Partners escrita por Fe Damin


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos, mais um capítulo pra vocês! Eu sei que a parte em que eu parei o anterior foi bem digna de alguns xingamentos, espero compensar com esse aqui. O capítulo está pequeninho, mas é um dos meus favoritos, até porque a conversa aqui é uma das mais importantes da história inteira.
Espero que gostem ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/686553/chapter/18

Hermione Pov

—Ron? – ele se virou em minha direção como se tivesse levado um choque.

—O que você está fazendo aqui? – a voz dele era dura e fria, rapidamente ele se levantou.

—Eu... vim conversar com você – falei, tentando conter o embargo na voz.

—Ah! Agora você quer conversar? – perguntou irônico - Eu não tenho nada mais a dizer, esperei por um mês, dois.... já cansei de esperar, você pode ir – ele apontou para o local de onde eu tinha vindo e deu as costas para mim.

Eu nunca tinha visto aquela frieza nas maneiras dele, o olhar que me cortava com o fio digno de uma navalha e a voz que não dava nenhuma abertura para me mostrar o Ron que eu tinha deixado na plataforma. Então era isso? Terminaria em menos de cinco minutos a conversa que eu passei meses adiando? Se eu fizesse como ele instruiu, seria realmente o fim sem nem ter havido um começo, mas eu decidi que era o momento certo para colocar a minha armadura de lado e mostrar a ele o que tinha por baixo, na esperança de que o Ron de antes também estivesse apenas escondido.

—Você estava certo – declarei no modo mais firme que consegui, ainda parada no mesmo local a alguns passos dele.

—Oi? Não ouvi direito, pode repetir? – ele se virou novamente para mim, agora um sorriso enfeitando seus lábios, mas não era nem de longe o sorriso que permeava os meus pensamentos, aquele só transmitia escárnio.

—Você estava certo – falei mais alto, faltando pouco para gritar.

—E sobre o que especificamente? – ele levantou a sobrancelha, irônico.

—Você me disse que eu iria me arrepender de ir – não consegui dizer com todas as palavras que eu estava arrependida, era tão novo para mim, admitir qualquer coisa que me colocasse em uma posição vulnerável - é tarde demais? – dessa vez minha voz não era nada mais do que um fiapo

—É – meu coração apertou com a declaração tão apática dele - eu estou mais do que cansado de esperar, foram o que, 4 meses? Mas quem está contando... – ele levantou os braços gesticulando – você achou que eu ia simplesmente ficar sentado esperando você decidir se eu era “digno do seu mundo perfeito”?

As palavras dele tiveram o efeito de uma malha de aço se fechando em torno de mim, fui idiota em achar que ele aguardaria a minha boa vontade de procurá-lo, eu tinha deixado tempo demais passar e agora precisava lidar com as consequências, alguém só precisava dizer isso ao meu coração, pois ele batia tão descompassado que eu temia que fosse parar de vez.

—Ah, você está com alguém, me desculpe – só o pensamento de outra pessoa recebendo os olhares e sorrisos que eu tive só para mim por um período tão breve, era o suficiente para me fazer querer deixar de ter imaginação, cada uma das imagens doía mais fundo - eu não deveria ter vindo, me perdoe por perturbá-lo.

Não esperei por alguma resposta, pois no fundo eu sabia que não haveria nenhuma, me virei e comecei a voltar, eu só queria colocar a maior distância possível entre nós e dar um jeito de lidar com os sentimentos que ameaçavam me engolir. Eu mal tinha dado alguns passos quando senti a mão dele capturando o meu pulso.

—Hermione, espera! – aparentemente eu tinha um coração tão tolo, que bastaram aquelas palavras para ele se agarrar novamente a esperanças - Foi mal, eu estou meio nervoso - ele respirou fundo e soltou a minha mão, o local onde seus dedos me tocaram permaneceu formigando – Não tem ninguém – ele declarou desviando os olhos do meu, a frieza anterior quase toda dissipada.

—Não tem? – nem perdi tempo me sentindo idiota por perguntar algo que ele tinha acabado de me dizer, de algum modo irracional eu precisava ouvi-lo dizer de novo.

—Não – ele balançou de leve a cabeça, ainda se recusando a me encarar.

—Desculpa por ter partido, por querer ir sem dizer nada – ali estava, a minha confissão de culpa.

Ele permaneceu em silêncio e eu senti a ansiedade crescer com o passar de cada um dos segundos. Finalmente ele levantou os olhos para mim, não eram mais dois cristais de gelo, mas eu tampouco conseguia entender o que se passava por detrás daquelas íris. Um suspiro fugiu por entre os seus lábios antes que ele dissesse:

—O que você quer, Hermione? – agora ele parecia cansado, como se tivesse gasto horas e horas em um trabalho árduo que não chegou a lugar nenhum.

A pergunta me pegou de surpresa, foi a mesma coisa que eu perguntei a ele na estação, a resposta estava na ponta da minha língua.

—Eu não estou pedindo o mundo, Ron só estou pedindo uma chance.

—Agora você quer? Eu quis te dar o meu mundo todos aqueles meses atrás e você não quis, você já tem o seu e aparentemente eu não me encaixo nele – mágoa, orgulho, ressentimento, tudo estava ali exposto nas nuances da voz dele.

—Eu já falei que estava errada, o que mais você quer que eu diga? - eu sabia que não tinha o direito de ficar brava, mas o nervosismo se traduziu em irritação - eu não sei fazer isso, não tenho a menor ideia de como deixar alguém se aproximar de mim – declarei, palavras que eu nunca me imaginei dizendo em voz alta, uma vez aberta a caixa de pandora, não dava para colocar os monstros de volta. Eu chacoalhei os braços beirando o desespero em fazê-lo entender e, inconscientemente, me aproximei deixando apenas um passo de distancia entre nós.

Ele parecia ter perdido a capacidade de fala, me olhava como se nunca tivesse me visto.

—E você estava certo sobre outra coisa também, eu estou com medo – pousei a mão no meu peito, como se pudesse me dar qualquer tipo de proteção - medo de tudo, medo de estar perto de você... porque você sempre me convence a fazer coisas que eu não deveria e ai você me olha.... – fechei os olhos pra tentar conter as lágrimas que já se acumulavam, era tanta coisa que eu queria colocar para fora, que as palavras estavam se misturando.  

—Eu percebi que não dá para esquecer, não dá para fingir que nada aconteceu! – me calei, tentando recuperar o fôlego depois da minha sucessão de confissões, ele ainda me encarava calado, eu precisava fazê-lo reagir, dizer qualquer coisa, nem que fosse para me mandar embora de novo, então joguei a minha última carta – Eu estive sempre a beira de um precipício, Ron, mas você me empurrou e eu caí sem volta, não consigo fazer isso sozinha.

—Foram só três dias, Hermione nada demais, não é? – por um momento pensei ouvir uma incerteza na voz dele, será que ele estava tentando se convencer também?

—Não foram três dias! – minha resposta saiu rápida e incisiva, minha mão instantaneamente se fechando em torno do meu colar - Não foram.... – sussurrei.

Ele me olhou por mais alguns momentos, até que se aproximou envolvendo as minhas mãos com as dele.

—Não – ele concordou, os olhos dele, agora tão próximos, faiscaram e finalmente eu me permiti acreditar que tudo daria certo.

—Isso significa que você me perdoa?

—O que me garante que amanhã você não vai restaurar toda a sua lógica e bom senso e chegar à conclusão de que isso foi outro “erro”? Sou eu que fico pra trás de novo – agora a insegurança estava à mostra não só nas palavras dele como também na expressão que moldava o seu rosto.

—Eu não vou embora – repeti a promessa que ele me fizera há tempos atrás, quando eu vi o alívio no rosto dele, deixei que um sorriso surgisse em meus lábios

—Ótimo, eu também não vou – as mãos dele se soltaram das minhas e enlaçaram a minha cintura, colando os nossos corpos.

Ele não desviou o olhar do meu por nem um segundo, o principio de um sorriso tímido enfeitou os seus lábios, expulsando o restante da relutância e da dureza que tornava o seu rosto tão insensível minutos atrás, agora eu já conseguia enxergar de novo o Ron que fazia o meu pulso acelerar com tanta facilidade.

—Quer dizer então que eu sempre consigo te convencer, é? – ele sussurrou ao meu ouvido, usando contra mim as minhas próprias palavras.

—Depende do quão perto você está de mim – falei baixinho, contendo um suspiro ao sentir o nariz dele tocando o meu pescoço.

—Perto o suficiente? – ele provocou

—Aham – respostas inteligíveis já estavam ficando difíceis.

Ele levantou o rosto e parou com a boca a centímetro da minha, não se moveu e ficou me encarando com o olhar obscuro.

—Você não vai me beijar? – eu não sei o que me fez perguntar, eu precisava sentir os lábios dele nos meus, e se demorasse mais um pouco eu resolveria o impasse.

—Eu te disse há muito tempo atrás que um dia você ia me pedir um beijo e eu não ia te dar – ele falou sério.

Meus olhos se arregalaram, eu senti a decepção surgindo e o meu coração se contraindo, eu tinha entendido tudo errado?

—Ainda bem que eu estava mentindo – ele sorriu, seu melhor sorriso atrevido e eliminou de vez o espaço que nos separava.

Naquele momento eu decidi definitivamente que a realidade supera a imaginação, nem as memórias que eu tinha conseguiam mais fazer jus a sensação que os lábios dele me causavam. Pela primeira vez, me permiti aproveitar tudo o que ele me dava sem hesitação, sem pensar que eu me arrependeria, eu sabia que ali estava o que eu queria, o que tornava a experiência totalmente nova. A mão dele pressionava a minha nuca, não dando brecha alguma para que eu me afastasse, não que eu tivesse essa intenção. Nos devorávamos sem reservas, o ar me faltava nos pulmões, mas eu me recusava a me afastar.

Ele puxou a minha blusa para cima, e num movimento automático eu levantei os braços para que ele pudesse tirá-la antes de jogá-la longe. Imitei o gesto e, em poucos momentos, meus dedos deslizavam pela pele do seu peito despido. O tempo separados parecia ter cultivado uma necessidade intensa em nós dois, ambos tentando saciá-la da melhor forma possível. Não demorou muito para o Ron achar o fecho do meu sutiã, ao sentir a pressão das mãos dele sobre os meus seios, eu mordi o lábio reprimindo um gemido, ele continuou com carícias cada vez mais ousadas, quando eu me dei conta de onde estávamos.

—Ron, o que você está fazendo? – minha voz saiu rouca e nem de longe perto do tom autoritário que geralmente acompanhava esse tipo de pergunta;

—Aproveitando cada pedacinho de você – para ilustrar a afirmação, ele desceu as mãos para minha cintura, dando atenção aos meus seios com os lábios.

—Nós estamos no meio de um bosque – tentei protestar, embrenhei meus dedos no cabelo dele, mas ao invés de separá-lo de mim, eu apenas me certifiquei de que ele não iria a lugar nenhum.

—E? – ele já tinha desabotoado a minha calça e trabalhava em abaixá-la.

—No quintal da casa dos seus pais – não sei nem porque me dei o trabalho de continuar implicando, eu já sabia que não iria embora.

—Você me deixou esperando 4 meses, não espero mais nem 4 minutos – ele levantou os olhos para encontrar os meus e eu vi a seriedade representada ali, apenas para segundos depois ser envolvida pela pressa e o desejo que já me consumiam também.

Não prestei mais atenção em nada a minha volta, a grama que pinicava as minhas costas não incomodava e o fato de qualquer pessoa poder aparecer ali nem passava pela minha mente. Tudo se resumia a ele e a mim, tentando compensar minha estupidez que nos custou meses afastados. Eu era acostumada a sentir saudade, não tinha um dia em que eu não pensasse nos meus pais, mas a falta que ele me fez tinha um tom todo particular, e diferente do vazio que para sempre seria o lugar do meu pai e da minha mãe, o Ron estava ao meu alcance para completar pelo menos um pedaço do buraco que às vezes eu sentia no peito.

As mãos dele foram habilidosas o suficiente para se livrar da minha calça e eu não resisti à provocação.

—Agora você não pergunta mais se pode sair tirando a minha calça?

Ele tinha o corpo deitado por cima do meu, se ocupando de beijar o meu pescoço, mas entre uma carícia e outra, arranhou fôlego para responder.

—Você por acaso quer ela de volta? – a resposta irônica foi acompanhada pela mão dele que se insinuava por dentro do tecido da minha calcinha.

Mordi o lábio para conter um gemido mais alto quando os dedos dele encontraram o local exato onde eu os queria, fechei os olhos e desisti de tentar uma resposta para a pergunta dele, minhas reações já falavam por si sós. Nossa pressa não deu lugar para muitas provocações, o mais rápido que pode, ele se juntou a mim e em sincronia atingimos o clímax. Nossas respirações demoraram um pouco para voltar ao normal, o subir e descer dos nossos peitos, marcava a intensidade do momento. Ficamos abraçados em silêncio, palavras parecendo supérfluas para completar o que sentíamos. Os dedos dele acariciavam as minhas costas e eu me aconcheguei ainda mais de forma que a minha cabeça estivesse encaixada na curva do pescoço dele.

Uma paz que eu não sentia há muito tempo entorpecia os meus sentidos, eu me preocupei tanto com o resultado do no reencontro, que não tinha como não aproveitar o alívio, e as batidas mais leves do meu coração. Ele se afastou um pouco para que nossos olhos pudessem se encontrar, e o sorriso radiante dele acabou me contagiando, parecíamos bobos, mas não tinha ninguém ali para nos julgar. Esse pensamento me fez voltar a lembrar do local em que nos encontrávamos e eu quase revirei os olhos por ele ter conseguido mais uma vez.

—Você precisa parar com isso, já aviso desde já – quebrei o silêncio, e ele me olhou confuso.

—Se você acha que eu não vou querer...

—Não é isso, seu bobo! – claro que a conclusão que ele chegou tinha sido a errada.

—Parar com o que então?

—De me convencer a fazer o que você quer – os olhos dele assumiram um brilho provocante, ele estava claramente satisfeito com a proeza.

—Não vejo cara de arrependimento – a inocência fingida me arrancou uma gargalhada - e agora que eu descobri o meu superpoder, não vou me livrar dele tão cedo.

Dei um tapa no peito dele, o que ele respondeu segurando meu queixo com a mão livre e me dando um beijo profundo. Ao se afastar, ele ficou me olhando por alguns segundos, como se me avaliasse. Não sei o que ele procurava, a expressão dele não me deixava decifrar o mistério, mas ele acabou dando voz ao que o perturbava.

—Mione?

—Oi – ele deitou a cabeça novamente, quebrando o nosso contato visual, me pareceu que ele estava meio sem coragem de continuar.

—Isso é pra valer, né? Não te deu vontade de sair correndo? – então era isso, eu senti a hesitação dele ao perguntar, mas sabia que ele devia estar se remoendo por dentro para ter certeza de que as cenas do nosso último encontro não se repetiriam.

Eu me sentei, me inclinando sobre ele, a fim de olhar fundo em seus olhos, para que não restasse nenhuma dúvida em relação a minha próxima declaração.

—Ron, eu já falei que dessa vez eu não vou embora – me movi para dispensar os centímetros que nos separavam e beijá-lo sem nenhuma pressa, ele levantou os braços e me envolveu num abraço do qual eu não saí por um bom tempo, eu já considerava aquele um dos meus lugares favoritos.

—Já está escurecendo – observei depois de algum tempo.

—Melhor a gente ir, minha mãe com certeza está nos esperando para jantar.

—O que? – me sobressaltei com o pensamento de jantar com a família dele.

—Meus irmãos vêm jantar hoje – ele explicou.

—Ai meu Deus – eu estava envergonhadíssima, primeiro porque me sentiria uma intrusa, depois porque eu tinha medo de estar escrito na minha testa o que tínhamos feito ali.

—Que cara é essa?

—Eu não estou preparada para conhecer a sua família toda – respondi sincera, a minha família se resumia basicamente a mim, eu não me sentia capaz de enfrentar a família Weasley toda de uma vez.

—Deixa disso, eles são ótimos, e nem é a família toda, só os gêmeos a mais hoje e o meu pai, ah e o Harry, mas ele você já conhece – ele falava como se não fosse nada, e eu quase ri.

—Não me deixou mais calma, eu não sou boa com pessoas.

—Eles vão te adorar – a certeza dele era tão clara que eu quase acreditei.

—Acho melhor eu ir para casa – tentei mais uma vez, mas nós nos sentamos e ele pegou minha mão, antes de usar o argumento que encerraria de vez aquela discussão.

—Negativo, quem fica, fica para tudo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E não é que os dois fofinhos se entenderam? Já estava na hora, né? O que vocês acharam dessa conversa cheia de confissões? Com certeza não foi fácil pra Mione.
Agora ela vai ter que encarar a família Weasley, imaginem os gêmeos quando o Ron aparecer com uma “namorada” ahuahuaha
Me digam o que acharam.
Até o próximo capítulo.
Bjus