Money Power Glory escrita por WeekendWarrior


Capítulo 5
Is This Happiness (Lucky Ones)


Notas iniciais do capítulo



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Uma semana depois

Depois de quase derreter-me em lágrimas, quase verter toda a água de meu corpo chorando ao ponto de vomitar, Tahliah ajudou-me a me recuperar. Muita bebida e inúmeras carteiras de cigarro, posso dizer que essa semana foi mais lenta que a última, bom, talvez a semana mais lenta de minha vida.

Ninguém nesse mundo teve mais chances do que eu e as desperdiçou. Aposto que ninguém nunca amou mais que eu amei e isso me mata toda hora.

Esse homem é o buraco no meu peito, ele é o único que irei me lembrar toda noite antes da madrugada encontrar o amanhecer. O pior de tudo é que sei, eu realmente sei que ele me ama, ele me ama, porém o nega. A que ponto chegamos nesse jogo choroso? Soa até vergonhoso.

Lágrimas atrás de lágrimas, suspiros por todos os cantos da casa vazia. Se há um lado bom nisso, é a inspiração sofredora que me vem toda noite. Mal durmo, pois ele ocupa todos meus pensamentos.

Sei que ele pensa em mim, sei que ele se tortura e me quer também. Por que negar-se? Maldito teimoso! Se eu tiver de rastejar mais uma vez, que seja a última, pois não terei mais forças para fazê-lo.

Deus, eu conheço esse jogo tão bem!

Está tão claro que eu nunca amarei ninguém mais a não ser ele. Quero me redimir e repôr tudo que perdemos. Estou cansada disso e eu sei que a culpa é toda minha, tudo começou a anos atrás, quando deixei meu lado ambicioso me tomar conta e olhe agora, me rastejo com a cara no pó por conta desse homem.

Ele será meu, o farei meu, ele sempre foi meu.

Eu sei, porque eu sinto no fundo de minha alma que ele me ama e eu sou a única que pode nos salvar, pois foi eu quem nos condenou. Lamento por todo esse amor que me é negado. Sinto a dor voltar pela milionésima vez, o sofrer de saber que vou viver e passar por isso.

Tão claro e tão certo como o amanhã que o amarei pra sempre. E não, esse não é um caso de amor não correspondido, pois Jake me ama e me quer.

Essa situação é como pontos em uma ferida não cicatrizada, quanto mais movo-me para correr atrás dele, é como se a ferida se abrisse e os pontos cutucassem a carne exposta. Sim, esse é modo que vejo nossa situação atual: uma ferida semiexposta.

Mas como sou uma tola apaixonada, aqui estou eu, mais uma vez atrás dele. Estou correndo contra todos os conselhos alheios que me foram dados. Dane-se que os outros achem-me estúpida, pois apenas eu sei o que se passa dentro de meu ser, somente eu posso entender meus sentimentos, muitas vezes conturbados.

Remexo-me pela centésima vez na cadeira almofadada do ginásio. O esmalte da ponta de minhas longas unhas já não existem mais, meus dentes insistem em cutucá-las. Mordo meu lábio inferior em expectativa.

Centenas de pessoas nesse ginásio escuro, iluminado por flashes vermelhos e azuis, às vezes o fluorescente dava as caras e nos fazia fechar os olhos. Passeei meu olhar pelo enorme recinto, rostos variados e bocas que falavam o mesmo nome: Jake Tiger.

Remexi-me, agora pela milionésima vez e Tahliah que até agora estava quieta ao meu lado exclamou irritada:

— Pare, Lizzy! Está me incomodando – a morena segurou meu antebraço, por pouco não me fincou as unhas também longas – Se não daqui a pouco seremos eu e você a brigar naquele ring.

Encostei minhas costas no encosto macio da cadeira cinza, acoplada a mais trilhões de cadeiras ali. Soltei o ar de meus pulmões. A luta nem ao menos havia começado e eu já estava assim, puro nervos!

— Estou nervosa, Tahliah. Não me culpe!

A garota meneou a cabeça contragosto. Eu havia a trazido forçada, comprei os ingressos de última hora(paguei caríssimo, mas valeria a pena) e a trouxe quase arrastada. Minha amiga pegou uma raiva de Jake e não é para menos. Que amiga não ficaria brava com tudo que ele fez? Somente eu, a boba apaixonada não via o mau de toda essa situação.

Por instante ignorei uma emburrada Tahliah ao meu lado e centrei-me no ring ainda vazio. Estávamos alguns metros perto, não muito longe. Uma grande falaria era ouvida, uma música qualquer tocava ao fundo. Um rock pesado que depois se tornava uma eletrônica frenética.

Duas lutas já haviam ocorrido e eu vibrei loucamente. O garoto que está sentado ao meu lado, deve me achar uma aloprada ou algo similar, pois não paro quieta. Torço os dedos de segundo em segundo, cutuco as unhas com os dentes, cruzo e descruzo as pernas toda santa hora.

Pareço estar a ponto de ter uma síncope e tudo isso por conta de Jake. Não! Mais que isso, pois essa será a primeira vez que o verei lutar ao vivo, tão perto, tão forte, tão mau…

De repente as luzes abaixam e a penumbra toma conta do lugar, uivos e assovios são soltos. Tudo isso embala meu coração, que mais parece um tambor em meu peito, posso senti-lo bater forte, pois a hora está próxima, o momento da luta.

Quando a voz do locutor soou, aí sim que a multidão foi ao delírio, todos trataram logo de levantar. Levantei-me também, não perderia um segundo sequer, a luta principal estava prestes a começar.

O locutor, qual deve adorar uma enrolação, fez uma dramática encenação e chamou o oponente de Jake: Tom Sawyer.

O loiro entrou entre gritos fervorosos e uivos de desgosto. Enquanto passava pelo corredor, acompanhado de seu pessoal, com uma compostura séria, se esquivava dos fãs que se esticavam para tocá-lo. Logo o homem alcançou a beirada do ring, onde o fizeram uma rápida inspeção e depois subiu aoring azul com cordas laterais brancas.

Mais uma breve enrolação do locutor rechonchudo e o nome de Jake foi pronunciado e meu coração palpitou. A multidão no ginásio foi a loucura, eu sorria sem perceber. Porém ele logo apareceu e estar ali valeu a pena.

Entrava de feição séria, rosto impassível. Não podia vê-lo daqui, mas por um dos enormes telões. Seu grupo ao seu lado, os fãs se esticavam para tocá-lo, os flashes azuis em seu rosto sisudo. Minha vontade era de correr até ele, mas seria jogada para escanteio por sua trupe musculosa.

Rapidamente ele se pôs ao lado do ring onde seu oponente já se encontrava. Fizeram-lhe a rápida inspeção e subiu no ring. Nesse ponto eu já não era mais eu mesma, juro que já me via pulando por sobre a cabeça das pessoas nas cadeiras à minha frente.

O locutor, com mais uma de suas dignas enrolações de fazerem corações palpitarem a mil, finalmente deixou o ring e quem subiu foi o árbitro, em sua comum camisa branca e gravata borboleta.

Jake estava em um lado, Sawyer no oposto. Senti o desespero me tomar o corpo quando o árbitro iniciou a luta com um aceno.

O primeiro soco foi desferido por Jake, todo mundo vibrou juntamente de meu coração. Segurei com força no assento da cadeira a minha frente e esperei pelo pior.

Socos atrás de socos, sangue vertendo de Sawyer, sangue sendo vertido por Jake. Já haviam se ido três rounds e ninguém havia caído. Um nocaute era preciso, o cinturão de Jake estava em jogo. Mas a face dele estava praticamente estourada nesse ponto do jogo.

O terceiro round acabou, soltei um suspiro doloroso quando o quarto começou. Nenhum dos dois aguentava mais. Que diabos era isso? Deus do céu, os dois estavam aos cacos, morrendo aos poucos.

Jake parecia fora de si, agora já desferia poucos golpes, apenas se defendia, deixando seu oponente confiante o bastante para atacar como um doido.

A gritaria era geral, palavrões e palavras de força. Minha cabeça parecia que ia explodir.

Quando o loiro encurralou Jake nas cordas, eu soube, ele cairia ali. Golpes atrás do outro, os gritos aumentaram e meu ódio também. Uma adrenalina achou meu corpo e me impulsionou para fora dali.

— Onde vai? – perguntou Tahliah enquanto eu passava por ela.

— Dar apoio ao meu homem.

Passei rápida e mal educada pelas pessoas em minha frente. Corri o corredor em declínio que dava para o ring, perto dali fui barrada por um brutamontes.

— Me deixa passar! – gritei – Sabe quem eu sou?

Ele nada respondia, apenas me empurrava para longe dali, me segurava para fora da área V.I.P lotada.

Rapidamente avistei o grupo de Jake escorado no ring. Comecei a gritar pelo treinador dele como uma louca.

— Curtis! Curtis! Aqui! Curtis!

O moreno alto virou-se e me encontrou, ele reconheceu-me.

— Deixe-a entrar! – gritou pro brutamontes, qual me soltou.

A partir do momento que o homem me soltou, tudo começou a rodar em câmera lenta. Meu olhar fixo em Jake, qual levou um soco na fonte, fazendo-o cambalear pra trás. O vi cair pra trás e bater as costas suadas na lona do ring.

O som ao redor sumiu, tudo rodava em torno de Jake. Seu rosto sangrando como nunca antes vi, seu semblante vazio.

Empurrei um moço que estava escorado no ring que ficava na altura de meus seios e escorei-me no lugar dele.

Comecei a gritar por Jake, ele estava caído ao meu lado.

— Jake! Levanta!

Ele tinha apenas dez segundos…

— Jake, anda! Levanta! – gritava em plenos pulmões.

E por um segundo ele virou o rosto, encontrando o meu. Minha feição deveria ser de plena preocupação e sem entender nada, ele me sorriu.

— Levanta, Jake! – exclamei.

 

Jake

Seria ela uma miragem? Uma alucinação? Teria o golpe feito-me surtar a tal ponto de vê-la aqui? Pedindo para que me levantasse? Torcendo por mim?

Suas sobrancelhas arqueadas em preocupação, tão linda. Sorri para ela, mas ela não me correspondeu.

— Levanta, Jake! – gritou.

Não, não era uma miragem. Ela realmente estava ali e por mim.

Como se um turbilhão de sentimentos e energias encontrassem meu corpo, foi assim que me levantei antes dos segundos acabarem. O ginásio foi a loucura.

Sorri cínico para Sawyer e o chamei para a briga. O desgraçado veio com raiva, esquivei-me o acertei bem no nariz, depois o desferi vários socos seguidos.

Não sabia ao certo de onde essa energia havia vindo, mas era boa, revigorante.

E sem parar, estraçalhei a cara de Sawyer, que por final caiu desacordado na lona azul. O arbitro constatou o nocaute e senti-me vitorioso. Soltei um grito de alegria que ecoou pelo ginásio, junto do grito dos demais.

Quando vi o ring estava cheio, meu grupo subiu e me abraçou. O locutor celebrava meu feito, o cinturão ainda era meu e se dependesse de mim, seria assim por um bom tempo.

E como ser enlaçado por um mar de rosas, senti os braços de Lizzy ao redor de meu pescoço. A abracei e fechei os olhos inspirando seu perfume doce. Era tão bom tê-la aqui comigo.

Ela sorria olhando fundo em meus olhos, senti seus lábios cheios contra os meus. Um simples tocar de lábios, um inocente beijo, qual fez câmeras borbulharem sobre nós.

— Você é o melhor – falou sorrindo lindamente.

Lizzy se afastou sorrindo e deixou-me ser nomeado. O cinturão foi colocado em minha cintura e uma desconhecida multidão de profissionais me rodeou… Lizzy sumiu de minha vista.

Um repórter meteu um microfone em minha cara e me forçou a uma entrevista, mesmo comigo com a cara toda ferrada. Meus olhos apenas procuravam por ela, que havia sumido, evaporado. Teria sido ela realmente uma miragem?

 

A água quente percorria meu corpo, enquanto Lizzy não saía de minha cabeça. Ela dando-me apoio, beijando-me, correndo até mim, seu cheiro… tão perfeita.

Desliguei o chuveiro do vestiário particular do ginásio. Eu ainda podia ouvir as vozes, os repórteres do lado de fora do recinto.

Enxuguei-me parcialmente e enrolei a toalha na cintura. No espelho encarei minha face, o lado direito parecia bem fodido. Maldito Sawyer!

Meneei a cabeça indignado e abri a porta para a sala, qual nela esperava estar meu pessoal me parabenizando ou fazendo alguma gracinha. Porém deparei-me com ninguém menos que Lizzy.

Ali, sozinha, sentada num sofá preto de couro. Os olhos verdes felizes, a boca abriu-se num sorriso. Ela se levantou e andou em minha direção.

O cansaço de meu corpo havia sumido, a dificuldade da luta parecia não mais me abater.

— Liz... – falei num tom esperançoso.

— Nossa, Jake, olha esse machucado – parecia espantada.

Seus dedos tocaram de leve meu supercílio estraçalhado.

— Não é nada demais, já me acostumei. Faz parte.

Ela se negou.

— Nada disso. Você precisa cuidar disto. Sente, vou te ajudar.

— Obrigado, Liz, mas de verdade, estou bem… – ela me interrompeu.

— Jake, não teime. Por favor, sente – apontou pro sofá.

Então assim como ela me pediu, sentei-me no sofá. Em cima duma mesa, tinha um caixa de primeiros socorros. Pegou e voltou para perto de mim.

Virei-me um pouco, ela apoiou um joelho no sofá, enquanto cuidava de mim. Passava calmamente os medicamentos.

— Sabe que tem gente que é paga pra fazer isso, não é?

Ela sorriu.

— Sim, eu sei. Mas estar aqui, cuidando de você não tem preço.

Ela abaixou a mão e seu rosto estava tão próximo do meu, tão bela. Senti-me estúpido por tê-la negado uma semana atrás, me amaldiçoei por todo esse tempo e olhe agora, ela quem vem novamente atrás de mim.

— Obrigado, Liz. Tipo, pela força…

Ela sorriu sem mostrar os dentes. Sentou-se no sofá ao meu lado, sua mão achou a minha.

— Jake, isso é o mínimo que eu poderia fazer. Na verdade, era o que eu deveria ter feito desde o início. Ter te ajudado, ter ficado ao seu lado, mesmo com toda aquela dificuldade – seu olhar era sereno e verdadeiro contra o meu – Quando você mais precisou de mim, eu te deixei – ela olhou pra baixo – Deixei que minha ambiciosidade e desejo por fama estragassem tudo.

Havia seriedade e arrependimento em suas palavras, porém nesse ponto mais nada me abatia. Meu ressentimento havia sumido, todo ódio se desfez no momento que a vi lá, me apoiando no que mais amo fazer.

— Lizzy, isso é passado – disse acariciando seu rosto.

— Não, não é Jake. Eu deixei você ir… deixei tudo pela fama.

Sua mão encontrou a minha em seu rosto. Sorri para minha garota triste.

— Eu te perdoo – ela se alegrou com minha afirmação – Mas agora, perdoe-me por ter sido um bastardo com você.

Ela soltou um riso anasalado.

— O perdoei no momento que lembrei-me que você me ama.

Sorrindo, procurei por seus lábios. Seu rosto tão próximo ao meu e a última coisa que vi antes de fechar os olhos, foram suas íris verdes escuras.

Minha garota passou os braços ao redor de meus ombros e beijou meus lábios, não se importando que os mesmos estivessem cortados.

Sua língua enrolada a minha, seu corpo curvilíneo a todo meu encalce. Segurei-a pela nuca e alcancei sua coxa coberta pela calça bege-clara. Um arfar foi solto por ela, descolou de meus lábios e encarou-me excitada.

— Eu te amo, Jake.

Sorri e a beijei novamente. Separei-me dela com dificuldade, segurei seu belo rosto.

— Amo você, Lizzy.

E o sorriso mais lindo que ela poderia dar, foi aberto em seus lábios cheios, lábios quais, agora não desgrudaria mais. Sem pensar duas vezes, a despi e a amei ali. Meu corpo poderia estar cansado, mas ainda tinha forças para amá-la, sempre teria.

Assim foi e assim seria, a amaria pra sempre. Minha garota em meus braços, seu amor ao meu redor, parecíamos adolescentes de novo. 

Por ela eu faria qualquer coisa, como um dia prometi fazer.

Os sortudos da vez, os felizardos. Essa é a felicidade de que tanto me falaram, a felicidade de se ter quem ama ao seu lado e agora a tenho. Aqui, agora e pra sempre.

— Vou te dedicar um álbum, Jake – falou sorrindo enroscada a mim.

— E eu te dedico minha vida, Lizzy.


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Notas finais do capítulo

♥ Obrigada por ler ♥



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