Os Cinco Selos escrita por Tio Arcanjo


Capítulo 207
Labirinto


Notas iniciais do capítulo

OLHA EU AQUI
YO!

Dessa vez eu não tenho desculpinhas para dar pelo sumiço não. Fiquei mo sem vontade de escrever por um tempão, e só consegui acabar este capítulo essa semana. Para ter uma noção, eu criei este capítulo dia 28/10, e só acabei justamente dia 28 desse mês. Ideias não faltam, a difucilidade tá sendo mesmo em escrever sabosta
Tô ficando velho mesmo. O tio está virando tio

Boa leitura ^^



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Em um avanço desenfreado, Pietra adentrou na montanha, com suas chamas verdes iluminando o caminho ao lamber as paredes. Lá dentro, haviam trilhos e carrinhos, abarrotados do minério que seria utilizado para criar armamentos, armaduras e dispositivos. Eram os reptilianos que faziam todo o trabalho árduo, retirando lascas de minério das rochas durantes horas, ou dias, com picaretas toscas e sem nem mesmo terem direito a pausa. Logo na entrada, ela já começou a se sentir sufocada por dentro das minas, e ficou ainda mais irritada ao imaginar o que aquele povo passava de forma tão desprezível.

Para a sorte do Selo, mas para o azar de seus inimigos, ainda haviam demônios no interior da mina, e ela não hesitou esmagá-los com golpes pesados e únicos desferidos com seu machado, assim descontando toda sua raiva. Os reptilianos, é claro, tinham ainda mais sorte, e aproveitavam para fugir no mesmo instante.

Depois de muito tempo seguindo correndo sem parar e golpeando tudo o que fedia a demônio em sua frente, Pietra finalmente parou ao constar que estava completamente perdida. Túneis filho da puta!, pensou, e não estava errada. Os túneis não detinham padrão algum, feitos em direções e proporções aleatórias. Uns eram muitos logos ou curtos, variando de amplos a muito estreitos. Uns se bifurcavam, outros chegavam a ter até mais de cinco caminhos diferentes a seguir. Porém, o ar pesado e rarefeito era o mesmo, precedido por um odor acre, no qual ela não fazia a mínima ideia do que era — e talvez fosse melhor assim.

Os pelos de sua nuca se ouriçam quando a presença poderosa do Dedo percorreu pelo seu corpo como uma fria e leve brisa, chamando sua atenção para a direção certa. Como resposta, Pietra abriu um sorriso mordaz.

— Ah... quanta generosidade. Irei garantir que se arrependa disto, demônio.

Agora, com certa cautela, Pietra seguiu pelo caminho em que a presença percorria. A todo momento o chão era irregular, com exceção sob os trilhos, que eram relaxadamente colocados. No caminho, encontrou com vários reptilianos mortos, e até mesmo ossadas. Demônios também jaziam entre eles, em menor quantidade, porém, e as perfurações e picaretas cravadas em seus corpos sinalizavam que os reptilianos os enfrentaram em uma tentativa de fuga recente. Liberdade é o direito de qualquer raça, pensava Pietra, e é uma pena que demônios não sabem utilizá-la. Às vezes questiono sobre a minha liberdade, pois tudo sempre me leva ao mesmo caminho de destruição e sangue. Acho que os outros pensam nisso também, e talvez seja por isso que nos agarramos tanto a vida humana... nos agarramos tanto nas criações de Edward e Mikaela. Deckard e Miana... os primeiros de nossa raça que nasceram não vindo de uma necessidade de caos, e sim do que os humanos chamam de amor. Mas, infelizmente, nosso sangue sujo ainda corre em suas veias. Ela mordeu o lábio. Eles são o nosso futuro, portanto, mesmo que eu morra, farei meu mentor ruir. Começando por este demônio... seu “dedo”.

Enquanto monologava, a presença do inimigo levou Pietra em um caminho que se finalizava em uma cavidade ainda no interior da mina, que já constatara há muito estar quilômetros sob a superfície. Sair desse labirinto vai ser uma merda, pensou. Ela caminhou até a borda, fintando a queda de muitos metros. Era tão profundo que, dali, só conseguia enxergar pequenos pontos de luz vindo de baixo.

Várias outras passagens também se finalizavam naquela cavidade, tantas que ficavam sobrepostas em andares, e Pietra estava no primeiro do topo. Era possível descer pelo caminho circular que se fazia por todos os andares, dando a volta em toda a circunferência do oco até seu fim. Contudo, o Selo optou pelo caminho mais rápido e prático: saltou para a queda livre.

A todo momento seu corpo se manteve ereto, cortando o ar com seus cabelos ondulando intensamente. Dada a velocidade, ela não conseguiu observar nada que a chamasse atenção entre os andares. Chegando ao fim, Pietra flexionou os joelhos e chocou-se contra o solo, erguendo uma cortina de poeira. Agora, em sua frente, uma enorme porta, com diversas criaturas demoníacas talhadas em sua superfície, se erguia. Pelas frestas, a nephilim sentia o odor sujo e a presença do demônio exalando poderosamente.

Descendo pelas paredes como se fossem gotas d’aguas, cachorros demoníacos de aparência horrenda surgiram, rosnando ferozmente mostrando seus terríveis dentes. Uma destas feras se precipitou, saltando direto nas costas do Selo, cravando seus dentes, que se estilhaçaram ao se fechar sobre a resistente armadura. Pietra o agarrou pela nuca e arremessou contra a porta, fazendo-o chiar e recuar.

Um dos cães investiu contra o flanco esquerdo, e Pietra girou sobre o pé, acertando-o pesadamente com o machado, destroçando seu focinho e esvaindo sua vida. Os outros três avançaram ao mesmo tempo, e ela rolou pelo chão na única direção livre. Os cães erraram seu alvo e imediatamente se reposicionaram, afastando-se abertamente um do outro e cercando a nephilim.

Desta vez, Pietra que avançou, antes que os demônios pudessem planejar um segundo ataque em conjunto. Ela desferiu um golpe em arco de baixo para cima, atingindo a criatura, mas não fatalmente, pois o demônio havia recuado o suficiente antes de ser atacado. Um cravou as presas em seu antebraço e o outro no tornozelo, contudo, com o fervilhar das chamas verdes, ambos recuaram ao se queimar, grunhindo de dor. O primeiro retornou ao ataque, mas o Selo o parou com a mão no pescoço, a poucos centímetros de seu rosto. Ela o apertou com toda sua força e imbuiu suas chamas na fera, que se contorceu macabramente até morrer.

Ora, um dos dois que sobraram tremeu de medo e fugiu apressadamente. O último, hesitou sozinho por pouco tempo antes de investir novamente, com seus dentes amedrontadores à mostra. Pietra devolveu um sorriso sádico.

— Ah... quanta coragem...

Sem demonstrar misericórdia, Peste arremessou seu machado diretamente contra o cão, atingindo-o certeiramente enquanto a arma continuou a se projetar até brandir contra a grande porta, também a obliterando por completo.

 

 


Aquela repartição era enorme, tanto em quesito de altura quanto em largura. As bordas do salão eram banhadas pela lava e água, onde não se misturavam.  Ao lado direito, fluindo de esculturas de faces demoníacas esculpidas direto na rocha do túnel, a água era o que dominava, enquanto a lava escorria no lado direito. Fora isto, o salão tinha nada de mais. Seguia-se vazio até o fim, onde se erguia o trono de pedra e aço, e o Dedo ali se encontrava.

O demônio era alto, detinha fortes músculos e sua pele era completamente negra, assim como a pelagem que cobria seus antebraços e partes do dorso e das pernas. Sua cabeleira era volumosa e escura, tocando os ombros. Em seus olhos, não era possível distinguir a íris da esclera: era tudo um único cintilar amarelo. Seu rosto de formato quadrado se retorceu em uma expressão de desagrado quando o machado se cravou no chão com o cão dividido ao meio.

— Não pensou que estas feras iriam me parar... pensou? — disse Pietra, aproximando-se do machado e o pegando de volta, repousando-o sobre seu ombro.

— Não — respondeu Er'nock, um dos Dedos do orgulhoso Imperador Lúcifer. — Ordenei para que todos partissem, mas eles voltaram para me proteger. Pelo que vejo, um de meus cães fugiu como ordenei, e isto me deixa mais aliviado.

— Oh... que bonito. Se não fosse um demônio, eu teria sentido pena e meu coração teria sido partido agora.

— E o que eu ser um demônio tem a ver com os lanços que crio com outros seres? Como humano, também nutro apreço pelos meus cães. E você matou quatro deles...

— E não será só eles que irei matar, demônio. — Pietra abriu um sorriso mordaz, encarando o Dedo.

— Espero que outros nephilins não sejam como você, pois seria uma decepção — exprimiu com desprezo em um semblante de fúria. — Vocês são todos iguais. Só de farejar um leve odor de sangue, perdem a cabeça e se tornam seres doentios e sádicos.

— Humpf. Disse o ser que é líder de uma mina onde se escravizam e matam seres sem o menor pudor. De uma mina onde se extrai o minério responsável por armar um exército de sombrios comandado por anjo caído que deseja destruir o mundo, matando a todos que nele vivem.

— É isso que você pensa sobre os objetivos de meu Imperador e seu mentor? Lúcifer irá mudar o mundo. E, para isto, sacrifícios são necessários, seja escravizando este povo, ou dizimando muitos outros.

O rosto da Peste se fechou sombriamente.

— Se você está tão conformado com a ideia de sacrífico — dizia ela —, então por que está tão incomodado por eu ter matado seus cachorrinhos imundos? Eles se sacrificaram para que eu não chegasse a você, afinal.

O nível de fúria em Er'nock subiu tanto ao ponto de uma energia vermelha emanar em seu corpo, começando suavemente. Ele se ergueu, pegando um escudo que estava repousado ao lado de seu trono. O escudo, robusto e de forma pentagonal, era inteiramente forjado em falso-vidro, com as laterais compostas em camadas sobrepostas e de centro liso, cintilante e cravejada de runas. Pela primeira vez, Pietra notou a estranheza da mão direita daquele ser. Seus dedos, a cada vez mais perto das unhas, pareciam ser cristais, transparentes e cintilantes. Em sua mão, no centro, era como se houvesse uma opala incrustada ali, vazando até o lado posterior. Fissuras saiam dali, rodando todo o antebraço em linhas de percurso nada singular, contorcendo-se.

— Vou garantir que seus restos sejam devorados pelo meu cão.

— É? Então o que restou irá ficar feliz por não ter que dividir.

Er'nock flexionou os joelhos e investiu, envolvendo-se em sua energia vermelha. Pietra se manteve parada, com suas chamas verdes passando a ondular em seu corpo. Ela apertou a haste com as duas mãos e golpeou. O demônio postou seu escudo a frente, chocando-se contra o impetuoso machado. O impacto fora poderoso, fazendo as placas de falso-vidro estremecerem, assim como o próprio Er'nock. Ele não recuou, porém, e logo começou a ser subjugado pela grandiosa força do Selo.

Cerrando os dentes pelo esforço que fazia, o Dedo foi obrigado a recuar em um salto, pois seria esmagado pelo machado se continuasse. Entretanto, ele não encerrou seus ataques por aí. As runas em seu escudo acenderam em um brilho rubro, e Er'nock o brandiu contra o ar. Peste se surpreendeu ao ver uma massa rubra de ar se deslocar em sua direção, e só teve tempo de cruzar os braços antes de ser diretamente atingida. Seu corpo se projetou no ar, voando até para perto da porta, onde rolou deprimentemente pelo chão até se colocar de pé. Ao erguer a cabeça, viu que o demônio estava vindo em sua direção.

Seus olhos instintivamente desceram para o estranho braço do Dedo. A região que parecia uma opala cintilou intenso e belamente em um brilho multicolorido, e as pontas dos dedos e fissuras foram tomadas por esta cor fascinante. Era hipnotizante e estranhamente aconchegante olhar para aquele resplendor, mas isto apenas fez com que o Selo sentisse seu corpo preenchido pela sensação de perigo. Pietra não hesitou em escutar seu instinto e saltou desajeitadamente para trás no último instante, e a mão de Er'nock passou rente ao seu rosto, fazendo-a sentir como a atmosfera em volta do braço era pesada e sufocante.

Recuperando o equilíbrio, Pietra pulou para um andar acima na cavidade, e logo disparou um turbilhão de chamas verdes em direção ao demônio, que utilizou o escudo para se defender. O calor era árduo e Er'nock sentia sua energia esvaindo levemente a cada segundo. Subitamente, o turbilhão cessou e o machado voou em sua direção. Querendo absorver a energia do impacto para seu escudo, ele brandiu o armamento contra o machado, rechaçando-o para cima. Porém, isto demonstrou ser um erro, pois Peste se aproveitou de seu momento com a defesa aberta e golpeou-o no estômago com um soco flamejante. Ele voou para dentro da câmara deixando um rastro de chamas verdes.

Um escudo que, além de ser bem resistente, armazena a energia dos meus golpes e um braço esquisito, pensava ela, enquanto pegava o machado de volta. Onde arranjou ele, Mentor?

As costas de Er'nock chocaram contra o trono, freando seu voo. Olhou para a marca queimada e dolorida em sua barriga, e resmungou.

— É assim que pretende vingar seus cachorrinhos, demônio?

 O Selo avançou, obrigando o Dedo a se pôr de pé rapidamente. Ele inclinou levemente o escudo em direção ao chão e disparou a energia absorvida no golpe anterior, que explodiu contra o chão onde Pietra pisaria, e assim ela perdeu seu completo equilíbrio. Er'nock deu um longo passo e já se aproximou o suficiente dela, tentando outro ataque com seu estranho braço direito, e este vindo de cima para baixo.

O corpo da Pietra estremeceu ao ver mão oscilando em sua direção. Em ínfimos instantes, ela reposicionou seu machado para suas costas, deixando com que o peso da arma alternasse seu curso — o que surpreendentemente deu certo. A anomalia passou rente à sua armadura, sem a tocar, e atingiu diretamente o solo.

Ora, a nephilim demonstrou estar completamente certa ao temer aquela estranha mão, pois o solo simplesmente desapareceu ao toque. Uma circunferência de quatro palmos de diâmetro de terra fora completamente apagado sob um lindo cintilar, como se nunca ali tivesse existido, deixando apenas uma cavidade levemente aprofundada sem vestígio algum.

Os olhos da Pietra se arregalaram ao ver a cena e sua íris verde brilhou ainda mais intensamente. Mate-o, sussurrou sua própria voz na cabeça, e seu corpo pareceu se mover sozinho. Quando percebeu, seu corpo já estava firme novamente, em seguida saltou erguendo seu machado vermelho nas alturas, preparando para guilhotinar aquela ameaça.

Contudo, tentando sua redenção pela sua fraqueza e amedrontamento, o último cão demoníaco vivo de Er'nock adentrou na câmara no momento certo e saltou em direção ao Selo, interrompendo a sentença certeira.

Continua ♥ :p


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Notas finais do capítulo

FELIZ ANO NOVO AI SEUS LINDOS
Que vocês consigam tudo aquilo que desejam, mas sempre se lembrem que é preciso correr atrás para isto
Por exemplo, era para eu ter terminado isso aqui ano passado, e meus personagens tão no inferno ainda PORQUE NEGLIGENCIEI MEUS DEVERES COMO DEUS DESSE MUNDO
MAS VAMO EM BUSCA DE TERMINAR ISSO AI ESSE ANO AMÉM
Obg por terem lido, e me desculpem pela demora!
Fiquem com quem acharem melhor e tenham um bom ano! ;)

Fanfic também postada em: http://onlyanimes.net/fanfics/historia/22332/os-cinco-selos
http://fanfics.com.br/fanfic/52986/os-cinco-selos-rpg
https://fanfiction.com.br/historia/686669/Os_Cinco_Selos/
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SEM DROGAS, CLARO



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