Partners escrita por Fe Damin


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Olá galera, voltamos para o tempo normal da história, agora tudo já está as claras e vamos ver como os dois irão se comportar, mas primeiro eles tem que conseguir se encontrar, não se esqueçam que a Mione correu pro meio da floresta escura na chuva, vamos torcer para o Ron fazer o serviço direito :)
Espero que vocês gostem.



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Hermione Pov

  As batidas do meu coração seguiam em um nível frenético enquanto eu corria pelo meio das árvores sem nem me importar aonde ia, eu só precisava me afastar o mais rápido possível, se eu conseguiria voltar ou não e se eu morreria de frio, eram hipóteses que não estavam em primeiro plano no momento. As lágrimas já tinham tomado conta do meu rosto, se misturando às gotas da chuva que insistia em cair mesmo que em menor quantidade.

Acabei tropeçando e caindo desajeitada no chão próxima a uma árvore, o cansaço finalmente me alcançou e eu permaneci onde estava, me encostei no tronco atrás de mim e abracei meus joelhos, que além de tudo agora ardiam em virtude da queda. O frio que começou a me causar uma leve tremedeira não foi nem computado, meus pensamentos estavam transformados eu um redemoinho e eu tentava, inutilmente, me achar em meio ao desastre.

—Idiota, idiota, idiota – murmurei para mim mesma, batendo com as mãos em minha testa.

Por que eu tinha trazido o colar comigo? Ou melhor ainda, por que eu não tinha jogado aquela porcaria fora muitos anos atrás? Bastaram algumas palavras para me transportar de volta a uma época da minha vida que eu preferiria nunca mais recordar. De repente eu me sentia a garotinha insegura com atitude de confiante que eu costumava ser, todos os meus medos, tão meticulosamente reprimidos, tinham vindo a tona e tudo o que eu conseguia fazer era chorar. Chorar pelos pais que eu não tinha mais, chorar pela menina solitária que eu nunca tinha deixado de ser, chorar pela raiva e mortificação que eu estava sentindo e principalmente pelo golpe que as últimas palavras daquele intrometido do Weasley tinham me dado.

Em meio ao barulho da chuva e da floresta eu consegui divisar o som de passos se aproximando. Meu primeiro impulso foi me levantar e me preparar para voltar a correr, eu não queria encarar mais aquela discussão, seria impossível conseguir permanecer indiferente na minha atual conjuntura, e se era para fazer o papel patético de mulher histérica aos prantos, eu preferia perder essa batalha por falta de comparecimento, contudo ele me alcançou antes mesmo que eu pudesse reiniciar a minha fuga.

—Te achei, por favor não corre! – ele estendeu a mão como se pretendesse me parar ao notar que eu estava pronta para sair dali – Por favor, Hermione.

Seu tom suplicante acabou me convencendo a permanecer onde eu estava, embora meu cérebro estivesse gritando que aquela não era a melhor escolha para manter a minha imagem intacta. Abaixei meu olhar, me recusando a deixa-lo notar que eu estivera chorando, mesmo que, com a pouquíssima luz que as estrelas forneciam, não fosse possível enxergar muita coisa.

Ele estava parado a poucos centímetros de mim e eu vi quando estendeu novamente a mão em minha direção, só que dessa vez com algo brilhante preso entre seus dedos.

—Mais uma vez eu te encontro chorando e tenho um certo colar para te dar – sua voz estava desconcertada, parecia que eu não era a única desconfortável com aquela situação.

—Eu não quero, vá embora e me deixe sozinha – se ele achava que eu ia aceitar de bom grado qualquer coisa que ele tivesse para me dar, estava muito enganado, a raiva ainda borbulhava dentro de mim.

Quando ele viu que eu não iria pegar o colar, ele recolheu a mão e o colocou no bolso da calça.

—Não acho que você queira ficar sozinha – ele se aproximou um pouco mais e a certeza em sua declaração me empurrou mais fundo no poço de sentimentos confusos que eu tinha caído.

—Agora você é o expert no que eu quero ou deixo de querer? – por mais que ele estivesse certo, eu nunca admitiria, eu podia estar sozinha, mas eu permaneceria assim indefinidamente antes de reconhecer qualquer falha.

—Para com isso, Hermione – eu escutei um suspiro sair dos seus lábios, ele passou a mão por entre os cabelos molhados e continuou - me desculpe, eu não devia ter dito aquilo, eu estava nervoso, você mentiu pra mim.

Ele tinha razão, eu realmente tinha escondido a verdade, mas no estado em que eu me encontrava, aquilo não era uma condição atenuante o suficiente para aplacar o meu descontentamento, e como sempre eu escondi o que sentia por baixo de mais ataques.

—Isso não interessa, não quero escutar suas desculpas – dei as costas para ele com a intenção de me afastar novamente.

Eu já tinha dado alguns passos para longe, quando sua voz me alcançou, carregando todo a condescendência de sua declaração.

—No fim das contas você ainda é aquela mesma garotinha.

—O que você quer dizer com isso? – me virei imediatamente exigindo uma resposta.

—Chorando por estar sozinha, mas com medo de deixar alguém se aproximar.

—Eu não tenho medo! – gritei em sua direção

—Não? Então me fale porque você estava chorando no banheiro naquele dia – seu tom de desafio estava claro, e o pior é que eu caí nessa armadilha.

A vontade de fazê-lo engolir aquela insinuação fez as palavras saírem da minha boca numa velocidade que me impediu de contê-las.

—Não teve nada a ver com uma briga entre amigos, meus pais tinham morrido há um mês e alguns alunos fizeram uma brincadeira de mau gosto sobre isso. – ele claramente não esperava essa resposta e ficou calado, o que me incentivou a continuar –Suas teorias estavam todas erradas, eu não estava chorando por estar sozinha e eu não tenho medo! – eu só percebi depois o quão infantil minha última resposta soou até em meus ouvidos.

Escutei um riso baixo, como ele tinha a coragem de rir de mim?

—Ah tem sim! Mas do que, Hermione? De mim ou de você? – nesse momento ele se aproximou e eu senti a sua presença a poucos centímetros de mim

—Eu... – nenhuma resposta vinha a minha mente, pareciam que todas as minhas declarações tão falsamente construídas eram ineficazes contra ele, de alguma forma ele sabia que eu estava mentindo.

Admitir o que tinha acontecido naquele dia, tantos anos antes, fizeram as lágrimas voltarem aos meus olhos junto com todas as lembranças que circulavam minha mente, e eu rapidamente as enxuguei, tentando ao máximo esconder o fato do ruivo à minha frente, claro que a chuva tinha feito o favor de parar só para que eu não conseguisse ocultar o rosto molhado. No entanto todo meu esforço foi minado por sua próxima declaração:

—Não precisa ter vergonha de chorar na minha frente – ele levou a mão à minha bochecha e secou uma lágrima com os dedos, a surpresa daquelas palavras me prendeu ao chão e eu perdi o compasso da minha respiração com o seu toque.

Encarei aqueles olhos cristalinos por alguns segundos, e o que vi ali me desestabilizou de vez, a sinceridade e a determinação, eu não conseguia mais. Minhas lágrimas se transformaram em um choro profundo entrecortado por soluços, as minhas barreiras não conseguiam mais conter aqueles sentimentos todos, e eu me afundei no abraço que ele me oferecia. Não fui capaz de me afastar do consolo que seu ombro me proporcionava, seus braços se fecharam em torno da minha cintura e eu entrelacei os meus no pescoço dele. Ficamos naquela posição por um tempo indefinido, eu dei vazão a todas as lágrimas que eu tinha represado ao longo dos anos, se me perguntassem, eu não saberia precisar a razão de estar chorando, era tudo e nada ao mesmo tempo.

Ele permaneceu calado, respeitando o meu colapso, em algum momento seus dedo se embrenharam em meus cabelos acariciando-os, completando o conforto que nem eu mesmo sabia que precisava. Quando já não havia mais lágrimas para derramar, meu cérebro se forçou a retornar ao seu procedimento padrão e eu tentei me afastar, no entanto não seria tão fácil assim. Seus braços não me deixaram desvencilhar-me dele e enquanto eu enxugava o meu rosto com as costas da minha mão, ele aproximou a boca do meu ouvido e sussurrou:

—Eu não vou embora, Hermione – meu coração tolo errou a batida com a referência à nossa conversa de tantos anos atrás.

Ele se afastou para conseguir olhar direto em meus olhos e eu sabia que estava enrascada, essa batalha já tinha sido perdida por mim muito tempo atrás. Não sei quem começou aquele beijo primeiro, eu só sabia que naquele momento não existia nada que eu quisesse mais, apesar de ter a certeza no fundo da minha mente de que eu me arrependeria disso mais tarde.

Dessa vez os lábios dele encontraram os meus de maneira diferente, onde anteriormente havia pressa e brusquidão agora havia delicadeza e paciência. Cada beijo se tornando uma descoberta a mais um do outro. Ele me apertou mais para perto de si e eu não refutei por um segundo sequer essa proximidade. Minhas mãos passearam por seus cabelos, por seus braços e suas costas, e ele não me decepcionou fazendo o mesmo. Os minutos congelaram naquele canto da floresta, pelo tempo que durou aquele momento, eu estava sem guarda, totalmente sem armaduras nos braços dele.

Finalmente nos desvencilhamos um do outro, as mãos dele ainda seguravam as minhas. Tomando toda aquela situação como uma anomalia que precisava ser parada, o meu cérebro voltou à ativa e eu me soltei dele pronta para lançar algum comentário ácido que pudesse magicamente nos fazer voltar à configuração anterior da nossa relação. Contudo ele percebeu o que viria pela frente e quando eu já abria minha boca para falar, ele aproximou seu dedo indicador, colando-o em meus lábios em um gesto que pedia o meu silêncio. Ele não disse nada, apenas balançou a cabeça em negativa e me calou de vez.

Certamente um simples gesto com o dedo não seria capaz de me impedir de seguir em frente com o meu discurso, contudo o arrepio que percorreu o meu corpo com aquele toque quase inexistente, me fez perceber que seu eu falasse alguma coisa, minha voz sairia mais como uma súplica do que um comando. Era melhor não falar nada a arriscar piorar as coisas. Ainda sem emitir um som, ele prendeu minha mão esquerda na sua direita e me guiou para seguirmos pelo caminho que nos levaria de volta à nossa barraca.

Eu não me movi de onde estava, fiquei apenas encarando a não dele na minha, tudo aquilo estava sendo demais, abraços, beijos e mãos dadas.... De repente eu precisava do meu espaço só para mim novamente, eu não estava acostumada a lidar com esse turbilhão de sentimentos. O Weasley seguiu o meu olhar com o seu e deve ter entendido, nem que um pouco, o que estava se passando na minha cabeça, já que ele soltou a minha mão, o que me deixou ainda mais confusa, pois ele tinha sido capaz de enxergar dentro de mim outra vez e por mais contraditório que fosse, me peguei desejando o contato novamente.

—Temos que voltar, se não o frio vai ser um problema – ele falou sério, seu rosto não demonstrava nada do que se passava por detrás dos seus olhos por mais que eu quisesse saber, eu queria entender o que ele estava pensando, assim como ele parecia conseguir fazer comigo.

Eu apenas assenti com a cabeça e o segui alguns passos atrás, até que avistamos o nosso arremedo de barraca. Ele abriu a entrada para que eu passasse e logo me seguiu. Lá estávamos nós de volta, senti minhas bochechas queimarem ao relembrar tudo o que havia acontecido nos minutos desde a última vez que eu tinha entrado nessa tenda, desejando poder apagá-los, certamente facilitaria a minha vida, pois não se passava por algumas coisas na vida sem que elas deixassem uma marca, e entre elas com certeza estava beijar um certo ruivo de olhos azuis.

—É melhor irmos logo dormir, temos uma missão a completar ainda – falei tentando desviar a atenção do fato que estávamos confinados em um lugar bem pequeno até o amanhecer.

—Você tem razão – ele respondeu sem ânimo.

Eu não conseguia entender a sua reação, mas decidi nem tentar compreender, se eu não era capaz de achar sentido nem nas minhas próprias ações, como eu poderia fazer isso com ele?

Em meio à escuridão eu o escutei retirando novamente o casaco molhado que ele tinha colocado para ir atrás de mim e se deitar num dos cantos da tenda. Fiquei alguns segundos pensando no que fazer, não tinha a menor possibilidade de eu remover mais nenhuma peça de roupa, por mais que o frio estivesse me castigando, resolvi me deitar na extremidade oposta, o mais longe possível dele. Fechei meus olhos, sem que nenhuma gota de sono aparecesse, eu pensava apenas na situação em que eu tinha me metido, minha consciência gritava para que eu remediasse esse problema, alguns minutos depois eu não consegui mais ficar calada:

—Weasley? – chamei, sem saber se ele ainda estava acordado, sua resposta afirmativa me fez continuar – Vamos esquecer o que aconteceu, certo?

—Esquecer? – sua pergunta soou cheia de incredulidade, eu não podia enxergar, mas se houvesse luz e eu me virasse em sua direção eu tinha certeza de que ele teria as sobrancelhas levantadas no momento.

—Sim, temos que focar no que é importante aqui: nossa missão – minha declaração foi muito menos veemente do que era a minha intenção, no fundo uma vozinha me dizia o quão mentirosa eu era, não dei a mínima atenção.

—Ok – foi tudo o que ele me respondeu e mesmo sem vê-lo eu pude sentir a decepção em sua voz que me atingiu em cheio.

Não falamos mais nada depois disso, se ele estava dormindo eu não sabia, mas eu certamente estava encontrando dificuldades. Além de tudo o que rondava a minha mente, incluindo a missão que ainda estava incompleta, o frio estava piorando, em pouco tempo eu estava realmente tremendo, mesmo toda encolhida, eu sentia o frio chegando aos meus ossos. Um suspiro entrecortado pelas batidas dos meus dentes soou no silêncio da barraca.

—Vem cá, Hermione, se não você vai congelar – a voz dele chegou aos meus ouvidos como um murmuro.

—Estou bem aqui -Obviamente eu me recusei a me mover.

Escutei-o soltando o ar entre os dentes, exasperado, e o barulho dele se mexendo, aproximando-se de mim. Suas mãos me alcançaram, e antes que eu pudesse achar uma rota de fugar, ele já tinha passado seu braço por baixo da minha nuca, me colando a ele.

—Já passamos dessa fase, não acha? Eu não vou atacar você e eu...

—Não morde, eu sei – não dava para negar o quão agradável era o calor do corpo dele no meu.

—Exatamente, então pode dormir tranquila – eu virei em sua direção, minha cabeça apoiada em seu ombro.

Magicamente todo o cansaço me atingiu de uma vez só, respondi com a voz de quem já está deixando de estar acordada.

—Não são mordidas que me preocupam – só o sono podia justificar essa minha sinceridade súbita, eu podia jurar que senti um sorriso se formando no rosto dele, não que eu tivesse tido tempo de averiguar, pois segundos depois eu já estava dormindo.

Toda a dificuldade que eu estava tendo para descansar desapareceu nos braços dele, só mais uma vez eu ia juntar outra ação à lista de coisas completamente inaceitáveis que eu vinha fazendo, com cada vez mais frequência, ultimamente. No dia seguinte eu me preocuparia em deixar tudo isso para trás.


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Notas finais do capítulo

Ooooown os dois dormindo abraçadinhos! O Ron consolando ela... Eu acho esse cap uma fofura sem tamanho s2
De alguma maneira a Mione está se deixando aproximar, será que as coisas vão pra frente agora?
E como será que está a cabeça do Ron em meio a tudo isso? No próximo capítulo vocês descobrem :)
Me digam o que acharam, comentem! Amo saber tudo o que vocês estão pensando.
Bjus



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