Treinando a Mamãe escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 7
Pela luz dos olhos teus


Notas iniciais do capítulo

Eu gostaria de dizer que estou cansadona. Não sei como tem gente que trabalha aqui na Baixada Fluminense e trabalha no Centro do Rio, viu... *olhar assustado, preocupada* Deveriam sem dúvidas ganhar mais. É cada aperto que a gente passa quando não tem dinheiro e mora longe!
Por isso já estamos quase no final da sexta-feira linda e maravilhosa *chorando* Não acredito que o feriado tá acabando e que no domingo volta o pré-vestibular de novo.
Muito obrigada mesmo, mesmo, mesmo, pelos comentários do capítulo anterior, que me deixaram faiscando ideias de todos os tipos, e devo dizer que a Clove é uma boa pessoa, mas nem tanto para a Katniss. Só comentando.
Fico tremendamente feliz ao ver que vocês gostaram da Clove, em um geral, porque eu gosto muito dela, e o Peeta também *olhar provocador, com um sorriso de quem sabe das coisas, destacando a covinha, bebendo coca-cola no canudo, como as famosas*
*tossindo, desviando o olhar, mudando de assunto*
Espero que gostem desse capítulo, e prometo ser o último tão longo assim. Vocês gostaram tanto do Peeta, tanto do Edward, que fiz um capítulo Katniss só com esses dois *sorriso envergonhado, passando a mão na nuca, meio sem jeito* Espero que gostemmmmm! *sorrisão*
NOTA: Mais detalhes do passado no capítulo e um aviso para quem gosta de opinar e fazer mais parte da história.
NOTA 2: PERDÃO PELO TAMANHO DO CAPÍTULO, CULPA DOS BEATLES! CULPA DOS BEATLES E DA MÚSICA HEY JUDE!
nOTA 3: Muito Peeta e Katniss no telefone pra vocês aí



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Mesmas perguntas, diferentes pessoas.

Nada me surpreendeu além das novas roupas e os fãs, que pareciam mais íntimos de mim depois que se lembraram, outros descobriram, que sou mãe. Mas ainda é horrível para mim ter que ficar cedendo as coisas para eles. Gosto de estar perto, mas não muito.

Ainda bem que esse sofrimento estava acabando, pois estamos em Nova Iorque. Era o último lugar da première, e todas minha esforçadas tentativas de me aproximar dele, davam errado. Vivíamos um clássico de sorrir apenas diante das câmeras, abraçados, no entanto, nem nos olhamos quando estamos juntos.

Ele me evitou, o tempo todo, sem me chamar de mãe, apenas de Katniss, tratando-me como você. Sem sentir, Edward me matava aos poucos, mas era justo, depois de todos esses anos. Mas eu estava tão acostumada a ter as coisas facilmente que eu me esqueci de que cheguei até onde estou com muito esforço, e vai ter que ser um esforço triplo para conseguir o amor da minha mini cópia masculina.

Resolvi saltear em cima do meu orgulho e liguei para a primeira pessoa que me vem quando acordo e a última quando durmo.

Alô? — Ouvir sua voz fazia meu coração dar piruetas. Que droga.

— Peeta, eu preciso de ajuda, eu não sei mais o que fazer — Quase chorei. Era a segunda vez que nos falávamos durante essas duas semanas. As outras vezes que nos falamos por telefone antes de Edward vir eram apenas para nos xingar, literalmente.

O que aconteceu? — perguntou, parecendo feliz. Mas então, suspirou, percebendo que era eu do outro lado da linha. — O que diabos você fez com ele, Katniss?

— Eu...eu... — Afastei o celular do ouvido, começando a chorar. — Não me julgue!

Katniss! — exclamou, com um pouco de raiva. — Eu não faço ideia do que está acontecendo, apenas que ele quer vir para a Ásia, sendo que ele odeia as comidas daqui."O que está acontecendo?" A voz feminina, apressada, tomou conta dos meus ouvidos.

— Acontece que nós estamos em Nova Iorque nesse momento, faltam 30 minutos para eu ter que descer para a limusine me levar para a última première, pois a estréia do filme é na semana que vem. Ele não fala mais comigo, e nem na minha cara ele olha! O que é que eu faço? — Não me importei por não estar contendo as lágrimas de infelicidade por eu ser tão idiota. — Quero consertar as coisas...

Clove, espera aí — Ouvi seus passos, afastando-se, então, uma porta sendo fechada. — O que você falou, exatamente?

— Que ter gerado ele foi o maior erro da minha vida. Mas Peeta, eu juro que foi sem querer, eu tentei me redimir. Agora eu me importo com ele, e... Foi uma das melhores coisas que me aconteceram — admiti, suspirando, querendo chorar mais uma vez.

— Eu não acredito que você disse isso! Sua maluca! Dissimulada! Ed só tem nove anos, e mesmo assim! Não é coisa que se diga!  — disse, em um sussurro alto. — Mas olha... — suspirou. — Pega leve com ele. Evite ficar querendo dar muitos presentes, porque ele não gosta de toda essa falsa atenção e carinho que você dá. Ele quer você, a mãe dele — Prestei atenção em cada palavra. — Só fala que você se importa e abraça ele. Se tem uma coisa que ele gosta é de abraços. E o chame de Teddy. — Parou por uns instantes. — Não, não o chame de Teddy. Só eu posso chamá-lo assim. Katniss, apenas seja aquela...

— Garota que você conheceu — completei, suspirei profundamente, vendo minha imagem no espelho. Não me lembro de estar com um semblante tão abatido.

Não. Eu só quero que seja aquela Katniss quando não é ignorante. A mesma que acordava de noite para ver se ele estava bem. A Katniss que você se esqueceu que existe depois que foi embora — Senti meus olhos se encherem de lágrimas mais uma vez. — Não machuque o coração dele, já basta o que você fez comigo, não acha?

Seu tom era sério, e eu fiquei ainda mais arrasada.

— Obrigada, Peeta. E... Tenho que te contar uma coisa.

Fale — disse, suspirando. Estava cansado.

— Você estava certo quando disse que ele é incrível — Não sabia qual era sua reação no momento, mas tinha 80% que era de pura surpresa.

— Claro que eu estou certo sobre isso. É o meu filho, e tenha cuidado. Ele é muito sensível, Katniss, por mais que pareça o contrário. Edward é tudo pra mim, e eu não sei se vou ser capaz de consertar todos os seus erros por causa da sua ignorância. Vou estar aqui para poder catar cada pedacinho que for necessário, mas eu não quero nunca que isso aconteça, nem que para isso eu proíba qualquer coisa referente à você, dane-se se você está arrependida. Arrependimento só dá certo se você fizer o que é certo. Não é o que parece que você está fazendo.

Eu choro de raiva, não dele, e sim por reconhecer o quão certo ele estava.

— Eu me importo demais com ele, Peeta — minha voz saiu quase como um fio. Sentei-me na cama. — Não quero que ele fique de cara fechada para mim, por mais que eu mereça, só quero que a gente converse.

Ficamos um período em silêncio. Não falei mais nada porque sabia que ele estava pensando, e eu não gosto de interromper os seus pensamentos. Peeta sempre tem uma solução para tudo.

— Você já disse isso para ele? — perguntou, baixo. Suspirei.

— Sim, claro que eu disse, mas faz uma semana já. Quando eu tento falar algo, ele coloca os benditos fones de ouvido e fica no notebook.

Tira dele, oras! — disse como se fosse óbvio. — Pare com essa de pensar que ele vai se ofender. Se VOCÊ não for dizer as coisas que disse tantas vezes a respeito dele pelo telefone, com certeza vamos ter uma mudança na situação, já pensou nisso? Katniss, eu não quero o meu filho mimado. E ele não é assim. Se quer a atenção dele, tire a internet. Ele vai te odiar, jogar isso na sua cara, então você diz que não vai ligar de novo até ele te ouvir.

— Você está dizendo isso por qual razão? — perguntei, extremamente mal-humorada. — Não pode ser simples assim e...

Prim entrou no quarto com Edward, que chorava, com o cabelo bagunçado.

— O que aconteceu? — perguntei, preocupada. Prim estava sem saber o que fazer.

— Mãe... — ele veio correndo para mim, que ainda segurava o celular. Perguntei o que aconteceu com os meus olhos para minha assistente.

— Melhor ele ficar aqui — ela disse, movendo os lábios. — Os repórteres estão demais em cima dele.

Fiz um sinal para que ela saísse do quarto, e assim o fez, séria.

— Peeta — chamei-o, depois que Edward me abraçou, deitando no meu colo, escondendo o rosto na curva do meu pescoço, ainda soluçando.

— Por que ele está chorando?! — perguntou, claramente preocupado.

— Deixa eu falar com o papai — pediu e eu assenti, passando o celular para ele. — Papai?

Tirei seu blazer, passando uma mão por seus fios castanhos como os meus.

— Eu quero ir pra casa — pediu, chorando ao telefone. — Pai, as pessoas são muito maldosas, eu não quero ficar aqui sem o senhor! Não quero!

Não deixei de abraçá-lo, mas eu fiquei arrasada com o que acabei de ouvir.

Ouve um pequeno silêncio, com Edward fungando.

— Eu só fico por causa do senhor  — olhou para mim, com os olhos semicerrados. — Ela me trata bem sim, eu já disse, mas eu estou cansado de todas essas luzes. Quero voltar para a Inglaterra!

Não fiz nada, com medo de piorar a situação. Depois de dois minutos, me passou o celular. Todos esses anos como atriz me ajudaram a permanecer de cabeça erguida, mas estava sendo muito difícil.

Katniss — Peeta disse, suspirando. — Por que você o levou para esses lugares? E nem me avisou? Vai para um lugar que ele não te escute falar, por favor.

Deitei Edward na cama, sem olhar para seu rosto, e fui para o banheiro, com poucas luzes acesas.

— Eu o trouxe porque quis que ele fizesse parte de um momento importante para mim — falei, cansada. — Não falei isso para você com medo que gritasse comigo, como sempre faz. Não sabia que você não sabia.

— Eu discuto com você porque sei o quanto ele gosta de você, mas nunca foi correspondido. Seus homens não se importariam se você tirasse a dois minutos de seu tempo mal aproveitado para parabenizar o próprio filho por ter sido aluno destaque. Ou quando foi homenageado por ter vencido a olimpíada de matemática. Você não sabe o quanto que perdeu até que se dá conta de que aquilo foi perdido. Katniss, ele te ama tanto que disse para mim que estava em Los Angeles. Eu estou sem internet, apenas com a rede de celular e você me diz uma coisa dessas uma semana depois? E a maldita parte que eu disse que não queria ele diante as câmeras?

— Acho que concordo quando ele diz que essa tal Clove é mais mãe dele do que eu — comecei a chorar, querendo cancelar a maldita première de hoje.

E-e-ele disse isso? — perguntou, gaguejando.

— Sim, ele disse. E quem é essa tal "Tia Clove" que ele tanto menciona?

— Ela é a minha... — sua voz foi interrompida pela porta de onde quer que ele esteja aberta. "Com quem você tá falando, amor?". As batidas do meu coração bateram tão freneticamente que eu me assustei. — Com a Katniss, querida. É sobre o Ed — Sua voz soou um pouco distante, e eu me surpreendi por ter conseguido escutá-lo com o meu coração batendo tão retumbante.

O que aconteceu com ele? Eu quem dei essa ideia, mas olha, estou arrependida! — A garota exclamou.

Dá para me dar licença? — perguntou ele, e eu sabia que estava a um palmo de gritar. — Estou tendo uma conversa séria, eu preciso atender o meu filho.

Ok... — suspirou a tal Clove. — Me desculpe. Peça para ela ao menos dizer que estou com saudades do meu Pequeno Príncipe.

Pequeno Príncipe. A nova parceira do Peeta chamava nosso filho de Pequeno Príncipe. Quem ela pensa que é na filha do pão para dizer uma coisa dessas?

— Eu vou ter que descer, o carro me espera — falei logo, querendo chorar mais. — Pode voltar com a sua namorada. Preciso ver como o Edward está, aliás.

Abri a porta do banheiro, vendo o garoto deitado de lado na cama, abraçado ao meu travesseiro, com os olhos fechados, mas não dormia, por mais que ressonasse baixinho.

— Clove não é minha namorada — disse, em um longo suspiro. — Ela é a minha esposa.

Senti todo o resto do meu mundo se partir e ficar nesse carpete cor de vinho.

— Esposa? Ótimo. Volte para a sua saída com a sua esposa — Me contive para não chorar por esse motivo. Sou muito orgulhosa. — O que eu faço agora?

— Tenta descobrir o que aconteceu, e não o leve hoje para as fotos, etc. Deixe-o à vontade. Por favor, não acaba com esse mês que já está sendo difícil. Duas semanas sem ele mais parecem uma eternidade.

— Duas semanas com ele mais parecem um vulto — falei, com um meio sorriso. — Mas nos últimos cinco dias tem sido a mesma eternidade para você.

Senti ele dar um sorriso triste, talvez olhando para a parede, como eu estou fazendo agora.

— Não tem sido um mês como mãe tão infernal assim, não é mesmo?

— Dá para levar, embora seja a coisa mais estressante do mundo. Nunca sei o que é certo.

Ouvi sua risada.

— Não se esqueça de pegar leve, já disse. Corte a internet, confisca o celular e não grite com ele. 

— Você não é do tipo que faz isso — falei, mais tranquila, por estar conversando de forma tão amigável com ele hoje, embora tenhamos começado com o pé esquerdo.

Quando a gente se torna pai, não é mais um tipo. A gente tem que ser como precisa. Mas graças a Deus eu não sou mais o mesmo. A paternidade muda a gente.

Senti-me mais uma vez, extremamente constrangida.

— Muito... obrigada pelos seus conselhos. Vou tentar colocá-los em prática e cancelar minha presença hoje.

— Me liga e me conte a verdade, por favor. Vou ter uma séria conversa quando vê-lo pessoalmente sobre essas mentiras... Pode me ligar a qualquer horário.

— Eu sei que posso. Tchau.

Tchau.

Não apertei o botão para desligar, e nem ele. Ficamos ouvindo nossas respirações.

— Dá para você desligar o celular, incompetente? — pedi, atrevendo-me a brincar. Ele riu.

Era para você fazer isso, Ser. Desliga a droga do celular.

— Você não manda em mim! — falei rindo, abrindo a porta do banheiro.

E nem você em mim! Pare! Desligue o celular primeiro!

— Peeta! — ri mais, então suspirei. — Tchau.

Vou desligar. Não esquece de retornar a ligação, ok?

— Não vou.

Então, desligou.

Olhei para a tela do meu telefone celular, com o coração em pedaços.

Esposa.

Peeta tem uma esposa.

— Por que você não disse que estamos de viagem, Edward? — perguntei, cruzando os braços. Fiquei com uma expressão bem severa. Seu corpo remexeu, fingindo que estava dormindo.

— Você está diante uma atriz de Hollywood. Não vai conseguir me enganar.

Olhou nos meus olhos, sentando-se na cama, então começou a chorar desesperadamente, aos soluços. Eu entrei em desespero.

— Pare com isso, me conte o que aconteceu, Edward! — eu estava a um palmo de chorar em desespero total, quando o abracei.

— Meu pai disse que a senhora falou que gosta de mim e que se importa... — disse, aos soluços. — É verdade mesmo?

Fiquei em silêncio. Não consegui dizer nada, porque eram muitas coisas acontecendo. Explodi em lágrimas, me sentando na cama, de frente pra ele.

Nós dois ficamos nos encarando, sem conseguir esboçar uma reação concreta.

— Por favor — pedi, em um suspiro sôfrego, segurando suas mãos. — Nunca mais faz o que você fez essa semana.

— Eu só agi da forma que você agiu nesses anos todos da minha vida. Cansei de você vir e me esculachar, para depois ficar me dando coisas caras. Dane-se as coisas que você pode pagar! Dane-se! Eu quero uma mãe, uma confidente! A tia Clove não é a minha mãe, é você quem é, ou melhor! Deveria ser! — disse, com raiva. Seu rosto pardo estava vermelho. Com certeza o meu não estava muito diferente.

— Me desculpe... — pedi, sem consegui dizer mais alguma coisa. — Por favor. Eu vou ser diferente. Você me faz querer mudar.

— Se eu faço isso, não quero ir para a première de hoje à noite. Não vou. E quero que você e eu fiquemos aqui assistindo Pequenos Espiões.

Consegui abrir um sorriso, um meio sorriso.

Peguei meu celular, e mandei uma mensagem para Prim.

"Não vou poder ir hoje. Cancele tudo. Vou passar o resto do dia com o Edward."

Não levou mais de um minuto para ela me responder.

"Isso! Finalmente! Aproveite o resto da noite, vou avisar para a imprensa que vocês estão tendo um dia mãe e filho".

"É, diga a verdade para eles e não me pertube pelo resto do fim de semana."

E desliguei o celular.

— Vou trocar de roupa, ok? Pode pedir alguma coisa pelo telefone — Assentiu, com o rosto um pouco pálido.

Fui para o banheiro, depois de pegar um short azul e uma blusa amarela, fazendo uma trança em meu cabelo que agora estava na cintura por causa de alguns apliques. Eu é quem não vou tirar esse monte de presilhas.

Quando voltei, Edward estava sem a camisa, rindo para o nada.

— O que houve? — perguntei, me deitando ao seu lado.

— A senhora e o papai! Vocês conversaram civilizadamente!

Meu coração palpitou acelerado.

— Edward, nada vai acontecer entre nós. Ele me contou que é casado. Tem uma esposa.

Não queria demonstrar a minha tristeza e frustrações, pois pensava não sentir mais nada pelo loiro de também olhos héteros, mas não era verdade. Eu sentia, eu tremendamente sentia.

— Mas a senhora quer, não minta — A tristeza e o choro estavam bem longe dele. Cruzei os braços, semicerrando os olhos. — Que foi?

— Você fingiu, não foi? Você fingiu! — Fiquei boquiaberta, vendo-o dar de ombros, tranquilo como uma chuva de inverno.

— Só uma parte. Eu não deveria ter chorado, mas aproveitei que fiquei muito triste ao ouvir coisas ofensivas ao seu respeito pelos repórteres e fiz o escândalo que viu. Pode ir comigo até o meu quarto, por favor? — Olhou em meus olhos, um pouco curioso. — Terminei a música que me inspirei na senhora.

Abri um sorriso, assentindo.

— Claro — falei, assentindo, me levantando da cama grande em um pulo.

Ele segurou na minha mão naturalmente, como se fosse tão normal como respirar, e era, de fato, mas não era algo absolutamente comum para mim. As pessoas geralmente não seguravam em minha mão.

Caminhei ao seu lado, um pouco tensa com os acontecimentos. Sentia meu peito arder, de ciúmes, de inveja dessa tal Clove, de alívio por eu e Edward estarmos nos entendendo novamente, pelos fãs que ficaram horas esperando por mim, e nem me verão.

Esqueci de tudo e foquei naquele momento, no momento de agora, e entrei no quarto do Edward.

— Eu vou me trocar... — avisou, saindo para o banheiro, pegando uma roupa já separada em cima da cama.

Estava tudo arrumado, surpreendentemente. Não sei se havia dado tempo da camareira aparecer, mas nem o meu  era tão arrumado assim. Peeta é uma desgraça no quesito organização, então, de onde que ele pegou isso?

— Pronto! Cheguei de novooo! — brincou, saindo do banheiro. Sorri sincera, com meus braços cruzados na frente do corpo. — Vou pegar meu violão. Pode pegar por favor essas partituras? — Sinalizou os papéis em uma pasta catálogo – sério, uma pasta catálogo – perto do teclado.

— Quer o teclado também? — perguntei quando se aproximou.

— Sim! — exclamou, com um sorrisão. — Por favor. Quer ajuda? Isso é pesado — sinalizou o teclado. Apenas lhe passei a pasta, depois segurei sem muitos problemas o instrumento. Em dois minutos já estávamos de volta ao quarto, colocando o que pegamos sobre a cama.

Pedi para ele voltar e fechar a porta, então, logo se jogava ao meu lado novamente, com um sorrisão.

— Com quantos anos aprendeu a tocar? — perguntou-me, curioso. Seus olhos de cores diferentes me passavam exatamente a energia do sentimento que sentia. Era incrível.

— Com 15 para os 16, que foi quando eu estava grávida de você — assentiu, mas queria mais respostas. — Porque mesmo que Liverpool seja uma cidade grande, em comparação com muitas outras, a notícia se espalhava rapidamente. Com quatro meses de gestação, fui expulsa de casa, porque minha mãe viu eu saindo banheiro, e notou minha barriga. Fui para a casa do seu pai, e seus avós me acolheram como se eu fosse filha... — suspirei, fechando os olhos. Eu jurei por mim mesma que não iria nunca mais chorar por causa disso. — Mas eu precisava esfriar a cabeça. Então, na Igreja tinha cursos de música, foi onde eu aprendi. Conforme o tempo foi passando e você crescendo, podia quase acreditar que você ria empolgado quando eu saia para as aulas. Você se mexia durante toda a caminhada, mas quando ouvia o menor som musical, ficava em silêncio.

Ele sorriu. Mas não foi qualquer sorriso. Foi o sorriso. Que para guerras mundiais e cura doenças.

— Óóótimo saber disso! — falou, com um sorrisão. — Porque eu amo música até hoje! E sabe qual música eu aprendi primeiro?

Sua expressão era engraçada, com um sorriso torto bem confiante e as mãos na cintura como um super herói.

— Diga-me — pedi, com um sorriso torto, desviando por alguns instantes os nossos olhares para o teclado, apertando algumas teclas.

Hey Jude! — Abriu um sorrisão, pegando o violão. — Sabe... — antes de tocar, passou as mãos nos cabelos bagunçados e olhou para mim, um pouco sério. — Eu perguntei para o papai qual era a música favorita dele, só que a tia Clove estava ao lado, então ele disse I Don't Wanna Miss a Thing, mas depois, com o cabelo um pouco bagunçado e os olhos com lágrimas, à noite, ele foi no meu quarto e disse que sempre foi e sempre vai ser Hey Jude. Perguntei a razão. Ele deu um sorriso triste, deu um beijo na minha testa e disse que um dia eu ia saber. Só podia ser da senhora. Eu tinha cinco anos, e só o piano da casa do vovô e da vovó era acessível, mas quando fiz seis anos e nos mudamos para Cambridgeshire, ganhei o violão. Por causa da senhora.

Minha respiração falhou, por causa das lágrimas que me subiram aos olhos. Ter sido criado apenas com Peeta e os avós, sem a presença de uma figura materna, o fez amadurecer, sem que os outros vejam, talvez.

— Toca pra mim? — pedi, baixo, desligando a TV.

Apenas sorriu, tocando os primeiros acordes, assim como na música.

Ei, Jude, não fique mal

Pegue uma canção triste e torne-a melhor

Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração

Então você pode começar a melhorar as coisas

A vozinha dele era linda demais. Se fechasse meus olhos, podia me lembrar facilmente de quando eu e Peeta saímos pela primeira vez, e essa música tocou. Não era mais dos Beatles, era nossa.

Ei, Jude, não tenha medo

Você foi feita para ir lá e conquistá-la

O minuto que você deixá-la debaixo da sua pele

Então você pode começar a melhorar as coisas

 

E qualquer vez que você sentir a dor

Ei, Mãe, vá com calma

Não carregue o mundo nos seus ombros

Brincou em uma parte, fazendo-me rir, melancólica.

Você bem sabe que é um tolo

Quem dão de ombros

Por deixar este mundo um pouco mais frio

Na na na na na na na na

 

Ei, Jude, não vá me desapontar

Você a encontrou, agora vá e a conquiste

Lembre-se (ei, Jude) de deixá-la entrar em seu coração

Então você pode começar a melhorar as coisas

— Cante comigo! — ele pediu, animado.

Então coloque para fora e deixe entrar

Ei, Jude, comece

Você está esperando por alguém com quem realizar as coisas

E você não sabe que essa pessoa é exatamente você?

Ei, Jude, você vai fazer!

O movimento que você precisa está nos seus ombros

Na na na na na na na na

 

Ei, Jude, não fique mal

Pegue uma canção triste e torne-a melhor

Lembre-se de deixá-la debaixo de sua pele

Então você começará a melhorar as coisas (melhorar, melhorar, melhorar, melhorar, oh!)

Na, na na na na na, na na na, ei, Jude

Na, na na na na na, na na na, ei, Jude

Edward riu, tocando meio largado as últimas notas, como na canção original. Ao terminar, comecei a aplaudir ele.

— ARRASAAAAAAA! — gritei, fingindo que sozinha era uma multidão inteira. Ele riu.

— Toque aí o que sabe — pediu, me passando o violão. — Por favor.

Hm... — Fiquei um tanto pensativa, mas concordei.

Apoiei melhor as minhas costas na cabeceira da cama, respirando fundo.

Minha voz é péssima, uma das piores do Universo, mas eu conseguia enganar se cantasse músicas calmas. Enganar só um pouco.

Me ame com ternura,

Me ame com doçura,

Nunca me deixe partir.

Você tornou minha vida completa,

E eu te amo tanto.

Os olhos de Edward me olhavam diferente, com uma curiosidade mista de... Carinho? Fazia muito tempo que alguém não me olhava assim.

— Continue! — incentivou-me, quando parei, pensando em outro par de olhos com heterocromia, um azul como o oceano e o outro verde como uma campina, com fios azuis tão intensos quanto um maremoto. — Por favoooor!

Suspirei, tomando fôlego mais uma vez, voltando a me concentrar na letra e nos acordes.

Me ame com ternura,

Me ame de verdade,

Todos os meus sonhos realizados.

Porque, meu amor, eu amo você,

E eu sempre amarei...

— Pronto, toquei, chega! — Mil coisas se passaram por minha cabeça, e... droga! Aquele idiota! Cretino! Filho de uma vaca!

Levantei-me da cama em um pulo, assustando Edward. Mas que se dane, que se dane. Era demais para mim passar por todas essas emoções em um tão curto espaço de tempo.

Fui para o canto do quarto e me sentei, escondendo meu rosto nas pernas, sem conseguir chorar. Eu tinha um nó na garganta, queria berrar, matar essa Clove só com os meus punhos por ela ser tão melhor que eu, e ter Peeta dormindo ao seu lado todas as noites. Por ser mais considerada pelo filho que tem meu nome registrado como mãe, e não ela.

— Olha... — Senti Edward ficar na minha frente, tocando em meus pés com gentileza. Podia sentir os pequenos calos em seus dedinhos, de tanto tocar, provavelmente. Eu nem havia reparado nisso. — Eu sei que sofre pelo meu pai ainda. Achei uma foto de vocês em um restaurante, e no fundo, na parede, tinha várias fotos do Elvis Presley.

— Foi em Janeiro — eu disse, baixo, sem segurar as lembranças. — Tínhamos começado a sair juntos, dois anos antes de você nascer. Tínhamos 13 para 14 anos. Dançamos ao som de Love Me Tender. Era uma das minhas músicas favoritas, e até hoje tenho facilidade para tocá-la no violão. Me desculpe por eu ser tão eu. Não consigo me lembrar de como as coisas eram antes de eu poder ter tudo com a facilidade que eu respiro. – Olhei em seus olhos, que me olhavam atento. — Você me constrange.

— Mas por quê?

— Porque você é diferente de mim. Tem seus momentos de stress, mas não é rude, embora tenha me magoado pra caramba virando a cara quando eu tentava me comunicar ou algo assim.

— Eu te faço querer melhorar? — perguntou, baixinho. Não sei por qual razão conversávamos tão baixo, mas me agradava.

— Sim, você faz — ele abriu o maior de seus sorrisos, e no segundo seguinte, seus braços rodeavam meu pescoço, e seus lábios finos depositavam um beijo demorado e caloroso em minha bochecha. Não soube como reagir.

Cinco segundos depois, sentindo seu abraço, lembrei-me que poderia mover meus braços, e assim eu fiz, cercando seu corpinho pequeno com relação ao meu. Ele era macio como um travesseiro, cheiroso como a primavera e leve como uma pluma. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas não derramei nenhuma.

— Vocês adultos complicam muita coisa... Deveriam sempre ficar com quem amam. Eu faço isso — falou, me abraçando ainda mais forte. Fechei os olhos, sentindo seu perfume de bebê ainda. Não havia première que me fizesse sair daqui. Não havia contrato multimilionário. Era tão bom ser abraçada por Edward, que mesmo quando ele perdeu as forças, eu continuei abraçada a ele, sentindo seu sorriso na curva do meu pescoço.

Nos afastamos, e ele foi correndo se jogar na cama, pegando o controle, empolgado demais.

— Vem! Vem! Está passando Pequenos Espiões no Telecine Fun!

Abri um sorriso torto, observando-o com os cabelos  castanhos escuros como os meus, bem cortados, a pele levemente corada, e um sorriso torto para a TV, nos primeiros minutos do filme.

— Pediu a pipoca? — perguntei, deitando-me ao seu lado, ficando bem à vontade. No momento seguinte a campainha tocou.

— Seu pedido, senhorita Carter! — Ouvi do outro lado da porta. Levantei-me, caminhando rapidamente até a portar. Eu adoro quando me chamam de Carter. Era como Peeta costumava me chamar quando ainda éramos amigos, pois depois do relacionamento, ficamos mais presos a xingamentos, pois três meses depois lá estava eu grávida, e quando Edward tinha cinco meses,  eu... Ah...

— Muito obrigada, aqui sua gorjeta — Pareceu surpreso ao receber uma nota de cinquenta, ainda mais de mim, que já me hospedei aqui, e nunca dei um centavo. Ri. — Hoje é um bom dia, senhor.

Sorriu.

— Claro que sim, senhorita. Boa noite.

— Boa noite — desejei, puxando o carrinho para dentro do quarto, vendo-o virar as costas para mim.

Entrei no quarto, suspirando profundamente. Meu coração latejava, algo com a alma. Eu estava me sentindo péssima.

Miss Carter — eu podia ouvir a voz de Peeta, rindo, depois de minha mãe me chamar pelo nome inteiro. Ele havia me chamado assim na... Na... Na noite em que eu o deixei com Edward, com um bilhete que eu me lembrava de cada palavra quando estava sóbria.

"Sinto muito, mas... Peeta, eu não aguento mais. Tenho apenas 16 anos, com um futuro brilhante pela frente. Você também. Somos tão jovens! Mas sempre soubemos que um dia isso ia acontecer. Eu amo você, mas não tente me procurar. Comprei as passagens para bem longe da Europa na semana passada, e meus pais estão me esperando, apenas. Sinto muito. Eu amo você. Não tente me procurar. Boa sorte com tudo, e eu te desejo o melhor dessa vida — Katniss Carter Everdeen"

— MÃÃÃÃÃEEEEEEEEE! — Edward me chamou, ficando de barriga pra cima. — Quero bolo de maracujá! E a pipoca!

Balancei a cabeça, na intenção de apagar aquela lembrança da memória, e tentei ficar que eu estava tendo uma oportunidade que não se tem todo dia: Recuperar o posto de mãe.

Mas era bem mais que no sentindo biológico, era no sentindo de vínculo, amizade.

Posso ter perdido Peeta para essa tal Clove, mas eu não aceito perder Edward, porque eu já o perdi uma vez, e não ousaria cometer o mesmo erro de novo.

— Mãe? — Edward sussurrou, depois que eu estava quase dormindo. Nem sei quanto tempo havia se passado, apenas que era tarde, e o filme havia acabado.

— Sim, Edward — nem abri meus olhos. Eu estava muito cansada.

— Pode me chamar de Ed... ou Teddy, como preferir. Boa noite, durma com Deus — abri os olhos, vendo-o se encolher debaixo do edredom, diferente do meu.

Senti meus olhos se enxerem de lágrimas.

— Boa noite, Ed — desejei, baixinho, com dúvidas se ele havia ouvido ou não, mas eu tinha certeza de seu pedido. Dessas duas semanas que estamos passando juntos, havia sido a coisa mais linda que eu já tinha ouvido... 

Na verdade, a coisa mais linda que eu já tinha ouvido em muito, muito tempo. E é claro que tinha vindo dele, Edward Mellark.


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Notas finais do capítulo

Baeeeees! *sorrindo, com óculos escuros e o vento balançando meu cabelo* O que acharommmmm? Sei que ficou muito corrido, mas é que eu tenho como objetivo não passar de 12 capítulos, mas não farei promessas das quais não sei se posso cumprir. NO ENTANTO, esse é o meu propósito. Estou bem animada.
O próximo capítulo será apenas de Flashbacks, dos quais eu vou deixar que VOCÊS ESCOLHAM OS FLASHBACKS. Escrevi um pedacinho, um momento Peetniss saindo da escola, mas não sei. Vocês quem decidem, eu ficaria muito feliz de ter mais essa interação com vocês. Não é para ter mais comentários, não, é apenas para ter mais intimidade com vocês, saber do que acham acerca disso tudo. Pode ser Flashbacks do ponto de vista do autor, então eu posso falar um pouco de todo mundo, como por exemplo, como quando o Edward nasceu (tô super ansiosa para que me peçam isso, eu quero muito escrever isso), quando o Peeta e a Clove se beijaram pela primeira vez, a primeira vez Peetniss... vai depender exclusivamente de vocês! *sorriso torto, com um aceno*
Agora, vou voltar para o Twitter e evangelizar *olhos brilhando* AMO AS SEXTAS-FEIRAS! ♥
Beijos, beijos, bom resto final de feriado*risos*