E se for você? escrita por Lívia


Capítulo 3
Capitulo 3 –Don’t Walk Away.


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta. E sei que me atrasei em lançar o capitulo, mas tive boas razões . Não vou desistir como muitos queriam .kkk ... brincadeira. Na verdade, queria deixá-lo impecável, do jeito que eu queria.
Ele será longo, desta vez. Me perdoem Fallen Angel, Any Louze e todos os que me acompanham.



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P.O.V Nick

 —Nickinho! Você viu a minha maquete? – perguntou meu pai Frank .

Oh não, aquele sonho bobo outra vez, não.  

O Nick- criança , que eu fui uma vez, estava rindo porque  usou a maquete do papai para brincar com os seus carrinhos . Mas não foi só isso, não.

Eu  brinquei com a maquete fazendo uma recreação do filme  Godzilla  com o meu dinossauro de pelúcia , mas não destruí  a maquete.

Só amassei um tiquinho só.

E eu a escondi no meu guarda- roupa. Um lugar improvável dele achar.

Quando eu era criança , e meu pai estava vivo, ele adorava contar histórias antes de eu dormir. Minhas historias preferidas eram O flautista mágico, admito que sempre queria  roubar... , quer dizer, pegar emprestado a flauta dele. E o patinho feio.

E com certeza, o motivo era obvio .Ninguém gostava dele ou queria ser amigo dele por ser diferente dos outros patos.

Meu pai trabalhava muito em projetar novos espaços urbanos na cidade de Zootopia. E quando chegava em casa, ele trazia o trabalho dele para terminar – mas isso não impedia-o de passar sermões ou contar histórias para  mim. Antes de voltar ao trabalho.

A minha pequena orelha se mexe. Passos ecoam até o corredor. E uma mão alaranjada abre a porta do meu quarto.

O pequeno Nick levantou a cabeça quando viu um enorme raposo igual a mim , adulto ,  com um terno amassado sem a gravata. E as patas descalças .

—Você escondeu no guarda-roupa outra vez, não foi? – disse cruzando os braços fingindo uma cara de zangado.

—Não. – menti tentando não rir.

A voz dele soltou uma gargalhada  e , em seguida, ele levantou-me da cama com uma absurda facilidade e rodopiou-me no ar.

—Não me deixe, papai. – pedi com o coração acelerado de tanta felicidade nos olhos.

—Nunca, meu Arqueiro Valente. Nunca.  –E ele me envolveu em seus braços.

Minha mãe chegou por trás dele e nos abraçou.

Nunca iria contar aos meus pais o que acontecia comigo fora de casa.

Lembre-se do que a rainha Elsa sempre diz : Encobrir. Não sentir . Encenação. Um gesto em falso e todos saberão.

Foi dessa música que surgiu a minha frase de efeito: Nunca se mostra tão inseguro.

Meus pais eram o meu refúgio da minha vida lá fora. Da escola e do acampamento. 

Dês do momento em que aquele ser deixou de respirar e de me chamar de Arqueiro Valente minha vida havia acabado. Eu só vivia para manter a  minha mãe viva.

Uma lágrima caiu do meu rosto infantil. E do meu eu adulto também.

—Nick? — uma voz ecoou me acordando do meu sonho.

Uma patinha macia tocou em meu rosto limpando a lágrima que havia brotado.

De repente senti sendo cutucado no ombro, e um aroma gostoso e quente de café me atraía para abrir os olhos e pegar o copo quente daquela bebida viciante.

Acordei não me lembrando onde estava.

—Você caiu no sono. Quer um café?  – disse a voz que me acordou colocando o copo na minha frente.

—Onde conseguiu isso?

—Peguei no vagão – restaurante.

Não sabia que havia uma coisas dessas num trem. Também porque nunca andei de trem com os meus pais. Sempre ia de ônibus ou carro . De repente, me lembrei aonde estava. Num trem saindo da cidade  , junto com a Judy, minha namorada.

Estávamos indo para as Tocas.

—Quer ouvir música ?

—Não. Me deixe aqui com o meu café e o silêncio . Já falei o que acho das suas músicas, cenourinha.

Quando a voz saiu da caixa de som anunciando que estávamos chegando na estação , abri a janela de vidro e coloquei a minha cabeça para fora.

—Você tá maluco?  O que os outros animais vão pensar de você? – sussurrou  Judy assustada sem os fones ,  e com as orelhas em pé.

—Não me importo com o que esses idiotas pensam de mim, cenourinha ! – E botei minha língua para fora rindo.

Nunca havia  tantas árvores nos dois lados da rua ou da estrada. Tanto verde. E ar puro.

Eu já tinha uma musica na cabeça. Era Stranger in Moscow de Michael Jackson.

When you’re alone
And you’re cold inside…

A recordação do riso do meu pai veio a minha mente enquanto sentia o vento uivando em minhas orelhas.

O trem freiou parando na estação Tocas. Estava nervoso. Sério. Mas me lembrei do conselho bobo que dei a Judy.

Mas quem iria responder as perguntas dos pais da sua namorada que nem jogador de futebol saindo do gramado?!

Levantamos do nosso assento e fomos andando pelo corredor até chegar a porta.

A porta se abriu .

E vimos 278 coelhos nos esperando na estação com o mesmo formato - coelho. Engoli em seco.

Santo Raposo!

Saímos para fora do trem .

—Coelhota! – disse um coelho bochechudo com um boné verde abrindo os braços para a Judy .

—Pai! Mãe!  - e Judy pulou nos braços dos dois coelhos.

Enquanto isso milhares de pequenos coelhinhos estavam brincando de peteca. Eles gritavam, pulavam e riam ao mesmo tempo.

Como é que aqueles dois agüentavam cuidar de tantos filhotes?

Só que um dos coelhinhos  lançou alto demais  a peteca fazendo  cair até mim.

Me abaixei para pegar ela . E um coelhinho também.

—Olá! Qual é o seu nome, fofucho?

Ele olhou em meus olhos , inocente como um filhote. Não estava com medo de mim.

—Iorek. – e ele estendeu minha mão. – E é muito prazer conhecer o anjo da guarda da minha irmãzinha , Judy.

O modo gentil como ele disse aquelas palavras me lembrou meu pai.

Apertei em resposta aquela patinha macia .

Depois de Iorek , todos os outros coelhinhos vieram  me cumprimentar. Até que chegou o casal . Pai e mãe de Judy.

Trocamos um aperto de mão, mas ele me pegou de surpresa e me abraçou bem forte , quase quebrando os meus ossos.

— É um grande prazer conhecer ,  senhor . Judy sempre falava coisas maravilhosas do senhor e seus filhotes.

—Seja bem –vindo as Tocas, Nicholas Wilde.

—O senhor pode me chamar de Nick.

— Ocê e minha filha chegaram bem à tempo do piquenique . E convidamos o nosso sócio , Judy. Gideon Gray .- disse a coelha mãe enquanto caminhávamos sobre a grama fofa e verde.

Numa toalha de mesa xadrez vermelha e branca vi sanduíches, biscoitos, sucos , refrigerantes e bolos naquela mesa.

Nunca  encontrei em toda minha vida uma mesa tão farta de comida assim.

E meus olhos capturaram  uma raposa olhando para mim,   com uma franja dividida ao meio. E um pouco gorducho também.

—Gideon Gray . Esse é o meu parceiro policial, Nick Wilde. –apresentou –nos  Judy  parecendo notar aquele clima meio ameaçador no ar.

Ele se levantou da toalha e juntamos as nossas mãos.

—É um prazer conhecer o melhor amigo da Judy. – disse a mentira que queria dizer sorrindo  .

— O mesmo digo de você. Obrigado por ter ajudado a Judy a sobreviver na cidade grande e no caso dos uivantes.  – disse com um sorriso  hospitaleiro e sincero . –E  Judy me contou que gosta de mirtilos e eu fiz um cheesecake deles para você como símbolo de inicio de amizade entre nós .

—Puxa... obrigado. Isso significa muito para mim. Ter um amigo como você.

Nunca havia comido tanto na minha vida. O cheesecake deixou minha boca toda lambuzada, mas estava delicioso. As crianças riram tanto. Judy pegou um guardanapo e limpou todo o meu rosto. Depois de beber e comer , fui brincar com as crianças de pega-pega e esconde - esconde.  Quando eu pegava um dos coelhinhos fazia uma sessão de cócegas nele.

Isso fez Judy ficar com ciúmes dos irmãozinhos dela.

Tomamos banho de rio. Um rio com águas claras e cristalinas e subimos nas árvores para ver o pôr - do -sol . Parecia que finalmente eu estava no acampamento dos meus sonhos de filhote.

Queria tanto voltar ser filhote naquele momento.

No final das brincadeiras , o pai de Judy pediu para os meninos brincarem com a Judy .

—Precisamos conversar.

Ele me levou para  a plantação farta em legumes, frutas e verduras. Parecia que não se usava produtos que prejudicavam ao meio- ambiente, e sim em produtos orgânicos . 

Mas o pai de Judy estava mergulhado no silêncio . Estava tão quieto...

—Algum problema ? – resolvi perguntar.

—Sabe plantar hortaliças ?

—Eu posso tentar. Se o senhor me ensinar na primeira vez eu acabo pegando no ritmo.

—Muito bem. Vamos plantar alguns pezinhos de alface.- E ele me mostrou várias mudinhas envolvidas em plástico preto.

Retiramos do plástico, abrimos um buraco no canteiro , e de cócoras colocamos,  delicadamente, as mudinhas em seu novo lar.

Mas enquanto trabalhávamos ele acabou me contando sobre o passado de Judy, os medos que ele e a esposa tinham com ela morando fora, e o quanto isso afetou a Judy.

— ... Vendo a tristeza de Judy quando voltou para casa sem encontrar as respostas do caso dos uivantes nos deixou chocados. E até tristes.

—Judy nunca me contou das coisas que sofreu no passado.Eu nunca pensei ... não passou na minha cabeça sobre isso.

—O que não passa na minha cabeça , Nick , é que você foi o único que esteve ao lado dela nesse caso. Apoiando, sabendo como agir contra o Chefe Bogo e sendo esperto o suficiente para simular os efeitos das uivantes. Nenhuma raposa teria feito o que você fez! –Isso é verdade.-  Não estou zangado por você ter se apaixonado pela minha filha, muito pelo contrário ,  já te considero como um filho.

E ele me abraçou outra vez. Um abraço apertado como de um urso. Com aquelas mãos sujas cheias de terra como as minhas.

—Bom, acho que vou dar uma olhada nas minhas cenouras... quer vir , filho?

—Não. Vou procurar ver o pôr –do –sol numa das árvores de carvalho , senhor.

—Tá bem, filho. – acenou antes de ir.

Quando ele se virou, comecei a correr com todas as minhas forças.

Rápido. Mais rápido , mais rápido .

E comecei a escalar a árvore mais alta que já vi até chegar no topo.  

O sol estava da cor dos meus pelos do corpo descendo sobre a cidade lá longe. E um estranho vento com as folhas do outono voaram sobre meu corpo trazendo paz. O vento parecia dizer que aqui era o meu lugar. O meu verdadeiro lar.

Foi , então , que eu olhei no meio das nuvens uma imagem.

Devia estar sonhando... Não poderia ser.

—Nick...

—Pai? – disse em resposta.

—Nick... você ainda se lembra de mim e sua mãe?!

—Sim. Sempre.

Seus olhos brancos como as nuvens olharam fundos do meu.

—Nick ...meu Arqueiro Valente... olhe para dentro de você. Aquela coelha merece você , e você sabe disso. Tem o meu apoio e , agora, o do pai dela.

—Como eu posso merecer ela? Eu não sou um coelho. –disse para ele com as lágrimas caindo de felicidade por estar conversando com ele e a tristeza que a sociedade jamais apoiaria um relacionamento entre duas espécies diferentes.

  -Se lembre que você é muito mais que pensa que é. Você é o meu filho.... o meu  anjo!

E sua imagem começou a desaparecer, mas ele conseguiu acenar para mim.

Eu queria gritar para ele não me deixar. Chamar o seu nome.

Mas ele se fora.

Iorek gritou meu nome lá embaixo.

—Mamãe nos chamou para jantar. Vamos.

Desci rápido como um raio veloz. E Iorek subiu em meus ombros cantando uma canção infantil. E eu me juntei a ele até entrarmos no recinto.

Aquela toca era muito parecida com a daquele filme dos hamsters , O  Reitor dos Colares  . *

Me dispensei de jantar porque ainda estava satisfeito com o almoço e fui conhecer a casa. Passei pelos corredores. Entrei em todos os quartos até chegar ao da Judy.

Estava vazio. Judy não estava ali.

Havia uma cama arrumada com uma colcha de cenouras com um fundo lilás . Era a cara dela.

Uma cômoda de madeira com livros de escola. Mas uma coisa me chamou a atenção. Uma caixinha de música. Eu abri e vi um casal de coelhos dançando... E a porta do banheiro ao lado se abre e Judy aparece vestida com uma camiseta xadrez rosa e calça jeans.

—Nick.

Fui pego no flagra. Judy estava assustada comigo, eu praticamente  invadi o seu território pessoal.

—Desculpe-me. Eu invadi seu espaço. – Abaixei minha cabeça para baixo quando resolvi dizer –Preciso ir , Judy.

Seus olhos tremem quando começo a sair ,  indo em direção a porta fechada.

—Ei, aonde você pensa que vai? – Sua delicada patinha agarra meu braço. Eu giro o meu pescoço sobre o ombro e vejo seus olhos lilases lindos e encantadores , olhando sobre os meus.

—Ir no quarto dos seus 276 irmãos, lógico . Prometi contar a história dos sete carneirinhos para eles.

—Não! Eu quero que você fique comigo.

—Não posso.

—Fica. Nick.

—Por quê?

Ela respirou fundo fechando os seus olhos.

—Não importava o que eu fazia  quando eu era pequena ou quando me formei  como uma policial , as pessoas achavam que eu era fraca para estar entre eles. Por isso que eu fiquei feliz em ter resolvido meu primeiro caso  ao seu lado e você sorriu,  e me agradeceu por ter confiado em você. Você foi capaz de realizar o meu sonho por completo, Nick. Você mudou os meus olhos .

Nunca te tratei você  como  todo mundo!

—Mas invés de me abrir como você ... não falei dos meus sentimentos que nutro de  você. – continuou.  – Obrigada por ter me escolhido como amiga e contar a sua história .Obrigada por ser o meu parceiro da policia. Obrigada por se apaixonar por mim.

As pálpebras de seus olhos fechados tremeram, e mostraram a ameaça de um choro silencioso dela. Seu corpo estava trêmulo.

—Você...

—Judy.

—Você é o meu anjo. Meu anjo. Meu anjo.  Eu te amo , meu anjo. Eu , apenas , amo você.

Meu corpo se arrepiou com aquela declaração de amor.

E antes que eu dissesse  qualquer coisa, Judy se jogou em meu corpo, envolvendo- se  ao redor do meu pescoço e sua boca encosta na minha.

Sinto que estou parando de respirar e arregalo os meus olhos.

Sua língua afasta meus lábios e encontra a minha, e sinto meu corpo estremecer em todos os lugares.Parecia que estava prestes a explodir.

Ela se afasta, linda  , com os seus olhos lilases amorosos   e encontra os meus olhos entorpecidos de felicidade.

Judy empurra meu corpo em direção a cama. E quando dou por mim, ela arranca minha gravata.

—O que está fazendo?  Vai jantar com os seus pais...

—Shhh. Perdi a fome. Quero , apenas , dormir com você , pela primeira vez. –Suas patinhas estão em meu peito ouvindo meu coração.

—Durma aqui comigo, Nick. – pediu mais uma vez.

E quando vejo estou dormindo de conchinha com ela em meus braços.


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Notas finais do capítulo

* O Reitor dos Colares era o senhor dos anéis .
Gostaram??
E digno de elogios ou pode ser mandado para o gelo?!
Deixem seus comentários e até a próxima.
Bjs



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