninha.

Lana piscou um olho pra ele e levantou. – Você vem ou não?

Alec suspirou alto, e ficou de pé, acompanhando-a até a pista. Eles movimentavam-se lentamente, com os braços de Lana fechados em seu pescoço e as mãos de Alec pousadas em sua cintura.

— Você está fugindo do garoto ruim? – ele perguntou depois de um tempo.

Lana precisou usar toda sua concentração para não vacilar e pisar no pé dele.

— Do que você está falando?

— Desde criança você é assim, quando alguma coisa aperta você foge, acho que está fazendo a mesma coisa com aquele garoto – ele suspirou e a encarou nos olhos – por mais que eu odeie saber que você não é mais uma garotinha acho que já está na hora de tomar a frente da sua vida Lana.

Ela prendeu a respiração e torceu pra seu rosto não denunciar todas as turbulências que a declaração do seu irmão trouxe a tona. É claro que ele sabia. Ele tinha prestado atenção quando Sonia perguntou sobre garotos e como Lana fugira dessa pergunta, ele tinha percebido como ficara desconcertada com o quem é Thor depois do jantar, de como ela evitou procurar por ele pelo salão. Mas o que ele não sabia era que aquilo era ainda mais complicado do que aparentava.

Se Alec soubesse que por causa de Thor uma louca invadiu seu quarto e a sufocou, que ele a tem perseguido, que ele chegara ao extremo de bater em um cara por ciúmes... Se o irmão soubesse embrulharia Lana em uma caixa e a arrancaria dali, e era por isso que ele não podia saber.

— Ah Alec – ela murmurou escondendo o rosto no seu peito – O que aconteceu com o meu irmão super protetor?

— Cresceu? – ele riu – Já está na hora de nós dois crescermos, no fundo eu sempre soube que algo assim aconteceria.

Lana ergueu a cabeça e o fitou.

— Do que você está falando?

— De você. Da nossa família. Eu sempre soube que um dia alguma coisa te levaria, desde que eu tinha cinco anos e meu pai chegou com você no meio de uma chuva forte, toda embrulhada em uma manta suja, dizendo que você era o novo membro da nossa família, que a parti dali seria minha irmã. Eu sempre quis ter uma irmã, e foi fácil pra mim quando você apareceu, por isso sempre tive a certeza de que com a mesma facilidade você iria embora.

Ela parou seus pés, ficando imóvel e encarou Alec mais a fundo. Era a primeira vez que o via tão sério e concentrado, como se de fato estivesse se despedindo dela. Lana não gostou daquela certeza que encontrou nos seus olhos de que ela iria embora, por mais que as coisas fossem difíceis, nunca cogitou a ideia de abandonar os pais ou Alec. Ela apertou os braços ao redor do pescoço dele e voltou a dançar, dessa vez mais lentamente, temendo que o momento se dispersasse e as palavras de Alec se cumprissem.

— Eu não vou a lugar algum. – ela sussurrou por fim.

— É o que eu mais quero, que você fique com a gente pra sempre – ele disse.


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Notas finais do capítulo

E Alec surge de novo rs, algum palpite sobre suas palavras misteriosas?

Tenho alguns recados pra vocês, o primeiro é que esse dia em Cristal será um pouco longo, MUITAS coisas sinistras acontecerão e serão importantíssimos no fim, pra não deixar um capítulo extenso demais vou dividir em várias partes, espero que entendam

O segundo é que já terminei de escrever Cristal, sendo assim as postagens não ficarão atrasadas, mas será só um capítulo por semana tá, o outro é que com Cristal concluído eu disponibilizei ele pra venda no Clube dos Autores, com capa, todo diagramado bem bonitinho pra quem tiver interesse em comprar sua forma física, ou dá de presente, ou indicar a um amigo se você realmente gostou da minha história, seria bom ajudar uma escritora independente e pobre, até porque a capa me custou alguns Temers hahaha

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Era isso, até a proxima semana
XOXO



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