Ver seu estomago ser jogado em um liquidificador, batido e depois servido a você. Essa era a sensação que eu sentia no momento enquanto corria pela casa procurando pelos meus pais, podia ser um truque, lógico, mas à medida que eu revistava todos os cômodos da casa, a pressão rugia nos meus ouvidos, a negação subia pelos meus pensamentos. Desespero. Eu era a própria definição da palavra, quando cheguei a sala que nós estivemos juntos pela manhã, ele não estavam lá, meu mundo desabou e eu soube que era verdade, eles haviam sido sequestrados e eu deveria roubar algo que eu sequer sabia o que era. Havia uma carta na mesa, dizia simplesmente: “ Me traga ‘As mulheres de Alger’ em dez dias, não, uma semana, depende do meu humor. ” Lágrimas embaçaram minha visão, meu corpo tremia, eu estava à beira de um ataque. Alguém chegou ao meu lado

—SAKURA! O QUE ACONTECEU-  Annabeth gritou, mas eu não conseguia responder, minha garganta estava fechada e as lágrimas incontroláveis. Ela olhou para a carta e seus olhos cinzas se arregalaram. – Meu Deus! O que significa isso?

—Eles... eles... levaram... meus pais... quadro... – Eu repetia palavras sem sentido, mas Annabeth era inteligente e ligou os fatos.

—Foram sequestrados, e você precisa levar o quadro para um Chantagista. – Ela pareceu em choque, mas logo me levantou pelos ombros.

—PARA COM ISSO SUA IDIOTA! ELES NÃO ESTÃO MORTOS! NÓS VAMOS ROUBAR A DROGA DESSE QUADRO E TRAZE-LOS DE VOLTA! LIMPE ESSAS LÁGRIMAS E AJA COMO UMA CRIMINOSA, É ISSO QUE NÓS SOMOS, CHORAR NÃO VAI TRAZE-LOS. – Aquelas duras palavras vindas dela foram o choque que eu precisava, como se meu cérebro tivesse nascido para não entrar em pânico, eu parei e respirei fundo, com uma calma inexplicável eu limpei as lágrimas.

—Certo! Vou traze-los!

—Não! Nós vamos! – Ela pegou o celular e discou um número.

“- Justin! Preciso de você, venha até o clã Haruno, agora! ”  - Ela desligou e discou novamente.

“- Sasuke! Temos uma emergência! Venha para a casa da Sakura agora mesmo, temos um 141! ” – Desligou e virou-se para mim.

—Obrigada, mas eu posso fazer isso! – Tentei soar confiante, mas analista como ela era, acho que não convenci.

—Cale a boca! Nós não estamos pedindo, vamos ajudar, você não está só, se tivermos que matar o presidente para que eles sejam soltos, é isso que vamos fazer. Pare de se isolar! – Annabeth era dura e fria, aquilo não doeu, só tive certeza de que eu não roubaria nada para esse chantagista, iria enganá-lo, mas decidi deixar isso só comigo, essas coisas só eu poderia saber, os outros nunca concordariam.

—Sim. – Concordei e esperamos os garotos. Peguei o computador e digitei o nome do quadro. Havia sido leiloado pelo maior preço da história, nenhum site sabia quem, isso era frustrante, como eu pegaria algo que ninguém sabe aonde está? “Maldito Chantagista! ”

—Chegamos. –Justin era o primo de Annabeth, loiro dos olhos castanhos, era amável e prestativo e pelo pouco que conhecia, ele era um mestre em tecnologias, “ Bem pensado Annabeth”. Em contraste Sasuke era o oposto, cabelos e olhos negros, frio, calculista e mestre em trapaças, uma escolha realmente perfeita, tínhamos: Tecnologia, Trapaça, inteligência e eu.

—Como assim 141? – Sasuke sentou-se ao redor da mesa redonda e fizemos o mesmo, não pude deixar de imaginar como nossos pais faziam o mesmo quando havia um negócio importante, até havíamos sentado nos mesmos lugares. Foi um pensamento horrível, eu não fazia parte disso, não tinha nada especial.

—Os meus pais. Foram sequestrados, o Chantagista quer o quadro “As mulheres de Argel” de Pablo Picasso. – Virei o computador de mesa e mostrei a imagem do quadro. Annabeth continuou.

—Nenhum site sabe por quem, e isso pode ser um problema, mas, podemos hackear a casa de leilões que fez isso, certo Justin? – Ela olhou o primo que deu um sorriso deslumbrante para mim. Estranho.

—Considere feito!

—Depois invadimos e pegamos. – Sasuke terminou. Parecia fácil falar.

—Exato! – Disse deixando transparecer confiança. – Mas os detalhes são tudo para um ladrão, um passo em falso e nós todos já éramos. Eu realmente agradeço o que vocês estão fazendo por mim.

— Não se preocupe Saky, vamos dar um jeito! – Justin me animou muito, continuamos discutindo como o loiro invadiria o sistema da Leiloaria sem levantar nenhuma suspeita, também decidimos que era uma missão só nossa, então ninguém contaria nada aos outros. Eu sentia que conseguiríamos, se trabalhássemos juntos, nenhum alarme ou armadilha nos pegaria de surpresa. Eu não tinha ideia de como estava errada.

Meu celular tocou, chequei o número, “desconhecido”. Pedi licença e saí;

—Boa decisão, os outros não devem saber de mim. Estou vendo que montou uma equipe, ótimo, isso parece muito divertido. Eu só te aconselho a não confiar em nenhum deles, tem um espião meu. Ainda teremos muitas reviravoltas, se prepare Sakura.

—Você quer a droga do quadro ou não? Por que não me deixa fazer isso sem atrapalhos!?

—Ah, eu também quero diversão querida.

—Seu monstro! – Tentei não gritar, mas as palavras saíram alteradas e não houve nenhuma reação do outro lado da linha. Só um sorriso e desligou.

O que eu vou fazer agora com um espião, e mais importante: Quem é? Isto pode me atrapalhar completamente, deveria ser fácil, mas não posso confiar em nenhum deles, nem negar ajuda, Ele não deixaria, o que quer é diversão, isso só me convenceu mais de que eu devo fazer isso sozinha, mas em meio a todos eles, não vou roubar nada! Vou enganar a todos eles, sendo o espião ou os outros, se eu deixar que isso me atinja, só vai me fazer perder tempo com coisas que são triviais, não posso perder meus pais, eles contam comigo, seja lá quem for esse Chantagista, não vai ter o que quer, no final eu vou sorrir por último.

—Então Sakura? – Sasuke me fitou e eu apenas o olhei desconfiada. – Algo errado?

—Não – Sorri calma e me sentei novamente, faria meu plano mentalmente, mas fingiria concordar com os outros.

—Bem, então Justin? Qual a primeira coisa que devemos fazer? Perguntei firmemente.

Ele sorriu amável e virou a tela do Tablet.

—Bom, como vocês imaginam é particularmente muito difícil invadir um computador sem ser notado, sempre algo fica para trás, por isso acho que devíamos falar com alguém do ramo primeiro.

—Hum. Para que? Ah. Você diz que devíamos falar com alguém que trabalhe com leilões? Uma venda desse tamanho sempre deixa criminosos de alta patente de olho, eu já sei exatamente com quem falar: Toshiro Hitsugaya, ele é maior comprador e contrabandista de quadros do mundo.

—Mas e se ele tiver comprado o quadro? Daria pistas de que estamos atrás. – Annabeth deduziu e tive que admitir que não tinha pensado na possibilidade, uma pessoa que não fosse menos que bilionária nunca poderia comprar um quadro desses. E Hitsugaya batia com a descrição de rico e comprador de quadros.

—Tem razão, deveríamos dar uma olhada no acervo dele então? Posso conseguir a planta da casa atualizada. – Justin sugeriu sem tirar os olhos do Tablet.

—Acho uma boa ideia. – Sasuke assentiu devagar. – Bom, pelo menos seria de alguma ajuda.

—Sim. – Concordei. – Se Ele tiver comprado bolamos um plano para pegar, se não, nós vamos atrás dele para perguntar.

—Então está decidido.- Annabeth assentiu. – Meia-noite entramos na casa de Hitsugaya, e vemos o que há lá, assim decidiremos o que fazer. Se preparem.

Todos concordamos e rapidamente os garotos saíram e Annabeth me olhou.

— Vamos fazer isso. – Sorriu e saiu.

Eu podia confiar nela, ela não era a espiã, ou será que era?