Partners escrita por Fe Damin


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Começo hoje agradecendo a lindíssima Tiny Weasley pela recomedação de Partners! Meu dia está até mais bonito depois de ler as suas palavras e fico mais empolgada ainda para continuar escrevendo, muito obrigada!
No capitulo anterior os dois lindinhos terminaram bem felizes e juntinhos, mas vamos ver o que aconteceu no dia seguinte.
Agora nas palavras do Ron, as reações dos dois, resultante do que aconteceu entre eles, será mostrada.
Espero que gostem :)



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Ron Pov

 Ela parecia sempre dormir tão rápido ao meu lado, o mesmo não podia ser dito de mim. Quando eu tive alta do hospital naquela tarde, depois de várias horas de tratamento intensivo, eu nunca iria imaginar que meu dia terminaria assim: com a garota que não saia dos meus pensamentos enroscada em mim, respirando profundamente e parecendo muito confortável com a nossa proximidade. Eu não era forte o suficiente para dar uma freada na felicidade que aqueles braços quem me envolviam causavam. Talvez eu fosse idiota mesmo, mas me parecia meio tarde para pensar nisso. Não existia feitiço que fizesse as sensações de beijos, abraços e muito mais, serem desfeitas. Quando eu falei que não a deixaria ir naquele dia, meu cérebro gritava alto “nem nunca mais”. Ela podia ter dito que me odiava, mas os meus ouvidos escutaram a mensagem por baixo dessa, aquela que ela não me disse com palavras, mas com ações.

Por mais que a reunião do dia seguinte fosse interromper, muito antes do que eu gostaria, esse nosso encontro inesperado, eu me sentia agradecido por ela existir. Dessa maneira eu sabia que, independente das enrolações que surgissem na cabeça da Mione, ela seria incapaz de faltar a um compromisso, a responsabilidade dela nunca deixaria, portanto fugir rapidamente de mim se tornaria uma tarefa bem difícil. Eu tentei ficar acordado o máximo que o meu corpo cansado permitiu, no fundo eu acho que estava com medo de fechar os olhos e ela desaparecer, tudo não tendo passado de um delírio, que apesar de muito agradável, não faria bem para mim ao acordar na próxima manhã. Mas ela estava realmente ali, o peso da cabeça dela em meu ombro, o compasso da respiração que eu acompanhava com o subir e descer do peito dela sobre as cobertas e o calor que ela emanava eram provas mais do que concretas. Acabei me juntando a ela e dormi, o melhor sono em dias.

Um barulho irritante e repetitivo perturbava a minha paz através da névoa de sono que me mantinha dormindo. O despertador acabou ganhando por insistência e eu acordei, virando sem nem abrir os olhos para calar aquela porcaria. Depois de lidar com o relógio, voltei à minha posição original e percebi que tinha algo faltando, ou melhor alguém, ao meu lado, abri os olhos sem demora para encontrar o colchão vazio e o local que tinha sido ocupado pela Mione agora estava frio, me confirmando que fazia tempo que ela não estava lá. Levantei num pulo, mantendo em controle a sensação de que tinha acontecido o que eu esperava que pudesse acontecer.

—Mione? – chamei me dirigindo ao banheiro, podia ser que ela tivesse levantado mais cedo e não tivesse conseguido ficar na cama.

Uma rápida olhada no meu apartamento foi o suficiente para me dizer que eu estava me iludindo, ela não estava mais ali, nenhuma das peças de roupa, que eu tinha tirado com tanto gosto na noite anterior, estava mais enfeitando o chão da minha sala. Eu sabia que aquela era uma possibilidade muito provável, mas não deu para deixar de sentir a decepção bem fundo, eu queria que ela tivesse ficado, nós iriamos na reunião juntos.... A reunião, merda! Olhei no relógio e vi que estava atrasado, para variar eu não tinha acordado de primeira. Corri para me arrumar e colocar uma aparência no mínimo decente em mim antes de ir para o Ministério, a irritação com a reunião se tornou uma esperança, a de que eu iria vê-la e conseguir arrancar dela a explicação pela fuga e a promessa de nos vermos de novo.

Cheguei ao departamento e antes de ir falar com o meu chefe, fui até a minha mesa.

—Olha se não é o auror do mês que chegou! – meu amigo Harry veio me cumprimentar todo animado.

—Auror do mês? Da onde veio isso? – perguntei confuso.

—Seu caso conseguiu desmembrar um esquema de contrabando de artefatos mágicos, seu miolo mole! – ele me deu um tapa na cabeça.

—Sério? – eu me dei conta que não fazia ideia de tudo o que tinha acontecido no final da missão. No hospital eles apenas me disseram que o objeto que eu havia sido enviado para resgatar tinha sido recuperado e os criminosos, que incluía o meu supervisor, foram todos presos.

—E eu ia mentir por quê? A chefia está bem satisfeita, parabéns, Ron! – ele me deu um abraço – quem diria, o Mike? Você sabe que vai ter que me contar tudo o que aconteceu com detalhes.

—Claro, conto tudo o que você quiser depois da reunião.

—Ah sim, tenho que ir também, eles querem saber de tudo mesmo, e quando eu cheguei lá as coisas não estavam muito boas – ele passou a mão pelos cabelos, já normalmente bagunçados.

—Eu já estava apagado nessa hora... – relembrei as minhas últimas memórias, e não tinha nada sobre como eu consegui sair de lá – parece que você tem vários detalhes para me dar também.

—Seu pai está furioso, não sei como ele conseguiu impedir a sua mãe de estar agarrada ao seu pescoço até agora – ele riu, meu amigo conhecia bem a fama da Sra Weasley.

—Ele foi junto? – perguntei curioso, meu pai trabalhava em um departamento que não podia ser mais afastado do de aurores, e preferia qualquer coisa a um combate.

—Você me manda uma mensagem pedindo ajuda e dizendo que o departamento estava comprometido, quem você acha que eu ia chamar? Claro que eu fui atrás do seu pai e ele chamou vários amigos, você precisava ter visto, o setor de aurores não sabe o que está perdendo – caímos na risada, só de tentar imaginar o meu pai em um duelo, o mundo já ameaçava sair do eixo, mas aparentemente eu tinha subestimado as habilidades dele.

Me dei conta de que eu devia estar procurando a Hermione e não perdendo tempo jogando papo fora com o meu amigo, pra isso eu teria muito tempo depois.

—Merda, preciso ir, Harry tenho que encontrar a consultora que foi junto comigo – eu me adiantei em direção a porta, mas ele chamou a minha atenção.

—Está falando da Granger? Ela já esteve aqui e já foi.

—O que? Puta que pariu, Harry como você a deixou ir embora? – rebati nervoso.

—Eu? Porque eu não deixaria? – ele parecia confuso, o que era natural, eu não estava fazendo sentido algum. – ela deu a declaração dela mais cedo, pelo jeito não ia poder ficar até a hora da reunião oficial, alguma coisa relacionada a voltar para Hogwarts ou qualquer coisa assim.

—Não acredito, nem uma palavra... – ela tinha arrumado tudo direitinho para partir sem olhar para a minha cara, eu não sabia se devia ficar puto ou triste com a notícia, decidi por uma combinação dos dois que provavelmente estava escrito na minha testa, pois o meu amigo me olhou de lado com uma expressão estranha.

—Ron, aconteceu alguma coisa? – ele apoiou a mão no meu ombro, mas eu não estava num humor muito bom depois da última informação.

—Agora não, Harry temos uma merda de uma reunião para comparecer, e depois eu tenho assuntos inacabados para resolver na estação – não esperei para saber se ele estava me acompanhando e fui em direção à sala de reuniões. O chefe do nosso departamento já estava lá, alguns outros supervisores também.

—Ah, Weasley entre – estranhei a simpatia dele, mas eu não ia reclamar, pelo jeito eu tinha realmente feito alguma coisa certa daquela vez.

Eu me sentei em uma das cadeiras vagas e o Harry se acomodou ao meu lado.

—Bom, ainda faltam algumas pessoas, mas acho que devemos começar logo, o relatório desse caso vai ser longo e muito bem detalhado, não é sempre que temos que colocar um dos nossos atrás das grades – ele estava irritado com a situação, não tinha como ser diferente, eu não me senti nem um pouco mal por daquela vez a irritação não ser dirigida a mim.

Ele começou dizendo as medidas imediatas que tinham sido tomadas, principalmente para lidar com a imprensa, um funcionário do ministério sendo preso por contrabando era um prato cheio para os repórteres. Os quase vinte minutos empregados com o assunto foram gastos sem o mínimo da minha atenção. Eu não conseguia fazer a minha mente se desviar do fato de que a Hermione tinha simplesmente ido embora, imagens dos últimos dias ficavam se repetindo na minha mente e eu daria uma fortuna para poder sair daquela sala e conseguir as respostas que eu queria.

—Weasley? – escutei o meu chefe chamando meu nome, e pelo tom não era a primeira vez.

—Aqui, senhor! – respondi voltando o meu olhar para ele.

—Como eu estava dizendo, a consultora que viajou com o senhor esteve aqui mais cedo e relatou boa parte dos acontecimentos – eu me endireitei na cadeira, por um momento não sabendo se o relato dela tinha sido favorável ou não para a minha imagem – aparentemente você fez um excelente trabalho, parabéns.

Eu estava ouvindo direito? Vários rostos se viraram para mim com expressões de aprovação e mesmo em meio à minha confusão pessoal, eu não pude deixar de me sentir um pouquinho orgulhoso.

—Obrigado, senhor, mas eu não teria conseguido sozinho – era a mais pura verdade, eu não ia levar o crédito todo.

—Claro que não, por isso enviamos duplas para esse tipo de missão, mas vocês obtiveram sucesso quando muito claramente a intenção dos criminosos era que fosse o contrário. – ele limpou a garganta, deixando de lado os elogios – agora faça o favor de relatar a sua versão.

Foi o que eu fiz, desde a nossa chegada ao local que parecia abandonado até as minhas ultimas memórias dentro do galpão onde havíamos reencontrado os criminosos. Eu tomei a liberdade de excluir todas as partes que eu considerei propriedade pessoal, e rezei para que a Hermione houvesse feito o mesmo, mas eu sabia que não tinha com o que me preocupar, qualquer coisa que indicasse que ela agiu de maneira menos do que 100% profissional, ela deixaria de fora até porque não era da conta de nenhum daqueles aurores. Finalmente depois de muito falatório e uma quantidade imensa de perguntas aquela reunião tinha chegado ao fim. Eu não fiquei um segundo sequer a mais naquela sala, me levantei o mais depressa que pude e fui pegar as minhas coisa na minha mesa antes de partir, eu tinha um local muito importante para estar.

—Ei, pra que tanta pressa? – o Harry me seguiu e vendo a minha aparente correria ficou curioso.

—Tenho que ir até a estação, com sorte ela ainda estará lá – olhei para o relógio no meu pulso – ainda tem 40 minutos até o trem sair.

—Você está falando na professora?

—Sim, ela me deve algumas explicações – respondi sem entrar em detalhes, eu realmente não tinha tempo a perder.

—Você está em dívida comigo também, até porque eu não estou entendendo nada – ele cruzou os braços como se esperasse que eu fosse contar tudo naquele exato instante.

—Eu sei, Harry, mas agora não dá eu passo mais tarde na sua casa e a gente conversa – não esperei pela confirmação, eu sabia que ele entenderia já nos conhecíamos há muito tempo, não era preciso que ele me dissesse tudo o que estava pensando para eu ter uma boa ideia do que se tratava.

Com medo de não conseguir chegar na estação a tempo se fosse com a porcaria do meu carro, eu decidi dar uma burlada na burocracia e usar uma das redes de comunicação que o ministério mantinha, eu tinha plena consciência que elas eram de uso exclusivo para assuntos oficiais, mas eu não estaria nessa situação se não fosse uma missão que o próprio Ministério tinha me designado então por associação eles eram os responsáveis. Entrei na fila e em menos de dez minutos eu estava na estação de King’s Cross atropelando as pessoas que andavam despreocupadas e olhando para todos os lados procurando pela garota de olhos castanhos que eu tinha vindo achar. Finalmente a avistei perto do portal que levava a plataforma 9 3/4, ela atravessou sem saber que eu estava ali e eu não demorei a segui-la. A estação estava vazia, naquela época do ano o trem trabalhava quase que exclusivamente por hábito. Parei a alguns passos dela, ela tinha as costas viradas para mim, mas eu falei alto o suficiente para que ela não pudesse deixar de me ouvir.

—Você realmente ia embora sem falar comigo – meu tom não deixou dúvidas de que aquilo era uma declaração e não uma pergunta.

—Ron? O que você está fazendo aqui? – ela se virou rapidamente, os olhos arregalados me olhando como se não soubesse o que pensar, a confusão dela não aplacou a minha raiva.

—Eu? Acho que eu podia te perguntar o mesmo – eu a fitei de cara feia, eu não estava ali para esconder que estava insatisfeito com a situação.

—Estou voltando para Hogwarts, claro! Eu vivo lá e meu trabalho já está muito atrasado e... – ela começou a falar sem parar, mas eu a interrompi, ela não ia achar em mim nenhum interesse pelas desculpas esfarrapadas dela.

—Você sabe que não é disso que eu estou falando – dei um passo para frente apontando o dedo indicador quase na cara dela.

—Eu não sei de nada, não estou na sua cabeça – ela cruzou os braços assumindo para si também uma expressão de irritação.

—Ah está sim, e esse é o problema! – vociferei, eu respirei fundo, tentando me acalmar, não seria muito bom começar a gritar no meio da estação - eu quero saber é porque você evaporou e não teve nem a coragem de se despedir de mim – eu não dei brecha para que ela pudesse se livrar da minha pergunta, meus olhos se grudaram aos dela desafiando-a a encontrar uma resposta.

—Eu não “evaporei” – ela rebateu com ironia - mas eu não podia me arriscar a perder o trem – ela deu de ombros como se a resposta fosse simples e óbvia, o que só ajudou a aumentar a minha raiva.

—Não me venha com essa, Hermione – eu passei as mãos pelos cabelos, exasperado - eu estou aqui agora e a merda do trem nem chegou! Você fugiu para não ter que falar comigo, depois de tudo o que aconteceu e de ontem...

—Aquilo foi um erro! – ela não me deixou nem terminar antes de interromper com um grito. As palavras dela atingindo fundo no meu peito.

—Erro? Você parecia muito certa de tudo do meu ponto de vista – provoquei, eu já não estava mais ligando se estava dando um show para os outros passageiros, não dava para escutar aquelas coisas e ficar impassível.

—O que você quer, Ronald? – ela perguntou severa levantando as mãos, não deixei de notar a ênfase no nome que ela sabia que eu não gostava.

—Que você largue de ser teimosa! – eu cheguei mais perto e prendi de leve o braço dela com a mão - Que pare de fugir de mim, ou melhor ainda, pare de fugir de você mesma! – eu estava a poucos centímetros dela e senti os músculos dela se contraindo com o meu toque.

—Eu não estou fugindo de nada! – ela gritou de volta.

—Ah não? Não adianta tentar mentir pra mim, eu sei muito bem que essa nossa missão significou mais do que você quer admitir, significou pra mim também, por que você não aceita logo? – aquela era a pergunta que eu precisava entender, mas claro que ela não me concederia a resposta.

—Não tem nada para aceitar aqui – a voz dela saiu não mais alta do que um sussurro e a vulnerabilidade que eu enxerguei em seus olhos quebrou grande parte da minha raiva.

Eu larguei o braço dela e esfreguei as mãos no rosto, como se desse para levar esse momento ruim para longe.

—Eu não estou pedindo o mundo, Mione só para você me dar uma chance – falei gentilmente, eu a olhava tentando transmitir tudo que as palavras não diziam, notei que ela parecia perturbada e comecei a acreditar que talvez eu conseguisse fazê-la mudar de ideia para que ela abrisse nem que fosse uma frestinha do coração dela pra mim, eu me contentaria com isso no momento, com o tempo eu abriria a porta toda.

Mas eu estava errado, iludido ao pensar que conseguiria fazer com que ela sequer cogitasse me deixar atravessar todas as muralhas que ela ergueu ao longo dos anos, eu achava que já tinha conseguido derrubar algumas, mas não contava que ela tivesse uma eficiência tão grande em consertá-las.

—Ron, eu tenho o meu trabalho, o meu mundo muito bem organizado e você não faz parte dele, por favor não insista – cada palavra que ela disse doeu um pouco mais fundo, eu não estava de acordo com o que ela tinha planejado para a vida dela.

—Você acha que precisar dos outros é sinal de fraqueza? Ou isso é o seu medo ainda te segurando, porque sinceramente eu não entendo mais – balancei os braços deixando-os cair ao lado do meu corpo.

Era a mais pura verdade, eu não conseguia compreender o que passava na cabeça dela naquele momento, porque ela se recusava a sentir qualquer coisa.

—Eu sei me virar muito bem sozinha, não preciso de ajuda nem de ninguém – ela respondeu levantando o nariz, a boa e velha mascara da arrogância, ela tinha que perceber que eu já enxergava por trás dela há muito tempo.

—É ai que você se engana, todo mundo precisa de ajuda – minha voz não tinha mais o ânimo inicial, mas ela ia escutar até o fim o que eu tinha a dizer - e se apoiar em alguém não significa que você é fraco, muito pelo contrário é preciso muita força e confiança pra deixar seu destino nas mãos de outra pessoa.

Ficamos em silêncio nos encarando, meus olhos se recusando a quebrar a conexão com os dela. Ela desviou o olhar, fechando os olhos e respirando fundo.

—Ron, por favor, vá embora – a voz dela era um mero fiapo, ela parecia tão pequena e indefesa naquele momento, meu coração idiota não conseguiu evitar bater apertado. Eu via claramente que ela estava tentando com todas as forças não desmoronar, embora eu já pudesse enxergar as lágrimas se acumulando em seus olhos.

O que você faz quando a pessoa que rondava os seus pensamentos, a pessoa que você mais queria por perto te pede, o primeiro pedido da vida, para partir? Você cata os cacos que antes chamava de coração e vai. Ela não conseguia lidar com a situação, pois ela podia negar o quanto quisesse, eu sabia que ela sentia alguma coisa também, e eu compreendi que não dava pra ficar e ajuda-la, ela teria que aprender sozinha, eu só não tinha certeza de quanto tempo levaria, isso se ela chegasse a aprender. Eu tinha lançado todas as minhas cartas, não havia sobrado nada, só me restava desistir.

—Eu não vou insistir, mas um dia você vai se dar conta de que está errada, não reclame se for tarde demais – eu me sentia derrotado, perdi uma batalha que eu nem percebi que estava lutando.

Não esperei para ver como ela tinha reagido a minha previsão, muito menos para saber se ela ia me dar alguma resposta, eu não estava mais interessado nas palavras que ela tinha a dizer, me virei e refiz o caminho que tinha me levado até ali. Antes de passar pelo portal, escutei o apito do trem chegando e um sorriso amargo se instalou em meus lábios e eu pensei “pronto, volta logo pra sua vida tão perfeita”.

Era cedo demais para o Harry estar em casa, ele com certeza não sairia do Ministério até o fim do expediente e era o que eu deveria fazer também, mas nada me faria voltar até lá naquele dia. Ir até o meu apartamento também não me parecia uma opção muito animadora, pois eu sabia que se me jogasse na minha cama, o cheiro dela ainda estaria presente para me atormentar. Decidi por fim enrolar fazendo nada durante a tarde, almoçar num restaurante e andar sem nenhuma direção no parque que ficava ali perto. Claro que eu teria os meus pensamentos como péssimas companhias, mas desses eu não conseguiria me livrar nem com toda a força de vontade do mundo.

O sol já estava se pondo quando me dirigi à casa do meu amigo, eu não me sentia muito disposto a conversar sobre os dias que se passaram, só que mais cedo ou mais tarde eu teria que fazê-lo, então de que adiantaria adiar? Toquei a campainha e rapidamente ouvi os passos do Harry vindo me atender.

—Oi, Ron pensei que tinha desistido de vir – ele falou brincando, mas seus olhos perderam o tom bem humorado ao ver o meu sorriso amarelo – pelo jeito as coisa não saíram do jeito que você esperava.

Eu não falei nada, só balancei a cabeça em negativa, ele levou a mão ao meu ombro e me deu espaço para entrar. Eu já havia estado naquele apartamento tantas vezes, que o gesto de andar até o sofá e desabar sobre ele era mais do que natural, só que diferente das outras vezes, eu não estava ali por motivos agradáveis. O Harry se sentou na poltrona ao meu lado e dando um tapa no meu ombro falou:

—Anda desembucha, você tá com cara de que se ficar calado vai explodir – ele tentou manter o tom leve, mas pela sua atenção no olhar, eu sabia que ele entendia que aquilo não era uma simples brincadeira.

—Não sei nem por onde começar, cara – passei as mãos por entre os cabelos, subitamente não sabendo o que fazer com elas.

—O começo costuma ser uma ótima escolha – eu lancei um olhar torto para a gracinha e ele levantou as mãos dizendo que não abria mais a boca.

Escutei passos vindos do interior do apartamento e olhei para o meu amigo com a pergunta clara em meu rosto.

—Ah! Era bom eu te avisar que a sua irmã está aqui – ele me olhou como se pedisse desculpas.

—Maravilha, tudo o que eu precisava agora era da pentelhice da Ginny – afundei meu rosto em minhas mãos respirando fundo e cogitando seriamente ir embora.

—Ouvi alguém citando meu maravilhoso nome? – ela entrou na sala radiante e segura de si como sempre, o oposto total de tudo que eu sentia no momento.

—Seu irmão acabou de chegar, amor – ela foi em direção ao Harry que passou o braço pela cintura dela, aquela demonstração de afeto piorou mais um pouco o meu humor, eles não tinham culpa de serem felizes, mas no momento felicidade estava me incomodando.

—Oi, Ron – ela me cumprimentou.

—Oi, Gin – meu tom foi seco, o que em conjunto com a minha cara fez com que a minha irmã apertasse os olhos e colocasse as engrenagens do cérebro para trabalhar.

—O que é isso que eu estou sentindo, um coração partido? – ela perguntou irônica em meio a uma risada e se sentou ao meu lado.

—Droga, Ginny! Não to a fim de gracinhas hoje – cruzei os braços, mas não deixei de ver os olhos dela se arregalando e indo buscar a ajuda do Harry que apenas balançou a cabeça.

—Ron, me desculpa, eu não achei que fosse sério – ela disse num tom gentil, claramente arrependida.

—O insensível aqui não tem coração pra ficar partido, por acaso? – revidei a gentileza com bastante grosseria.

—Não é isso é que... – ela não terminou a frase e eu percebi o quanto tinha sido injusto com o meu ataque.

—Foi mal, Gin eu estou meio rabugento, é só – me desculpei num tom mais ameno, me sentindo meio culpado por descontar a minha raiva em quem não merecia.

—Pode nos contar o que aconteceu, a gente fica com raiva junto se precisar – ela pegou a minha mão, me encorajando a falar.

Minha irmã nunca perdia uma oportunidade de me avacalhar, mas isso era só a brincadeira normal entre nós, quando a situação era realmente séria eu sabia que, juntamente com o Harry,  ela estaria do meu lado.

—E foram só três dias, cara explica essa história direito – pediu o Harry.

—Três dias... – murmurei mais pra mim do que para eles, difícil acreditar que tinha sido só isso, tanta coisa havia acontecido - ela estudou com a gente, Harry e a história é mais enrolada do que alguns dias e essa missão.... merda! – baguncei sem dó os meus cabelos, colocando pra fora a minha insatisfação -  Eu nunca mais trabalho com nenhuma consultora, pode anotar é uma pedra no sapato!

—Mas parece que você gostou bastante dessa pedra no sapato – a Ginny comentou cautelosamente.

—Isso é porque eu sou um imbecil mesmo – conclui virando na direção dela - quem em sã consciência gosta de pedras? Mas eu estou aqui e ela está no mundinho “muito bem organizado” dela do qual eu não faço parte – a amargura escorria de cada palavra minha - então não tem mais o que dizer. Eu vou pra casa, amanhã eu estarei melhor.

De repente eu não queria mais falar sobre aquilo, eu sabia que no final das contas não tinha explicado nada a eles, muito menos contado para o Harry os detalhes da missão, mas eles iam ter que viver com essa decepção eu não ia mais tocar no assunto. Me levantei e a despedida foi a mais rápida possível, minha sorte era que os dois não insistiram para que eu ficasse, isso eu esperava do Harry que sabia reconhecer e respeitar muito bem os meus silêncios, mas os planetas deviam estar alinhados para me ajudar pois a Ginny apenas me deu um abraço apartado e disse que sabia onde acha-la se precisasse de qualquer coisa, o que não era nada usual. Eu não ia reclamar da sorte.

Cheguei em casa e como eu tinha previsto, parecia que eu conseguia sentir que ela tinha estado ali.

—Você é um idiota, Ronald Weasley! – briguei comigo mesmo.

Fui direto para o banho, o jeito agora era tirar aquela professora metida, arrogante e teimosa da cabeça, se apenas eu conseguisse focar nessa parte e não no lado que se preocupava com os outros, que só queria alguém por perto e que era totalmente adorável. Ia ser uma longa batalha.


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Notas finais do capítulo

Parabéns para aqueles que apostaram que a Mione ia fugir! A teimosa desapareceu antes que o Ron sequer acordasse, mas ainda não sabemos realmente o que se passou na cabeça dela, por que será que ela decidiu partir? No próximo capítulo vocês descobrem :)
O que vocês me dizem da reação do Ron? As palavras dele pra ela na estação, será que ela vai se arrepender mesmo? Eu senti vontade de dar um abraço nele na hora que ele saiu todo abatido de lá, coitado!
Tivemos também a primeira aparição do Harry e da Ginny, que aqui já são o casal lindo e apaixonado que amamos, claro que isso ia deixar o Ron incomodado no atual estado de espírito dele. O que vocês acharam da atitude da Ginny com o irmão? Avacalha, mas quando vê que o negócio é sério, se dispõe a ficar com raiva de qualquer pessoa que tenha feito mal a ele hauhauh
Comentem e me deixem muito feliz, please! Fico mais empolgada para continuar quando vejo os comentários lindinhos de vocês :)
Até o próximo capítulo
Bjus



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